A pressa é inimiga da reflexão

Li essa frase em um dos livros do Walter Longo e, desde então, tenho me questionado, como de costume, sobre o quão prejudicial é essa percepção, que as pessoas têm sobre a necessidade e a obrigatoriedade de consumir tudo que vê pela frente.

Pior ainda, essa percepção errônea de que devemos opinar sobre tudo, mesmo que esse tudo seja tudo que nós não dominamos sequer o básico.

É espécie de corrida contra a própria evolução.

Isso não é apenas uma característica dos ditos hard users de internet e redes sociais.

Outro dia, “esbarrei” em um post no linkedin em que a pessoa divulgava de maneira orgulhosa quantos livros leu no ano.

Eu gosto muito de ler, estou sempre lendo algo. Leio de tudo um pouco. De ficção a espiritualidade. De livros de negócio a livros de história.

Já fui, inclusive, o tipo de pessoa que tem meta de leitura. Algo que atualmente não faz sentido mais pra mim.

No entanto, essa pessoa do Linkedin, a qual citei acima, estava fazendo algo, na minha humildade opinião, surreal: ele transformou a leitura em matemática pura, calculando friamente quantos minutos ele gastaria – literalmente- para ler cada página.

Desprezando o que a leitura tem de mais sagrado: a capacidade de refletirmos sobre cada parágrafo.

Segundo as contas dele, ele demoraria 2 minutos em cada página, e isso lhe deu base para calcular em quanto tempo ele leria 30 páginas por dia, para que, no final do mês tivesse atingido um número X de livros junto a meta que ele havia determinado naquele post cheio de likes e de outras pessoas que, não satisfeitas em não serem vistas como pessoas cultas e leitores dedicados, começaram a disputar, implicitamente, quantos livros cada um leu mais do que o outros.

Fiquei triste de ver como a leitura foi levada à esse ponto, ao ponto de ser um hábito para sustentar egos. OK, eu sei que isso é normal. Não deveria, mas é.

Prossigamos…

Confesso que fiquei o resto do dia refletindo sobre esse cara, e depois de refletir o dia todo, e até mesmo me auto questionar sobre se o erro seria eu não acompanhar toda essa ansiedade no consumo de conteúdo, ou se esse cara estaria realmente ligado no piloto automático e seguindo o fluxo padrão de uma sociedade cada vez mais imediatista, egocêntrica e asfixiada pela bolha.

“A pressa é inimiga da reflexão” virou o meu lema

Dentre vários ensinamentos do Mr. Longo, esse, um dos mais simples e diretos ao ponto, poderia dizer que virou o meu slogan para vida pessoal e profissional.

Entrar em qualquer que seja a rede social e jogar o seu tempo fora, rolando o scroll do mouse é a doença do século. Não temos mais paciência para absorver a ponto de entender e dialogar de maneira saudável sobre qualquer que seja o assunto.

É cada um com sua verdade absoluta e individual e ai de você se discordar.

A causa de tudo isso? Uma sociedade que encontrou conforto nesse ping-pong de telas que o cotidiano nos apresenta, favorecendo apenas o nosso ponto de vista. O tal do imediatismo que nos cega e nos impede de exercer reflexões sobre pontos de vista contrários ao nosso.

Também conhecido como efeito bolha, tema que não me convém abordar nesse post.

Para finalizar o texto, tenho um exercício: faça um teste e diga para as pessoas que você não usa WhatsApp e veja a reação delas.

Acho que eles assustariam menos se você disser que matou alguém, do que dizer que não usa o WhatsApp. E isso eu digo com experiência própria, pois quase não uso WhatsApp e sempre sou surpreendido com duas expressões bastante comuns: a de espanto real e a de dúvida.

Motivo?

Nenhum em especial, apenas prefiro evitar o excesso telas e de informação no meu dia a dia, sem pressa de responder ou de obter respostas.

Nada é tão urgente que não possamos parar por alguns minutos para refletir sobre o assunto.

Obrigado pela sua atenção e até a próxima história.

*Por Edson Caldas Jr.

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*Fonte: storia

Governo decide cancelar resolução que exigia curso para renovar habilitação

BRASÍLIA – O ministro das Cidades, Alexandre Baldy, determinou a revogação da resolução do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que tornava obrigatória a realização e aprovação em curso de aperfeiçoamento para renovação da carteira nacional de habilitação. A revogação ocorrerá na próxima segunda-feira, 19.

A decisão para cancelar a resolução 726/2018 foi encaminhada ao diretor do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) e ao presidente do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), Maurício Alves.

Por meio de nota, o Ministério das Cidades informou que “a diretriz da atual gestão da pasta tem por objetivo implementar ações e legislações que atendam às expectativas da população”, mas com o propósito de “reduzir custos e facilitar a vida do brasileiro”.

 

A obrigação de se realizar cursos não só implicaria em processos burocráticos para o cidadão, mas também em custos adicionais. “Informa-se que os técnicos do Denatran, do Ministério das Cidades, seguirão na busca de alcançar o objetivo de promover a cada vez mais a segurança dos usuários de trânsito, mas sempre com absoluto foco na simplificação da vida dos brasileiros e na constante busca pela redução de custos de forma a não afetar a rotina dos condutores que precisam renovar suas carteiras de habilitação/CNHs por todo o Brasil”, declarou Baldy.

Neste sábado, 17, o presidente da Câmara Rodrigo Maia chegou a publicar em redes sociais uma mensagem de que aguardava essa decisão. “Vamos aguardar até a terça-feira para ver se o Contran suspende a resolução que exige curso teórico para a renovação da CNH. Lembrando que a Câmara tem a prerrogativa de aprovar um decreto legislativo sustando o ato”, declarou.

O deputado Daniel Coelho (PSDB/PE) já havia preparado um projeto de decreto legislativo neste fim de semana para pedir a suspensão da resolução. Com a medida do Ministério das Cidades, o ato será desnecessário.

*Por André Borges

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*Fonte: estadão