O fim dos antibióticos. As bactérias venceram.

Na semana passada, nos Estados Unidos, as manchetes anunciaram exatamente o que escrevi no título e as previsões apocalípticas deixaram público e profissionais de saúde de cabelo em pé. Como se previa há alguns anos, estamos entrando na temida era pós-antibióticos.

Explico melhor: desde a descoberta da penicilina por Alexander Fleming, em 1928 e suas milhões de vidas salvas, encaramos os antibióticos como drogas milagrosas.
Mas o excesso de algo bom, não é necessariamente melhor.
Não contávamos com a astúcia das bactérias. Pensávamos que nunca chegaria o dia onde existiria uma bactéria resistente a todos os antibióticos.

 

Bactérias resistentes à antibióticos – onde?!

Pois é, esse dia chegou. Foi ano passado, na China, quando um grupo de cientistas encontrou em um paciente que comeu carne de porco contaminada uma bactéria chamada E. coli – bastante comum em infecções intestinais por alimentos e água contaminados – que resistiu a todos os antibióticos e portava o temido gene MCR-1.

A última alternativa pensada para essas bactérias era o antibiótico colistina ou polimixina E, descoberto nos idos de 1949, que havia ficado esquecido na medicina, mas era e é usado largamente ainda na produção animal (inclusive no Brasil). Era o último recurso para algumas infecções como a temida KPC.

Pois é, depois de muito uso indiscriminado, as bactérias aparentemente desenvolveram mecanismos sofisticadíssimos de resistência, pela mudança e transferência de DNA entre bactérias e a tragédia aconteceu.

 

E por que chamo de tragédia?

Simples, caso um paciente adquira essa bactéria, o que poderemos fazer é dar tratamento de suporte e rezar para que ele se recupere. Não há alternativa, acabamos com nossas balas de prata matando ratinhos e o lobisomem chegou.

Até quando a bactéria estava restrita à China, você pode pensar: “Tudo bem, eles que se virem”.

Só que tal qual os vírus (lembra da Zika?),  com a globalização não há praticamente nenhuma doença ou problema relacionado às infecções, com potencial de transmissão, que se restrinja a um país.

E a E. coli MCR-1 começou a se espalhar até chegar nos EUA semana passada. E mesmo os países europeus, que proíbem o uso de antibióticos como a colistina na produção animal, já tem a bactéria por lá. Nesse caso, trazida mais recentemente na Suíça, em inocentes legumes congelados importados da Tailândia.

O grande problema é que usamos e abusamos dos antibióticos e o ritmo de descoberta destes pela ciência farmacêutica foi declinando tanto, que desde os anos 70 não se tem uma nova classe ou grupo de antibióticos. E as bactérias mudando e se adaptando aos nossos ataques.

 

Precisamos mudar e agora!

E além dos cuidados com o uso indiscriminado de antibióticos na produção animal (tema que já discuti aqui), temos que agir urgentemente no uso médico indiscriminado de antibióticos (maiores responsáveis) e as crianças são as maiores vítimas disso, com consequências graves a curto e longo prazo.

Quando falei para fugirem dos médicos que ao menor sinal de garganta vermelha prescrevem antibióticos, é exatamente no sentido de evitar todo esse problema que estamos enfrentando.

 

O que pode ser feito na prática agora?

O que você pode dialogar com seu médico pediatra?

Seguem abaixo 10 passos para reduzir o uso indiscriminado de antibióticos em crianças, principalmente nas fatídicas e inevitáveis viroses (eita, lá vem médico falando em viroses… tudo é virose!!) que acontecem no seu filho:

 

  • A grande maioria das infecções agudas febris nas crianças são por vírus e estes não respondem à antibióticos.
  • Em crianças de 6 meses a 2 anos que frequentam creches/escolinhas, podem ocorrer de 6 a 12 infecções virais por ano, que causam catarro, tosse, diarreia e dores de garganta.
  • As otites médias agudas são na grande maioria causadas por vírus e em maiores de 6 meses, com bom estado clínico e exame do ouvido bem feito, podemos evitar o uso de antibióticos apenas usando anti-inflamatórios/analgésicos.
  • A quase totalidade das bronquites agudas, com tosse e chiado no peito, são causadas por vírus e não precisam de antibióticos.
  • As faringites/amigdalites agudas em menores de 3 anos de idade quase na sua totalidade são causadas por vírus, em maiores de 3 anos de idade somente entre 5-20% são por bactérias e se a criança só está com irritação na garganta, sem febre, é quase 100% certo que é um vírus!!!!
  • A maioria das sinusites é causada por vírus e seu pediatra só pode começar a pensar em usar antibióticos a partir de 14 dias de tosse (a tal gripe mal curada…).
  • Caso seja indicado um antibiótico, esse deve ser pelo tempo adequado, em dose adequada e com o menor espectro possível (isso é problema do pediatra).
  • Não se deve mais usar a lincomicina (famosa fradermicina) para infecções em crianças.
  • Não se deve indicar sulfametoxazol para infecções respiratórias e urinárias (sem cultura) para crianças, cerca de 60-70% das bactérias são resistentes.
  • Se o seu filho tem que trocar sempre de antibióticos, não responde adequadamente aos tratamentos e se sua farmácia já está do tamanho do alfabeto, é muito importante verificar 2 coisas: imunidade e alergias.

 

Vai ter gente me xingando, eu sei! Aí vai ter alguém que vai dizer assim:

“- Mas esse Dr. Flávio é muito arrogante, fica querendo dar lição de moral nos médicos e na gente, uma Amoxicilinazinha pra garganta não faz mal pra ninguém!”

Ah, tá, antes que esqueça, tudo o que escrevi acima está com referências e a listinha acima está baseada em um documento sobre recomendações para o uso judicioso de antibióticos em crianças, do programa Choosing Wisely, com a Academia Americana de Pediatria.

Só há uma maneira de vencermos as bactérias: usando o cérebro e a razão!
Se você gostou, compartilhe com todos seus amigos!

*Fonte / Texto:  pediatradofuturo – Dr Flávio Melo – pediatra

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Moto GP – Catalunha 2016

Valeu mesmo o árduo trabalho de sair cedo da cama nessa fria manhã de frio domingo, báh….. mas isso é só para os fortes, tudo para assistir afortunadamente a uma espetacular prova do Moto GP, a MELHOR deste ano! Sim, isso mesmo que você leu. A melhor (ao menos até agora).

A prova da Catalunã, onde o velho leão Valentino Rossi, que não largou no grupo da frente no grid, mas que de qualquer forma acabou dando um verdadeiro curso grátis de pilotagem desde a sua primeira volta na pista, largando na sexta posição. Teve de tudo o que uma boa corrida de motos precisa, muita emoção desde a larga, belas ultrapassagens, disputas, tombos e pilotos afoitos. Tá feito o show!

Eu gosto especialmente quando o Valentino Rossi (Yamaha #46) faz uma bela prova e ultrapassa o seu colega de equipe e babaca de plantão, Jorge  Lorenzo (Yamaha #99), que aliás largou na frente e era o líder do campeonato. Valentino Rossi foi ultrapassando um a um até chegar na primeira posição, mas não foi nada fácil nem tranquilo, teve uma bela disputa com trocas de ultrapassagens quando Marc Marquez (Honda #93) entrou na luta pela liderança. è bacana demais escutar ao fundo a torcida ovacionando Rossi a cada ultrapassagem que faz. Báh!

Quanto a prova em si, deu Valentino Rossi em primeiro, Marc Marquez em segundo e o terceiro lugar para os eu colega, Dani Pedrosa (Honda #26). Gostei que o futuro colega de equipe de Rossi na Yamaha em 2017, Maverick Viñales (Suzuki #25), também fez uma bela prova e chegou em 4º lugar, quase dando um podium para o novato. Já Lorenzo, que largou na frente foi perdendo posições em função do desgaste de seu kit de pneus (tem a ver com a escolha da composição de material que o piloto faz antes da prova) até que sofrei uma batida e foi derrubado em uma curva arriscada e mal feita pelo afoito piloto Iannone (Ducati #29). Ambos tiveram de abandonar a prova.

O legal que na prova da Itália, terra do Rossi, os pilotos espanhóis é que venceram e agora foi o troco!
Agora o campeonato toma uma novo fôlego e uma reviravolta na classificação, com Marquez na liderança, seguido por Lorenzo e depois Rossi com poucos pontos de diferença, o que o deixa mais competitivo novamente porque Lorenzo não marcou pontos e assim os demais avançaram na tabela. Muito interessante foi Marquez cumprimentar a vitória de Rossi no final da prova, o que pode ser um recomeço de amizade entre os dois pilotos. Boa!

*A nota triste da prova da Catalunã foi a morte na parte dos treinos e qualificação do jovem e promissor piloto Lui Salom.

 

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*Luis Salom

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