Tenham TODOS um Feliz ano Novo!
Repleto de alegrias, novas conquistas, novas oportunidades,
muitas amizades, trabalho e emprego para todos, viagens,
festas, diversão e muita saúde!
keep on rock!
Já que hoje é o último dia do ano de 2019 e como também representa uma mudança de casa decimal com o final de uma decada, resolvi (sem pretensão alguma e de boas) fazer algumas escolhas e comentários numa pequena lista com vários ítens relevantes,
Somente coisas que de alguma formame são importantes no meu dia a dia, leituras, filmes, pesquisas, motos, buscas e tal. Não se trata disso ou aquilo ser melhor do que tal coisa, é apenas uma listagem de coisas bacanas nesses últimos 10 anos. É um exercício bacana de se fazer, podes crer. A diferença é que vou deixar aqui expressa a minha listagem, mas você bem que também poderia fazer a sua!
>>> FILMES:
Então o começando pelo universo da telona, os filmes. Estabeleci selecionar 5 filmes que eu curti bastante. Isso é convenhamos, é difícil de escolher (no caso dos livros também), não me ative aqui a selecionar filmes ‘cabeça’ ou então cheios de premiações, mas sim filmes que GOSTEI. Simples assim. Então deixei minha memória correr solta, me guiar pela emoção mais do que pela razão e estatuetas de Oscar. Escolhi os seguintes:
. “A Vida Secreta de Walter Mitty” (2013)
Para mim, um dos melhores filmes dos últimos tempos! O roteiro começa quase que como uma comédia e aos poucos muda de tom. Chega a dar uma certa liçãozinha de vida… Cenas e locações incríveis, sem falar na ótima trilha sonora. Filmaço!
. “Questão de Tempo” (2013)
Filme que curti logo de cara. Muito bom.
. “Ondine” (2010)
Outro que assisti sem grandes expectativas, mas me pareceu incrível.
. “Relatos Selvagens” (2014)
Sensacional filme argentino que reúne seis incríveis histórias de vingança que fogem do controle. Difícil escolher qual a melhor. A da noiva, talvez a dos completos desconhecidos que discutem na estrada ou então a da cobrança do boleto/multa…?
. “O Grande Hotel Budapeste” (2015)
. “Moonrise Kingdom” (2012)
Driblei aqui, escolhi 2 filmes, ma so blog é meu, eu então posso fazer isso!
Não poderia jamais deixar de fora algum dos filmes de Wes Anderson, meu diretor de cinema preferido. Cada filme uma magia, desde os enquadramentos de tela matematicamente elaborados até as incríveis paletas de cores de cada um de seus filmes. Sem falar no elenco e os roteiros diferentões. Excelente sempre!
>>> LIVROS:
Também tentei fugir do óbvio, dos best sellers e afins. Novamente me deixei guiar pela emoção, do prazer que me foi tal leitura, da vontade de que o livro não acabe nunca, do inúmeros momentos de parar para pensar no que havia lido e no que isso tinha de relevância para mim. Sou um ávido leitor de biografias, ainda mais depois que as grandes bandas e artista de rock envelheceram e deixaram de fazerem novos bons ou melhores álbuns que os seus das décadas passadas. Assim escolhi o que julguei serem 3 bons livros.
.”AC/DC – A biografia – 2014 (Mick Wall)
Desde que me conheço por gente, mesmo quando garoto, a primeira de rock de verdade que me causou um furor, me deixou louco, foi o AC/DC. Minha primeira grande paixão no universo do rock. Tempos depois, com seus LPs comprados, vários CDs e DVDs na estante com horas e horas de vôo, era necessário completar os dados, fatos e lacunas na história desses caras. eu tinha de saber melhor como tudo começou e demais fatos. É sabido de que o AC/DC é uma banda meio reclusa, avessa aos holofotes da fama e sem muitas informações. Esse livro ajudou bastante a tomar conhecimento das histórias do grupo, a gravação de cada álbum e muito mais. Hoje já não sou mais tão fan assim dos caras, tenho outras bandas na frente agora, mas foi importante ler esse livro e solucionar alguns dos seus mistérios. Em tempo – já havia lido duas outras bios deles e ambas achei uma bela merda. Muito chapa branca, muio incenso jogado prá mcima deles. Essa não! Essa é true, tanto para o bem como para o mal. Fica a dica!
. “Rita Lee uma Autobiografia” – 2016 (Rita Lee)
Também pelo fato de ter muita curiosidades por essa incrível mulher, sem dúvida a rainha do rock nacional. Uma história de vida prá lá de interessante, precursora já do tempo de “Mutantes”, depois de Tutti Frutti e depois na sua prolífica carreira solo. *(Sim, sou fanzaço de sua fase no Tuti Fruti – uma espécie de Black Crowes brasileiro, pode-se dizer). Livro muito bem escrito e foi um daqueles que me deixou triste depois que terminou a leitura, queria mais… Salve Rita!!!
. “Here,m there, and Everywhere – Minha Vida Gravando os Beatles”
2013 (Geoff Emerick)
Os bastidores do universo das gravações dos Beatles descrito pelo jovem e novato engenheiro de som, contratado pela gravadora da banda. O tempo passa e Geoff se aprofunda ainda mais em relatar as suas experiências diárias de estúdio com a banda. Um relato bem detalhado.
>>> MÚSICA:
Aqui ao invés de selecionar apenas músicas, resolvi escolher 10 artistas com os quais eu de verdade me impressionei nos últimos anos. E oklha que a música anda tão babaca, caidona e sem graça, que foi um alento para mim descobrir essas bandas e estar acompanhando as suas trajetória desde então.
. Gary Clark Jr.
. The Blackbarry Smoke
. Markus King
. Larking Poe
. Jared Nichols
. Rival Sons
. Chris Stapleton
. Tyler Bryant & The Shakedown
. The Record Company
. The Sheepdogs
>>> MOTOS:
Em termos de moto off road, que é uma de minhas paixões declaradas aqui no blog, resolvi escolher a moto que eu mais curti nessa década. Essa foi uma das escolhas mais fáceis, eu que sou um grande fan e defensor das motos de motocross da Yamaha (sim, a cor padrão azul ajuda), na verdade agora tive de dar o braço à torcer. A moto que mais me empolgou realmente foi a Suzuki 450 do piloto Ken Roczen, no título do AMA Motocross de 2016. Uma moto incrível e linda! Ele que já havia ganho um título anteriormente com a poderosa KTM, mudou de equipe e veio rachando tendo de mostrar serviço na época. É um excelente piloto, hoje no time Honda e continua sendo um dos meus top 5 dos pilotos preferidos também.
*Outro destaque que merece reconhecimento no off road mundial é o garoto Enzo Lopes, que é daqui da cidade vizinha de Lajeado. O cara já correu dois anos seguidos pela equipe JGR Suzuki no AMA motocross (2017-18) e esse ano, de contrato novo na categoria 250cc, vai de Yamaha. Não é nada fácil de se chegar nesse nível de pilotagam e ainda mais participar e competir em igualdade com esses gringos nos EUA – motocross lá é coisa séria! E o multi-campeão Enzo segue firme e forte na sua carreira de piloto profissional. Boa sorte garoto em 2020!
Quanto ao assunto de moto velocidade e o famoso campeonato da Moto GP, bem daí a coisa fica mais fácil ainda de escolher. Sou fan de carteirinha do grande Valentino Rossi e mais ainda quando pilota uma azulzinha da Yamaha. A moto dele que eu mais curti foi a de quanto os pilotos adversários espanhóis se reuniram e fizeram tipo um complô contra ele no ano de 2015, quando lhe tiraram a chance de conquistar mais um título do mundial na categoria principal. Uma puta sacanagem!
*Ver matéria [ AQUI ]
E continuando o tema motos, agora então a escolha do que seria a minha moto preferida dentre todas (sonho de consumo) dessa década. É uma escolha bem simples, bastante humilde até eu diria, mas ficaria com certeza com uma Triumph Bonneville T100 com toda certeza! Moto ágil, de bom tamanho, fácil pilotagem, motor potente e de boa cilindrada, não é gritona e além do tudo é muito bonita – tudo por causa de seu estilo clássico total. Enfim, uma moto de homem! Vai em qualquer lugar, encara qualquer coisa. E não, eu não curto motos esportivas e muito menos big trails. Não precisa ser uma coisa super high-tech para ser boa.
Verão, férias, viagem! Nessa época do ano todos querem, e tem o direito, de descansar, tomar um sol e um banho de mar. Mas, proprietários de animais domésticos devem se preocupar com o que deixam para trás na hora de partir. Afinal de contas, abandono e maus-tratos são crimes previstos em lei e se houver flagrante, seu vizinho tem o direito de invadir sua casa, é o que alerta o advogado civil Leonardo Teles Gasparotto. Entenda por quê:
“Todas as vezes que um animal estiver sendo espancado ou mesmo maltratado de outra maneira, acorrentado e/ou sem comida e/ou sem água, sob o frio ou o calor intenso, sendo envenenado ou na iminência de o ser, por exemplo, dentro de um imóvel privado é constitucional e é também legal qualquer pessoa invadir o recinto e salvá-lo, independentemente de autorização judicial ou do respectivo proprietário”, afirma categoricamente o advogado em artigo para o portal jurídico JusBrasil.
A informação pode cair como uma bomba para muitos donos irresponsáveis com seus animais, que deixam-os muitas vezes por dias, semanas ou meses sem alimentação adequada ou suficiente. Não são raros os casos em que denúncias se tornam escândalos na mídia. Mas, se afinal, é permitida a invasão e obrigatório o acompanhamento policial em favor do invasor, muitos poderão se perguntar: com base no quê?
Diz a Lei
De acordo com o advogado, o parágrafo XI, do artigo 5º da Constituição Brasileira, além dos artigos 150, 301 e 303 do Código de Processo Penal (CPP), preveem que em caso de flagrante delito decorrente de prática de crime (e maus-tratos a animais é um crime previsto no artigo 32 da Lei 9605/1998, que trata de crimes ambientais) a casa do dono pode ser, sim, ser invadida a qualquer hora do dia ou da noite para libertação do animal em aflição.
Segundo Gasparotto, o Supremo Tribunal Federal (STF) entende até que “a polícia pode invadir local sem mandado judicial a qualquer hora do dia ou da noite para coletar provas, desde que haja flagrante delito no local” e “estejam presentes razões plausíveis para a tomada dessa medida, devendo ser justificada posteriormente em processo próprio”, afirma.
Retaliação
Uma informação importante: nessas situações o invasor que socorreu o animal não poderá sofrer qualquer retaliação policial ou judicial, pois de acordo com o advogado, “agiu em nome da lei para proteger uma vida em perigo de morte”. Mas, para resguardar a segurança jurídica de quem executar o resgate é importante que se filme todo o processo de invasão, registrando com máximo de detalhes e explicando de que modo há crime de mau-trato no estabelecimento em questão.
Por fim, alerta o advogado, exija que seja imediatamente lavrado um boletim de ocorrência policial, “objetivando responsabilizar civil, penal e administrativamente o agente causador do crime contra o bicho acudido”, conclui.
*Leonardo Teles Gasparotto é advogado e atua nas áreas do Direito Civil – Empresarial – Famíliar – Trabalhista e tem Pós-Graduação Lato Sensu em nível de Especialização de Direito Aplicado na EMAP (Escola da Magistratura do Paraná)
Com informações do Olhar Jurídico
Nota do Olhar Animal: Em textos jurídicos, como este, mantemos a terminologia “proprietários” e “donos” para indicar a relação dos humanos com os animais, pois infelizmente ainda é desta forma que a legislação a trata.
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*Fonte: olharanimal
A fabricante multinacional de automóveis Ford Motor Company tem ajudado a promover a produção e uso de peças automotivas ecologicamente corretas.
Os tapetes, placas de proteção da carroceria e outras peças de todos os carros e SUVs da companhia estão sendo produzidos usando plástico reciclado.
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“Por exemplo, a blindagem da parte inferior da carroceria é muito grande e, para uma parte tão grande, se usarmos plástico sólido, provavelmente pesará três vezes mais”, disse Thomas Sweder, engenheiro de design da Ford.
ford reciclagem garrafa plástico fabricação peças
“[Dessa forma] Buscamos os materiais mais duráveis, leves e com melhor desempenho para trabalharmos e fabricarmos nossas peças e, neste caso, também estamos deixando uma série de benefícios ambientais.”
Nos últimos anos, a Ford tem reciclado, em média, 1,2 bilhão de garrafas de plástico – isto é, 250 garrafas por veículo produzido.
A reciclagem é feita por dezenas de cooperativas diferentes, que derretem o plástico e revendem o material já transformado em fibra para a montadora. Essa fibra é misturada a uma série de outras fibras têxteis e utilizadas na fabricação das peças automotivas.
Devido ao seu peso leve, o plástico reciclado é ideal para a fabricação de placas de proteção da carroçaria, placas de proteção do motor e revestimentos dos arcos das rodas dianteiras e traseiras que podem ajudar a melhorar a aerodinâmica do veículo. Esses escudos também ajudam a criar um ambiente significativamente mais silencioso nos automóveis.
Esta não é a única maneira pela qual a Ford usa os materiais reciclados para beneficiar o meio ambiente. Recentemente, a empresa norte-americana fez uma parceria com os fornecedores de café do McDonald’s para reciclar todos os resíduos de torrefação do café, que serão usados nos faróis.
“A Ford está entre as líderes mundiais quando se trata de usar materiais reciclados como estes, e fazemos isso porque faz sentido: técnica e economicamente, tanto quanto para o meio ambiente”, disse Thomas Sweder.
*Por Gabriel Pietro
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*Fonte: razoesparaacreditar
A escolha de Banjogirl de Dezembro de 2019 mais uma vez fica com uma personagem do cinema. E a sequência final de Star Wars nos brinda com o aparecimento da bela Zorii Bliss. E mesmo que na maioria de suas cenas ela esteja de capacete e assim não apareça muito de seu rosto – basta um momento proposital de relance com seus lindos olhos e a img de caminhadinha sexy, mostrando um belo corpo esguio que já temos a nova Banjogirl. A atriz responsável por essa maquinaria toda por debaixo do traje é Keri Russel, em Star Wars: A Ascensão Skywalker.
Eis mais um bom motivo para tomar uma taça de vinho!
Um estudo da Universidade de Pavia, na Itália, publicado no “Journal of Agricultural e Food Chemistry” concluiu que um dos componentes do vinho tem a capacidade de matar até 99% das bactérias que causam infecções de garganta e que dão origem às cáries.
Esse componente anti-bacteriano foi encontrado tanto no vinho tinto quanto no branco.
“Concluímos que este efeito age contra os estreptococos orais patogênicos e também é ativo na prevenção de cárie e patologias do trato respiratório superior”, afirmou Maria Daglia, uma das pesquisadoras.
“Diversos estudos mostram que o consumo moderado da bebida é benéfico para a saúde humana, como proteção contra doenças do coração e até câncer”, completou.
Agora você já tem mais um motivo pra tomar uma taça de vinho!
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*Fonte: euamovinhos
Sim, alguém vai fazer mau uso da sua bondade, da sua disposição de ajudar, do seu desejo de contribuir. Alguém vai atravessar o samba e desdenhar da sua amizade, atropelar o bom senso, invadir o seu espaço, mexer nas suas coisas, chutar o seu cachorro quando você não estiver olhando. Vai, sim.
Um dia, você vai estender a mão e é provável que lhe passem a perna. Acontece. Quando acontecer, releve. A culpa não é sua. Ainda que um parasita lhe sugue o sangue, que um falso amigo lhe atribua absurdos, manipule os fatos, maldiga sua mãe, mesmo que um cafajeste tome dinheiro emprestado em seu nome, fuja do país e lhe deixe devendo na praça, você não precisa mudar o que é.
Tem sempre alguém por aí disposto a abusar da sua boa vontade. Mas isso não é desculpa para deixar de ser bom. É só um sinal de que é preciso virar a página, voltar para dentro, retomar o rumo e seguir em frente. Decerto, tem alguém em outro canto precisando de você.
Pense bem. Se cada traição, cacetada, esculacho ou desengano sofrido por alguém de bem o fizesse “mudar de lado” e se vingar do mundo, você e eu já nem estaríamos aqui. Nós já nos teríamos destruído sem dó, sem escrúpulos, sem compaixão.
Sem essa antiga, esquisita, inexplicável e poderosa inclinação de alguns de nós para a bondade, a decência e a beleza, o mundo já restaria deserto, vazio de gente. Habitado somente por vermes e demônios e pequenos animais.
Mania estranha essa de jogar a culpa no outro. Sempre “o outro”. Já viu? Fulano defende daqui sua má educação porque todo mundo é grosso, então ele só se adaptou. Sicrano se orgulha de sua esperteza, fura as filas no cinema, no trânsito, até no banco de órgãos porque “o mundo é dos espertos” e, afinal, se ele não fizer assim, outro espertalhão vai fazer no lugar dele. Beltrano, por sua vez, rola na carniça, faz tudo o que é errado e justifica que “é assim mesmo”, que o “mundo inteiro” é desse jeito e que ele só está fazendo o mesmo por questão de sobrevivência.
Então, quando uma boa alma perverte essa lógica e faz o que lhe parece uma coisa boa, alguém avisa profético e pragmático:
“Não seja trouxa. Ninguém vai fazer o mesmo por você.”
A boa alma responde: “e daí? Faço porque quero. Não porque espero que façam o mesmo por mim”.
Ela faz porque quer. Mas eu tenho a impressão de que ela faz mesmo é porque desconfia de que tantas desculpas, conjecturas e pressupostos para nos isentar da responsabilidade de fazer o que é certo e o que é bom estão nos transformando em cínicos fantásticos, hipócritas colossais, especialistas em esperar que a salvação para todos os nossos problemas desabe do céu sem mais.
Não, do céu não vai cair. É preciso fazer o que é bom agora. E se uma pessoa aqui e outra ali não souberem receber ou abusarem da sua boa vontade, o problema será delas. Não seu.
*Por André J. Gomes
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*Fonte: contioutra
Quando me mudei de Washington, nos Estados Unidos, para Roma, na Itália, uma visão me impressionou mais do que qualquer coluna antiga ou basílica: pessoas sem fazer nada.
Eu frequentemente via mulheres idosas em suas janelas, observando as pessoas passarem, ou famílias fazendo passeios noturnos, parando de vez em quando para cumprimentar amigos. Até mesmo a vida no escritório se mostrou diferente. Esqueça aquele sanduíche comido às pressas na própria mesa. Na hora do almoço, os restaurantes ficavam cheios de trabalhadores fazendo boas refeições.
É claro que, desde que os europeus começaram a viajar e a fazer observações sobre os diferentes estilos de vida no continente, no século 17, criou-se uma ideia estereotipada da “preguiça” italiana. Mas a história não é bem assim. As mesmas pessoas que iam para casa almoçar tranquilamente geralmente voltavam para o escritório para trabalhar até às 20h.
Mesmo assim, a aparente crença no equilíbrio entre o trabalho árduo e o ócio sempre me impressionou. Afinal, não fazer nada parece ser o oposto de ser produtivo. E a produtividade, seja criativa, intelectual ou industrial, é o objetivo máximo de nosso tempo.
À medida que preenchemos nossos dias com mais e mais afazeres, muitos de nós estão descobrindo que não parar não é a ápice da produtividade. É seu inimigo.
Pesquisadores estão mostrando não apenas que o trabalho que produzimos no final de uma jornada de 14 horas é de pior qualidade em comparação com o que fazemos quando estamos descansados. Esse padrão de trabalho também prejudica nossa criatividade e nossa cognição. Com o tempo, pode nos fazer sentir fisicamente doentes – e até, ironicamente, dar a sensação de vivermos sem próposito.
Pense em um trabalho mental como se fossem flexões, diz Josh Davis, autor de Two Awesome Hours (As Duas Horas Incríveis, em inglês). Digamos que você queira fazer 10 mil flexões. A maneira mais “eficiente” seria fazer todas de uma vez, sem pausa. Sabemos instintivamente, porém, que isso é impossível. Em vez disso, se fizéssemos apenas algumas de cada vez, entre outras atividades e ao longo de semanas, atingir esta meta seria mais viável.
“O cérebro é muito parecido com um músculo nesse sentido”, escreve Davis. “Em condições erradas e com trabalho constante, realizamos pouco. Com as condições certas, há poucas coisas que não somos capazes de fazer.”
Os efeitos do excesso de trabalho na saúde
Muitos de nós, porém, tendem a pensar no cérebro não como um músculo, mas como um computador: uma máquina capaz de trabalho constante. Isso não é apenas mentira, mas nos forçar a trabalhar por horas seguidas sem descanso pode ser prejudicial, dizem especialistas.
“A ideia de que você pode estender indefinidamente seu foco e produtividade está errada. É autodestrutivo”, diz o pesquisador Andrew Smart, autor do Autopilot (Piloto Automático, em inglês). “Se seu corpo está dizendo ‘preciso de uma pausa’, mas você continua se esforçando, a resposta a este estresse torna-se crônica – e, com o tempo, pode ser extremamente perigosa.”
Uma análise comparada de diversos estudos descobriu que longas jornadas de trabalho aumentam o risco de uma pessoa ter uma doença coronariana em 40% – quase tanto quanto fumar (50%).
Outro estudo descobriu que pessoas que trabalham por muitas horas têm um risco significativamente maior de sofrer um acidente vascular cerebral, enquanto as pessoas que trabalham mais de 11 horas por dia têm quase 2,5 vezes mais chances de ter um episódio depressivo grave do que aquelas que trabalham de sete a oito horas.
No Japão, isso levou à tendência perturbadora de karoshi, a morte por excesso de trabalho.
Isso quer dizer que você deve tirar aquelas férias há tempos vencidas? A resposta pode ser sim. Um estudo com executivos e empresários na Finlândia descobriu que, ao longo de 26 anos, aqueles que tiraram menos férias tinham maior probabilidade de morrer mais cedo e de ter uma saúde pior na velhice.
Sair de férias também podem trazer benefícios à carreira. Um estudo com mais de 5 mil trabalhadores americanos com empregos de tempo integral descobriu que quem tira menos de dez dias de férias por ano tem menos chances de obter um aumento salarial ou um bônus do que quem tira mais de dez dias.
A relação entre produtividade e o tempo trabalhado
É fácil pensar que eficiência e produtividade são uma obsessão nova. Mas o filósofo Bertrand Russell (1872-1970) teria discordado.
“Diz-se que, embora um pouco de lazer seja agradável, os homens não saberiam como preencher seus dias se tivessem apenas quatro horas de trabalho”, escreveu Russell em 1932, acrescentando que “isso não seria verdade no passado”.
“Antes, existia uma capacidade de despreocupação e diversão que foi de certa forma inibida pelo culto da eficiência. O homem moderno pensa que tudo deve ser feito para o bem de outra coisa e nunca para seu próprio bem.”
Dito isso, algumas das pessoas mais criativas e produtivas do mundo perceberam a importância de fazer menos. Eles tinham uma forte ética de trabalho, mas também se preocupavam em descansar e se divertir.
“Trabalhe em uma coisa de cada vez até terminar”, escreveu o escritor e escritor Henry Miller (1891-1980) em seus “11 mandamentos sobre a escrita”. “Pare na hora marcada! Continue a ser humano! Encontre-se com pessoas, vá a lugares, beba, se quiser.”
Até mesmo um dos “pais fundadores” dos Estados Unidos, Benjamin Franklin (1706-1790), um exemplo de diligência, dedicou grande parte de seu tempo ao ócio. Todos os dias, ele tinha duas horas de almoço, noites livres e uma noite inteira de sono.
Em vez de trabalhar sem parar como editor para pagar as contas, ele dedicava “um tempo enorme” a hobbies e à socialização. “Na verdade, os interesses que o afastaram de sua profissão levaram a muitas das coisas pelas quais ele é conhecido hoje, como inventar o fogão e o para-raios”, escreve Davis.
Mesmo em nível global, não há uma correlação clara entre a produtividade de um país e a média de horas de trabalho. Com uma jornada semanal de 38,6 horas, por exemplo, o funcionário médio americano trabalha 4,6 horas por semana a mais do que o norueguês. Mas, segundo o Produto Interno Bruto (PIB), os trabalhadores da Noruega contribuem com o equivalente a US$ 78,70 (R$ 300,20) por hora – em comparação com os US$ 69,60 (R$ 265,50) nos Estados Unidos.
E quanto à Itália? Com uma média de 35,5 horas semanais de trabalho, se produz no país quase 40% a mais por hora do que na Turquia, onde as pessoas trabalham em média 47,9 horas por semana. Supera até mesmo o Reino Unido, onde as pessoas trabalham 36,5 horas.
Todos aqueles intervalos no trabalho, ao que parece, podem não ser tão ruins assim.
A origem da jornada de oito horas de trabalho
A razão pela qual temos oito horas de trabalho por dia foi porque as empresas descobriram que reduzir a jornada dos funcionários tinha o efeito inverso do que esperavam: aumentava a produtividade.
Durante a Revolução Industrial, os dias de 10 a 16 horas eram normais. A Ford foi a primeira empresa a experimentar oito horas – e descobriu que seus funcionários eram mais produtivos não apenas por hora, mas no geral. Em dois anos, suas margens de lucro dobraram.
Se os dias de oito horas são melhores que os de dez horas, jornadas ainda mais curtas podem ser melhores? Possivelmente.
Um levantamento do Instituto de Pesquisa Social e Econômica Aplicada de Melbourne, na Austrália, concluiu que, para pessoas com mais de 40 anos, uma semana de trabalho de 25 horas pode ser ideal para a cognição, enquanto a Suécia recentemente experimentou seis horas por dia e descobriu que a saúde e a produtividade dos trabalhadores melhoraram.
Isso parece estar relacionado à forma como as pessoas se comportam durante o dia de trabalho. Uma pesquisa com quase 2 mil trabalhadores de escritório em tempo integral no Reino Unido descobriu que as pessoas eram produtivas apenas por 2 horas e 53 minutos em um dia de oito horas.
O resto do tempo foi gasto checando redes sociais, lendo notícias, conversando sobre temas não relacionados ao trabalho com os colegas, comendo e até mesmo procurando novos empregos.
Podemos nos concentrar por um período de tempo ainda menor quando estamos no limite de nossas capacidades. Pesquisadores como o psicólogo K. Anders Ericsson, da Universidade de Estocolmo, na Suécia, descobriram que, quando fazemos um esforço para realmente dominar uma habilidade, precisamos de mais pausas do que imaginamos.
A maioria das pessoas só aguenta uma hora sem descanso. E muitos músicos, escritores e atletas de elite nunca dedicam mais de cinco horas por dia ao trabalho.
Outra prática comum entre eles? Existe uma “tendência crescente de tirar sonecas”, escreve Ericsson – é uma maneira de descansar o cérebro e o corpo.
Outros estudos também descobriram que fazer pausas curtas em uma tarefa ajuda a manter o foco e continuar realizando um trabalho de alto nível. Não fazer pausas piora o desempenho.
A arte do descanso ativo
Mas “descanso”, como alguns pesquisadores apontam, não é necessariamente a melhor palavra para o que estamos fazendo quando pensamos que não estamos fazendo nada.
Como já escrevemos anteriormente, a parte do cérebro que é ativada quando estamos “sem fazer nada”, conhecida como rede neural de modo padrão (DMN, na sigla em inglês), desempenha um papel crucial na consolidação da memória e nossa capacidade de vislumbrar o futuro.
É também a área do cérebro que é ativada quando as pessoas estão observando os outros, pensando sobre si mesmas, fazendo um julgamento moral ou processando emoções de outras pessoas.
Em outras palavras, se essa rede fosse desligada, teríamos problemas para lembrar das coisas, prever consequências, captar interações sociais, compreender a nós mesmos, agir eticamente ou ter empatia com os outros – todas as coisas que nos tornam não apenas funcionais no local de trabalho, mas também na vida.
“Isso ajuda você a reconhecer a importância das situações, a dar sentido às coisas. Quando você não consegue fazer isso, está apenas agindo e reagindo ao que acontece no momento”, diz a neurocientista Mary Helen Immordino-Yang, pesquisadora do Instituto de Criatividade e Cérebro da Universidade do Sul da Califórnia, nos Estados Unidos.
Também não poderíamos ter novas ideias ou fazer novas conexões. Local onde nasce a criatividade, a DMN é ativada quando você faz associações entre assuntos aparentemente não relacionados ou tem ideias originais.
É também o lugar onde seus momentos de “iluminação” se escondem – o que significa que se, assim como Arquimedes, você teve uma boa ideia enquanto estava no banho ou em um passeio, deve agradecer à sua biologia.
Talvez o mais importante de tudo seja que, se não tivermos tempo para voltar nossa atenção para dentro de nós, perdemos um elemento crucial para a felicidade.
“Quando você não tem a capacidade de relacionar suas ações a uma causa mais ampla, elas parecem sem propósito e vazias com o tempo, por não estarem conectadas a um sentido além de si mesmas. E sabemos que, quando uma pessoa pensa que está agindo sem um propósito, isso tem efeitos negativos sobre sua saúde psicológica e fisiológica com o passar do tempo”, diz Immordino-Yang.
Como se livrar dos efeitos nocivos do trabalho intenso
Como qualquer pessoa que tenha experimentado a meditação sabe, não fazer nada é surpreendentemente difícil. Quantos de nós, após 30 segundos de ócio, pegam o celular?
Na verdade, não fazer nada nos deixa tão desconfortáveis que preferimos nos machucar. Literalmente. Em 11 estudos diferentes, os pesquisadores descobriram que os participantes preferiram fazer qualquer coisa – até dar choques elétricos em si mesmos – em vez de ficarem ociosos. E não foi como se tivessem que permanecer assim por muito tempo: os períodos de ócio variaram entre seis e 15 minutos.
A boa notícia é que você não precisa ficar sem fazer absolutamente nada para obter benefícios. É verdade que o descanso é importante. Mas também é importante fazer uma reflexão ativa, pensar sobre um problema que você tem ou em uma ideia.
De fato, qualquer coisa que exija a visualização de resultados hipotéticos ou cenários imaginários – como discutir um problema com amigos ou mergulhar em um bom livro – também ajuda, diz Immordino-Yang. Se você agir da forma certa, poderá até ativar sua DMN até ao olhar uma rede social.
“Se você está apenas vendo uma foto bonita, ela fica desativada. Mas, se você está fazendo uma pausa e permitindo-se refletir internamente sobre algo mais amplo, como por exemplo o motivo que levou a pessoa da foto a se sentir de tal forma, elaborando uma narrativa em torno dela, então, você pode ativar essa rede”, diz ela.
Também não demora muito para desfazer os efeitos prejudiciais da atividade constante. Quando adultos e crianças ficaram ao ar livre, sem aparelhos eletrônicos, por quatro dias, seu desempenho em uma tarefa que exigia criatividade e capacidade de resolução de problemas melhorou em 50%. Mesmo fazer uma caminhada, de preferência em um local externo, melhora significativamente a criatividade.
Outro método eficaz de reparar estes danos é a meditação: apenas uma semana de prática para indivíduos que nunca meditaram antes, ou uma única sessão para praticantes experientes, pode melhorar a criatividade, o humor, a memória e a concentração.
Qualquer outra tarefa que não exija 100% de concentração também pode ajudar, como tricotar ou desenhar.
Parte do problema para fazer isso, no entanto, está em nossa capacidade de nos controlarmos – o receio de que, se relaxarmos por um momento, tudo desabará.
Isso está errado, diz a poeta, empreendedora e consultora de carreiras Janne Robinson. “A metáfora que gosto de usar é a da fogueira. Quando começamos um negócio e, depois de um ano, finalmente podemos tirar uma semana de folga, a maioria de nós não confia que uma outra pessoa possa realizar nossas tarefas em nosso lugar. Nós pensamos ‘a fogueira vai se apagar'”, diz ela.
“E se nós apenas confiássemos que o fogo está quente o suficiente e que podemos ir embora? Que alguém pode jogar mais madeira na fogueira e fazer ela aumentar?”
Isso não é fácil para aqueles de nós que sentem que precisam estar constantemente “realizando” alguma coisa. Mas, para fazer mais, parece que devemos nos sentir confortáveis em fazer meno
*Por Amanda Ruggeri
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*Fonte: bbc-brasil
Temperamentais, independentes e teimosos, os gatos são conhecidos pelo temperamento singular e até mesmo provocativo que possuem – objetivamente alternando de momentos de afeto extremo para o mais profundo desprezo e desinteresse. A verdade, porém, é que nem todos os gatos são iguais, e um novo estudo confirmou algo que todos os donos de gato sabem, mas muitas vezes não gostam de admitir: que nossos amigos felinos desenvolvem seus temperamentos copiando aspectos da personalidade de seus donos.
O estudo, publicado na revista Plos One, trabalhou com 3 mil humanos e seus gatos, e através de uma série de entrevistas, traçou um inventário de cinco traços mais claros e reproduzidos: extroversão, amabilidade, abertura, consciência e neurose. A conclusão não poderia ser mais direta: a percepção de tais traços nos humanos é equivalente à percepção em seus gatos. Em resumo, uma pessoa tímida tende a criar um gato tímido, uma pessoa neurótica tende a criar um gato neurótico, e assim por diante.
“Muitos donos consideram os animais como um membro da família, criando laços sociais com eles”, afirmou Lauren Finka, da professora da Universidade e coautora do estudo. “É, portanto, muito possível que os animais sejam afetados pela maneira como interagimos com eles, e que esses fatores influenciam as personalidades”, concluiu.
Há ainda, segundo a cientista, muito estudo a ser feito para entender em que grau essa influência acontece, e o quanto isso pode beneficiar ou prejudicar os animais – que, se nos provocam amor ou frustração, podem estar nos mostrando muito mais sobre nós mesmos do que queremos supor.
*Por Vitor Paiva
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*Fonte: hypeness
Banda que o amigo Beeroo – como já mencionado em um post anterior, o nosso visitante ilustre, curte atulamente. Então isso vai como uma homenagem ao amigo Boloriano, pis trata-se de uma banda alternativa de sua atual cidade – Bosie / Idaho (EUA).
*Em tempo, o Beeroo é originalmente de Seattle. Nos contou que inclusive já esteve na casa de Stone Gossard (Pearl Jam), mas isso é apenas uma dentre tantas outras histórias interessantes que nos contou. \m/
Não se trata de hipnose. É a ave entrando em estado catatônico. E o responsável pela tal catatonia não é exatamente o risco no chão. É o sofrimento da galinha na hora em que alguém segura o corpo dela e baixa sua cabeça contra o chão.
A primeira reação da galinha ao ser subjugada dessa forma é se debater. A contenção física, porém, a impede de correr, bater as asas ou bicar para se defender. A tática, então, é se fingir de morta para ver se diminui o interesse do predador. Isso também acontece em humanos sob trauma – é a sensação de “congelar” de medo. Ninguém escapa dos instintos da parte reptiliana do cérebro.
Muito menos os animais que SÓ têm a parte reptiliana do cérebro.
O risco no chão é desnecessário, então? Não. É que a galinha só “liga” esse modo catatônico quando algo chama a atenção dela durante o momento de contenção. Por isso que a tática é sempre segurar a penosa e desenhar o risco com ela quietinha. Na hora que ela vê você riscando o chão, o movimento chama a atenção dela – talvez a ave entenda que aquilo é o predador, e o sistema só de autodefesa só funcione mesmo quando há essa detecção.
Mesmo assim, não é necessário riscar o chão. Basta passar o dedo em frente ao olhos da galinha. E ela vai ficar catatônica – por algo entre 30 segundos e 30 minutos. Dá para fazer o mesmo com crocodilos: “basta” travar a boca do animal do animal e virá-lo gentilmente de ponta-cabeça. O primeiro registro do truque é de 1646, no livro Experimentum Mirabile, do alemão Athanasius Kircher.
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*Fonte: superinteressante
Em livro, neurologista Suzanne O’Sullivan descreve pacientes com transtornos psicossomáticos
Quase todos nós aceitamos sem problemas que o coração bata com mais força quando nos aproximamos da pessoa por quem estamos apaixonados, ou que as nossas pernas tremam quando é preciso falar em público. São emoções que provocam sintomas físicos reais. Entretanto, custa aceitar que os mesmos pensamentos que causam um frio na barriga cheguem a desencadear doenças graves, como cegueira, convulsões ou paralisias. E, no entanto, é justamente isso que descreve a neurologista Suzanne O’Sullivan no livro It’s All in Your Head (está tudo na sua cabeça, na tradução literal, ainda inédito no Brasil), no qual revê alguns dos casos mais impactantes de doenças psicossomáticas com os quais se deparou ao longo da carreira.
Certa vez, O’Sullivan teve uma paciente, chamada Linda, que percebeu um pequeno inchaço no lado direito da cabeça. Era só um cisto sebáceo, mas ela não parava de fazer exames e consultas. Pouco depois, perdeu a sensibilidade do braço e da perna direitos; a paciente tinha certeza de que o inchaço havia atingido o cérebro. Quando O’Sullivan a examinou, todo o lado direito do corpo – o mesmo onde estava o caroço – já havia perdido o movimento e a sensibilidade. Só que Linda não sabia que o lado direito do cérebro na verdade controla os movimentos do lado esquerdo do corpo, e por isso sua mente se enganou ao criar os sintomas. Linda, na verdade, sofria de um transtorno psicossomático – seus pensamentos desencadeavam sintomas de uma doença inexistente.
Quando O’Sullivan estava se especializando em neurologia, foi ensinada a distinguir os doentes que tinham sintomas físicos causados por conflitos mentais. “Todos os meus pacientes tinham convulsões, mas em 70% dos casos não sofriam de epilepsia: por mais que fossem examinados, não encontrávamos nenhuma lesão ou causa neurológica que explicasse seus sintomas. Tinha de ser algo psicológico.” Mas mandar os pacientes para casa com o diagnóstico que não eram epiléticos não servia de consolo, de modo que a médica se sentiu obrigada a encontrar uma maneira de ajudá-los.
“As incapacidades que criamos com nossa mente são tão infinitas que já deixei de acreditar nos limites”
Em 2004 ela começou a agir, e desde então, quando encontra um paciente com sintomas, mas sem lesões neurológicas, tenta lhe explicar que a origem dos seus males é um problema psicológico mal resolvido. Geralmente, porém, os pacientes se negam a aceitar esse diagnóstico. “Eles têm um estresse mental do qual não estão conscientes, e alguém está obrigando-os a encará-lo”, diz a médica. “Esses sintomas são uma manifestação do organismo: seu organismo está lhe dizendo que algo não vai bem dentro de você, e que você não está percebendo.”
Ninguém está a salvo dessas doenças, e há centenas de causas que as originam. Segundo O’Sullivan, os casos muito extremos, como as convulsões ou paralisias, costumam nascer de traumas psicológicos severos; os menos graves podem surgir de um amontoado de pequenos esgotamentos que os pacientes não sabem administrar. “Depende da atenção que a pessoa presta às dores. Se ficarem obcecadas e buscarem repetidamente uma explicação médica que não existe, é possível que acabem desenvolvendo a doença psicossomática”, explica O’Sullivan.
Para se curar, o acompanhamento psicológico é indispensável. Segundo O’Sullivan, a primeira coisa a fazer é abandonar a ideia de que há uma enfermidade orgânica. A seguinte etapa é ver como a mente afeta o corpo: se você sente palpitações e nota que está ansioso, elas começarão a parecer muito menos graves, já que você conhece as causas. Mas, se associa essas palpitações a problemas cardíacos, e os exames médicos não comprovam isso, você provavelmente ficará obcecado, e as palpitações irão piorar.
“Seu organismo está lhe dizendo que algo não vai bem dentro de você, e que você não está percebendo”
“Às vezes, os pacientes desejam desesperadamente que você encontre um resultado ruim nos exames, que dê um nome para sua doença e receite alguns comprimidos que justifiquem suas dores”, conta a neurologista. Esse problema é muito mais comum do que se imagina. Cerca de 30% das pessoas sofrem disso, e a imensa maioria nem sequer fica sabendo.
Após mais de dez anos de dedicação às enfermidades psicossomáticas, Suzanne O’Sullivan continua sem saber apontar o caso mais grave que viu. “Os casos mais duros são os de pessoas que adoeceram quando tinham 16 anos e, aos 50, continuam indo a médicos. Estão cegos ou em cadeira de rodas e continuam se submetendo a operações. Conheço pessoas que comem por um tubo, mas não têm nenhuma doença orgânica. Todas as partes do seu organismo foram afetadas por sua mente”, relata. Nada mais surpreende essa neurologista. “As incapacidades que criamos com nossa mente são tão infinitas que já deixei de acreditar nos limites”, diz.
*Por M. Victoria S. Nadal
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*Fonte: elpais-brasil