Marshall: a história do baterista que inventou o icônico amplificador do rock and roll

É inegável. Se há uma linha de amplificadores que se tornaram ícones do rock and roll, trata-se dos equipamentos britânicos fabricados pela Marshall.

Com seu visual inconfundível e um dos logotipos mais valiosos do planeta, a Marshall é sinônimo de rock quando aparece em clipes, material de promoção de bandas e palcos mundo afora, e não há fã do estilo que não se encante com os enormes paredões de som formados por pilhas de amps Marshall.

Fundada em 1962, a Marshall Amplification nasceu em Londres a partir de Jim Marshall, e tem uma história curiosa que iremos contar a seguir.

Amplificadores Marshall

Jim Marshall, fundador da empresa que tornou-se um verdadeiro patrimônio cultural, foi um baterista e professor de bateria que em 1959 abriu uma loja de instrumentos musicais em Hanwell, Londres.

Por lá, o cara vendia baterias completas e itens relacionados ao instrumento, bem como dava aulas e era reconhecido por ser o único professor de música que ensinava rock and roll.

Com o tempo ele também começou a vender guitarras e acessórios, e alguns de seus clientes eram figuras como Ritchie Blackmore (que acabou fundando o Deep Purple), Big Jim Sullivan e Pete Townshend, que fundaria o The Who.

Além de talentos extraordinários e nomes que entraram para a história do rock, esses três caras também tinham outra coisa em comum: reclamavam que os amplificadores importados, na maioria das vezes os Fender dos Estados Unidos, eram muito caros e não eram exatamente o que eles queriam em termos de sonoridade para suas novas bandas de rock. Para eles, alguém deveria criar uma alternativa no Reino Unido.

Jim Marshall ouviu as reclamações e não pensou duas vezes: colocou a mão na massa e começou a fazer história junto com colegas convidados para desenvolver a parte técnica do que ele entendeu ser a sonoridade pedida pelos guitarristas britânicos.

Para tanto, Marshall chamou um dos técnicos de sua loja, Ken Bran, e um técnico da EMI, Dudley Craven (com 18 anos de idade na época), para fabricar “o primeiro amplificador de rock and roll de verdade da história”.

Juntos eles escolheram o Fender Bassman com quatro falantes de 10 polegadas como base e começaram a fabricar protótipos de um amplificador que pudesse concorrer com os norte-americanos à altura, fosse mais barato e tivesse as características que os músicos gostariam de incorporar em seus riffs.

Segundo o próprio Marshall, cinco protótipos foram rejeitados até que o sexto modelo fabricado pela equipe trouxe a sonoridade característica da empresa que dura até os dias de hoje. 23 amplificadores foram fabricados em um primeiro lote, sendo que Blackmore, Sullivan e Townshend foram três dos primeiros compradores do equipamento.

A partir de mudanças nos circuitos internos do equipamento, peças e, obviamente, o modo de construção específico do time britânico, o modelo baseado no amplificador da Fender ganhou vida própria e nascia ali o JTM 45, que ganhou o nome a partir das inicias de Jim Marshall, seu filho Terry Marshall e a potência do amp.

Outros modelos lançados no início da carreira da Marshall foram o Bluesbreaker (inspirado em um pedido de Eric Clapton) e o Marshall Super Lead Model 1959 (Plexi), dedicado a Pete Townshend e sua busca por volumes cada vez mais altos. Dessa forma, ao mesmo tempo que músicos influentes iam descobrindo e ampliando suas sonoridades, a empresa também aprendia com eles e fazia história.

Ao aparecer tocando com os amplificadores Marshall e sua estética bastante única de cabeçote e caixa, (os famosos stacks), essas bandas divulgavam tanto seus riffs e guitarras potentes quanto a marca, e a parceria acabou sendo lucrativa para os dois lados.

De lá pra cá, outras bandas também mostraram seu amor pela marca, como o Slayer e seus paredões de amplificadores nos shows e o guitarrista Slash, desde os tempos em que ficou conhecido no mundo todo com seus solos pelo Guns N’ Roses.

Uma curiosidade é que muitos desses artistas utilizavam apenas alguns amplificadores verdadeiros e os misturavam com modelos vazios no palco, apenas para que a aparência para o público fosse de vários equipamentos, quando na verdade uma quantidade bem menor estava sendo utilizada.

Há relatos, inclusive, de bandas que nem fazem uso de amplificadores Marshall mas em busca da estética rock and roll colocavam modelos falsos no palco.

Jim Marshall, inventor dos amplificadores Marshall

Nascido em 29 de Julho de 1923 na região de Londres, Jim Marshall veio ao mundo em uma família de lutadores de boxe e músicos, e foi diagnosticado com tuberculose óssea ainda na infância, o que lhe acompanhou por boa parte da vida. Ele foi obrigado, inclusive, a passar vários anos em casa e foi liberado do serviço militar por conta disso.

Ele começou a carreira como cantor e eventualmente tornou-se também baterista, e trabalhando como engenheiro elétrico, criou um sistema de amplificação para que sua voz fosse ouvida enquanto tocava bateria. Durante a segunda guerra mundial, por conta da crise e falta de gasolina, ele puxava um trailer com uma bicicleta para levar a bateria e os amplificadores por onde tocava. Foi quando um baterista acabou sendo chamado para a guerra que ele assumiu o lugar do cara na banda que tocava e permaneceu no posto.

Após a invenção dos amplificadores Marshall no início dos anos 60, ele tornou-se uma das figuras britânicas mais importantes da década, e recebeu um prêmio da Rainha Elizabeth II por conta das exportações significativas de seu produto em um período de três anos.

Em 1985 ele colocou suas mãos na Calçada da Fama do Rock And Roll em Hollywood e em 2003 recebeu a Ordem do Império Britânico por serviços à indústria da música e caridade.

Jim Marshall morreu em 5 de Abril de 2012 aos 88 anos de idade e desde então, guitarristas do mundo todo compartilham vídeos nessa data, anualmente, com 1 minuto de feedback, ao invés de 1 minuto de silêncio.

Marshall ganhou os apelidos de “O Pai do Som Alto” e “O Lorde do Som Alto”, e é considerado um dos “quatro pais” dos equipamentos de rock and roll, ao lado de Leo Fender (Fender), Les Paul (pioneiro inventor de guitarras como a que leva seu nome) e Seth Lover, inventor dos captadores humbucker, que cancelam os ruídos e tornaram-se parte fundamental das guitarras utilizadas em estilos que usam e abusam das distorções.

*Por Tony Alex

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*Fonte: tenhomaisdiscoqueamigos

Não temos tempo de temer a morte, mas, por ora, vamos respeitá-la

A vontade é de sentar e chorar. Mas, não posso sentar e chorar. Ainda é cedo para entrar em pânico. Como escreveram Gil e Caetano, na letra da canção “Divino, Maravilhoso”: “É preciso estar atento e forte; não temos tempo de temer a morte”. Atenção para a interpretação de texto! Não se trata de destemer a morte, mas, por ora, vamos respeitá-la e seguir ao pé da letra as recomendações das autoridades sanitárias. A morte dói muito mais aos que continuam vivos. Portanto, por uma questão prática de humanismo e solidariedade, tomemos todos os cuidados.

Pode ser que o confinamento compulsório por que passamos e passaremos nos próximos dias seja útil para conduzir cada um de nós a uma reflexão oportuna a respeito do nosso papel no mundo. Parece claro que a nossa relevância individual no contexto do universo se restringe àqueles que nos amam: os amigos, os familiares, os admiradores. Bingo! Não somos a cereja do bolo. Somos farinha. Farinha do mesmo saco. E a gente vai ter que se engolir, colegas.

Calma lá. Não é preciso ser um presidente da república aloprado para saber que não há razões para histeria. O mundo vai ficar ainda mais estranho, mas, não vai se acabar. Aliás, pode ser que, a partir desta pandemia desagradável, desta guerra globalizada contra um inimigo competente e invisível, esteja começando uma era mais alvissareira. Por enquanto, ficarão adiados os encontros e, por conseguinte, os desencontros. As maiores provas de amor poderão soar como desamor: não abraçar, não beijar, negar o colo. Enquanto durar a quarentena, e pode ser que ela demore pra caramba, assistam a bons filmes, contudo, evitem os de Ingmar Bergman, por exemplo. São humanos, demasiadamente, humanos. Melhor optar pela comédia e pela fantasia. Vamos desanuviar.

Ouçam boa música para preencher o ambiente doméstico. Contra o vazio existencial, só o perdão e o amor próprio resolvem. Por razões óbvias, evitem o blues a todo custo. Se tiverem vontade de dançar, afastem os móveis e dancem. Mas, que seja o twist. Nada de “cheek-to-cheek”, troca de perdigotos e coisa e tal. Leiam os livros consagrados, com reconhecida qualidade técnica. Evitem autores malditos, como Bukowski, O Velho Safado. Já temos problemas demais sem eles. Não tentem. Por favor, não tentem.

Melhor não beber bebidas alcoólicas durante o recolhimento domiciliar obrigatório. A não ser que seja um bom vinho, mas, sem o tilintar dos copos e dos corpos. Façam polichinelos. Exercitem os neurônios. Tirem os sapatos. Sentem no assoalho. Pratiquem jardinagem. Falem com as plantas. Desliguem um pouco a droga do telefone celular. Vejam sob uma nova ótica. Encantem-se com os filhos brincando pela casa, se tiverem filhos, se tiverem casas. Eles estão crescendo rápido demais e, vai chegar o dia em que vão dar o fora. Normal. Nada de novo no front. A vida é assim mesmo. Muitas vezes, parece uma brincadeira de mau gosto de Deus, um daqueles filmes de drama em que o bem vence no final. Às vezes, dá um frio na barriga e vem aquela sensação de que estamos vencidos. Mas, quem disse que o filme já terminou? As engrenagens que giram a humanidade ainda têm muito querosene para queimar. Podem crer. Fiquem em casa e durmam sob o silêncio do mundo.

*Por Eberth Vêncio

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*Fonte: revistabula