“Macia como a neve, embora estranhamente abrasiva”; “Cheira a pólvora queimada”; essas duas colocações sobre a Lua foram feitas pelo astronauta Eugene Cernan, da Apollo 17, a última missão para o satélite natural.
Não era possível sentir o odor lunar na Lua, claro, pois além da quase falta de atmosfera, eles utilizavam trajes. Mas ao chegar na nave, podiam sentir o cheiro da poeira aderida ao traje e das amostras coletadas; e não era nada bom.
“Tudo o que posso dizer é que a impressão imediata do cheiro era de pólvora queimada, não que fosse ‘metálica’ ou ‘picante’”, disse o astronauta Harrison Schmit, também da Apollo 17.
Buzz Aldrin, piloto do módulo lunar da primeira missão a pousar na Lua, relatou o cheiro como “carvão queimado”, ou “cinzas de uma lareira”.
Mas por que a poeira lunar tem esse cheiro?
A hipótese do engenheiro químico e astronauta Donald Pettit é de que, como na nave a poeira — que estava seca por bilhões de anos na superfície lunar — entra em contato com a água, são liberados esses odores “guardados”. Outra hipótese é de que ao entrar em contato com o oxigênio, ela oxide, semelhantemente a uma queima, dando-a esse cheiro de carvão ou pólvora queimada.
Risco de explosão?
Antes da Apollo 11, os cientistas se preocupavam com a coleta de poeira lunar, pois havia uma chance de que a poeira lunar fosse explosiva, ainda antes de se conhecer o cheiro. Caso isso fosse real, ela poderia entrar em combustão espontânea e explodir na nave após a pressurização, ao se encontrar com o ar.
Por isso, os astronautas da Apollo 11 ficaram atentos durante a pressurização. No caso de qualquer sinal de combustão, eles automaticamente encerrariam o processo e atirariam a poeira para fora da nave. Como nada aconteceu, as coletas puderam ser possíveis.
*Por Felipe Miranda
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*Fonte: ciencianautas