Dia: 12 de dezembro, 2018
“Eu gosto é de gente doida!” – Ariano Suassuna fala sobre a inteligência da loucura
Aquilo que chamamos de loucura, normalmente, tem a ver mais com diferenças sociais e culturais do que com doenças biológicas. Não são poucos os teóricos da psicologia tiram os pesos dos rótulos do comportamento humano e denunciam como a loucura é usada para segregar e oprimir grupos sociais menos favorecidos.
Ariano Suassuna fala aqui, com muita irreverência, do quanto uma pessoa que é chamada de doida, na verdade, pode ser alguém com uma criatividade e criticidade mal reconhecida pelo seu meio.
“Eu gosto muito de história de doido. Não sei se é por identificação. Mas eu gosto muito. Eu tenho um primo, Saul. Uma vez ele disse para mim. “Ariano, na família da gente quem não é doido junta pedra pra jogar no povo.”
Não sei se é por isso, mas eu tenho muito interesse por doido, pois eles veem as coisas de um ponto de vista original. E isso é uma característica do escritor também, o escritor verdadeiro não vai atrás do lugar comum, ele procura o que há de verdade por trás da aparência. O doido é danado para revelar isso!
Meu pai governou a Paraíba de 1924 a 1928, tanto que nasci no palácio. Em 1963 houve um congresso literário na Paraíba e eu fui, o governador do Estado ofereceu um almoço, quando eu fui entrar o guarda me parou. Perguntei por que eu não podia entrar e ele disse. “O senhor tá sem gravata.”
Eu não uso gravata.
E eu disse. Você veja uma coisa. Essa é a segunda vez que estou entrando nesse palácio, a primeira vez eu entrei nu e ninguém reclamou ( É que eu nasci lá, viu).
Meu pai quando era governador, construiu um hospício e colocou o nome do maior psiquiatra brasileiro da época. No dia da inauguração, muito orgulho da obra que tinha feito, meu pai chegou lá, os médicos todos de branco e entraram os doidos com uns carrinhos de mão que haviam sido adquiridos pelo governo pra iniciarem a tal psicoterapia pelo trabalho.
Um dos doidos estava com o carro de mão de cabeça pra baixo. Aí meu pai chamou ele e disse. “Olha, não é assim não que se carrega, é assim…” E o doido respondeu, eu sei doutor. Mas é que se eu carregar de cabeça pra cima eles colocam pedra dentro pra eu carregar.
Não era um doido, era um gênio de uma cabeça formidável!”
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*Fonte: psicologiasdobrasil
Os Cascavelletes – “Vortex Demo” (1986)
Essa por muito é considerada uma das melhores gravações da história dos Cascavelletes, assim como também top 10 da história do rock gaúcho (se não, a melhor, mais autêntica e vigorosa). Muito por causa da energia visceral da banda naquela época, coisa bem do começo do grupo, em um intenso momento criativo logo após Flávio Basso & Nei Van Soria, terem deixado a banda TNT.
*Eu me lembro muito bem dessa fita k7 naquela época. Era muito cotada. As músicas eram pura contravenção juvenil, na melhor vibe “testosterona” adolescente. Nos dias atuais, músicas assim seriam um grande problema por causa do “patrulhamento ideológico de plantão”, mas imagina só então o que foi naquela época… Quer coisa mais rock’n roll do que isso para aqueles anos 80!? A tal questão de temas meio que proibitivos (ou não usuais nas músicas), gerou ainda mais interessa da gurizada no som da banda, que era muito boa.
É uma raridade ter um desses k7 originais. Verdadeiro item para colecionador do rock gaúcho. Lamentavelmente eu não tenho (apenas em mp3), apesar de ter uma coleção bem bacanuda de fitas K7, de bandas daquela época. Essa lamentavelmente me escapou… apesar de ter batalhado para conseguir uma. Putz! Lembro de alguns poucos amigos que tinham e a apresentavam como um precioso troféu. Será que eles ainda a tem?
Segue a história, o resto é bobagem. Keep on rock, baby!