Dia: 3 de março, 2021
Envenenamento de cães e gatos: como proceder em caso de intoxicação
Acidentes acontecem. Não é raro um animal doméstico, cão, gato, etc ingerir um produto que possa causar-lhes danos, às vezes irreversíveis. O que fazer em casos de envenenamento e intoxicação?
O ideal é sempre prevenir, pois são inúmeros os produtos de uso doméstico que são tóxicos para seu pet.
Entre os mais comuns estão: bebidas alcoólicas, amônia, água sanitária, chocolates, detergentes, fertilizante, lustra-móveis, medicamentos humanos, limpadores de forno, etc.
Apesar de todos os cuidados que temos em casa, há ainda os perigos externos e os casos de envenenamento devido ao uso irresponsável de raticidas.
O chumbinho é um dos raticidas mais conhecidos e usados no Brasil, apesar de ilegal, a falta de esclarecimento à população e a falta de fiscalização faz com que seu uso seja feito em larga escala com vários propósitos, infelizmente também por pessoas que não gostam de cães e gatos e até em casos de suicídio o chumbinho é famoso.
Outro veneno proibido, porém facilmente encontrado é o composto 1080 ou Monofluoracetato de sódio, não possui cheiro e nem sabor, é altamente solúvel em água e pode ser rapidamente absorvido pela pele. Em animais domésticos e no ser humano, este veneno age no sistema nervoso central, sistema respiratório e no coração. Em no máximo 30 minutos é absorvido pelo organismo e provoca convulsões, coma e morte.
Sintomas de intoxicação por veneno
De forma geral, os sintomas mais comuns nas intoxicações por venenos em cães e gatos são:
Quadros convulsivos;
Apatia: o animal não responde a estímulos e há mudança brusca do comportamento normal;
Salivação excessiva, misturada ou não com vômitos;
Podem ocorrer fortes tremores musculares ou fraqueza, o animal pode não conseguir ficar de pé;
Pode apresentar sangue na urina e ou diarreia.
SOS animal: como proceder nesses casos
Saber o que fazer pode fazer toda a diferença entre a vida e a morte de um animal. Envenenamentos são emergências e, nesses casos, o ideal é procurar imediatamente um médico veterinário, se possível leve junto o rótulo da substância ingerida.
Apesar de existir várias fontes, na internet, que apresentam receitas caseiras e antídotos para o envenenamento, é importante citar que na maior parte dos casos, não existe antídoto específico, e o tratamento é feito com base nos sinais clínicos que o animal está apresentando.
É muito comum acreditar que fazer o bichinho vomitar o que ingeriu o fará melhorar. Isso não é verdade e pode ser muito perigoso – o vômito só ajuda em determinadas situações, em outras, piora o quadro. Por exemplo, em envenenamentos por substâncias cáusticas que são extremamente irritantes às vias aéreas, boca e esôfago e causam queimaduras químicas, se esse tipo de substância for ingerida e depois vomitada, ela causará queimaduras químicas em todo esôfago e boca do animal.
Portanto, induzir o vômito por meio de substâncias como água oxigenada ou água morna com sal pode piorar o quadro de intoxicação quando não se sabe a causa do envenenamento.
O uso do leite também é vetado, pois além de não ser recomendado para cães e gatos, apresenta um pH neutro, bem mais alto que o do estômago, o que faz com que o leite atue como neutralizante apenas se o veneno tiver caráter ácido. Caso contrário, se o veneno for de caráter básico, o leite pode potencializar a ação da substância tóxica fazendo com que ela seja absorvida mais rapidamente ainda.
Ganhe tempo
Para retardar a ação da substância tóxica e ganhar tempo para levar o animal ao veterinário, é recomendado o uso do carvão ativado em cápsulas – facilmente encontrado em farmácias, ele age como substância adsorvente.
Ao ser ingerido ele liga-se ao veneno no estômago e impede a sua absorção e ação.
Deve-se dar o carvão logo, até 30 minutos após o envenenamento, pois com o tempo a substância vai sendo absorvida para a corrente sanguínea, e aí o carvão já não faz mais o efeito desejado.
Outra forma de retardar o efeito do veneno é o uso de uma colher de mel, que funcionará como protetor gástrico.
Deve-se lembrar que tanto o mel quanto a cápsula de carvão devem ser ministrados com o animal totalmente consciente, para que não haja o risco de afogamento ou falsa via.
Denuncie
Caso ocorra um envenenamento doloso com o seu pet ou algum animal próximo, peça um laudo ao médico veterinário, registre um Boletim de Ocorrência na Delegacia de Polícia, DENUNCIE, pois, além de ser crime de maus-tratos contra os animais, a comercialização clandestina de raticidas é crime com penalidades previstas em lei.
Lembre-se que envenenamentos são casos de emergência e o tempo é crucial nesses momentos, quanto mais cedo o animal for socorrido maiores serão as chances de sobrevivência.
*Por Daia Florios
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*Fonte: greenme
O que o medo está tentando nos dizer
Abrir mão de uma busca neurótica por segurança é um passo necessário para apreciar a vista. Viver é correr riscos e chegar perto da margem. Com medo e apesar do medo. Nessas horas, me sinto a mais corajosa das covardes.
Dizem que a melhor maneira de superar o medo de altura é se aproximar de um precipício. É se permitir ficar ali, na beirada, naquele terreno desconhecido a um passo da completa aniquilação, onde todo o seu ser parece estar sob ameaça. Não para que a pessoa torture a si mesma e sofra deliberadamente, numa espécie de jogo sádico intencional. Mas para que ela se familiarize com o medo e faça as pazes com ele, de maneira aberta e honesta, sem tentar fugir da situação. Dizem que só assim, aceitando o medo, é possível, de fato, ter coragem.
Eu tenho pensado muito nisso, na origem do medo. De como ele surge e se cristaliza em algum subsolo da nossa psique, de onde passa a nos influenciar e moldar nossas ações com base em experiências que há muito tempo ficaram pra trás. De como, sem perceber, deixamos que esse mecanismo se aposse das nossas vidas. E de como – e se – é possível ir além dele e chegar à outra margem.
Acho que todo medo é o medo da aniquilação total, da morte pura e simples. Do não existir. Temos medo porque queremos nos preservar de alguma ameaça incompreensível, alguma coisa que, real ou não, pode nos machucar ou nos destruir, mesmo que não entendamos muito bem o que seja.
Sei disso porque tenho muitos medos e, em maior ou menor grau, todos eles me fazem sentir a mesma coisa.
Vou te contar uma informação pessoal que até então só a minha terapeuta sabia: eu tenho pavor de intimidade. Um medo danado da sensação de que estão me conhecendo a fundo e sabendo coisas sobre mim. É uma sensação tão maluca que acabo me esquivando de contatos mais profundos com as pessoas porque não quero que elas “me vejam”.
Conversando com minha terapeuta, percebi que tudo não passa do medo de ser rejeitada. Se as pessoas não me conhecem direito, se não podem se aproximar, então também não podem se afastar e concretizar aquilo que eu mais abomino: a sensação de não ser querida. A negação à intimidade é, na verdade, um escudo para não sofrer a dor da perda do afeto. E contanto isso a vocês, estou fazendo a coisa que mais abomino: estou expondo um detalhe íntimo a meu respeito, o que é profundamente incômodo.
Reflexão
Mas só assim eu consigo me aproximar de uma dimensão da vida a qual sempre me nego: a vulnerabilidade. Só assim eu consigo desafiar um pouco o medo e me abrir, ainda que bem timidamente, para o desconhecido da experiência que mais me assusta – a de criar laços com outro ser humano. Não que entre nós vá surgir qualquer relação duradoura, não é isso. Mas ao mesmo tempo, é apenas quando nos permitimos ser vulneráveis que laços verdadeiros são criados. A intimidade anda de mãos dadas com a vulnerabilidade e estar confortável com isso é um grande ato de coragem.
Quando reconhecemos e aceitamos nossa vulnerabilidade, aceitamos também que podemos – e que irremediavelmente vamos, em algum momento – ser feridos. E quando somos feridos, encaramos a verdade inalienável de que não somos indestrutíveis. De que algo pode nos cortar em pedaços – metafórica e literalmente. De que vamos, algum dia, deixar de existir.
É isso. Temos medo porque queremos nos preservar da incerteza da vida, como a incerteza de saber se seremos amados ou não. Porque a incerteza é um lembrete de que não podemos controlar as circunstâncias, não sabemos o que vem a seguir. Então tentamos impedir a todo custo qualquer situação desagradável que perturbe a aparente proteção da nossa condição atual.
Sempre é hora de perceber
O que não percebemos na maioria das vezes – e que eu demorei 28 anos para perceber – é que nenhuma dessas estratégias de autoproteção efetivamente funciona. Nunca estamos plenamente protegidos. Continuamos atraindo as mesmas experiências que despertam os mesmos gatilhos emocionais do pavor, como se a vida tentasse esfregar na nossa cara que não é possível passar por ela ileso, que você vai se arranhar se quiser contar alguma história. Do contrário, se está morto.
Não estou dizendo que é preciso provocar situações perigosas para provar a própria coragem, longe disso. O senso de autopreservação é quase sempre benéfico. O medo é muito útil quando nos faz, por exemplo, usar o cinto de segurança ou dirigir mais devagar; quando faz com que nos afastemos de uma situação de abuso ou quando nos põe em alerta ao vermos um uma cobra, um precipício, etc. Eu mesma evito esportes radicais por isso: morro de medo de quebrar uma perna, o pescoço, a coluna…
Não corra do urso
No entanto, esse mesmo senso de autopreservação é que pode ser o causador da nossa ruína. Um exemplo disso é o que acontece quando seres humanos se encontram com ursos. A reação instintiva de qualquer pessoa seria correr para se afastar do animal, mas é esse, ironicamente, o primeiro comportamento que estimularia um ataque. Outro exemplo é o meu pavor de intimidade: evito a possibilidade da decepção a todo custo, mas, ao mesmo tempo, me privo de viver a plenitude dos afetos.
Depois de muito refletir e falar sobre esse assunto com a minha terapeuta, acho que estou aceitando que, mesmo nas situações em que o medo é baseado numa ameaça real, vale a pena se aproximar dele. Vale a pena se familiarizar com esse amigo superprotetor e cheio de artifícios. Se permitir conversar com ele a respeito do que ele quer tanto me proteger.
Então, às vezes, me permito ousar
Quando me sinto à vontade, gosto de convidar meus medos para se sentarem comigo. Às vezes passeamos a beira de um precipício, às vezes preferimos só observar de longe – mas juntos e conscientes de tudo o que está acontecendo, da altura da queda ao escuro lá embaixo – a ameaça de destruição sempre presente… E nessas horas mágicas de uma presença integral, eu tenho um lampejo raro de compreensão e vejo que é impossível estar completamente protegido.
Que as incertezas nem sempre são uma ameaça, que abrir mão de uma busca neurótica por segurança é um passo necessário para apreciar a vista. E ainda, que viver é correr riscos e chegar perto da margem. Com medo e apesar do medo. Nessas horas, me sinto a mais corajosa das covardes.
*Por Alana Moura
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*Fonte: vidasimples
O lado obscuro das pessoas de grande caráter e autocontrole
Há alguns anos, 80 pessoas na França participaram de um jogo experimental no que parecia ser um programa-piloto de TV chamado La Zone Xtrême.
Inicialmente, os participantes foram informados apenas que seriam organizados em pares — um sendo o “interrogador” e o outro, o “concorrente”.
Mas assim que as luzes se acenderam e todas as regras foram explicadas, o rumo foi sombrio.
Os interrogadores foram informados de que teriam que punir os concorrentes com choques elétricos para cada resposta errada.
Também seria preciso aumentar a intensidade do castigo a cada erro, até chegar a 460 volts — mais do que o dobro da voltagem de uma tomada europeia.
Se a dupla passasse de 27 rodadas, venceria o jogo.
Cada concorrente foi então levado para uma sala trancada e amarrado em uma cadeira. Já o interrogador se sentou no centro do palco.
O jogo começou.
Como se tratava apenas de um programa-piloto, os participantes foram informados de que não haveria um prêmio em dinheiro ao fim.
Mesmo assim, a grande maioria dos interrogadores continuou aplicando choques, mesmo depois de ouvir gritos de dor vindos da sala.
Felizmente, os gritos eram apenas uma atuação — ninguém foi realmente eletrocutado.
Os interrogadores estavam participando, sem saber, de um experimento elaborado para explorar como vários traços de personalidade podem influenciar o comportamento moral.
Embora se pudesse esperar que os mais perversos fossem pessoas impulsivas e antissociais, ou pouco persistentes, cientistas franceses descobriram exatamente o oposto.
Os participantes que estavam dispostos a dar mais e maiores choques eram justamente aqueles associados a um comportamento cuidadoso, disciplinado e moral.
“Pessoas acostumadas a serem organizadas e dóceis, com boa integração social, têm mais dificuldade em desobedecer”, explica Laurent Bègue, psicólogo e pesquisador da Universidade de Grenoble-Alpes que analisou o comportamento dos participantes.
Essa descoberta se soma a uma série de estudos que já mostraram que pessoas com alto autocontrole e disciplina têm um lado obscuro surpreendente.
E este acúmulo de evidências pode nos ajudar a entender por que cidadãos exemplares às vezes se tornam tóxicos, e também a compreender comportamentos antiéticos em nossos locais de trabalho e além.
Superando impulsos
Capacidade de conter impulsos foi por muito tempo associada a um comportamento mais exemplar — mas um pesquisador de Israel propôs testar se era isso mesmo
Por décadas, o autocontrole foi visto como algo exclusivamente positivo e vantajoso.
Essa qualidade pode ser avaliada de várias maneiras, desde questionários que “medem” nosso nível de autodisciplina e organização até experimentos sobre força de vontade, como o famoso “teste do marshmallow”.
Nesses casos, pessoas com alto autocontrole apresentaram melhor desempenho na escola e no trabalho e adotaram estilos de vida mais saudáveis, pois eram menos propensas a comer demais ou a usar drogas, e mais propensas a praticar exercícios.
Pesquisas também descobriram que a capacidade de superar os impulsos mais básicos também significava fazia aqueles com maior autocontrole ter menos propensão a agir de forma agressiva ou criminal.
Assim, por muito tempo se acreditou que o autocontrole representa o caráter de alguém. Alguns estudiosos chegaram a comparar isto a um “músculo moral” que determinaria nossa capacidade de agir com ética.
Em meados da década de 2010, porém, Liad Uziel, da Universidade Bar-Ilan de Israel, começou a investigar a importância do contexto nas nossas decisões de autocontrole.
Uziel partiu da hipótese de que o autocontrole é apenas uma ferramenta para atingir objetivos, e que estes podem ser bons e ruins.
Em muitas situações, nossas normas sociais recompensam as pessoas que cooperam com outras, de modo que as pessoas com alto autocontrole seguem essa linha alegremente. Mas, se mudarmos essas normas sociais, então elas podem ser menos escrupulosas em suas relações com os outros, propôs o pesquisador.
E para testar a ideia Uziel recorreu a um experimento psicológico chamado “jogo do ditador”, no qual um participante recebe uma quantia em dinheiro e tem a oportunidade de compartilhá-la com um parceiro.
Graças às normas sociais de cooperação, as pessoas costumam ser muito generosas.
“Racionalmente, não há razão para dar ao segundo jogador qualquer quantia”, explica Uziel, “mas as pessoas geralmente dão cerca de um terço da verba para os outros.”
Só que os pesquisadores também descobriram que as pessoas com alto autocontrole só eram generosas se temessem ser julgadas por seu comportamento mesquinho, ao passo que, se suas ações fossem mantidas em sigilo, eram muito mais egoístas do que as pessoas consideradas tendo pouco autocontrole.
No experimento, uma vez que o medo do julgamento dos outros desapareceu, os “autocontrolados” escolheram seus próprios interesses em vez de ajudar os outros, ficando com quase todo o dinheiro.
Pessoas com autocontrole alto também parecem ter mais cuidado ao cometer um ato antissocial, evitando assim serem flagradas.
Na Universidade de Western Illinois, nos EUA, David Lane e seus colegas fizeram questionários sobre comportamentos desviantes e consequências de certas ações.
A equipe descobriu que pessoas com alto autocontrole tinham maior probabilidade de tentar escapar de penas por dirigir perigosamente e trapacear em testes, em comparação com pessoas com menos autocontrole.
Mais uma vez, as pessoas mais “autocontroladas” pareciam estar avaliando cuidadosamente as normas sociais, e aderindo a elas quando a transgressão pudesse ser mais prejudicial à sua reputação.
Máquinas de extermínio
Até agora, falamos de atos morais questionáveis. Mas dependendo do contexto, uma forte força de vontade pode contribuir também para atos de crueldade.
Em um estudo macabro, Thomas Denson, psicólogo da Universidade de Nova Gales do SUl, na Austrália, convidou participantes ao laboratório para… colocar insetos em um moedor de café.
Sem que os participantes soubessem, a “máquina de matar” foi construída para permitir que os insetos escapassem antes de serem mortos, mas o moedor ainda emitia um grunhido desconcertante conforme os insetos passavam pela máquina.
Foi dito que o objetivo era compreender melhor certas “interações entre humanos e animais” — uma justificativa que possivelmente tornou o ato mais socialmente aceitável para os participantes.
Para os participantes que demonstravam maior autocontrole, aumentou significativamente o número de insetos que eles estavam dispostos a matar.
Eles pareciam mais dispostos a atender ao pedido dos cientistas e tinham maior capacidade de superar qualquer sentimento de aversão à tarefa, tornando-os assassinos mais eficientes.
Os participantes do La Zone Xtrême mostraram um padrão de comportamento muito parecido, mas em escala bem maior.
Choques elétricos já foram usados diversas vezes em experimentos sobre a crueldade humana
O jogo francês foi inspirado nos polêmicos experimentos de Stanley Milgram na década de 1960 que testaram se os participantes estariam dispostos a torturar outra pessoa com choques elétricos em nome da ciência.
O experimento de Milgram foi conduzido para mostrar a obediência inabalável das pessoas à autoridade. Depois, os pesquisadores franceses quiseram saber que tipos de personalidades eram mais suscetíveis a ela.
Eles descobriram que aqueles com maior autocontrole estavam dispostos a descarregar cerca de 100 volts a mais em seus colegas — a ponto destes pararem de gritar, fingindo inconsciência ou morte.
Curiosamente, o desejo de agradar aos outros era outro traço de personalidade associado a esse comportamento insensível.
“Eles tendiam a eletrocutar mais a vítima, provavelmente para evitar um conflito desagradável com o apresentador de televisão”, disse Bègue.
“Queriam ser pessoas confiáveis e manter seu compromisso.”
Em seu artigo, a equipe de Bègue relaciona as descobertas com o estudo feito pela filósofa Hannah Arendt sobre o oficial nazista Adolf Eichmann.
Arendt cunhou o famoso termo “banalidade do mal” para descrever como as pessoas ordinárias, como Eichmann, podem cometer atos de grande crueldade.
E, de acordo com a pesquisa de Bègue, os traços que levam as pessoas a agirem de forma imoral podem ser não apenas ordinários, como desejáveis em várias situações.
Afinal, são pessoas em “conformidade” normalmente as melhores candidatas a empregos e a cônjuges.
Consequências no ambiente de trabalho
Funcionários exemplares podem às vezes ser os mesmos dispostos a ‘apunhalar pelas costas’
Bègue enfatiza que sua pesquisa precisa ser replicada antes que possamos tirar conclusões mais genéricas sobre a natureza humana.
Entretanto, é interessante especular se características como alto autocontrole podem prever o envolvimento de alguém em atos cotidianos imorais, de pequenos a grandes.
Para Lane, tudo dependeria da força das normas sociais. E há algumas evidências para apoiar isso: por exemplo, a evasão fiscal aumenta com o escrúpulo.
Enquanto isso, no ambiente de trabalho, funcionários exemplares também podem ser aqueles que roubam da empresa sob a ideia de que ninguém dará falta do dinheiro.
Uziel, por sua vez, suspeita que alguém com alto autocontrole tem mais probabilidade de agir impiedosamente quando a coesão do grupo começa a desmoronar, incluindo momentos em que seu próprio senso de poder ou autoridade é ameaçado, ou quando ela se sente em perigo.
Nessas condições, por exemplo, tais pessoas podem “apunhalar alguém pelas costas” buscando uma nova promoção; ou curvar-se diante de um chefe sem levar em conta como seu comportamento afetará os outros.
Assim, podemos começar a apreciar um pouco mais as pessoas ao nosso redor que são um pouco menos disciplinadas e obedientes do que as outras.
Elas podem nos decepcionar com sua falta de confiabilidade, mas pelo menos no jogo La Zone Xtrême seriam o tipo de pessoa que você gostaria de ter em seu caminho.
*Por David Robson
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*Fonte: bbc-brasil