Meditação regular traz mais benefícios do que férias, afirma estudo

Já não é novidade o quanto a meditação e a ioga fazem bem para a saúde. Pesquisas sérias têm apontado alguns desses benefícios e deixado para trás a ideia de que tais práticas são “coisa de hippie”. A Harvard Health Publications divulgou, por exemplo, um estudo onde ficou claro que meditar pode ser melhor para o corpo e para a mente até do que tirar férias.

Segundo a médica Monique Tello, o estudo foi realizado em um resort no sul da Califórnia (EUA), com 91 mulheres voluntárias que não apresentavam problemas de saúde importantes, não estavam grávidas, nem tomavam hormônios ou antidepressivos. O método mesclou técnicas de meditação, ioga e exercícios ao longo de uma semana.

Os participantes foram divididos em três grupos com cerca de 30 cada um: “meditadores” experientes, mulheres que nunca meditaram, e um grupo que simplesmente “foi de férias”. Os 30 “participantes de férias” ouviram palestras de saúde e depois fizeram coisas divertidas ao ar livre por uma semana.

Ao fim do experimento, os três grupos apresentaram melhorias estatisticamente significativas nos níveis de estresse e depressão, que foram mensurados usando questionários bem estabelecidos e comumente usados. Até este ponto, explica Monique, parece que as férias são tão boas quanto os exercícios para a redução do estresse e melhora de humor.

Mas, ela explica que o que realmente impressiona é que 10 meses depois: os meditadores regulares ainda apresentavam melhorias significativas, os meditadores novatos ainda mais, enquanto os turistas já estavam novamente estressados. A descoberta vai ao encontro de pesquisas anteriores que mostra que as férias têm efeitos benéficos, mas por muito pouco tempo.

Os pesquisadores coletaram também amostras de sangue, antes e depois do experimento. Quem explica os resultados desta fase é o autor de estudo Eric Schadt, diretor do Icahn Institute no Monte Sinai.

“Os meditadores regulares mostraram os mesmos tipos de ‘melhorias’ no nível molecular como os outros, mas, além disso, apresentaram mudanças que também foram associadas a alguns processos de envelhecimento. Penso que há relação com um envelhecimento mais saudável, por isso espero que motive mais estudos nesta direção”, afirma o pesquisador.

O estudo de férias incluiu apenas mulheres e os próprios autores afirmam que são necessárias mais pesquisas na área. Mas as evidências já estão aí, outros estudos já comprovaram que a meditação ajuda a reduzir a ansiedade, depressão, estresse, dor e a saúde geral, além de melhorar a qualidade de vida. Se por um lado, o descanso do trabalho é realmente merecido, por outro tentar incluir a prática da meditação pode amenizar a espera pelas tão sonhadas férias tornando o dia a dia bem mais agradável.

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*Fonte/texto: ciclovivo

A arte de manipular multidões

A era da pós-verdade é na realidade a era do engano e da mentira, mas a novidade associada a esse neologismo consiste na popularização das crenças falsas e na facilidade para fazer com que os boatos prosperem.

A mentira dever ter uma alta porcentagem de verdade para ser mais crível. E terá ainda maior eficácia a mentira composta totalmente por uma verdade. Parece uma contradição, mas não é. Na sequência analisaremos como isso pode acontecer.

A pós-mentira

Hoje em dia tudo é verificável e, portanto, não é fácil mentir. Mas essa dificuldade pode ser superada com dois elementos básicos: a insistência na asseveração falsa, apesar dos desmentidos confiáveis; e a desqualificação de quem a contradiz. E a isso se soma um terceiro fator: milhões de pessoas prescindiram dos intermediários de garantias (previamente desprestigiados pelos enganadores) e não se informam pelos veículos de comunicação rigorosos, mas diretamente nas fontes manipuladoras (páginas de Internet relacionadas e determinados perfis nas redes sociais). A era da pós-mentira fica assim configurada.

Quem se manifesta à margem da tese dominante recebe uma desqualificação ofensiva que serve como aviso para outros navegadores

Dessa forma, milhões de norte-americanos acreditaram em uma mentira comprovada como a afirmação de Donald Trump de que Barak Obama é um muçulmano nascido no estrangeiro e milhões de britânicos estavam convencidos de que, com o Brexit,o Serviço Nacional de Saúde teria por semana 350 milhões de libras (1,4 bilhão de reais) adicionais.

A tecnologia permite hoje manipular digitalmente qualquer documento (incluindo as imagens), e isso avaliza que se indique como suspeitos os que reagem com dados certos diante das mentiras, porque suas provas já não têm valor de fato. E se acrescenta a isso a perda de parte da independência na imprensa com a crise econômica. O número de jornalistas foi reduzido e ela precisou levar em consideração não só os leitores, mas também os proprietários e anunciantes. Em certos casos, utilizam também técnicas sensacionalistas para obter reações na Rede, o que fez com que perdesse credibilidade.

Com tudo isso, se chegou à paradoxal situação de que as pessoas já não acreditam em nada e ao mesmo tempo são capazes de acreditarem em qualquer coisa.

Muitos jornais dos Estados Unidos verificaram as dezenas de falsidades difundidas pelo presidente Trump (em janeiro já havia dito 99 mentiras segundo o The New York Times), mas isso não as desativou. E a imprensa britânica, por sua vez, esmiuçou as mentiras dos que pediam a saída da UE, mas isso não desanimou milhões de eleitores.

A pós-verdade

A mentira sempre é arriscada, e requer formas muito potentes para sustentar-se. Por isso as técnicas de silêncio costumam ser mais eficazes: emite-se uma parte comprovável da mensagem, mas se omite outra igualmente verdadeira. Aqui estão alguns exemplos:

A insinuação. Não é preciso usar dados falsos. Basta sugeri-los. Na insinuação, as palavras e imagens expressadas se detêm em um ponto, mas as conclusões inevitavelmente extraídas delas vão muito mais além. O emissor, entretanto, poderá se defender afirmando que só disse o que disse, que só mostrou o que mostrou. A principal técnica da insinuação na imprensa parte das justaposições: ou seja, uma ideia situada ao lado de outra sem que se explicite a relação sintática ou semântica entre ambas. Mas sua contiguidade obriga o leitor a deduzir uma ligação.

Isso aconteceu em 4 de outubro de 2016 quando Iván Cuéllar, goleiro do Sporting de Gijón, saía do ônibus de sua equipe para jogar no estádio Riazor. Recebido com vaias pela torcida do La Coruña, Cuéllar parou e olhou fixamente em direção aos torcedores. A câmera só enfocou ele, o que levava à dedução de uma atitude desafiadora diante das vaias. E a situação foi apresentada dessa forma em um vídeo de um veículo de comunicação asturiano. Dessa forma, foram mostrados, justapostos, dois fatos: a torcida rival que vaiava e o jogador que olhava fixamente em direção aos torcedores. Não demorou a chegar a acusação de que Cuéllar havia sido um provocador irresponsável.

Ocorreu algo que aquelas imagens não mostraram: entre os torcedores, uma pessoa havia sofrido um ataque epilético e isso chamou a atenção do goleiro do Sporting, que olhou fixamente nessa direção para comprovar que o torcedor estava sendo atendido (pelo próprio serviço médico do clube). Ao verificar que o atendimento foi feito, seguiu seu caminho. Tanto a presença dos torcedores como suas vaias e o olhar do jogador foram verdadeiros. A mensagem, entretanto, foi alterada – e, portanto, a realidade percebida – ao se justapor os acontecimentos ocultando um fato relevante.

A pressuposição e o subentendido. A pressuposição e o subentendido possuem traços em comum, e se baseiam em dar algo como certo sem questioná-lo. Por exemplo, no conflito catalão se difundiu a pressuposição de que votar é sempre bom. Mas essa afirmação não pode ser universal, uma vez que não se aceitaria que o Governo espanhol colocasse urnas para que a população votasse se deseja ou não a escravidão. Somente o fato de se admitir essa possibilidade já seria inconstitucional, por mais que a resposta esperada fosse negativa. Primeiro seria necessário modificar a Constituição para permitir a escravidão, e depois sim poderia ocorrer uma votação a respeito. Foi criada, portanto, uma pressuposição segundo a qual o fato de votar é sempre bom, quando a validade de uma consulta está ligada à legitimidade e à legalidade democrática do que é colocado em votação.

Por vezes os subentendidos são criados a partir de antecedentes que, – reunindo todos os requisitos de veracidade, se projetam sobre circunstâncias que concordam somente em parte com eles. Por exemplo, nos chamados Panama Papers foram denunciados casos reais de ocultação fiscal. Uma vez expostos os fatos reais e criadas as condições para sua condenação social, foram acrescentados à lista outros nomes sem relação com a ilegalidade; mas o subentendido transformou a oração “tem uma conta no Panamá” em algo delituoso que contribuiu com a criação de um estado geral de opinião falso. Não é crime realizar negócios no Panamá e por conta disso abrir contas nesse país; mas se isso se expressa com essa oração suspeita, o legal se transforma em condenável pela pressuposição.

A falta de contexto. A falta do contexto adequado manipula os fatos. Assim aconteceu quando o deputado independentista catalão Lluis Llach recebeu ataques injustos por declarações sobre o Senegal. Em 9 de setembro de 2015, um jornal barcelonês postava em sua manchete esta frase, colocada na boca do ex-cantor e compositor: “Se a opção do sim à independência não for majoritária, vou para o Senegal”. Daí se poderia deduzir que ir para o Senegal era algo assim como um ato de desespero (e uma ofensa para aquele país africano). Desse modo interpretaram alguns colunistas e centenas de comentários publicados sob a notícia. No entanto, o jornal tinha omitido um contexto importante: Llach criou anos atrás uma fundação humanitária de ajuda ao Senegal e, portanto, longe de expressar desprezo em suas palavras, ele mostrava o desejo de se voltar para essa atividade se o seu esforço político fracassasse. Nessa falta de dados de contexto se pode incluir a omissão cada vez mais habitual das versões e das opiniões –que deveriam ser recolhidas com neutralidade e honestidade– daquelas pessoas atacadas por uma notícia ou opinião.

Inversão da relevância. Os beneficiários desta era da pós-verdade nem sempre dispõem de fatos relevantes pelos quais atacar seus adversários. Por isso, com frequência recorrem a aspectos muito secundários…. que transformam em relevantes. Os costumes pessoais, a vestimenta, o penteado, o caráter de uma pessoa em seu entorno particular, um detalhe menor de um livro ou de um artigo ou de uma obra (como naquele caso dos manipuladores de marionetes em Madri)…adquirem um valor crucial na comunicação pública, em detrimento do conjunto e das atividades de verdadeiro interesse geral ou social. Desse modo, o que for opinião ou subjetividade sobre esses aspectos secundários se apresenta como noticioso e objetivo. E, portanto, relevante.

A pós-censura

Até aqui foram analisadas brevemente (por razões de espaço e de lógica jornalística) as técnicas da pós-mentira e da pós-verdade. Mas os efeitos perniciosos de ambas recebem o impulso da pós-censura, segundo retratou e definiu Juan Soto Ivars em Arden las Redes (Debate, 2017).

Neste novo mundo de pós-censura quem se manifesta à margem da tese dominante recebe uma desqualificação muito ofensiva que serve como aviso para outros navegadores. Assim, a censura já não é exercida nem pelo Governo nem pelo poder econômico, mas por grupos de dezenas de milhares de cidadãos que não toleram uma ideia discrepante, que se realimentam uns com os outros, que são capazes de linchar quem, a seu ver, atenta contra o que eles consideram inquestionável, e que exercem seu papel de turba mesmo sem saber muito bem o que estão criticando.

Soto Ivars detalha alguns casos assustadores. Por exemplo, o espancamento verbal sofrido pelos escritores Hernán Migoya e María Frisa a partir dos respectivos tuítes iniciais de quem confundiu o que expressavam seus personagens de ficção com o que pensava cada autor, e que foram secundados de imediato por uma multidão endogâmica de seguidores que se apresentaram para o bombardeio sem comprovação alguma. Fizeram a mesma coisa alguns jornalistas que, para não ficarem de fora da corrente dominante, simplesmente recolheram das redes o manipulado escândalo, branqueando assim a mercadoria avariada.

Esta inquisição popular contribui para formar uma espiral do silêncio (como a definiu Elisabeth Noelle Neumann em 1972) que acaba criando uma aparência de realidade e de maioria cujo fim consiste em expulsar do debate as posições minoritárias. Nesse processo, as pessoas se dão conta logo de que é arriscado sustentar algumas opiniões, e desistem de defendê-las, para maior glória da pós-verdade, da pós-mentira e da pós-censura. Assim, o círculo da manipulação fica fechado.

Álex Grijelmo é autor de La Información del Silencio. Cómo se Miente Contando Hechos Verdaderos (A Informação do Silêncio. Como se Mente Contando Fatos Verdadeiros)

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*Fonte: elpais

Philippe Petit – o francês que atravessou as torres do W.T.C. na corda bamba

Muito se fala no 11 de setembro e toda aquela imensa fatalidade no World Trade Center (new York), mas uma outra grandes façanha da história envolve também as mesma duas torres. Foi o dia em que com uma enorme dose de coragem, o equilibrista francês Philippe Petite, em 6 de agosto de 1974, então com seus 24 anos, atravessou as duas torres – 8x em mais ou menos 45min. – do agora finado W.T.C., com a ajuda de alguns amigos.Isso a uma altura de aproximadamente 411 metros do solo. Haja coragem!

Essa ousada façanha merecidamente até já virou filme – “A Travessia” (Robert Zemekis / 2015).

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Com amigos, aprendeu a subi-las sem ser detectado e escondeu cabos e preparou a travessia. Na manhã escolhida usaram um arco e flecha para depois lançar o cabo entre as torres. Quando deram por ele, já ia a meio da travessia.

Ele teve a primeira “inspiração” enquanto estava sentado no consultório do seu dentista em Paris. Foi assim que viu um artigo sobre as torres incompletas, junto com uma ilustração do modelo.

A imensa cobertura das notícias e a apreciação do público da acrobacia de Petit resultou em “esquecimento” das acusações formais relatando a sua caminhada. Entretanto, por sua perigosa performance, a corte “sentenciou” Petit a uma pena que consistiu em realizar uma nova performance, desta vez para crianças, no Parque Central de Nova Iorque. Além disso Petit foi presenteado com um visto permanente, que lhe garantia visitar a Plataforma de Observação das Torres Gêmeas pelas autoridades portuárias de Nova Iorque e Nova Jérsia sempre que quisesse.

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Abaixo algumas imagens reais selecionadas, desse inusitado evento.

 

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