A tecnologia tem dificultado o nosso processo de memorização?

Pense na seguinte situação: você está pronto para sair de casa rumo a um compromisso muito importante, pessoal ou profissional, tanto faz. Quando você chega ao seu carro, tem uma perturbadora sensação de que está esquecendo algo ou de que não fez alguma coisa que deveria fazer antes de sair, mas não sabe exatamente o que era.

Com certeza muitos já viveram essa experiência ao menos uma vez na vida. Mas você já parou para pensar o que motiva esses episódios? É realmente normal esquecermos de algo, ou será que existe alguma coisa que possamos fazer para ter uma memória um pouco melhor?

Antes de tudo, precisamos entender como nosso cérebro funciona. “Nós, seres humanos, temos um cérebro que age como priori pela sobrevivência e recompensa. Armazenamos memórias com base na emoção para que possamos melhor sobreviver e evoluir. Por essa razão, os traumas jamais são esquecidos, no mínimo, eles ficam em nosso inconsciente na região mais primitiva do cérebro”, explica o neurocientista e psicólogo Fabiano de Abreu em entrevista exclusiva ao site Aventuras.

Fabiano autor do estudoTécnicas para uma melhor memorização: Levando em consideração as nuances da personalidade, explica que o nosso cérebro usa muita energia e, com isso, é normal que ele “economize” essa energia para usar com memórias mais importantes e coisas essenciais.

“Temos duas questões para o nosso cérebro: uma é a busca da recompensa, o outro é a sobrevivência. Ambos os fatores determinam que a emoção seja crucial para o armazenamento de algo que nosso organismo tem como determinado em nosso DNA, a memória”.

“Se não tivéssemos a memória, não saberíamos o que é bom, certo, ruim ou errado, para nossa sobrevivência”, diz o neurocientista. “O processo evolutivo também faz parte de uma melhor sobrevivência. E a ansiedade é a pulsão para suprir essas pendências. Nosso cérebro opta por algo mais útil para poupar energia e a ansiedade é o gatilho de cobrança”.

Mas como a nossa rotina influencia na capacidade de memorização?

Com a tecnologia tornando nosso cotidiano ‘mais fácil’, nosso cérebro acaba ficando mais “preguiçoso” — termo esse usado por Abreu para explicar que, de forma instintiva, nosso cérebro acaba criando um descanso para a memorização.

Para o psicólogo, diversos hábitos — ou melhor, a falta deles —, contribuem com isso. É o caso da leitura, um dos fatores cruciais no processo de evolução da inteligência a partir do Império Romano.

“O sedentarismo, os alimentos industrializados, as drogas, hábitos alimentares com alimentos que não favorecem a memorização, a televisão, o vício na dopamina que pede conquistas mais imediatas causando além de disfunções, desperdício do tempo que poderia ser utilizado para aprofundarmos mais nos conteúdos”, também são, para o neurocientista, fatores que ajudam nesse esquecimento repentino.

Porém, apresar de parecer algo que tem se tornando cada vez mais universal, a dificuldade para memorização se dá, muito mais, em países como uma educação de pior qualidade. Uma das explicações para isso não é somente a falta de recursos ou até mesmo a de tempo, mas sim como as pessoas aproveitam determinada tecnologia.

No caso da internet, por exemplo, Fabiano diz que pessoas que vivem em países com uma qualidade de educação menor, tendem a usar a internet de maneira “vulgar”, ou seja, consumindo conteúdos que não levam ao conhecimento, diferentes daqueles que as usam para aprofundar seu aprendizado.

“Países com pior nível educacional e cultural para o conhecimento, tendem a usar mais as mídias sociais, sem informações úteis, com mais imagens e menos texto”, explica. “Uma coisa é usar a internet para uma ampla leitura, reforçando as sinapses em algo que traga conhecimento, que traga algo novo e útil. Outra coisa é ficar entrando na rede social para ver nada, ver coisas que não agregam ou se aborrecer com publicações que o afetam e levam ao estresse”.

“Quantas vezes já pegou no celular hoje para entrar na rede social e não fazer nada?”, questiona. Fabiano explica que muitas pessoas usam celulares ou computadores só pelo fato de terem que entrar nas redes sociais, mesmo que aquilo não contribua em nada para aquele momento.

Quanto a isso, ele diz que há uma explicação e faz um alerta: “Cada like e follow recebido é compensado pela dopamina que é viciante e estimula a ansiedade para que possa ter mais recompensas, tornando-se um ciclo vicioso. Isso afeta os neurotransmissores que resultam na falta de atenção, na fadiga e na incapacidade do processo linear de memorização”.

Porém, apesar de todos esses contras, não devemos demonizar a tecnologia e a internet, e sim saber aproveitá-las da melhor maneira possível. Para isso, Abreu dá algumas dicas de como promover e incentivar a cultura do conhecimento e aprendizagem entre os jovens.

O primeiro passo, explica, é determinar o que os filhos vão ver na internet e o tempo de consumo. “Crianças precisam ter atividades lúdicas que promovam a psicomotricidade para o desenvolvimento cognitivo. Buscar maneiras e ferramentas para o conhecimento com recompensas que incentivem este estilo de educação”.

Além do mais, também é necessário ser exemplo para eles. “A cultura também se faz na observação e na cópia, se os pais leem, se os pais têm hábitos que sirvam de exemplo, os filhos tendem a copiá-los. Há técnicas para os filhos com déficit de atenção possam praticar para uma melhor memorização. Estes devem utilizá-las e os pais devem dedicar mais tempo aos filhos”, conclui o neurocientista.

*Por Fabio Previdelli

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*Fonte: aventuranahistoria

Valeu Keith

Estou chegando quase ao fim de mais uma leitura de biografia, o livro aqui em questão é “Vida” – do Keith Richards. Quem me conhece sabe que tenho dezenas de biografias já lidas em minha estante (não é para me gabar), gosto muito ler esses livros, servem muito bem para construirem uma aura maior da compreensão do do trabalho desses artistas. Assim se você já conhece a banda, suas músicas, seus trabalhos e tal, passa a ficar ainda mais por dentro de outros detalhes desse universo. Só que aí tem um detalhe curioso. É que quando curto muito um livro eu tenho um procedimento todo particular, começo a auto-sabotar a minha leitura. A medida que ela vai chegando perto do fim, vou me demorando mais apara encerrar. Imagino que seja justamente um mecanismo de querer prolongar o inevitável fim, que já está logo ali adiante, justamente quando a leitura está cada vez melhor e mais interessante. No inicio, essas bios são um pouco chatas, ainda mais na fase de quando ainda criança dos artistas e tal. Então essas páginas finais levam muito mais tempo do que o necessário para serem lidas, quando o assunto é realmente mais quente…. huahaua. Uma grande bobagem isso e assim que acontece algumas vezes comigo. Um grande indicativo de que o livro é para mim muito bom. Sei lá como, tenho esse procedimento já há muitos anos. Vou embromando para prolongar, serve Tipo um selo de aprovação. Não acontece com todos os livros, somente com alguns poucos, mas acontece. Tenho um grande apreço por biografias, ainda mais quando for ligada ao universo musical.

Dito isso, então na verdade verdade agora (nesse momento) ainda me restam algumas poucas páginas, um último capítulo para o derradeiro fim. E já estou embromando. Depois daí é fechar o livro e fazer uma breve releitura mental dos fatos que julguei mais interessantes, importantes ou que me chamaram bastante a atenção. Já fico pensando qual fato/história é que vou contar especificamente para essa ou aquela pessoa, geralmente alguém próximo, para quem eu acredito que isso venha fazer algum sentido, temperar ou iniciar alguma nova conversa que já tivemos, acrescentar algum fato novo. Afinal, biografias tratam da vida de pessoas importantes (ou não – dependendo do ponto de vita), mas que de qualquer forma, são seres humanos igual a nós, com todas suas falhas, fraquezas, méritos e acertos (não necessariamente nessa ordem).

Tudo isso para dizer que essa bio do Richards, que foi lançada em 2010, me lembro bem do alvoroço que foi na época, todos os meus amigos rockers queriam ler (e muitos leram de fato), me contaram uma coisinha aqui e ali. A maioria curtiu muito. Mas como eu não tenho pressa, prefiri deixar para ler mais tarde. Não era para tanto tempo assim, mas nesse meio do caminho, outros livros me chamaram mais a atenção e me aguçaram o sentido de urgência. E já disse que tenho sempre algum livro para ser lido, comprei ele no final daquele ano e guardei na estante – junto dos demais não lidos. Deixei quieto ali, como um bom vinho e agora, dez anos depois, resolvi que era chegado a hora de lê-lo, justamente nesse período de final de ano.

Vou resumir toda essa conversa da seguinte forma, é sem dúvida uma excelente bio, talvez não seja a melhor que já li, tenho outras 3 ou 4 mais impactantes em minha lista TOP 10, mas é sem dúvida sensacional. Valeu a pena deixar quieto. Óbvio que me deu uma grande ampliada no conhecimento do que se trata a história da banda dos Rolling Stones, claro, sob a perspectiva do Keith. Ah! E também de sua carreira solo com os X-pensive Winos (banda que curto muito). Já vi a bio do Mick Jagger inúmeras vezes em livrarias para vender, só que nunca tive vontade de ler. Stones para mim, sempre foi uma questão mais Keith do que Jagger, saca!?

Mas acima de tudo, inúmeros foram os trechos em que me fizeram parar e pensar sobre diversos aspectos da vida. E não! Não sou nenhum pretenso astro do rock e nem jamais minha vida foi ou é sequer de longe, parecida com a dele. Preciso deixar claro isso! Justamente por essa inusitada conexão como um mero fan de seu trabalho, digamos assim, me sinto grato por essa leitura. Vários de seus apontamentos e reflexões me fizeram pensar sobre a vida – quem diria hein(!?), logo o Keith Richards é que me faria isso e não um Eric Clapton, Jimi Hendrix, Jim Morrison ou então David Bowie (a bio recente que li). Entendo que apesar dos vários anos desse livro encostado na estante, foram mesmo na hora certa esses seus recados.

Mais uma vez vez, muito obrigado Keith. E se não são as suas músicas, riffs e acordes encantadores, agora também suas palavras me jogam um tanto mais de luz, seja com o seu senso de humor, trapalhadas, entreveros, raiva, paixão ou verdades no modo como enfrenta as suas inúmeras questões.

Gracias!
banjomanbold