Dia: 5 de março, 2018
A epidemia de jovens reclusos em seus quartos
O fenômeno dos “hikikomori”, jovens em autorreclusão, torna-se uma epidemia no Japão, atinge um milhão de pessoas, e avança no Ocidente. Quais suas bases?
Eles estão entre os 14 e 25 anos e não estudam nem trabalham. Não têm amigos e passam a maior parte do dia em seus quartos. Dificilmente falam com os pais e parentes. Eles dormem durante o dia e vivem à noite para evitar qualquer confronto com o mundo exterior. Eles se refugiam nos meandros da Web e das redes sociais com perfis falsos, único contato com a sociedade que abandonaram. São chamados de hikikomori, palavra japonesa para “ficar de lado”. Na Terra do Sol Nascente já atingiram a cifra alarmante de um milhão de casos, mas é equivocado considerá-lo um fenômeno limitado apenas às fronteiras japonesas.
“É um mal que assola todas as economias desenvolvidas – explica Marco Crepaldi, fundador do Hikikomori Itália, a primeira associação nacional de informação e apoio sobre o tema. – As expectativas de interação social são uma espada de Dâmocles para todas as novas gerações do século XXI: há aqueles que conseguem suportar a pressão da competição na escola e no trabalho e aqueles que, em vez disso, largam tudo e decidem se autoexcluir”.
As últimas estimativas falam de milhares de casos italianos de hikikomori, um exército de presos que pede ajuda. Um número que tende a aumentar se não conseguirmos dar ao fenômeno uma clara posição clínica e social.
Um fenômeno de contornos ainda pouco claros
Associações como a Hikikomori Itália já há anos estão fazendo todo o possível para sensibilizar a opinião pública sobre um desconforto que é muitas vezes confundido com incapacidade e falta de iniciativa das novas gerações. Um equívoco que encontrou terreno fértil no debate político, legislatura após legislatura, criando estereótipos como “bamboccioni” (adulto com comportamento infantil e mimado, ndt) , um termo cunhado em 2007 pelo então ministro da Economia, Tommaso Padoa-Schioppa, ou “jovens italianos choosy” (exigentes) da ex-ministra do trabalho, Elsa Fornero, até chegar ao limite da sigla Neet, (em português, são os chamados “nem-nem”, ndt) os jovens que não têm “nem trabalho nem estudo”, que de acordo com uma pesquisa da Universidade Católica de 2017 seriam cerca de 2 milhões em todo o país.
Também do ponto de vista médico, o hikikomori sofre de uma classificação nebulosa. No Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), a “Bíblia” da psiquiatria, ainda está registrada como síndrome cultural japonesa: uma imprecisão que tende a subestimar a ameaça do distúrbio no resto do mundo e cria consequências perigosas.
“Muitas vezes é confundido com síndromes depressivas e, nos piores casos o jovem é carimbado com o rótulo de dependência em internet – explica Crepaldi – Um diagnóstico desse tipo geralmente leva ao afastamento forçado de qualquer dispositivo eletrônico, eliminando, dessa forma, a única fonte de comunicação com o mundo exterior para o doente: uma verdadeira condenação para um garoto hikikomori”.
Como alguém se torna um hikikomori?
O ambiente escolar é um lugar vivenciado com sofrimento especial pelos hikikomoris, não surpreendentemente a maioria deles se inclina ao isolamento forçado durante seus anos finais do ciclo fundamental e durante o ensino médio. É neste período que geralmente ocorre o ‘fator precipitante’, que é o evento-chave que inicia o movimento gradual de afastamento dos amigos e familiares. Pode ser um episódio de bullying ou uma nota ruim na escola, por exemplo.
“Um evento inofensivo aos olhos de outras pessoas, mas contextualizado dentro de um quadro psicológico frágil e vulnerável, assume uma importância muito significativa – explica Crepaldi – É a primeira fase do hikikomori: o garoto começa a faltar dias de aula usando qualquer desculpa, abandona todos as atividades esportivas, inverte o ciclo vigília-sono e se dedica a compromissos monótonos solitários como o consumismo desenfreado das séries de TV e videogames”.
É importante intervir exatamente nesse primeiro estágio do distúrbio quando se manifestam os primeiros sinais de alarme. Nessa fase, os pais e os professores desempenham um papel crucial na prevenção: investigar a fundo as motivações íntimas do desconforto e, se necessário, buscar rapidamente o apoio de um profissional externo para evitar a transição para uma fase mais crítica, quando seria necessária uma intervenção que poderia durar até anos.
Itália e Japão: duas faces da mesma moeda
É inegável que a cultura japonesa historicamente tem se caracterizado por uma série de fatores que aumentam a dimensão do fenômeno, a ponto se ser já possível se falar de duas gerações de hikikomori, a primeira desenvolvida na década de 1980. O sistema social e escolar extremamente competitivo e o papel da figura paterna muitas vezes ausente por causa de horários de trabalho extenuantes estão na base das expectativas opressivas e muitas vezes não concretizadas. Mesmo considerando as devidas proporções, mesmo na Itália as pressões sociais são muito fortes. Determinantes desde os primeiros casos de hikikomoris diagnosticados em 2007, são a diminuição dos nascimentos com o consequente aumento de filhos únicos, geralmente submetidos a pressões maiores, a crise econômica que torna muito distante o ingresso (real) no mercado de trabalho e a explosão de cultura da imagem, exacerbada pela disseminação capilar das redes sociais.
Na Itália a síndrome não afeta só os homens, como no Japão, mas inclui também um discreto número de hikikomori-mulheres, com uma proporção de 70 para 30. “Por uma questão cultural as famílias consideram, no entanto, a reclusão da filha como um problema menor – diz Crepaldi – provavelmente porque a veem como uma futura dona de casa ou esperam que um dia se case e saia de casa”.
No contexto italiano, aliás, existem diferenças entre uma região e outra: os hikikomoris do norte da Itália têm, de fato, características diferentes daqueles do sul. Justamente por isso, o site Hikikomori Itália disponibiliza salas de chat regionais, onde os jovens podem discutir problemas com os seus conterrâneos que sofrem da mesma síndrome.
Existe apenas uma regra dentro do chat: quem entra não é obrigado a interagir, mas é apreciada uma breve apresentação. Aqueles que não a respeitam são “bloqueados”. Para aqueles que querem contar a sua história também tem um Fórum, aberto tantos aos jovens como aos pais: um mundo paralelo, silencioso, impalpável.
Uma tela de pedidos de ajuda e de sofrimento, mas também histórias de sucesso. Como a de Luca, 25 anos:
“O dia e noite eram idênticos, eu dormia quando sentia vontade, comia quando queria. Eu perdi todos os meus amigos e a tela era um “Stargate” para outro universo. O tempo se dilatava quando eu clicava no teclado e eu nunca queria parar. Quando precisava tomar banho ficava ansioso debaixo do chuveiro para voltar logo a jogar.
Eu passei mais de dois anos jogando Wow [World of Warcraft, um jogo de estratégia, nde] em total isolamento. Eu não conseguia mais nem andar. Tudo isso aconteceu sem que minha mãe percebesse: trabalhava das 8 às 17 e eu fingia que ia à escola. Eu já não queria mais ir. Muita pressão.
O isolamento é uma batalha que no final torna-se uma cura. Crescia dentro de mim como uma onda, lentamente, até o momento em que tudo começou a me incomodar, eu detestava tudo o que eu fazia, eu não suportava mais quem eu era.
Hoje eu estou fora, eu moro no exterior e tenho uma linda namorada. Sou ou fui um hikikomori? Eu não sei, mas o que eu sei é que a força para combater esse demônio está e existe apenas dentro de você, ninguém pode ajudá-lo, na taberna de alguma montanha virtual onde você se perdeu, com a sensação de paz que envolve a sua mente.
O único conselho que acho que posso deixar é: fujam do computador”.
*Por Matteo Zorzoli | Tradução: Luisa Rabolini (IHU Online)
………………………………………………………….
*Fonte: outraspalavras
As principais consequências do descarte de pneus no meio ambiente
As vendas de automóveis crescem a cada ano no Brasil. Saindo dos escombros financeiros causados pela crise, os brasileiros estão aumentando seu poder de compra e adquirindo veículos, alavancando o setor automobilístico no país. Contudo, mesmo com resultados positivos crescendo de um lado, há também um crescimento de resultados negativos, uma vez que o descarte de pneus usados se torna ainda mais forte.
Como o consumo deste material não é consciente, o descarte de pneus no meio ambiente se torna um hábito comum, gerando uma série de consequências ambientais, sociais, sanitárias e financeiras.
Principais consequências do descarte inadequado de pneus
Problemas na biodegradação
O descarte de pneus no meio ambiente é um grande problema ambiental especialmente por conta de seu elevado tempo de deterioração, causando poluição do solo e contaminação de áreas. Além disso, quando estão expostos à luz solar e às chuvas, os pneus começam a se desfazer tanto em líquidos como em gases, contaminando ecossistemas inteiros e a atmosfera.
Dificuldade em saneamento básico
Pneus também são fontes para diversas doenças. Dengue, malária e febre amarela são algumas das enfermidades que advêm do descarte de pneus de forma incorreta. Acumulando água e sujeira, os pneus também contaminam o solo, podendo causar infecções nas pessoas e atingindo até os animais que se alimentam de recursos naturais contaminados pela eliminação de resíduos químicos que fazem parte da consistência dos pneus.
Gastos excessivos
O poder público também sofre com o descarte de pneus no meio ambiente, uma vez que é preciso investir na retirada constante desses materiais em rios, lagos, mares e solos. Mais verbas para investir em máquinas de retiradas de lixo e ainda suster o serviço público de saúde são alguns dos problemas financeiros no cofre público, que se tornam reais.
Como realizar o descarte de pneus?
Mesmo que o descarte de pneus seja complicado, é possível fazê-lo de forma correta. Isso porque existem centros de descarte especializados em realizar a deterioração correta de pneus sem atingir o meio ambiente. Nesses locais, o processo de reciclagem de pneus velhos é complexo, mas todos os pneus inservíveis entram na deterioração.
Com a ajuda de trituradores de pneu e borracha, esses produtos são picados em tamanhos diversos e misturados a pedras de brita para serem drenados com o líquido que o material dissolve. A mistura, que serve para acabamento asfáltico em ruas, também pode ser reprocessada a ponto de virar borracha.
Quando os pneus são triturados e moídos, as máquinas realizam sua compressão a ponto de o volume se tornar borracha e ser enviado para servir como matéria-prima de calçados e materiais de construção. Filtros são usados para que os efluentes emitidos no processo não sejam eliminados no ar. Os tubos retêm os gases e a queima na produção da borracha não se torna um transtorno.
Na maioria dos casos, o descarte de pneus não visa à eliminação completa, mas o reaproveitamento desses materiais, estimulando empresas de reciclagem e coletores a expandir seu negócio e promovendo uma coleta consciente por parte das empresas e do público.
……………………………………………………….
*Fonte: pensamentoverde