Dia: 1 de julho, 2020
Privação de sono está relacionada à maior consumo calórico diário, mostra estudo
Dormir pouco atrapalha o corpo como um todo: aumenta doenças cardiovasculares, traz mais dores, enfraquece o sistema imunológico e ainda traz danos quando o assunto é emagrecimento! Pesquisadores da Universidade da Pensilvânia concluíram que pessoas que sofrem provação de sono chegam a consumir até 550 calorias a mais no dia. Os resultados desse estudo foram publicados na edição de Julho do jornal Sleep.
Para chegar a essas conclusões os estudiosos recrutaram 225 adultos com idade entre 22 e 50 anos, que ficaram por cinco dias no laboratório do sono da universidade, dormindo apenas das 4 às 8 horas da manhã. Eles podiam comer o que quisessem nesse período, enquanto os monitores do laboratório mantinham um registro dessa alimentação. Enquanto isso, um grupo de controle também foi colocado com a mesma disponibilidade de alimentos, só que dormindo o quanto quisessem.
No fim do período estipulado, eles perceberam que no tempo em que normalmente estariam dormindo, as pessoas consumiam cerca de 550 calorias a mais e davam preferência a alimentos bem mais gordurosos, o que resultou em um maior ganho de peso nesse período.
A conclusão a que eles chegaram é que a culpa está na desregulagem dos hormônios grelina e leptina, responsáveis respectivamente pela fome e pela saciedade, um fato já conhecido. Eles acreditam, inclusive, que fora do laboratório o ganho de peso deve ser maior, já que os voluntários estão expostos a comida de hospital e no dia a dia é mais fácil ter acesso a itens mais calóricos.
Confira os outros prejuízos
Se o emagrecimento não é argumento suficiente para você tentar dormir melhor, confira que outros problemas a privação de sono provoca.
Afeta o emagrecimento
Durante o sono nosso organismo produz a leptina, um hormônio capaz de controlar a sensação de saciedade ao longo do dia. Por isso, pessoas que dormem pouco produzem menores quantidades desse hormônio. Além disso, quem tem o sono restrito produz mais quantidade do hormônio grelina, que provoca fome e reduz o gasto de energia. “A consequência é a ingestão exagerada de calorias durante o dia, pois o corpo não se sente satisfeito”, explica a endocrinologista Alessandra Rasovski, da Sociedade Brasileira e Endocrinologia e Metabologia. Segundo um estudo feito na Universidade de Chicago, pessoas que dormem de seis a oito horas por dia queimam mais gorduras do que aquelas que dormem pouco ou tem o sono fragmentado. A pesquisa afirma que a falta de sono reduz em 55% a queima de gordura.
Impede a conservação da memória
“O sono é uma etapa crucial para o cérebro transformar a memória de curto prazo relevante em memória de longo prazo”, afirma o neurologista André Felicio, da Academia Brasileira de Neurologia. O especialista explica que, durante a noite, o cérebro faz uma varredura entre as informações acumuladas, guardando aquilo que considera primordial, descartando o supérfluo e fixando lições que aprendemos ao longo do dia. “Por esse motivo, quem dorme mal costuma sofrer para se lembrar de eventos simples, como episódios do dia anterior ou nomes de pessoas próximas”, diz.
Enfraquece a imunidade
É durante o sono que acontecem diversos processos em nosso organismo, dentre elas a produção de anticorpos. De acordo com um estudo da Universidade de Chicago (EUA), dormir pouco reduz a função imune e o número de leucócitos, células responsáveis por combater corpos estranhos em nosso organismo. Segundo a pesquisa, quem dormia quatro horas por noite por uma semana tinham os anticorpos reduzidos pela metade, quando comparados aqueles que dormiram até oito horas.
Altera o funcionamento do metabolismo
As mudanças no ciclo do sono podem atrapalhar a síntese dos hormônios de crescimento e do cortisol, já que ambos são produzidos enquanto dormimos. “Os maiores efeitos dessa deficiência são despertar cansado, a dificuldade de raciocínio e a ansiedade, que podem interferir na realização de tarefas do cotidiano, levando a problemas como déficit de atenção, acidentes de trânsito, indisposição física, irritabilidade e sonolência”, diz a endocrinologista Alessandra.
Leva ao envelhecimento precoce
Durante o sono, produzimos hormônios “rejuvenescedores”, como a melatonina e o hormônio do crescimento. “Esses hormônios exercem funções reparadoras e calmantes para a pele, e a falta de sono impede que o corpo descanse adequadamente”, afirma a endocrinologista Alessandra. Os maiores resultados disso são uma pele sem viço e com olheiras. O estresse provocado pela falta de sono também favorece o aparecimento de rugas.
Interfere na produção de insulina
Pessoas com diabetes que tem um sono insuficiente desenvolvem uma maior resistência insulínica, tornando o controle da doença mais difícil. É o que afirma um estudo feito pela Northwestern University, dos Estados Unidos. Os pesquisadores concluíram que portadores de diabetes que dormem mal tinham 82% mais resistência à insulina que os portadores com sono de qualidade. Além disso, a falta de sono adequado pode favorecer o aparecimento de diabetes tipo 2 em quem não tem a doença. “É durante o sono que o corpo estabiliza os índices glicêmicos, por isso quem não tem um sono de qualidade sofre com o descontrole do nível de glicose, podendo desenvolver diabetes”, explica a endocrinologista Alessandra.
Desregula a pressão arterial
A neurologista Rosa Hasan, responsável pelo Laboratório do Sono do Hospital São Luiz, explica que a dificuldade em descansar durante a noite é equivalente a um estado de estresse, aumentando a atividade da adrenalina no corpo. “Uma noite mal dormida deixa o organismo em estado de alerta, aumentando a pressão sanguínea durante a noite”, explica a especialista. Ela afirma que com o tempo essa alteração na pressão sanguínea se torna permanente, gerando a hipertensão.
Afeta o desempenho físico
“Um sono incompleto é uma das principais causas de fadiga ou baixo desempenho motor”, afirma o neurologista André. Quando dormimos profundamente e sem interrupções, nosso corpo começa a produzir o hormônio GH, responsável pelo nosso crescimento, e que começa a ser sintetizado só 30 minutos depois de começarmos a dormir. “O hormônio do crescimento tem como funções ajudar a manter o tônus muscular, evitar o acúmulo de gorduras, melhorar o desempenho físico e combater a osteoporose”, explica a endocrinologista Alessandra.
Prejudica o humor
“A falta de sono faz com que o cérebro não descanse plenamente, prejudicando a comunicação entre os neurônios”, explica o neurologista André. E os neurônios são os responsáveis por produzir os neurônios relacionados ao nosso bem-estar, como a serotonina. “Por isso que um sono deficiente impacta o nosso bom-humor de forma direta, podendo até favorecer quadros de depressão.”
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*Fonte: minhavida
Inteligência artificial cria um universo perfeito e assusta seus criadores
Astrofísicos usaram pela primeira vez inteligência artificial para gerar simulações em 3D do universo. Os resultados foram tão rápidos, precisos e robustos que nem os próprios pesquisadores entendem como eles aconteceram.
O projeto se chama Modelo de Deslocamento de Densidade Profunda, ou D3M. A velocidade e precisão do modelo não foram surpreendentes para os pesquisadores, mas sim a habilidade em simular de forma correta como o universo ficaria se alguns parâmetros fossem alterados.
O mais interessante é que o modelo nunca recebeu nenhum dado de treinamento sobre como esses parâmetros variavam.
“Seria como treinar um software de reconhecimento de imagem com várias imagens de gatos e cães, e aí ele consegue reconhecer elefantes”, compara Shirley Ho, co-autora do estudo e professora da Universidade Carnegie Mellon (EUA). “Ninguém sabe como ele faz isso, e é um enorme mistério a ser resolvido”, complementa ela.
O modelo foi apresentado no dia 24 de junho na publicação Proceedings of the National Academy of Sciences. O autor principal do estudo foi Siyu He, analista do Instituto Flatiron (EUA).
Ho e He trabalharam em colaboração com Yin Li e Yu Feng da Universidade da Califórnia em Berkeley, com Wei Chen do Instituto Flatiron, Siamak Ravanbakhsh da Universidade de British Columbia (Canadá) e Barnabás Póczos da Universidade Carnegie Mellon.
Esse tipo de simulação do D3M é muito importante para a astrofísica teórica.
Cientistas querem saber como o cosmo pode se desenvolver em vários cenários, como por exemplo se a energia escura do universo variasse com o passar do tempo.
Esse tipo de estudo exige que milhares de simulações sejam feitas, portanto um modelo computacional rápido e confiável é o sonho de consumo dos astrofísicos modernos.
Depois de treinar o D3M, pesquisadores fizeram simulações de um universo com formato de cubo com 600 milhões de anos-luz de lado e compararam os resultados com modelos rápidos e lentos que já existiam.
O modelo lento e mais confiável leva centenas de horas de cálculos, enquanto o sistema rápido leva poucos minutos. Já o D3M completou a simulação em 30 milissegundos.
Além disso, o D3M também teve precisão impressionante. Quando comparado com o modelo lento, ele teve uma taxa de erro de 2.8%.
Já o sistema rápido teve uma taxa de 9,3% de erros quando comparado com o modelo lento. Ou seja: o sistema rápido parece ter sido passado para trás pelo D3M.
Os pesquisadores agora querem saber por que o modelo que foi treinado para identificar “gatos e cachorros” está conseguindo identificar também “elefantes”.
“Nós podemos ser um playground interessante para um aprendiz de máquina ver porque esse modelo extrapola tão bem. É uma via de mão dupla entre ciência e deep learning”, diz Ho.
*Por Davson Filipe
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*Fonte: