Me empolguei com aquela história de pai e filho, Tim e Jeff Buckley (ver post mais abaixo na página do blog), que acabei me esquecendo de comentar sobre o aniversário de 69 anos de Ry Cooder.
Imagino que dos 873.206 leitores diários desse blog, a grande maioria ao menos, não conhece ou sequer ouviu falar de Ry Cooder. Talvez até não faça na a menor diferença, mas para mim faz. O cara é ganhador de carteirinha de Grammys, é o pica das galáxias em termos de slide guitar (pilota aquele vidrinho no dedo enquanto tira um som diferente, com afinações diferentes na guitarra), seguidamente toca e grava com músicos estrangeiros (mexicanos, africanos, cubanos, etc.) e seus trabalhos são influenciados por várias vertentes musicais, como o tex-mex, soul, country, folk, gospel, blues, rock, jazz, instrumental e reggae. Ufa!!!
Na década de 80 fizeram dois filmes que me marcaram muito, um deles o drama “Paris Texas”, dirigido por Win Wenders e com o roteiro de Sam Shepard, que aliás tem influências diretas da cultura beatnik (alguém aí lembrou do clássico livro “On the Road”), pois é.
O segundo é “Crossroads”, um filme bem mais fraco, de temática blues mas com uma trilha sonora muito phoda, que na época foi uma verdadeira e oportuna chinelada na minha cara de metalhead. Descobri na marra que o rock não era feito apenas riffs com muito drive e um amp Marshall no talo. Havia mais coisas bem mais interessante logo ali a frente de meu nariz e eu não conseguia perceber. Ok! Valeu a lição e graças a isso o blues entrou em minha vida pela porta da frente, sem pedir licença e muito menos usando a chave, foi com um pontapé direto na maçaneta. Pimba! E já estava lá então o blues estabelecido confortavelmente no sofá puído do meu coração, com os pés em cima da mesinha e deixando marcas de rodela de copo molhado em todos os móveis da sala.
E afinal o que tem a ver esses dois filmes com essa embromação toda?
É dele a trilha sonora de ambos os filmes, que aliás, fica a dica para escutarem por inteiro um dia desses. Ainda vão me agradecer.
Em Paris Texas, trata-se de um som mais melancólico, climático, literalmente uma trilha sonora para o filme.
Já em Crossroads, a sonoridade é puro blues com várias canções em diversos estilos desse ritmo. O tema é um garoto talentoso que estuda música clássica mas tem uma grande queda pelo blues, a música de Robert Johnson e a busca por descobrir uma de suas músicas perdidas.
Ambos os filmes me influênciaram bastante, mudaram meu gosto musical e isso se reflete até os dias atuais, tudo graças aos acordes e a sonoridade blues do Ry Cooder. Por isso tudo sou imensamente grato.
O cara simplesmente é um dos maiores slide guitar man do mundo até hoje. Um verdadeiro estudioso e pesquisador das raízes musicais americanas, note que quando aqui menciono americanas são em referência a América como um todo e não somente ao seu país, os Estados Unidos da América.
…
Chega de papo furado, parabéns Ry Cooder!
E como diz meu primo EiJozecão… Era isso e um abraço pro gaiteiro.
Discografia de Ry Cooder:
Rising Sons featuring Taj Mahal and Ry Cooder (gravado em 1965/1966, lançado em 1992)
Ry Cooder, (1970)
Into the Purple Valley, (1971)
Boomer’s Story, (1972)
Paradise and Lunch, (1974)
Chicken Skin Music, (1976)
Showtime, (1976)
Jazz, (1978)
Bop Till You Drop, (1979)
The Long Riders, (1980)
Borderline, (1980)
The Slide Area, (1982)
Paris, Texas, (1984)
Music from Alamo Bay, (1985)
Blue City, (1986)
Crossroads (1986)
Why Don’t You Try Me Tonight’, (1986)
Get Rhythm, (1987)
Johnny Handsome (1989)
Little Village (1991)
Trespass, (1992)
A Meeting By The River, (1993) (com VM Bhatt)
Geronimo, An American Legend, (1993)
King Cake Party, (1994) (com a The Zydeco Party Band)
Talking Timbuktu, (1994) (com Ali Farka Touré)
Music by Ry Cooder, (1995)
Last Man Standing, (1996)
Enf of Violence, (1997)
Buena Vista Social Club (1997)
The End of Violence, (1997)
Mambo Sinuendo, (2003)
Chávez Ravine, (2005)
My Name Is Buddy, (2007)