Dia: 20 de fevereiro, 2019
Cérebro de 3 pessoas foram conectados permitindo que compartilhassem pensamentos
Neurocientistas ligaram com sucesso uma conexão cerebral de três vias para permitir que três pessoas compartilhassem seus pensamentos. A equipe de cientistas acredita que a pesquisa pode ser ampliada para conectar redes inteiras de pessoas, mesmo que isso soe algo tão estranho quanto disseram há décadas que um dia nós estaríamos conectados por uma rede virtual – a internet.
A técnica funciona com a combinação de Eletroencefalograma, para registrar impulsos nervosos que indicam a atividade cerebral e também a Estimulação Magnética Transcraniana, onde neurônios são estimulados usando campos magnéticos.
Os cientistas apelidaram o feito de BrainNet. Eles dizem que eventualmente um dia as mentes poderão ser conectadas usando a web, da mesma forma que ocorre atualmente com a internet.
Além de abrir novos caminhos, a BrainNet poderia nos ensinar sobre como o cérebro humano funciona em um nível mais profundo: “Nós apresentamos a BrinNet. Até onde sabemos, é a primeira interface direta entre cérebros de forma não invasiva de multipessoas”, disse o pesquisador em publicação científica na Cornel University.
“A interface permite que três seres humanos colaborem e resolvam uma tarefa usando a comunicação direta de cérebro para cérebro”, revelou.
Como ocorreu a conexão?
Os participantes foram conectados com eletrodos e estimulados a jogarem o famoso e antigo Tetris. Eles tinham que decidir se cada bloco precisava ou não ser girado. Para fazer isso, dois participantes tiveram que olhar para um dos dois LEDs que ficava piscando em ambos os lados da tela – um piscando a 15 Hz e outro a 17 Hz – o que produzia sinais elétricos diferentes no cérebro – registrados no eletroencefalograma.
Essas escolhas foram então transmitidas para uma única pessoa, através da Estimulação Magnética Transcraniana que poderia gerar flashes de luz na mente do receptor, conhecido na neurologia como “fantasmas de fosfenos”.
O receptor (voluntário que recebia os pensamentos dos outros dois participantes) não podia ver toda a área do jogo, mas ele precisava girar os blocos cada vez que um sinal de luz fosse enviado pelos outros dois participantes conectados ao seu cérebro. Em cinco grupos de três pessoas cada, os cientistas atingiram um nível médio de precisão de 81,25% já na primeira tentativa, o que deixou os pesquisadores perplexos.
Para tornar o teste mais complexo, os participantes que enviavam o pensamento poderiam adicionar uma segunda rodada de pensamentos, indicando se o receptor tinha feito de fato a escolha certa.
Os receptores conseguiram detectar qual dos remetentes era o mais confiável entre os dois com base apenas na comunicação cerebral, o que para os neurologistas é algo promissor para o desenvolvimento de sistemas que lidam com cenários do mundo real onde a falta de confiabilidade humana é um fator preocupante – como em julgamentos de criminosos, por exemplo, bem como diversas outras aplicabilidades.
E o futuro?
Apesar de ser possível, com o sistema atual, ser transmitido apenas um flash de dados de cada vez, os pesquisadores da Universidade de Washington e da Universidade de Carnegie Mellon, acreditam que a configuração pode ser expandida no futuro.
Anteriormente, a mesma equipe já havia conseguido conectar dois cérebros humanos onde os participantes jogavam um jogo de 20 perguntas um com o outro. Mais uma vez, os flashes de “fastamas de fosfenos” foram usados para transmitir as informações de “sim ou não”.
Por enquanto, o progresso é lento e o trabalho precisa melhorar e avançar, além de ser abraçado pela comunidade neurocientífica mundial, mas é um vislumbre de algumas maneiras incríveis de enxergar como será o futuro da tecnologia na Terra.
A intenção primordial é, um dia, existir uma rede de cérebros humanos conectados visando resolver problemas e soluções em grupo.
*Por Ötto Valverde
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*Fonte: jornalciencia
Seria a astrologia a religião da nossa geração?
O aumento pela procura de recursos místicos mostra que os jovens trocaram os dogmas religiosos por essa “auto-investigação”.
Você já deve ter entrado em uma conversa com millennials em que, muito antes de perguntarem quantos anos você tem ou o que faz da vida, soltaram “qual o seu signo?”. Não é exagero dizer que há quem não comece o mês sem ler o que Susan Miller – uma das astrólogas mais famosas do mundo – tem a dizer.
Quando avaliamos a evolução das buscas pelo termo “horóscopo” no Google nos últimos cinco anos, percebemos que houve um crescimento do interesse pelas previsões ditadas pelo nosso mapa astral. Seria a astrologia, então, a religião da nossa geração?
Aparentemente, há alguns fatores que explicam o porquê da nossa busca pelo tema.
De acordo com um estudo conduzido em 1982 pelo psicólogo Graham Tyson, pessoas que consultam a astrologia o fazem como uma resposta a momentos de estresse.
Se levarmos em consideração que um estudo da Associação Americana de Psicologia de 2014 aponta que os millennials são a geração mais estressada, talvez faça sentido a nossa busca por algumas respostas que ajudem a acalmar os ânimos.
Para Thais Leão, astróloga que atua com desenvolvimento de pessoas e participa de grupos de estudo de antropologia e psicanálise com profissionais e docentes da área, cresce entre a nossa geração uma busca por autoconhecimento e a astrologia tem uma ferramenta para esse entendimento de si. “Auto-observação. Auto-investigação. Trata-se de entender cada vez mais o poder de observar e criar consciência sobre si e sobre o mundo que nos permeia, do qual fazemos parte”, ela avalia.
E essa tendência, que é global, tem alguns traços tropicais. Rebeca de Moraes, sócia-fundadora e diretora da Soledad, uma consultoria de tendências com um olhar para o contexto brasileiro, aponta que uma das tendências para os próximos três anos é recorrer a outras formas de espiritualidade: como astrologia, tarot e o poder dos cristais.
De acordo com um estudo realizado pela empresa, seria resultado da saída de um lugar de muita racionalização, que é uma vida vigiada – cheia de algoritmos, aplicativo para trabalhar, para dormir e até para fazer yoga – em direção ao humanismo. E há algumas particularidades do contexto brasileiro. “A gente vive um momento de muita incerteza e insegurança: acabamos de passar por um ano com Copa do Mundo, eleições. São coisas que mexem com os sentimentos das pessoas. E a gente terminou o ano sem saber se teria emprego, sem saber se teria aposentadoria”, pontua Rebeca. “Quando a gente pensa em misticismo, é um momento de volta do ‘eu’. Toda essa incerteza resulta em uma geração que começa a questionar aquilo que tínhamos como certo, como padrão: casamento, governos, mídia.” Para ela, diante disso, passamos a buscar as respostas dentro de nós.
E a nossa geração tem algumas características que nos tornam mais suscetíveis a isso. Diferente de outros momentos em que a espiritualidade foi pautada nas religiões tradicionais, atualmente, a busca é por saberes menos dogmáticos.
Rebeca considera que os millennials são uma geração muito propícia a lidar com verdades que são voláteis. E também que aprenderam a ser mais auto suficientes em relação à apreensão de conhecimento. “Eles pararam de se prender a dogmas, eles constroem as suas crenças e espiritualidade. Há outros tipos de conhecimento que chegam até você ou que você mesmo pode buscar e que não precisam passar por religiões ou formas de espiritualidade tradicionais. Outro ponto é que essas formas mais místicas de espiritualidade os ajudam a perceber que as pessoas mudam o tempo todo e isso é natural. Os dogmas estão menos abertos a isso”, ela diz.
Susan Miller, Madama Br00na, Astrolink. A internet também tem um papel importante na popularização desses outros modos de espiritualidade, pois ajudou a aprofundar os conhecimentos e a curiosidade sobre astrologia. E os memes fazem parte desse pacote. Eles são o canal para gerar identificação. Quando alguém fala, por exemplo, que é de gêmeos, de algum modo essa pessoa já está dizendo algo sobre a sua personalidade.
E isso é só o primeiro passo. De acordo com as descobertas do estudo realizado pela Soledad, “signo e ascendente viraram pouco. Agora, o básico é saber que Mercúrio está retrógrado em aquário. Com mais informação e a leveza dos memes, astrologia saiu da última página das revistas e ganhou status de assunto quente de millennial”.
No final do dia, diante de tantas incertezas, tudo o que a gente quer é que alguém nos diga que vai ficar tudo bem.
*Por Nathalia Rocha
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*Fonte: vice