Dia: 4 de maio, 2019
O abdome está definido, mas, a cabeça está cheia de dúvidas
Em 53 anos, o meu abdome nunca esteve tão definido. Para a minha total contrariedade, decidiu-se pela robustez. É como se eu tivesse engolido uma bola de basquete, se é que me entendem. Aqui na região onde eu moro, diz-se que estrupícios assim possuem “barriguinha de lobó”. Lembram-se da jiboia que engoliu o elefante em “O Pequeno Príncipe”, de Saint-Exupéry? É mais ou menos assim: um chapéu que caminha sobre duas pernas. Eis a minha risível silhueta.
Já faz tempo que odeio espelhos. Também não gosto de frequentar academias, sejam elas de ginástica, de polícia ou de letras. Afetam-me sobremaneira os cheiros de éter, de pólvora e de colônia, não necessariamente nesta ordem. E a ojeriza só cresce com a idade. Puxar ferros vestido com uma camiseta regata, postado de frente um espelho, nessa altura da vida, desafia os meus pecados capitais. Desprovido da devida vaidade, exercito-me numa academia de musculação por ordem e chantagem médicas. “Sem dor, sem ganho”, ele diz, chupando um dropes hipercalórico, como se já não fosse o bastante eu padecer das esferas mentais. Duvido que ele, meu cardiologista balofo, suporte realizar agachamentos sustentando 50 quilos nas costas. Ainda se fosse uma bela mocinha, dava-se um jeito; eu virava titã e não envergava nem que ela tagarelasse nua de tamancos sobre os meus ombros.
Para mim, a pior parte da malhação é a língua. Tem sempre um enxerido que se aproxima e puxa um assunto, geralmente, um tema intolerável demais quando se está bufando, prestes a romper as veias do pescoço e a parir os testículos de tanto fazer força num estúpido exercício de repetições dentro de um aparelho ferruginoso. Não seria de todo ruim se eu me cortasse nele e morresse de tétano. De desencanto, já padeci faz tempo. “Você viu só o que disse o filho do presidente?”. Eu digo que não, que não vi, nem ouvi, o que disse o dito-cujo. Sinto uma raiva primitiva quando sou inconvenientemente forçado a dialogar sob um estado letárgico de asfixia. Tem gente que não se toca. Eu devia botá-los pra correr ou simular um colapso ao som do Calypso que ribomba infernalmente no ambiente. Assim, quem sabe, colocava um ponto final no assunto.
“Virou defunto. Fulano-de-tal morreu enquanto fazia um supino”, alguém conta, com a empolgação de quem falta um pino e comemora um gol. Eu sempre quis entrar com bola-e-tudo na zaga-bem-postada daquela balzaquiana com collant-de-oncinha. Sinto uma saudade miserável dos meus 17. Naquela idade, tinha uma enorme vitalidade para cometer erros, meter os pés pelas mãos e fazer sexo em pé sem chorar de câimbras. Há um excesso de perfume gardênia empestando o ar. Passa uma mulher extravagante com tetas escandalosas prestes a explodir. Todo sacrifício em nome de Alá. Eu sofro de chistes agnósticos. Focados em impressionar a beldade, quase todos os homens presentes no local apressam-se em aumentar um pico na já extravagante carga de halteres. Quisera estar em Alter do Chão. Se tivesse escolha, eu queria mesmo era ser uma árvore. Ouvi isso da boca de ninguém menos do que o cantor Djavan.
Fico pensando qual a chance de ouvir “Riders on the storm” naquele antro fitness. Um sujeito impávido, de sobrancelhas feitas, sábio como um armário, faz bicotinha e se fotografa usando o próprio smartphone. Uma dona que parece recatada e do lar presencia a cena bisonha, suspira fundo e comenta ai-que-bom-seria-se-eu-fosse-solteira, sem depreender que, da fruta que ela gosta, o rapaz come até o caroço.
Não gosto desse troço. De frequentar academias. Nem atléticas. Nem policiais. Nem literárias. Minha cabeça anda cansada como um velho pangaré. Queria tanto um bife a cavalo com três canecos de chope. Sou 70% água e 30% descrença. Por onde passo a fazer o meu circuito, molho os assentos com um suor cínico. Uma mocinha que tem idade para ser minha filha ou minha amante faz a assepsia do aparelho com solução de álcool 70. Sinto-me sujo como um poema do Bukowski.
Já se passaram 20 minutos e me considero desacorçoado o suficiente para dar o fora e escrever uma crônica pedante. Pergunto ao instrutor sarado que veste uma camiseta de Mojo Filter fazendo arminhas com os dedos indicadores onde consigo tomar um cafezinho naquela joça, mas, ele diz que café é frescura e que ele só toma anabolizantes. Já chega de tanto exercício físico. Tiro de campo o meu corpinho de poeta tísico. Nada mal para quem deseja ser uma árvore. Com a vantagem adicional de que árvores não conversam com pessoas, por mais que alguns insistam.
*Por Eberth Vêncio
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*Fonte: revistabula
Conheça os prós e contras de cada posição para dormir
Poucos hábitos são tão eficientes para melhorar a saúde do que dormir: fortalece a memória, ajuda a controlar a hipertensão e o diabetes, diminui riscos de doenças cardiovasculares e até mesmo previne a obesidade e a depressão! Mas para conseguir todos esses benefícios, só tendo uma noite muito bem dormida. E um dos fatores que podem estragar tudo isso é a posição em que nos deitamos. “Para podermos descansar e relaxar a musculatura, precisamos de suporte adequado para não torcer ou tensionar as articulações”, comenta o ortopedista Cássio Trevizani, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Mecidina da Universidade de São Paulo (FMUSP). “Ao dormir em uma posição não adequada, a pessoa pode acordar com dores nos músculos, membros, músculos ou na cabeça, além de sensação de sono não profundo”, completa o especialista.
Ficou preocupado com a forma como você dorme? Para você saber se está errando ou acertando nessa hora, desvendamos as principais posições para dormir e indicamos como deixá-las melhores ou até mesmo a aprender a mudar e adotar uma forma mais saudável na hora do sono!
Dormir de lado
Se você costuma deitar-se completamente de lado, parabéns! Essa é considerada a melhor posição para dormir. Você sabe por quê? “A questão é que ao se deitar de lado, você consegue manter a coluna mais alinhada”, ensina o ortopedista Cássio Trevizani, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Além disso, é uma posição que permite que tanto a cabeça quanto os pés fiquem da altura do coração, o que facilita muito a circulação, fazendo com que o corpo funcione normalmente durante o período em que você está dormindo.
Como melhorar a posição de lado
Porém, não adianta apenas ficar deitado do jeito certo, alguns ajustes são necessários. Primeiro, o travesseiro: “o ideal é que ele tenha a altura do ombro, para a cabeça não ficar inclinada”, estabelece o ortopedista Alexandre Podgaeti, coordenador da Comissão de Campanhas da Sociedade Brasileira de Coluna, membro titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia. “Colocar um travesseiro entre os joelhos também é bom, porque um joelho bate no outro e assim eles ficam alinhados ao tronco”, conclui o especialista.
A coluna também é um ponto a se ter atenção: tente respeitar as curvas naturais dessa estrutura, nada de tentar ficar retinho! Manter as pernas levemente flexionadas e o quadril relaxado também são ótimas pedidas para não forçar o nervo ciático. Quanto aos braços, nada de colocá-los para cima. “Dormir com o braço esticado em cima da cabeça pode fazê-lo acordar com dor no ombro, bursite ou tendinite… Isso é um reflexo de um travesseiro muito baixo”, reflete Podgaeti.
Dormir de barriga para cima
Essa não é a posição mais indicada, mas também não é de todo ruim para o corpo. O lado bom é que as articulações conseguem relaxar de forma satisfatória, impedindo torções e dores. Porém, a coluna não fica perfeita. “Você acaba retificando seu corpo, e o melhor jeito de manter as curvas da colina perfeita é deitando de lado”, pondera Podgaeti. Outra questão é a maior chance de problemas como a apneia ou ronco aparecerem em que se deita nesta posição. “A língua vai para trás, atrapalhando a respiração”, comenta o especialista. Lembrando que esse não é único fator que pode causar esses processos.
Como melhorar a posição de barriga para cima
Uma das formas de garantir que você durma melhor de barriga para cima é com o travesseiro. Ao contrário da posição de lado, em que ele fica mais alto, ao deitar-se virado para cima ele deve ser bem baixinho. “Assim, evita-se uma tensão na musculatura cervical”, explica Trevizani. Uma forma de garantir um relaxamento das pernas é colocar um travesseiro embaixo dos joelhos, o que permite que eles fiquem menos entendidos, relaxando os músculos da lombar e das coxas.
Já os braços, ao deitar-se de barriga para cima, devem ficar ao longo do corpo, ou com as mãos pousadas levemente sobre o abdômen. Sem por força, é claro, ou você acabará prejudicando a respiração. “Não é indicado colocar os braços para alto, pois acaba ficando desconfortável ao longo da noite”, friza o especialista.
Dormir de bruços
Se dormir de barriga para cima é aceitável, dormir de bruços é completamente contraindicado! Além de deixar o corpo reto também, da mesma forma que a primeira posição, ainda tem o agravante do pescoço. “Ao se deitar de lado, você precisa se virar para respirar, torcendo o pescoço cerca de noventa graus. Quando você coloca um travesseiro, então, além de torcer, você o hiperestende, causando dores cervicais”, descreve o ortopedista Podgaeti. Infelizmente, no caso dessa posição, não há muito o que resolver, de acordo com os especialistas. “Mesmo que muitas pessoas estejam adaptadas a essa posição e se sintam confortáveis, podem ocorrer problemas de cervicalgia, dor nos ombros, bursite, tendinite e até dor nas costas”, enumera o especialista.
Para completar, a posição pode trazer problemas até para os dentes, pois pressionar a região, em longo prazo, pode favorecer dentes tortos. “Ao dormir de bruços, a face recebe pressão, que fica pior se você colocar um braço ou algo firme embaixo da cabeça”, explica a odontologista Eliana Avelãs.
E se mudo de posição ao longo da noite?
Infelizmente, só dá para controlar mesmo nossa posição antes de adormecer, depois disso, é normal que nosso corpo busque adaptação para ficar mais confortável, e nós acabemos nos movimentando um pouco. “Isso é normal, então o que você pode fazer é sempre começar seu sono numa melhor posição, o resto não dá pra controlar”, aconselha Podgaeti.
Porém, se você se mexe até demais, pode ser indicativo de outros problemas de sono. “Quem se vira muito na cama a noite precisa verificar se não há alteração no sono que pode gerar agitamento. Para isso existem tratamento específicos e é importante procurar um especialista em sono”, recomenda Trevizani.
Dá para mudar a posição em que eu durmo?
Outro problema é tentar mudar uma posição a qual seu corpo já está tão acostumado, não é mesmo? Mesmo os pequenos ajustes nas posições normais podem ser incômodos. Para o ortopedista Podgaeti, tudo é uma questão de treino e de insistência. “No começo sem dúvida você acaba voltando a posição ruim sozinho mesmo, mas com o tempo o corpo vai ficando cada vez mais na posição ideal e vai se acostumando”, indica o especialista. Pode ser um processo cansativo, mas vale a pena tentar melhorar, para garantir um sono mais leve e reparador, que vai inclusive recuperar você de todo esse esforço!
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*Fonte: minhavida