Várias simulações sobre mudança climática entraram em modo apocalíptico

Vários modelos computacionais que tentam prever o futuro das mudanças climáticas tiveram uma guinada negativa radical recentemente. Equipes diferentes tiveram como resultado de suas análises que o planeta vai se aquecer de forma muito mais catastrófica do que o antecipado.

Dezenas de modelos climáticos apontavam que a ação humana provavelmente iria causar um aquecimento médio de 3°C, e isso já seria um cenário terrível para o nosso modo de vida.

Em 2019, porém, esses modelos começaram a mostrar que a temperatura média deve subir em 5°C, um cenário apocalíptico para a humanidade e incontáveis outras formas de vida.

Estranhando essas projeções, eles começaram a entrar em contato com outros grupos de pesquisadores para comparar resultados. O principal grupo de pesquisa do Reino Unido, o Met Office Hadley Centre, concluiu que uma duplicação de CO2 liberado provocaria um aquecimento de 5,5 °C. Uma equipe do Departamento de Energia dos EUA terminou com 5,3 °C e o modelo canadense alcançou 5,6 °C. O Centro Nacional de Pesquisas Meteorológicas da França viu sua estimativa subir para 4,9 °C a partir de 3,3 °C.

Este trabalho de confirmação das projeções ainda vai levar alguns meses para ser encerrado, e ainda não há um acordo sobre como interpretar os modelos.

O mais preocupante em relação a este fenômeno é que esses modelos conseguiram projetar o aquecimento global de forma correta desde 1970. Eles continuam a utilizar dados oficiais de governos e objetivos de emissão de gases de efeito estufa, incluindo o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática mais atualizado da ONU.

O que esses modelos estão dizendo é que a mesma quantidade de poluição climática pode trazer um aquecimento mais rápido que imaginado anteriormente, e a humanidade teria menos tempo para evitar os piores impactos ambientais, econômicos e de saúde pública.

Uma estimativa com maiores temperaturas “provavelmente não é a resposta correta”, aponta Klaus Wyser, pesquisador sênior do Instituto Sueco de Meteorologia e Hidrologia. O modelo de Wyser produziu um resultado de 4,3°C de aquecimento, um aumento de 30% em relação à atualização anterior. “Esperamos que esta não seja a resposta correta”, diz ele.

Esses modelos ajudam cientistas a testarem ideias sobre o impacto do derretimento de geleiras, umidade do solo, correntes marítimas e nuvens.

Há mais de cem modelos usados para prever a relação entre o dióxido de carbono e o aquecimento, desenvolvidos por cerca de 25 grupos independentes.

Esses cálculos complexos são feitos em supercomputadores que criam modelos para o ar, terra e mar e analisa as interações entre eles. Caso haja consenso entre os pesquisadores de que as estimativas estão corretas, isso pode alterar a forma que governos e empresas respondem ao risco climático. [Bloomberg]

*Por Juliana Blume

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*Fonte: hypescience

Leite faz mal para a saúde?

Na última década, o leite tornou-se um pouco controverso. Algumas pessoas dizem que é um alimento necessário e nutritivo, vital para ossos saudáveis, mas outros dizem que pode causar câncer e levar a uma morte precoce.

Então quem está certo? E por que estamos bebendo ainda nos dias de hoje? O pessoal da Kurzgesagt – In a Nutshell foi pesquisar e trouxeram um bocado de informação relevante – e as respostas para suas perguntas.

*Por Julio Moraes

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*Fonte: updateordie

Os átomos e as limitações humanas

Muito já se foi questionado sobre quais são os blocos fundamentais da matéria no decorrer da história humana. Essa jornada se iniciou na Grécia antiga, com filósofos como Demócrito e Leucipo. Eles, e outros filósofos do pensamento atomista, trouxeram à tona um novo conceito sobre a natureza da realidade: se começarmos a dividir a matéria em pedaços menores, chegaremos a um componente que não pode ser dividido, e esse componente eles denominaram átomo. E o mundo, segundo eles, era formado por átomos e espaço vazio. Claro, na época, não se tinha nenhuma evidência concreta para a existência desses inusitados componentes da realidade. Tudo que se podia fazer era especular, uma vez que as ferramentas necessárias para a compreensão da natureza ainda não estavam disponíveis para o ser humano nesse período. Mas, se pararmos para pensar, tal jornada — que começou, justamente, na Grécia antiga — foi a fundação para o que chamamos hoje de ciência. E, com o passar do tempo nós começamos a desenvolver métodos e ferramentas para desvendar os mistérios do mundo físico, entendendo cada vez mais o seu funcionamento.

Muito tempo se passou desde os átomos dos gregos e os nossos. Diferente dos primeiros, hoje conseguimos provar que eles realmente existem. E, além disso, descobrimos que eles não são tão indivisíveis quanto os atomistas pensavam. Sabemos hoje que os átomos são compostos por um núcleo, que contém prótons — partículas de carga elétrica positiva — e nêutrons — partículas que não possuem carga elétrica, como o nome sugere. Em volta do núcleo estão os elétrons, partículas muito menores que as citadas anteriormente e que possuem carga elétrica negativa. Mas, não para por aí: os prótons e os nêutrons são formados por componentes ainda menores, os quais são denominados quarks. Claro que tudo isso é muito mais complexo do que eu faço parecer. Porém, o importante é compreender que utilizando o método científico foi possível enxergar o que não se via antes. Conseguimos, através desses métodos, ampliar o escopo de nossa compreensão, indo do incompreensivelmente gigante — galáxias e o próprio universo — até o indescritivelmente pequeno – átomos, elétrons e quarks.

Assim como todos os outros aspectos da realidade estudados por nós, seres humanos, os componentes atômicos são apenas modelos que criamos para explicar como esse atributo da natureza funciona. E esse modelo tem funcionado extraordinariamente bem para esse propósito. O fato de não conseguirmos enxergar os átomos com nossos próprios olhos não diminui nenhum pouco a existência destes (é só lembrar do espectro eletromagnético como exemplo). A sociedade tecnológica em que vivemos hoje só se tornou possível através da compreensão de como os átomos funcionam e interagem no mundo do pequeno. Desde a eletricidade e a radioatividade até medicamentos e tratamento de doenças, sem tal modelo, nunca teríamos nem mesmo sonhado com as tecnologias criadas através dos átomos. Entretanto, sabemos que o nosso conhecimento, por mais eficaz e realista que pareça ser, pode não ser toda a imagem do quebra-cabeça da realidade. A história do pensamento humano é prova disso. Houve um tempo que pensávamos ser o centro do Universo, que relâmpagos eram sinais da ira dos deuses e que os seres vivos eram imutáveis. No final, descobrimos respostas ao mesmo tempo mais simples e mais explicativas para tais eventos. Quem sabe, um dia, descobriremos que os átomos são apenas uma peça em um enorme e mais amplo quebra-cabeça e que o que conseguimos medir e interpretar como sendo um átomo, um próton, nêutron ou elétron é, de fato, apenas uma simples fagulha do que realmente existe ao nosso redor. A nossa imaginação nem se compara com o que a natureza é, realmente, capaz de fazer. Só é importante sabermos diferenciar hipóteses da realidade. Especular é saudável, mas só quando não perdemos de vista o objetivo principal: desvendar como a natureza funciona.

É sempre importante fazermos perguntas como “até onde podemos ir?” e “qual o limite de nossa compreensão?”. E, de fato, só existe uma forma de descobrirmos as respostas a essas perguntas. Devemos extrapolar ainda mais as fronteiras do nosso conhecimento. Aumentar ainda mais, como já disse o físico Marcelo Gleiser, no livro “A Ilha do Conhecimento Humano”. O oceano do desconhecido pode ser grande — até mesmo infinito. E sabemos que toda nova descoberta suscita novas perguntas. Porém, obter respostas a perguntas desafiantes faz parte de uma das nossas maiores qualidades como espécie: a curiosidade. Vamos ver até onde ela nos leva.

*Por Weslley Victor

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*Fonte: ciencianautas