Dia: 15 de maio, 2016
Em algum lugar por aí, tem alguém pensando em você com ternura
Repare. Em algum lugar, de alguma sorte, alguém está fazendo uma coisa boa por nós. Talvez você nem note. Mas tem alguém compensando nossa truculência, atenuando a dureza do mundo, nivelando a vida por cima. Tem alguém levando à frente a compaixão divina num gesto de bondade simples, à toa. Alguém de coração disposto e mãos ativas. Tem, sim. Em algum lugar por aí, tem alguém pensando em você com ternura.
De repente, vem um sentimento breve de calma. Um silêncio bom entre tanto grito, um remanso imprevisto no corre-corre, estio na tempestade, trégua na guerra. Sensação inesperada e inexplicável de que tudo vai dar certo. Não é nada, não. É só alguém, em algum canto, fazendo algo bonito por nós.
A avó que recorda com grande saudade quando éramos pequenos. Os pais que falam de nós com carinho até aos desconhecidos. Os velhos professores que nos comparam em silêncio a seus alunos de hoje, quase dizendo “ahh… como fulano era bom” ou “no tempo do sicrano era outra coisa”.
O amigo distante que assiste a um filme antigo e nos relembra em dolorida mudez, machucado de lembranças do tempo em que éramos novos e próximos, um sorriso imenso nos olhos de choro. As almas boas que nos bendizem pelas costas. As criaturas justas que nos dão sua palavra e cumprem o que prometem, os cães e os gatos que nos oferecem a barriga em festa. Aquela gente que nos ama sem mais o quê.
Quando alguém nos faz uma coisa bela, o mundo entra nos eixos. Temos todos o direito a receber afagos e o dever de redistribuí-los. De atravessar o mundo partilhando beleza e ofertando decência até chegar enfim aos braços que nos cabem e ao abraço em que cabemos.
A beleza é a matéria-prima de todo ofício honesto. É o que nos resta e o que nos sobra. Às cantoras e aos cantores, às atrizes e aos atores e artistas de todo gênero, alguém no escuro da plateia dispara seu aplauso comovido de fé e alegria sem ser visto, e comprova o quanto é bonito retribuir a quem nos dá seja lá o quê.
Aos operários e aos médicos, guardas noturnos e secretárias, pintores e cozinheiras, juízes e manobristas, marceneiros e esportistas e a toda gente sob o céu há de existir gratidão e conforto antes, durante e depois da lida.
Há de haver beleza em cada “obrigado”, “por favor”, “pois não” e outras gentilezas essenciais esperando quem os diga.
E quem os diz é alguém fazendo algo bonito pela mera volúpia bondosa de nos abrir os braços. Nos pontos de ônibus, no trânsito parado, nas salas de espera ou na solidão do quarto escuro, aguardamos todos quem nos faça uma coisa bela. E assim, na espera, compreendemos enfim nossa responsabilidade de fazer e espalhar beleza, nosso mais poderoso e sublime ofício nessa vida.
*Fonte/texto (André J. Gomes): revistabula
Conheça o homem que plantou uma floresta sozinho
Dizem que um homem precisa fazer pelo menos uma das três coisas antes de morrer: ter um filho, escrever um livro ou plantar uma árvore. Jadav Payeng, morador de Assam, nordeste da Índia, pelo visto exagerou na terceira opção. Durante 30 anos o indiano plantou cerca de 1400 acres, o equivalente a 540 hectares ou 800 campos de futebol oficiais, na Ilha de Majuli, no leito do rio Brahmaputra.
A ilha fluvial já sofreu erosões no solo arenoso e 70% dela já ficou alagada devido aos impactos do aquecimento global que afetaram o rio Brahmaputra. Desde 1979 Payeng se preocupava com a precariedade da Ilha e desde então buscava soluções e apoio do governo local para evitar as enchentes e, principalmente, poupar a vida dos animais.”As cobras morreram no calor, sem qualquer cobertura arbórea. Alertei o departamento florestal e perguntei se eles poderiam plantar árvores lá”, relata o indiano.
A única solução encontrada pelas as autoridades era a de plantar bambu. Sem muito sucesso, Payeng disse que chorou debruçado sobre os animais mortos ao ver as tragédias. “Não havia ninguém para me ajudar. Ninguém estava interessado”, desabafa Payeng. O indiano não se conformou e logo procurou alguma alternativa para transformar a situação.
Jadav Molai Payeng
Payeng começou a cuidar da floresta sozinho plantando árvores e vivendo por muito tempo naquele banco de areia até a vegetação crescer e dar forma a floresta de “Molai Khatoni”. Desde os 16 anos, Payeng cuida da ilha, certa vez ele relatou a um jornal indiano que precisou trazer para a ilha algumas formigas vermelhas e outros animais que serviriam de alimento para conservar a vida da fauna local. “Depois de 12 anos, vimos urubus. As aves migratórias, também, começaram a afluir aqui. Cervos e gado atraíram predadores”, afirmou Payeng.
Para Payeng, a natureza tem uma próspera cadeia alimentar e por isso deve ser protegida pelos seres humanos. A história de Payeng é tão impactante que foi tema de um documentário sobre preservação da natureza. Veja o trailler da história contada pelo diretor Will MacMaster:
*Fonte: pensamentoverde