Dia: 9 de julho, 2016
Os Selvagens / IESA – Lajeado
O que eu justamente não esperava e torci para que não acontecesse, aconteceu! O sábado amanheceu com frio e chuva, e pior, com aquela vibe de não ter a menor chance de que o clima iria dar uma ajudinha para mim. O lance era ir de boa no Primeiro Encontro de motociclistas Os Selvagens / IESA, em Lajeado (RS). Comprei meu ingresso já na semana passada, dava direito a comida e cerveja artesanal (Salve) de graça, o dia todo. Mazáh! E por falar nisso, muito, boa a cerveja. Como sou fissurado numa weiss, fui só nesse naipe.
Tudo bem, deixei a manhã passar naquelas de esperar o tempo melhorar. Não rolou. Então tive de encarar as situação assim mesmo, sozinho, no peito e na raça. Meus brothers estavam todos com outros compromissos já agendados, então vamu-qui-vamu. O encontro seria legal, tinha certeza disso. Não iria perder.
Catei meu kit de chuva, que aliás é um saco de usar, mas funciona. Peguei uma baita chuvarada no caminho, mas cheguei seco (botas e consequentemente os pés molhados não contam, porque sempre molha). A festa já estava rolando faz tempo, o pessoal tinha chegando ainda pela manhã e como Lajeado é perto daqui, não tive a menor pressa. Tinha uma banda tocando num palco em um caminhão (boa banda!), várias tendas e muita gente, aliás, cabe aqui mencionar de esse foi sem dúvida o encontro de motociclista com mais mulheres bonitas que eu já fui, de todos os tempos!
No mais, aquela coisa de sempre nesse tipo de encontro. Cabe aqui dizer de que não sou muito fan dessa coisa – encontros de motociclistas. Tem sempre muita testosterona envolvida, chalaça e lobos alfa, então qualquer fagulha pode acabar numa merda.
Mas fui lá hoje, um amigo insistiu, me convidou, fez questão de que eu fosse e na real tava bacana mesmo. Muito bem organizado, som, churras e cerveja da boa, tudo beleza e de boas. Acho até que se ano que vem rolar novamente, estarei por lá.
Na volta a chuva foi bem mais branda, só um chuvisqueiro o trajeto todo. Daí nem vesti mais a roupa de chuva. Me molhar voltando prá casa não dá nada! Um bom banho quente e já estou pronto prá outra e aqui vendo algumas fotos e escrevendo essas mal traçadas linhas dessa missiva digital.
A primeira geração de crianças super mimadas cresceu… E teve filhos!
*Rafael Mansur
Tudo começa quando essa geração adulta de hoje, quando criança, foi um pouco mimada. Pouco não, super mimada. Eles cresceram junto à ascensão financeira de boa parte das famílias brasileiras, eles cresceram vendo video game se popularizar, TV a Cabo se tornar real, carrinho de controle remoto aos montes. Essa geração cresceu vendo Xou da Xuxa e desejando tudo que lá aparecia. Essa geração teve a adolescência marcada com a popularização do Windows 95, popularização do celular e aparecimento dos primeiros e-commerces. A grande questão é que essa geração não só viu isso, ela desejou isso, e ganhou muito disso.
Eles foram os primeiros super mimados. Cresceram com a ideia de que tudo a eles poderia pertencer. Qualquer coisa basta bater o pé no chão, cruzar os braços e pronto… ganhou.
Certa vez na escola em que trabalho criamos um álbum de figurinhas no qual os alunos e alunas eram as figurinhas. Deu o maior trabalho fotografar todo mundo, conferir e mandar para a gráfica. Faltando 1 semana para lançar o álbum entrou um aluno novo. A mãe (dessas mimadas que estou falando) pediu para inserir o rapaz no álbum. Já tinhamos impresso mais de 14.000 figurinhas, 300 álbuns, empacotado tudo etc… Eu respond: Não.
A cena a seguir foi assustadora. A mãe falou: mas vai ter todo mundo menos ele? Se for assim eu não quero esse álbum.
Para visualizar melhor, eu descrevo como estava a postura corporal da pobrezinha: braços cruzados, cara fechada, um bico enorme e batendo o pé firme no chão.
(Parecia que eu me via com 9 anos quando minha mãe não me dava as coisas).
Assustado ainda, recuperei o fôlego e disse, realmente não vou poder ajudar. Já está tudo impresso, é impossível eu refazer este álbum.
Se você que está lendo o texto achou que a cena da pirraça era rídicula, veja o que aconteceu:
– Eu pago! Eu pago todos os álbuns, as figurinhas novas, pago tudo! Mas quero meu filho no álbum!
Eu disse novamente que era impossível, a mãe pegou as coisas dela para ir embora, pegou a mochila da criança e com os olhos cheios de lágrima (é sério) me disse que faria o próprio álbum para o filho dela não sentir.
Você deve está achando que a criança tinha 7 ou 8 anos. Não! Ela tinha 2. Nem sabia direito o que era figurinha. A dor toda era da mamãe mimada.
O que me preocupa de fato é saber que este não é um caso isolado. Não sei se a mãe fez o tal álbum (provavelmente fez), mas ela é uma adulta que não sabe aceitar as dores que a vida nos oferece, prefere burlar. Quer ter tudo e acha que tudo a pertence. O problema maior é que uma criança está sendo criada com esse pensamento, está crescendo com a visão de mundo mimada.
Melhor (ou pior)… crianças estão sendo criadas com este pensamento.
Vivem dentro da cultura do descarte, do consumo, vivem em um mundo camuflado de presentes de compensação de faltas.
A primeira geração de crianças super mimadas cresceu e se reproduziu. As crianças fruto dessa reprodução estão sendo mimadas ao triplo. Nos resta agora esperar o dia em que veremos um adulto rolar no chão na fila do restaurante porque não liberaram ainda sua mesa.
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*Fonte: radarescola