Dia: 25 de setembro, 2017
Facebook privilegiará amigos e familiares em vez de notícias
O Facebook quer mais fotos de férias, mais mensagens apoiando um determinado time de futebol, mas formaturas e mais festas de aniversário. A mais recente atualização de seu algoritmo, a fórmula secreta que decide o que será mostrado primeiro em cada perfil com base no seu histórico de navegação, atividade e amigos, irá exibir mais imagens, vídeos e links de amigos e menos de marcas e veículos de comunicação.
Isso não quer dizer que a empresa esteja atacando diretamente os meios de comunicação, mas sim que as páginas oficiais deles perderão parte do seu poder de divulgação. Também não significa que os conteúdos dos veículos serão menos vistos, mas sim que eles terão mais visibilidade quando os usuários os compartilharem do que quando forem publicados em suas próprias páginas. O Buzzfeed e o Tasty, dois meios de comunicação surgidos na própria internet, cuja estratégia de crescimento meteórico se baseou na rede social, não se pronunciaram sobre a decisão. De toda forma, o Facebook deixa uma porta aberta para a publicidade como uma forma de ampliar sua divulgação.
O Facebook, que conta com mais de 1,65 bilhão de usuários ativos, afirma que o seu objetivo é conectar o mundo e que faz todo sentido que a prioridade esteja nos amigos e familiares. Em um texto assinado por Adam Mosseri, responsável pela News Feed, nome da página principal em que se publicam os conteúdos jornalísticos, a empresa deixa claro que as notícias e o entretenimento têm um lugar secundário. “Temos nos empenhado cada vez mais em projetos que façam com que os usuários se expressem junto com os seus amigos, que aprendam com eles e conversem entre si”, afirma Mosseri.
Diferentemente do Twitter, o Facebook não exibe seu conteúdo em uma ordem estritamente cronológica, mas o mistura e distribui de acordo com seu algoritmo
Diferentemente do Twitter, o Facebook não exibe seu conteúdo em uma ordem estritamente cronológica, mas o mistura e distribui de acordo com seu algoritmo, com o objetivo de personalizá-lo de forma a torná-lo mais agradável para os seus consumidores. O Instagram, que pertence ao Facebook, mantém a ordem cronológica, embora já tenha anunciado, em duas ocasiões, sua intenção de adotar um algoritmo. A reação negativa por parte da comunidade congelou a ideia.
Durante a inflamada campanha das primárias nos Estados Unidos, o Partido Republicano acusou a rede social de refletir o seu viés político na hora de exibir os conteúdos. Sheryl Sandberg, a número dois do Facebook, foi encarregada de dialogar com o partido e esclarecer que tudo é definido pela tecnologia, e não pelas pessoas que estão por trás da rede social.
Mosseri afirma que a mudança não é definitiva e que irá se adaptando de forma contínua conforme as preferências de seus clientes, ou seja, dos perfis. O Facebook analisa o comportamento de seus usuários de forma minuciosa. Tanto assim, que sabe até mesmo quando uma mensagem foi escrita mesmo sem ter sido, ao final, publicada no mural. A empresa tem consciência de que o conteúdo gerado por seus usuários tem diminuído, e, há dois meses, vem experimentando o uso de mensagens de boas-vindas pré-fabricadas para impulsioná-lo. A ideia é lançar uma âncora na realidade, para que se crie mais conteúdo.
Daí que convide a mostrar o apoio à seleção de futebol que está jogando, seja a Eurocopa ou a Copa América. Tomam como referência a nacionalidade, bem como a localização do usuário. Não é também estranho que usem festividades locais ou celebrações como o Orgulho Gay como gancho para compartilhar o ponto de vista a respeito. No domingo, para todos os que se declararam espanhóis, insinuava que dissessem se já haviam votado. São, claramente, mensagens que têm relação com a atualidade e com temas de debate na rua. Sua ambição é transferir essas conversas para o ciberespaço.
O novo algoritmo também afetará o conteúdo próprio do Facebook: os Instant Articles e os vídeos ao vivo.
Não é por acaso que ao entrar na página dos vídeos eles sejam diretamente baixados. Nem mesmo que essa seja sua grande aposta. Cada vez que sabem que há uma fuga de tráfego corrige-na criando um serviço semelhante para ficar dentro de seus domínios. Viram que o YouTube era a porta de saída mais frequente e criaram uma plataforma própria de vídeo. Em poucos meses tomaram a dianteira, oferecem transmissões ao vivo antes que o YouTube, propriedade do Google, tenha dado o passo.
Nesse mesmo sentido, o Facebook lançou há um ano o Instant Articles. EL PAÍS já se uniu à plataforma. Esse sistema permite consultar de modo muito rápido o conteúdo das mídias que fazem parte do acordo. Serve para impulsionar o consumo de uma publicação específica e a mostra com uma estética ajustada ao celular. A equipe de Zuckerberg o apresentou como um possível alívio para a situação econômica dos meios de comunicação. A publicidade desses artigos adaptados pode ser administrada diretamente pelos editores ou ser delegada a eles e compartilhar seguindo o padrão habitual dos aplicativos, 70% para os criadores e 30% para o suporte.
Paradoxalmente, os conteúdos nativos também não ficarão livre de serem afetados pelo novo algoritmo. Tanto Instant Articles como os vídeos ao vivo (os Facebook Live, a outra grande aposta da rede social) terão seu alcance e difusão afetados. “A influência do algoritmo é indiferente ao tipo de conteúdo”, explicou Mosseri.
Contragolpe do Google
O Google, com uma posição radicalmente contrária, respondeu com o AMP, um formato de livre adoção (não é necessário firmar um acordo com eles para usá-lo e o código é livre). AMP, acrônimo em inglês de páginas móveis avançadas, baixa as páginas rapidamente, acelerando o código fonte. É mantido o link, algo que não acontece no Facebook, para que se possa compartilhar por toda a rede. Para incentivar sua adoção o buscador apresenta antes os resultados de páginas que são AMP e as mostra com um carrossel de imagens, de tal modo que se tornam mais atraentes. EL PAÍS esteve entre os órgãos pioneiros da mídia em usar esse sistema de publicação.
Há uma semana, durante a VidCon, a feira de vídeos online realizada em Los Angeles, foi revelado que o Facebook está pagando a órgãos da mídia para emitir vídeos ao vivo dentro de sua plataforma. Os cálculos iniciais falam de 50 milhões de dólares (162 milhões de reais) repartidos entre Buzzfeed, CNN, The New York Times, Huffington Post e Mashable. Também pagaram ao Real Madrid e Barcelona por seus vídeos ao vivo.
O Facebook quer conteúdo, mas não links para fora. Seu modelo de negócio, centrado na publicidade, demanda que se passe cada vez mais tempo dentro. Se alguém segue um link, talvez continue navegando longe de seus domínios.
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*Fonte: elpais
Super-ricos pagam menos tributos que os 10% mais pobres, diz estudo
A população 10% mais rica do Brasil paga uma parcela menor de sua renda com tributos que os 10% mais pobres, mostra um estudo sobre desigualdade divulgado nesta segunda-feira (25) pela organização não-governamental britânica Oxfam.
A parcela mais pobre da população gasta 32% de tudo o que recebe em tributos, enquanto quem está no topo da pirâmide destina apenas 21% de sua renda para pagar impostos, segundo o relatório “A Distância que nos Une – Um Retrato das Desigualdades Brasileiras”.
No Brasil, a renda mais baixa também é a que paga mais impostos indiretos (cobrados sobre produtos e serviços): 28% de tudo o que ganham os mais pobres é consumido para este fim, enquanto que os mais ricos pagam somente 10% do rendimento neste tipo de imposto.
Os negros e as mulheres são os mais penalizados por essa diferença, mostra o estudo da Oxfam, já que eles somam três de cada quatro brasileiros na faixa menos favorecida. Na outra ponta, os homens brancos são dois em cada três dos 10% mais ricos do Brasil.
Imposto de renda e patrimônio
Quando se trata de impostos sobre a renda e patrimônio, o abismo entre ricos e pobres também é grande. Quem ganha 320 salários mínimos por mês paga a mesma alíquota efetiva de Imposto de Renda (após descontos, deduções e isenções) de quem recebe cinco salários mínimos, aponta a Oxfam.
Isso acontece porque a alíquota do IR para de crescer para quem ganha acima de 40 salários mínimos. Os mais ricos – boa parte empresários e acionistas – são também os mais beneficiados com as isenções sobre lucros de empresas e dividendos de ações. Na prática, apesar de ser uma renda, eles não precisam pagar imposto sobre estes ganhos, destaca o estudo.
Isenções beneficiam os mais ricos
O estudo aponta, ainda, citando dados da Receita Federal de 2016, que quem tem renda acima de 80 salários mínimos mensais (R$ 63.040) é beneficiado com isenção média de 66%. Para os que ganham 320 salários (R$ 252.160), o benefício vai a 70%.
Na outra ponta, a isenção para a classe média – quem recebe entre R$ 2.364 e R$ 15.760 é de 17%, e cai para 9% para quem ganha entre 1 e 3 salários mínimos mensais (R$ 788,00 a R$ 2.364,00), segundo o estudo.
Desigualdade salarial
O estudo também mostrou que a desigualdade salarial entre homens e mulheres só vai chegar ao fim daqui a 30 anos. Para chegar ao cálculo, a entidade usou a velocidade com que essa distância diminuiu em 20 anos, levando em conta os dados da Pnad Contínua, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Ou seja, a projeção considera que esse ritmo seria mantido.
Se antes as mulheres recebiam 40% do rendimento dos homens, duas décadas depois elas passaram a ganhar 62% do que eles recebem, sobretudo com a entrada delas no mercado de trabalho, aponta a Oxfam. A renda média do sexo masculino, em 2015, era de R$ 1.508,00, contra R$ 938 das mulheres.
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*Fonte: G1