Dia: 8 de abril, 2019
Seja inadequado, porque não se adequar a uma sociedade doente é uma virtude
A vida contemporânea cheia de regras e adestramento fez com que houvesse uma padronização completa das pessoas, de tal maneira que todos se comportam do mesmo modo, falam das mesmas coisas, se vestem mais ou menos do mesmo jeito, possuem as mesmas ambições, compartilham dos mesmos sonhos, etc.
Ou seja, as particularidades, as idiossincrasias, aquilo que os indivíduos possuem de único, inexistem diante de um mundo tão pragmático e controlado.
Vivemos engaiolados, tendo sempre que seguir o padrão, que se encaixar em normas pré-determinadas, como se fôssemos todos iguais. Sendo assim, a vida acaba se transformando em uma grande linha de produção, em que todos têm que fazer as mesmas coisas, ao mesmo tempo e no mesmo ritmo, de modo a tornar todos iguais, sem qualquer peculiaridade que possa definir um indivíduo de outro e, por conseguinte, torná-lo especial em relação aos demais.
Somos enjaulados em vidas superficiais e nos tornamos seres superficiais, totalmente desinteressantes, inclusive, para nós mesmos. Sempre conversamos sobre as mesmas coisas com quer que seja, ouvindo respostas programadas pelo padrão, o qual nos torna seres adequados à vida em sociedade.
Entretanto, para que serve uma adequação que transforma todos em um exército de pessoas completamente iguais e chatas, que procuram sucesso econômico, enquanto suas vidas mergulham em depressões?
Qual o sentido de adequar-se a uma sociedade que mata sonhos, porque eles simplesmente não se encaixam no padrão? Uma sociedade que prefere teatralizar a felicidade a permitir que cada um encontre as suas próprias felicidades. Uma sociedade que possui a obrigação de sorrir o tempo inteiro, porque não se pode jamais demonstrar fraqueza. Uma sociedade que retira a inteligência das perguntas, para que nos contentemos com respostas rasas. Então, por que se adequar?
Os nossos cobertores já estão ensopados com os nossos choros durante a madrugada. O choro silencioso para que ninguém saiba o quanto estamos sofrendo. Para manter a farsa de que estamos felizes. Para fazer com que mentiras soem como verdade, enquanto, na verdade, não temos sequer vontade de levantar das nossas camas.
O pior de tudo isso é que preferimos vidas de silencioso desespero a romper com as amarras que nos aprisionam e nos distanciam daquilo que grita dentro de nós, esperando aflitamente que o escutemos, a fim de que sejamos nós mesmos pelo menos uma vez na vida sem a preocupação de agradar aos outros.
Somos uma geração com medo de assumir as rédeas das próprias vidas. E, assim, temos permitido que outros sejam protagonistas destas. É preciso coragem para retomá-las e viver segundo aquilo que arde dentro de nós, mesmo que sejamos vistos como loucos, pois só assim conseguiremos sair das depressões que nos encontramos.
É preciso sacudir as gaiolas, já que, como diz Alain de Botton: “As pessoas só ficam realmente interessantes quando começam a sacudir as grades de suas gaiolas”. E, sobretudo, é preciso ser inadequado, porque não se adequar a uma sociedade doente é uma virtude.
*Por Erik Morais
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*Fonte: contioutra
Exercitar as pernas é fundamental para a saúde do cérebro e do sistema nervoso
Pesquisas inovadoras mostram que a saúde neurológica depende tanto dos sinais enviados pelos grandes músculos das pernas do corpo para o cérebro quanto das diretivas do cérebro para os músculos.
Publicado em Frontiers in Neuroscience, o estudo altera fundamentalmente a medicina do cérebro e do sistema nervoso – dando aos médicos novas pistas de porque pacientes com doença dos neurônios motores, esclerose múltipla, atrofia muscular espinhal e outras doenças neurológicas frequentemente declinam rapidamente quando seu movimento se torna limitado.
“Nosso estudo apóia a noção de que pessoas incapazes de realizar exercícios de suporte de carga – como pacientes acamados ou até mesmo astronautas em viagens prolongadas – não apenas perdem massa muscular, mas sua química corporal é alterada em nível celular e até mesmo seu sistema nervoso é prejudicado”, diz o Dr. Raffaella Adami da Università degli Studi di Milano, Itália.
O estudo envolveu restringir camundongos de usar suas patas traseiras, mas não as pernas da frente, durante um período de 28 dias. Os ratos continuaram a comer e se arrumar normalmente e não apresentaram estresse. No final do estudo, os pesquisadores examinaram uma área do cérebro chamada zona sub-ventricular, que em muitos mamíferos tem o papel de manter a saúde das células nervosas. É também a área onde as células-tronco neurais produzem novos neurônios.
A limitação da atividade física diminuiu o número de células-tronco neurais em 70% em comparação com um grupo controlado de camundongos, que foram autorizados a vagar. Além disso, tanto os neurônios quanto os oligodendrócitos – células especializadas que suportam e isolam as células nervosas – não amadureceram completamente quando o exercício foi severamente reduzido.
A pesquisa mostra que o uso das pernas, particularmente no exercício de sustentação de peso, envia sinais ao cérebro que são vitais para a produção de células neuronais saudáveis, essenciais para o cérebro e o sistema nervoso. Reduzir o exercício físico torna difícil para o corpo produzir novas células nervosas – alguns dos blocos de construção que nos permitem lidar com o estresse e se adaptar ao desafio em nossas vidas.
“Não é por acaso que estamos destinados a ser ativos: caminhar, correr, agachar-se para sentar e usar os músculos das pernas para erguer as coisas”, diz Adami. “A saúde neurológica não é uma rua de mão única com o cérebro dizendo que os músculos levantem, andem e assim por diante.”
Os pesquisadores ganharam mais conhecimento analisando células individuais. Eles descobriram que restringir o exercício reduz a quantidade de oxigênio no corpo, o que cria um ambiente anaeróbico e altera o metabolismo. O exercício de redução também parece impactar dois genes, um dos quais, o CDK5Rap1, é muito importante para a saúde da mitocôndria – a usina celular que libera energia que o corpo pode usar. Isso representa outro ciclo de feedback.
Esses resultados lançam luz sobre vários problemas importantes de saúde, que vão desde preocupações com impactos cardiovasculares como resultado de estilos de vida sedentários até insights sobre doenças devastadoras, como atrofia muscular espinhal (AME), esclerose múltipla e doença do neurônio motor, entre outras.
“Eu tenho interesse em doenças neurológicas desde 2004”, diz o co-autor Dr. Daniele Bottai, também da Università degli Studi di Milano. “A pergunta que me fiz foi: é o resultado dessas doenças devido exclusivamente às lesões que se formam na medula espinhal no caso de lesão medular e mutação genética no caso da SMA, ou é a menor capacidade de movimento de fator crítico que exacerba a doença?”
Esta pesquisa demonstra o papel crítico do movimento e tem uma gama de implicações potenciais. Por exemplo, missões para enviar astronautas ao espaço por meses ou mesmo anos devem ter em mente que a gravidade e o exercício de carga desempenham um papel importante na manutenção da saúde humana, dizem os pesquisadores.
“Pode-se dizer que nossa saúde está fundamentada na Terra de maneira que estamos apenas começando a entender”, conclui Bottai. [Technology Networks]
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*Fonte: socientifica