Dia: 16 de abril, 2021
A incrível sociedade das pessoas cansadas
A obsessão em ter todas as horas do dia preenchidas, o absoluto controle sobre tudo e a conexão constante aumentam os níveis de estresse e ansiedade, e adoecem o corpo e a mente.
Mais do que conhecimento e preparo, a vida hoje exige velocidade. Para conciliar os vários papéis — profissional, pessoal, social e espiritual — mais do que rapidez, precisamos também de competência. Na verdade, a competência não basta, precisamos ter alta performance. Isto é: não basta abraçar todos os papeis, precisamos exercê-los com competência e rapidez e, ainda, subir mais um nível. E achamos esse apelo muito normal. Afinal, temos a tecnologia que facilita tudo.
Estamos conformados com o excesso de exigências. O estilo de viver acelerado é bem visto. Hoje, valoriza-se muito o individuo estressado e hiperativo. Há quem adore exibir a agenda cheia — é um indicador de carreira bem-sucedida. Há um prazer quase ostensivo na afirmação“não tenho tempo para nada”. Aquele que estabelece um horário para encerrar o expediente, é visto como pouco comprometido, profissional de segunda categoria.
É assim mesmo.
O filósofo sul-coreano, radicado na Alemanha, Byung-Chul Han — descreveu essa realidade na obra Sociedade do Cansaço — e explica que essa forma de viver não precisa mais da coerção externa, como o sistema capitalista que cobra e empurra para a aceleração. “Somos nós que exercemos pressão sobre nós mesmos”, explica. E é onde estamos hoje. Somos explorados — muitos não têm vida além da profissional — e achamos que estamos nos realizando.
Até aqui nada novo. A notícia é que está pior — e o filósofo Han já se deu conta e acrescentou o novo capítulo “a sociedade do esgotamento” ao livro. A competição — devido a escassez de trabalho no mundo — acrescida da pandemia, trouxeram para dentro de casa a era do trabalho. Os líderes — temerários no início, pois pensavam que seus colaboradores fugiriam ao controle e trabalhariam menos — estão satisfeitos. Além da redução de custos, notaram que a produtividade aumentou. Afinal, sem o tempo de deslocação entre casa e trabalho, trabalha-se mais horas a partir de casa.
Comemora-se?
E, claro, está tudo bem. Afinal, não são todos os trabalhos que são possíveis remotamente e os que não tiveram a sorte de entrar nessa categoria perderam os seus empregos. Como reclamar? A crença de que esse é o funcionamento normal está disseminada em todo o globo. Precisamos ser positivos, produtivos (competentes), empreendedores (pró-ativos), inovadores (criativos)… A romantização do trabalho árduo e a sensação do dever cumprido fazem o resto. Estamos completamente exaustos, no limite das forças, mas achamos que estamos no caminho certo.
O que ocorre é que o ritmo desse estilo de vida está nos adoecendo. Han parte da constatação de que vivemos na sociedade do esgotamento e do sofrimento psíquico. Todos os dias sofremos de uma espécie de “violência neuronal”. E essa é a grande denúncia de Han. Para ele, desde o século XX, no panorama patológico, estão as doenças neuronais, como depressão, Alzheimer, transtorno de deficit de atenção e hiperatividade, transtornos de personalidade (bipolaridade e borderline), anorexias, compulsões, Síndrome de Burnout (estado físico, emocional e mental de exaustão extrema).
Quem é o agressor?
O agente agressor somos nós mesmos. A causa da doença, a violência neuronal, é feita por nós e para nós. É uma autoagressão. A pessoa cobra-se cada vez mais para apresentar melhores resultados, torna-se, ela própria, vigilante e carrasca de suas ações. Explora-se a si mesma. E é por essa razão que há recordes históricos de depressão e ansiedade, transtornos de personalidade e doenças autoagressivas, como as compulsões e os transtornos alimentares. Na sociedade do desempenho todas as atividades humanas passam pelo filtro da eficiência, o que torna o homem hiperativo e hiperneurótico.
É claro que o estímulo e a ambição são importantes e têm o seu papel. O problema é o excesso. Quando eles ultrapassam os limites e passamos a nos comportar como hamsters que correm na roda. Trabalhamos arduamente, fazemos cursos de especialização, cuidamos do nosso espaço, levamos os nossos filhos para cursos disso e daquilo (eles também precisam ter alta performance) e, mesmo assim, não atingimos os objetivos. Apesar do cansaço extremo e da frustração, os resultados não aparecem. Então, achamos que não estamos nos empenhando o suficiente — a culpa é nossa — e redobramos os esforços para arrastar o fardo.
Porém, não vai adiantar porque o trabalho extenuante não é garantia de carreira bem-sucedida. É o contrário. Férias de 30 dias ou mesmo um ano sabático podem fazer muito mais pela sua carreira do que dedicação exclusiva e em tempo integral.
Mudanças lentas
Porém, nem tudo são más notícias. Há muitos que estão finalmente acordando desse pesadelo — e outras tantas estão tentando despertar os que ainda dormem. Um pouco por todo lado, sentimos os ventos da mudança. Nas livrarias já há muitos títulos que tentam desmontar esse mundo “perfeito” e de alta performance, com títulos como os benefícios do fracasso, da vulnerabilidade e da imperfeição.
Sem contar o relato de experiências de quem resolveu dar um basta e cortar radicalmente com esse estilo de vida. Alguns, antes de uma mudança real, decidiram “experimentar” sabáticos ou licenças temporárias. A parte os ensaios, muitos estão buscando outros caminhos. Há muitos que estão mudando das cidades grandes e estressantes para a calma das cidades pequenas. Outros tantos que não abrem mão da urbanidade, mudaram-se para sociedades mais humanizadas — infelizmente fora do Brasil.
Eu mesma sou um exemplo deste movimento. Sempre amei São Paulo, mas é uma cidade dura, veloz, excessiva. Sentia um cansaço permanente e antes que a cidade me engolisse, resolvi experimentar o ritmo de Lisboa. Lembro-me que nos primeiros meses fiquei em estado de encantamento, feliz com a minha escolha. Entre muitas novidades, achava o máximo que grande parte das lojas do meu bairro, Alvalade, fechava a hora do almoço. Pensava que isso, em São Paulo, seria impensável e sentia que eu realmente estava no lugar certo.
Mudança radical
É verdade que muitos não querem ou não podem fazer mudanças tão radicais. Mas um bom começo passa pela mudança interna. Olhe para a sua vida com olho crítico e reflita. A reflexão funciona como uma vacina e ajuda a assentarmos os pés na terra. O tédio, a solidão, a introspecção e a contemplação viraram os grandes vilões da vida acelerada. Eles não são. Traga-os para a sua vida. Assuma: hoje não vou fazer nada. Encerre o seu dia de trabalho uma hora mais cedo do que o habitual e use essa hora como um bônus para uma caminhada sem destino pelas ruas. Separe momentos do seu dia para refletir, pensar, abstrair. Dê-se tempo livre, reserve momentos para não fazer nada produtivo.
Comece com pequenos ensaios. Desligue-se do mundo de vez em quando. A obsessão em ter todas as horas do dia preenchidas, saber tudo o que acontece, ter o controle de tudo, aumentam os níveis de ansiedade, sobrecarregam a mente, adoecem o corpo e trazem um enorme cansaço para a vida. Descanse!
*Por Margot Cardoso
………………………………………………………………………………..
*Fonte: vidasimples
Pesquisador de vida extraterrestre não crê em outras civilizações pacíficas
Saber se estamos ou não sozinhos no universo é algo que intriga cientistas e impulsiona uma série de pesquisas. Porém, um pesquisador do Seti, sigla em inglês para Busca por Inteligência Extraterrestre, instituto fundado por Carl Sagan, não acredita que outras civilizações sejam inteligentes e pacíficas.
“Não temos motivos para acreditar que o avanço tecnológico e o altruísmo ou moralidade estejam de alguma forma ligados”, declarou Andrew Siemion, que atualmente é diretor do Seti. “Provavelmente existem civilizações malévolas em outras partes do universo, então isso certamente é algo que devemos considerar enquanto continuamos a explorar o universo”.
Siemion também é membro do projeto Breakthrough Listen, que é uma forma nossa de se mostrar um pouco malévolos, já que se trata de uma iniciativa para caçar alienígenas. Para ele, encontrar extraterrestres seria algo que mudaria a humanidade para sempre, mesmo que isso signifique que, possivelmente, não sairíamos desse encontro vivos como espécie.
Siemion não está sozinho
Andrew Siemion não é o único dentro do Seti que não acredita que civilizações extraterrestres que eventualmente visitassem a Terra não seriam necessariamente pacíficas. Recentemente, o físico Michio Kaku concedeu uma entrevista ao jornal britânico The Guardian e pediu cautela ao falarmos com quem divide o universo com a gente.
“Pessoalmente, acho que os alienígenas lá fora seriam amigáveis, mas não podemos apostar nisso. Acho que faremos contato, mas devemos fazê-lo com muito cuidado”, declarou Kaku.
Mas uma coisa une os dois especialistas, mesmo com o risco de que outras civilizações sejam possivelmente malévolas não os desencoraja a parar de mandar mensagens para o universo. Até porque seria tarde para isso, já que nós enviamos recados para o cosmos há algum tempo.
“É tarde demais para se esconder. Se eles – extraterrestres – estiverem a caminho, seria uma vantagem para nós envolvê-los e mostrar que nós somos melhores parceiros de conversa do que o almoço”, disse o presidente do Instituto de Inteligência Extraterrestre de Mensagens (Meti), Douglas Vakoch.
*Por Kaique Lima
……………………………………………………………………………………………..
*Fonte: olhardigital