Uma nova classe de pessoas deve surgir até 2050: a dos inúteis

Com o avanço da inteligência artificial, os humanos serão substituídos na maioria dos trabalhos que hoje existem. Novas profissões irão surgir, mas nem todos conseguirão se reinventar e se qualificar para essas funções. O que acontecerá com esses profissionais? Como eles serão ocupados? Yuval Noah Harari, professor da Universidade Hebraica de Jerusalém e autor do livro Sapiens – Uma Breve História da Humanidade, pensa ter a resposta.

Em artigo publicado no The Guardian, intitulado O Significado da Vida em um Mundo sem Trabalho, o escritor comenta sobre uma nova classe de pessoas que deve surgir até 2050: a dos inúteis. “São pessoas que não serão apenas desempregadas, mas que não serão empregáveis”, diz o historiador.

De acordo com Harari, esse grupo poderá acabar sendo alimentado por um sistema de renda básica universal. A grande questão então será como manter esses indivíduos satisfeitos e ocupados. “As pessoas devem se envolver em atividades com algum propósito. Caso contrário, irão enlouquecer. Afinal, o que a classe inútil irá fazer o dia todo?”.

Uma das possíveis soluções, apontadas pelo professor, são os games de realidade virtual em 3D. “Na verdade, essa é uma solução muito antiga. Por centenas de anos, bilhões de humanos encontraram significados em jogos de realidade virtual. No passado, chamávamos esses jogos de ‘religiões’”, afirma Harari. “Se você reza todo dia, ganha pontos. Se você se esquece de rezar, perde pontos. Se no fim da vida você ganhou pontos o suficiente, depois que morrer irá ao próximo nível do jogo (também conhecido como céu)”.

Mas a ideia de encontrar significado na vida com essa realidade alternativa não é exclusividade da religião, como explica o professor.

“O consumismo também é um jogo de realidade virtual. Você ganha pontos por adquirir novos carros, comprar produtos de marcas caras e tirar férias fora do país. E, se você tem mais pontos que todos os outros, diz a si mesmo que ganhou o jogo”.

Para o escritor, um exemplo de como funcionará o mundo pós-trabalho pode ser observado na sociedade israelense. Alguns judeus ultraortodoxos não trabalham e passam a vida inteira estudando escrituras sagradas e realizando rituais religiosos. Esses homens e suas famílias são mantidos pelo trabalho de suas esposas e subsídios governamentais. “Apesar desses homens serem pobres e nunca trabalharem, pesquisa após pesquisa eles relatam níveis de satisfação mais altos que qualquer outro setor da sociedade israelense”, afirma Harari.

Segundo o professor, o significado da vida sempre foi uma história ficcional criada por humanos, e o fim do trabalho não irá necessariamente significar o fim do propósito. Ao longo da história, muitos grupos encontraram sentido na vida mesmo sem trabalhar. O que não será diferente no mundo pós-trabalho, seja graças à realidade virtual gerada em computadores ou por religiões e ideologias. “Você realmente quer viver em um mundo no qual bilhões de pessoas estão imersas em fantasias, perseguindo metas de faz de conta e obedecendo a leis imaginárias? Goste disso ou não, esse já é o mundo em que vivemos há centenas de anos”.

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*Fonte: epocanegocios

A cultura da NASCAR é um exemplo do que poderíamos oferecer aos fãs” – diz Nelson Piquet Jr. sobre a Fórmula-E

O piloto da Panasonic Jaguar Racing diz que a categoria ainda tem uma barreira alta demais entre piloto e aficcionado

A organização da Fórmula-E, até pelo caráter inovador da coisa, tenta ser próxima do público. É onde pessoas como eu e você podem ver o futuro do motor elétrico sendo levado ao seu extremo, afinal, e onde fabricantes apostam suas fichas para desenvolver tecnologias que estarão rodando nas ruas e estradas nos próximos anos. Mas para Nelson Piquet Jr., sobra espaço para melhoras na relação com os fãs. “NASCAR hoje em dia ainda é mais acessível que a Fórmula-E, você pode comprar a credencial de 20, 25 dólares e passar pelo paddock”, comenta o piloto em entrevista coletiva para jornalistas nesta sexta-feira (02). Acesso similar no F-E, aponta Piquet Jr., não sai por menos de 2 mil euros. “De certa forma ainda tem uma barreira maior que acho que poderia ter”, diz.

A categoria toma uma série de decisões nas quais a proximidade com o fã é item de grande importância. O preço mais amigável do ingresso padrão em comparação com a Fórmula 1 é um exemplo. Outro é o fato de que toda prova de Fórmula-E acontece não em autódromos, mas em pistas montadas na própria cidade, quase sempre no centro, como é o caso da corrida que acontece este sábado (03) no coração de Santiago, no Chile.

Ao mesmo tempo, todas as etapas da disputa acontecem no mesmo dia. Não é um programa que toma o fim de semana todo como a F-1, nem mesmo para os aficcionados. Mesmo assim, há alguma dificuldade: “O motivo porque muitos pilotos não querem falar com fãs (no dia da corrida) é que é tudo muito apressado”, lamenta Piquet Jr. “Você está sempre muito nervoso, pensando sobre treino e qualificatória; sinceramente, a única hora que dá para relaxar um pouco é depois dela, aí dá pra tirar 50% do peso das costas, mas até lá são nervos à flor da pele”.

É uma limitação particularmente delicada para a categoria high-tech, que está há apenas quatro anos na estrada: “É tão nova, que de certo modo você tem que se abrir pras pessoas para que elas descubram sobre”, comenta o piloto.

Uma ajudinha dos fãs

Um dos tópicos mais curiosos da Fórmula-E – em especial para quem não acompanha – é o Fan Boost. Na véspera de toda prova, e durante o início da corrida, os fãs podem eleger em redes sociais o piloto que receberá uma injeção de potência no motor elétrico (10 a 20kW em média), vantagem que pode ser usada após o pit stop – que é quando o piloto troca um carro com a bateria zerada por um novo em folha. Essa “mãozinha” do público é uma ideia com a qual até a Stock Car anda flertando nos últimos tempos.

Mas, entre pilotos e fãs, a opinião é que essa função ainda não se provou essencial e harmoniosa. “Hoje o Fan Boost faz bem menos diferença”, diz Nelsinho Piquet, “mesmo os caras que o ganham muitas vezes não usam”. Além de ter tido sua utilidade reduzida com o fim da pontuação por tempo de volta, o Boost traz desvantagens táticas: ele aquece o motor e representa um pico de consumo de energia. Potencialmente fatal em uma categoria em que uso eficiente de bateria é tudo. “Sim, a gente tenta puxar um pouco de tudo: o Fan Boost e toda vantagem que a gente possa conseguir” comenta, “mas há outras prioridades acima de investir tempo em pedir votos”.

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*Fonte: GQ