Por que cidades precisam mais do que nunca de árvores

Por que cidades precisam mais do que nunca de árvores

Megacidades como Paris e Londres têm projetos ambiciosos para se tornarem mais verdes. Algo indispensável, segundo ecologistas, para frear os efeitos das mudanças climáticas nas cada vez mais populosas áreas urbanas.

Não muito tempo atrás, muita gente não tinha certeza se as árvores deveriam ter um lugar nas cidades. Pedestres, carros, casas e prédios compunham áreas urbanas – não havia muito espaço para a natureza.

Mas as árvores agora têm um lugar fundamental em muitas grandes cidades do mundo, diz Sonja Dümpelmann, historiadora da paisagem da Universidade da Pensilvânia – mesmo que, na maioria delas, ainda estejam lutando por espaço.

Para colher os benefícios das paisagens urbanas, ecologistas dizem que é fundamental que as árvores sejam vistas como mais do que uma mera adição estética às cidades. Isso é especialmente verdade agora que metade da população mundial vive em espaços urbanos – até 2050, estima-se que outras 2,5 bilhões de pessoas se mudarão para cidades.

Árvores são chave quando se trata de regular os microclimas, filtrando a poluição do ar, fornecendo sombra, absorvendo CO2, ajudando a evitar inundações repentinas. Além disso, atuam como um antídoto importante para o efeito de ilha de calor urbana, que torna as cidades muito mais quentes do que as áreas rurais vizinhas.

“As árvores podem fazer uma enorme diferença na temperatura de uma cidade”, diz Tobi Morakinyo, climatologista urbano que pesquisa o efeito de resfriamento de árvores em Akure, sudoeste da Nigéria. Segundo ele, o uso de árvores para gerar sombra em edifícios pode resfriá-los em até 5°C.

Em cidades quentes da África subsaariana como Akure, onde as temperaturas médias máximas de verão podem chegar a 38°C, esse efeito de resfriamento é uma ferramenta importante. Segundo Morakinyo, as cidades podem empregar árvores tanto contra o estresse térmico quanto contra os custos de resfriamento.

“Além dos serviços ecológicos que as árvores urbanas proporcionam, há também as qualidades que não podemos colocar em valor monetário”, acrescenta Cris Brack, ecologista florestal da Universidade Nacional Australiana e diretor do Arboretum Nacional em Camberra. “São a biodiversidade, a estética e nossa necessidade visceral de experimentar a natureza”, completa Brack, referindo-se ao conceito de ‘biofilia’ – a ideia de que os seres humanos têm um desejo inato de se conectar com a natureza.

Evidências sugerem que habitantes de regiões com mais árvores experimentam níveis mais baixos de estresse e doenças mentais.

Luta contra o cimento

A necessidade de árvores nas cidades é cada vez maior, mas elas frequentemente lutam contra ambientes urbanos opressivos. Abaixo do solo suas raízes podem ser sufocadas por tubos de água, estradas e estacionamentos subterrâneos, e acima pela poluição, linhas de energia e tráfego. Árvores também enfrentam danos causados por carros, condições climáticas cada vez mais extremas e remoções para dar lugar a canteiros de obras.

Talvez o desafio moderno mais duro para as árvores da cidade, diz Somidh Saha, ecologista florestal urbana do Instituto de Tecnologia de Karlsruhe, na Alemanha, seja a estiagem. Após a onda de calor sem precedentes na Europa em 2018, um estudo coassinado por Saha constatou que 30% das árvores plantadas em Karlsruhe, no sudoeste da Alemanha, nos quatro anos anteriores haviam morrido – tanto direta quanto indiretamente por falta de água.

“Sem água suficiente, as árvores se tornam fracas e isso as torna vulneráveis a doenças”, diz Saha. Ao mesmo tempo, o declínio das populações urbanas de aves e mamíferos arborícolas, como morcegos, deixa as populações de insetos sem controle, e as árvores locais mais vulneráveis.

Projetos em megacidades

Projetos ecológicos ambiciosos surgiram em várias megacidades ao redor do mundo nos últimos anos – Nova York plantou um milhão de árvores entre 2007 e 2015; o prefeito de Londres, Sadiq Khan, espera tornar verde mais da metade da capital até 2050; Paris, por sua vez, anunciou que construirá quatro florestas urbanas ao longo de 2020.

Mas fora da Europa, em lugares como a Índia e a Nigéria, onde faltam recursos e vontade política para tornar o verde urbano uma prioridade, as árvores nas cidades são muito mais escassas.

Como a mudança climática traz temperaturas mais quentes e chuvas mais imprevisíveis, as cidades estão exigindo um novo tipo de resiliência das árvores urbanas. Para muitas cidades do mundo, os ecologistas dizem que isso significa plantar espécies mais exóticas.

A ideia, porém, encontra bastante resistência. Os ecologistas Brack e Saha argumentam, no entanto, que espécies alternativas geralmente se adaptam melhor ao ambiente artificial de uma cidade – especialmente diante do aumento das ondas de calor. O bordo de três dentes, nativo da China, Coreia e Japão, é uma espécie que poderia aparecer em maior número em outras partes do mundo à medida que a temperatura global aumenta.

Há também uma distinção importante a ser feita entre árvores “exóticas”, o que significa apenas que não são locais, e as “invasivas”, que são prejudiciais, espalhando-se muito rapidamente e dominando o meio ambiente.

Quanto à vida selvagem local, estudos contínuos estão sendo realizados em lugares como Canberra, onde quase todas as espécies de árvores da cidade são exóticas. Ali, os pássaros comem com prazer frutas de plantas não nativas, e os mamíferos encontram casas onde quer que haja um buraco apropriado.

Empenho cidadão

Uma solução para preservar as árvores urbanas que tem crescido em popularidade nos últimos anos é o envolvimento dos moradores. O programa de poda de Nova York permite que os habitantes da cidade tenham aulas para se tornarem cuidadores oficiais das árvores, e Berlim – um lugar que normalmente tem excluído os cidadãos de cuidar da flora urbana – está agora permitindo que os residentes solicitem licenças para manter canteiros e propôs que eles reguem árvores no verão.

O envolvimento dos cidadãos tem seus prós e contras, diz Dümpelmann, e estes tipos de programas podem ou não ser eficazes dependendo da cultura local. Mas até mesmo regar árvores sozinho “demonstrou ser um esforço de manutenção realmente relevante”, comenta.

Embora o plantio de árvores em espaços urbanos seja uma forma eficaz e bastante eficiente de adaptação às mudanças climáticas, Dümpelmann enfatiza que não é uma solução holística. “É algo em que devemos trabalhar ao mesmo tempo em que abordamos as causas fundamentais da mudança climática”, diz.

Além de usar as árvores como ferramenta de geoengenharia, ecologistas urbanos ressaltam que mais árvores nas cidades poderiam mudar as perspectivas da vida urbana e dar às pessoas uma maior compreensão de como valorizar a natureza como parte de uma cidade sustentável e habitável – não separada dela.

Isso significa ver as árvores como seres vivos, em crescimento, diz Brack, não paradas no tempo, ou imunes aos estresses da vida em ambientes urbanos.

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*Fonte: DW

The Commitments – Trailer

O diretor de cinema Alan Parker faleceu há alguns poucos dias e me esqueci de mencionar que ele também dirigiu esse que é um dos melhores filmes de música para mim – “The Commitments” (1991). É que o Pink Floyd The Wall é uma obra tão emblemática, que toma conta de seu currículo.
Mas mesmo assim, confiram abaixo o trailer do filme, não quero entregar nenhum spoiler, então fica por isso. De qualquer forma, para mim é um filme incrível e a trilha sonora também. Fica a dica.

A triste geração que se estressa e se frustra por tudo

“Me deixa! Estou estressado!” A geração que se estressa e se frustra por tudo. Que se consideram eternamente infelizes. O que buscam esses meninos? O que lhes prometeram? Que o importante é ser feliz? Que ele pode ser o que quiser, no lugar que quiser? Que se cursar a faculdade X vai se realizar, que se estudar na escola Y vai passar direto e depois é só correr para o abraço?

Jovens que vão aos consultórios com demandas frágeis e de muito sofrimento. A dor da falta do não faltar. Sensação de não pertencimento, de estar perdido, de não saber o que quer da vida, nem saber se quer alguma coisa. Geração de poucos adjetivos.

O show das três bandas foi TOP, a viagem à Disney foi LEGAL. O aniversário no buffet foi NORMAL. O casamento da melhor amiga foi CHATO. E se sentem frustrados, mas não identificam o que lhes falta.

Choram pelo golfinho ferido, mas não tiram seu prato da mesa do shopping.

Colaborar em casa é “favor”, arcar com despesas? Nem pensar! Participar de tarefas, seja para fazer compras no supermercado, alimentar os dogs, ir ao banco, cartório, farmácia… tudo é postergado, é exaustivo.

Geração das polpas de frutas, não descasca laranja, não chupa caroço de manga. Vive de sonhos áureos, mas não quer pisar no chão quente para alcançá-los.

Começar a trabalhar sem muito ganhar, nem pensar. Quem marca suas consultas, médicos, dentistas?

Não visita avós, não sai de seus quartos vivendo no mundo irreal do Instagram. Aponta defeitos com comentários maldosos nas redes sociais. Não elogia. Acredita que todos exigem muito deles. Não oferecem seus préstimos. Reclamam do mínimo obstáculo. Culpam os pais por “forçarem a barra”.

Na escola, solucionaram problemas matemáticos em turmas avançadas e não conseguem solucionar problemas reais como tirar segunda via de boletos, ir à repartição pública e lidar com burocracias…

Querem respostas rápidas, fáceis e ficam aborrecidos sempre, mesmo quando essa resposta vem. Entediam-se. Trocam de escola, de curso, de emprego, de parceiros, de amigos, nada e nem ninguém os compreende. Nada os preenche.

Culpam o sistema, a família, o amigo difícil, o porteiro chato, a coordenadora do curso, a lei, o chefe que exige. Reclamam do almoço, de não ter roupa pra sair, de não ter dinheiro. Passam o dia no ar-condicionado, consumindo o salário dos pais.

Andam de carro, uber, táxi… Não lavam suas cuecas, nem suas calcinhas. Não buscam conhecimento. Nem espiritualidade.

Não se encantam com decorações natalinas, nem com um ipê florido no meio da avenida. Reivindicam direitos de expressão e não oferecem nada em troca. Nenhuma atitude.

Consideram-se vítima dos pais. Julgam.

Juízes duros! Impiedosos! Condenam.

Choram pelo cachorro maltratado e desejam que o homem seja esquartejado.

Compaixão duvidosa.

Amorosidade mínima.

“Preciso disso! Tem que ser aquilo!” E haja insatisfação! Infelicidade. Descontentamento. Adoecimento. Depressão. Suicídio…

Geração estragada. Inconformada. Presa em suas desculpas. Acomodada em suas gaiolas de ouro.

Inertes, não assumem a responsabilidade de viver, de se mexer, de traçar seu caminho, de enfrentar o que está fora da caverna de Platão.

Postam sorrisos, praias paradisíacas, mas não se banham no mar curador. Limpam o lixo na praia com os amigos e não arrumam a própria cama. Em casa, estampam tristeza, sofrimento, dor… a dor de ter que crescer sem fazer por onde… merecer.”

*Por Cristiane Soares Galdino

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*Fonte:  seuamigoguru