Onde foi parar a cor que estava aqui?

Quais são as cores de carros mais vendidas? Não é difícil perceber. Os carros pretos, pratas e brancos dominam as ruas, estradas e estacionamentos do Brasil. Achar um modelo que fuja dessas cores é cada vez mais difícil. Quem tenta timidamente colorir a cidade é o vermelho, mas sem muito força quando jogado na massa das cores sóbrias. Mas, nem sempre foi assim. Antigamente, Fuscas, Kombis, Chevettes e muitos outros esbanjavam diferentes cores. É verdade que as tonalidades eram sólidas, já que não existiam colorações metálicas, mas, ainda assim, era possível ver modelos laranjas, beges, marrons e amarelos, além dos diferentes tons de azuis e verdes. Então, onde foram parar as cores dos carros?

Para Nelson Lopes, fundador da ÍCON Design, escola especializada em design automotivo, e designer com anos de experiência na Volkswagen, as cores começaram a sumir por três motivos: o descobrimento das tonalidades metálicas, o aumento de inovações na parte interna do automóvel, e a facilidade em vender carros usados com cores menos chamativas. “No passado as tintas metálicas eram novidade. Não haviam muitas variações de tons da mesma cor e por isso o espectro de escolha era limitado. Outro aspecto é que os carros mudavam muito pouco ano a ano, e isso não afetava drasticamente a sua revenda. Atualmente, a constante atualização dos carros e as variações econômicas do país influenciam na revenda do carro e, por sua vez, influencia os consumidores a comprarem cores mais neutras, que são facilmente aceitas pela maioria dos consumidores do mercado de usados.”

Ao mesmo tempo, no velho continente, os consumidores europeus preferem carros coloridos. Para se ter uma ideia, uma pesquisa promovida pela PPG, fabricante norte-americanas de tinta, mostrou que em 2017, as cores prata e azul, em termos de preferência no mercado europeu, empataram em 9% cada. Já na América do Sul essa diferença é gigante, com 31% de preferência para a cor prata e apenas 2% para o azul. Porém não pense que as montadoras européias têm mais liberdade para usar as cores. Nelson, que trabalhou por quatro anos na Volkswagen AG, na Alemanha, dá um outro ponto de vista sobre o assunto. “Não é uma questão de liberdade, mas sim de características regionais e estratégias do mercado. Em outros mercados as referências culturais e a relação destas na economia dos consumidores são outras. De modo geral, no hemisfério norte há menos luz solar que da linha do Equador para baixo. Isso acarreta uma natureza pobre cromaticamente e que influencia até nossas condições psicológicas. Especialmente nos longos invernos destes países, essa sensação de “tristeza” ambiental é compensada pela aquisição de produtos com cores mais alegres e enérgicas, o que diminui a monotonia visual. O poder aquisitivo médio nos EUA e Europa também são maiores e permitem os consumidores colocarem a satisfação pessoal acima de questões financeiras. Por isso é comum vermos carros com cores mais chamativas no exterior que no Brasil”, conclui Nelson.

“Um detalhe à parte foi o status de sofisticação e nobreza que ganhou a cor branca”

Ainda assim, como no resto do mundo, o Brasil também passa pelo domínio dos carros brancos. O início dessa moda surgiu em 2006, quando diversos salões de automóveis europeus apresentaram modelos nessa cor. “Um detalhe à parte foi o status de sofisticação e nobreza que ganhou a cor branca. Normalmente usada para representar modernidade em outros produtos, a indústria automotiva começou a usar o branco em seus show cars no exterior e, consequentemente, isso foi parar nas ruas das principais capitais do mundo. Além do ar de modernidade, o branco também inspira ‘pureza’, agregando classe aos produtos da marca. Fora isso, faz todo sentido ter um carro de uma cor que reduz o calor interno no veículo e custa mais barato para reparar por ser uma cor sólida”, explica Nelson Lopes.

Quanto ao futuro das cores nas ruas brasileiros, o designer é otimista. Para ele, existe um movimento que começou há cinco anos que já valoriza cores diferentes do preto e prata, que se consolidaram entre os anos 90 até 2013. Para ele, o maior empecilho do avanço das cores ainda é o momento de revenda. “Determinado carros ficam melhores em algumas cores e não tanto em outras. Isso pode influenciar a percepção de valor, tamanho e outros atributos do carro. Até por isso, eu posso comprar o carro na loja B, que tem a cor que eu procura, e não comprar na loja A. Entretanto, não chega ao ponto de se priorizar a cor em detrimento do custo. Você não compra uma Ferrari porque não encontrou um Volkswagen vermelho”, finaliza Nelson.

Quem escolhe as cores dos carros?

Todas montadoras contam com uma equipe de Color & Trim dentro do departamento de Design. Esse time é responsável pela escolha das tonalidades e dos materiais usados no veículo. Para isso, eles levam em consideração “tendências de moda, dados de marketing, novos materiais e tecnologias”, como explica Nelson Lopes.

……………………………………………………….
*Fonte: balconistassa

Empatia depende do bom funcionamento do cérebro, diz estudo

Certamente você deve ter ouvido falar muito em empatia, definida como a capacidade de se colocar no lugar do outro, de perceber o estado ou a condição de outra pessoa e, por meio dessa habilidade, conseguir sentir a mesma emoção. Mas, nos últimos anos, a neurociência tem evidenciado que a empatia é na verdade uma combinação de atos conscientes e inconscientes do nosso cérebro e que depende do bom funcionamento de certas regiões cerebrais.

Um estudo, publicado na revista científica Plos One, mostrou que pessoas com traços específicos de personalidade, como altruísmo e afetuosidade, por exemplo, são mais bem habilitadas para reconhecerem os estados emocionais de outras pessoas, devido a uma maior atividade em regiões importantes do cérebro, como a junção temporoparietal e o córtex pré-frontal medial.

Outra pesquisa, publicada no Journal of Neuroscience, apontou que embora o egocentrismo seja uma característica considerada normal no ser humano, existe uma área do cérebro que ajuda a regular nosso egoísmo, chamada de giro supramarginal. Quando há pleno funcionamento dessa estrutura, por exemplo, a falta de empatia é identificada e corrigida. Por outro lado, danos nessa região reduzem de forma significativa a capacidade de se colocar no lugar do outro.

Empatia e tolerância andam juntas

Segundo a neuropsicóloga Thaís Quaranta, a empatia vai muito além da capacidade de se colocar no lugar do outro. “A primeira questão envolvida na empatia é entender que o outro é um ser independente de nós, como suas particularidades e diferenças. Assim, a empatia é quando imaginamos como seria estar no lugar do outro, compartilhamos seus sentimentos, mas permanecemos conscientes de que não é a nossa própria experiência”.

Isso quer dizer que ser empático não é imaginar o que você faria se estivesse no lugar do outro, mas sim entender e aceitar a decisão do outro para aquela questão.

“A empatia depende de uma outra habilidade, a tolerância. Aceitar as diferenças em todos os sentidos é ser empático. Precisamos levar em consideração o contexto de vida das outras pessoas, seus valores, suas crenças, sua personalidade, suas opiniões e saber interpretar corretamente cada situação e sem a tolerância isso não ocorre”, comenta Thaís.

Empatia pode ser aprendida?

Sabe-se que a empatia é multidimensional, ou seja, ela depende de conexões neuronais, assim como é influenciada pelo ambiente e pelas interações sociais. A infância é uma fase crucial para desenvolver habilidades empáticas.

Os processos neurais podem ser modificados por meio da estimulação social e emocional

“A criança deve ser ensinada a se importar com os sentimentos dos outros desde pequena. Por exemplo, se ela bate ou morde o amiguinho, é mais adequado dizer que o colega está triste porque doeu, porque lhe machucou, do que simplesmente obrigar a criança a pedir desculpas. Pedir desculpas apenas por pedir não ajuda a criança a reconhecer ou a se colocar no lugar do outro”, recomenda Thaís.

Mas, mesmo depois da chamada “janela de oportunidade”, que se dá na infância e na adolescência, a empatia pode ser desenvolvida, segundo um estudo publicado no Journal Social Neuroscience. A pesquisa mostrou que os processos neurais podem ser modificados por meio da estimulação social e emocional, independente da idade.

“A empatia abre portas para nossos relacionamentos em todos os âmbitos, como o familiar, o amoroso, o profissional e o social. É uma característica bastante valorizada nas empresas, assim como é essencial para construir e para fortalecer nossos vínculos. E, felizmente, pode ser treinada com a ajuda da psicoterapia”, finaliza Thaís.

………………………………………………………………
*Fonte: ciclovivo