Dia: 21 de setembro, 2020
Ser feliz talvez fosse isso: realizar-se dentro do possível, comemorar cada degrau subido, e perdoar o que não foi vivido
Parou na frente do espelho e enxergou a vida inteira até aquele momento. O rímel borrado abaixo dos olhos não ocultava o brilho no olhar. Havia luz, alegria, satisfação. Tinha acabado de encenar o ato final, e antes de remover toda a maquiagem, se permitiu abrir um sorriso e se curvar num gesto sincero de gratidão a si mesma.
Não tinha se tornado médica como a família tanto queria. Também não alcançara sucesso nos palcos como tanto desejou. Mas naquele momento, encerrada a peça que escrevera de próprio punho, percebeu que ser feliz talvez fosse isso: realizar-se dentro do possível, comemorar cada degrau subido, e perdoar o que não foi vivido.
Era uma mulher no meio da ponte. A distância que deixara atrás de si equivalia à distância que teria que percorrer dali pra frente. Nem tudo tinha sido fácil, nem tudo brilhava como desejava, a perfeição brincava de se esconder. Mas agora ela olhava para o espelho e reconhecia que diante das dóceis tragédias que enfrentara, das perdas, ganhos e pequenos arrependimentos, havia motivos para comemorar.
Havia chegado onde chegou do jeito que pôde chegar. E nunca tinha sido tão feliz como agora, equilibrando seus pratos na balança, intercalando a correnteza e o remanso dentro de si, aprendendo a lidar com os “nãos” de cada dia, ouvindo sua voz interior, perdoando as imperfeições da vida e confiando mais no que sua intuição dizia.
Prometera muito a si mesma. E muitas outras promessas foram feitas em seu nome, para que ela cumprisse o combinado quando chegasse a hora. Seguindo o script, não decepcionaria aqueles que ama, mas a perfeição cobraria seu preço. Seguindo seu coração, certamente desapontaria alguns, mas o ganho seria a pele que arrepia, o mergulho profundo sem medo de se estilhaçar, o brilho no olhar, a coragem de se buscar, a ousadia de ser verdadeira sem necessidade de se desculpar.
Ela se perdoava. Dentro de si havia a menina que foi obrigada a engolir o choro, algumas noites mal dormidas e dores pelo corpo de coisas mal resolvidas. Tudo isso ficara para trás, e por isso agora ela sorria para o espelho e agradecia.
Nem tudo tinha sido perfeito, ela sabia. Porém, mesmo com todas as cicatrizes e fissuras, não desejava voltar ao tempo da inocência. Havia descoberto as delícias de ser feliz sem se culpar por isso, não se exigindo de forma sobre-humana em prol de uma perfeição que lhe poupava do risco, mas que também lhe roubava o riso.
Agora ela compreendia. A vida não era o roteiro que ela havia programado, rascunhado e passado a limpo. A vida era, principalmente, o que ficava fora da linha, além dos parágrafos, entre vírgulas e reticências. Era o que acontecia no susto, na surpresa, naquilo que a deixava indefesa. Era o que ficava por dizer, o que a surpreendia distraída, o que embaçava seu olhar e permanecia nas entrelinhas do dia a dia.
Num gesto simbólico, abandonou relógios e calendários. Tinha nascido poesia, mas aos poucos ganhara rigidez e agonia. Agora fazia as pazes com a alegria, não aquela misturada à euforia, mas sim com a graça amistosa e quase serena que agora lhe fazia companhia. Sorria de si para si, e aceitava as pequenas rugas que começavam a se juntar ao redor de seu olhar. Era uma mulher no meio da ponte. Sabia que a vida lhe reservava presentes inesperados pelo caminho, e dessa vez não iria se sentir endividada por aceitar. A vida não estava aí para ser suportada, e sim abraçada e enfrentada…
*Por Fabiola Simões
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*Fonte: asomadetodosafetos
Avião inspirado na guitarra Flying V pode revolucionar mercado da aviação
A Flying V pode revolucionar o mercado da aviação. Não, você não leu errado! Na Holanda, a companhia aérea KLM e a Universidade de Tecnologia de Delft estão desenvolvendo um avião inspirado no modelo de guitarra da Gibson – e que traz até o mesmo nome.
Ainda não há previsão para o lançamento do modelo padrão, mas as testagens já descartaram quaisquer problemas com a decolagem – um receio que os pesquisadores tinham anteriormente.
“Uma de nossas preocupações era que a aeronave pudesse ter alguma dificuldade para decolar, já que cálculos anteriores haviam mostrado que a ‘rotação’ poderia ser um problema. A equipe otimizou o modelo de voo em escala para evitar o problema, mas só teremos certeza de tudo após um voo de teste”, disse Roelof Vos, professor assistente da faculdade de engenharia aeroespacial da Universidade de Tecnologia de Delft, em comunicado publicado pelo site da ‘CNN’.
O grande trunfo do avião Flying V é reduzir o consumo de combustível em 20% em comparação aos outros modelos de aeronave. A mudança no desenho faz com que as cabines de passageiros, áreas de carga e tanques de combustível fiquem nas asas.
Dessa forma, economiza-se combustível – o que pode baratear os custos de se viajar de avião -, além de reforçar a sustentabilidade. Todos saem ganhando. E no maior estilo da Flying V!
*Por Igor Miranda
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*Fonte: guitarload