Música à venda: como grandes autores estão negociando seus catálogos por milhões de dólares

Por algumas centenas de milhões de dólares, um investidor pode sair com o catálogo inteiro de Bob Dylan, Neil Young, Shakira, Paul Simon e outros grandes compositores. O negócio não é novo, mas desde o ano passado ficou mais comum. Em resumo, a música pop está em período de vendas.

Estima-se que o catálogo de Dylan custou US$ 300 milhões (R$ 1,6 bilhão). Stevie Nicks, do Fleetwood Mac, teria levado para casa US$ 100 milhões (R$ 550 milhões) por sua parte nas composições do grupo. Como os termos de contrato são quase sempre sigilosos, o valor não é certo.

No Brasil, a onda não cresceu tanto – Paulo Ricardo e Toquinho são os maiores nomes a embarcar até agora -, mas há iniciativas que podem colocar outros catálogos de medalhões nesse jogo. Veja em 5 passos como funciona este mercado e entenda por que ele cresceu desde 2020:

No Brasil e nos EUA, um músico pode vender uma parte ou todo o direito patrimonial de suas músicas – o comprador fica com todo o lucro futuro dessa obra em streaming, download ou uso em filmes e anúncios, por exemplo.
Esse comércio sempre existiu. Os Beatles venderam seus direitos por composições ainda nos anos 60. O tesouro chegou a pertencer a Michael Jackson, e só em 2017 Paul McCartney conseguiu recomprar o seu próprio catálogo da Sony, por valor não divulgado.

Quem compra o direito de músicas ou catálogos inteiros espera que elas gerem renda durante muito tempo – ou seja, que essas canções continuem sendo consumidas e valorizadas.
O crescimento do streaming revitalizou a indústria da música e aumentou a expectativa de renda – não só de hits atuais, mas também de músicas antigas ouvidas nas plataformas.

Além disso, o apagão dos shows na pandemia interrompeu o mercado das megaturnês que rendiam muito dinheiro a estes medalhões. Criou-se o cenário perfeito: investidores interessados em comprar e músicos precisando em renda, propensos a vender.

David Crosby vendeu parte de sua obra solo e com Crosby, Stills, Nash & Young e os Byrds. Conhecido pelo estilo “sincerão”, ele deu a seguinte explicação à agência AFP: “A principal razão é simplesmente que estamos todos em uma aposentadoria forçada e não há nada que possamos fazer a respeito”.

Do lado dos investidores, uma figura de destaque é Merck Mercuriadis, ex-empresário de Elton John, Beyoncé e Iron Maiden. Sua empresa Hipgnosis já gastou mais de US$ 1 bilhão (R$ 5,5 bilhões) para comprar catálogos que incluem músicas de Neil Young, Blondie, Shakira e RZA.

O comércio está aquecido não só nas negociações com artistas, mas também entre editoras (as empresas que administram os direitos autorais de uma música em troca de uma fatia dessa renda).

Na segunda-feira (27), foi anunciada venda de um catálogo de 145 mil músicas entre duas empresas dos EUA, da Downtown Music Holdings para a Concord Music Group, incluindo algumas faixas de Beyoncé e Lady Gaga.

E no Brasil?

O catálogo de Paulo Ricardo foi o primeiro grande negócio de uma empresa nessa nova onda no Brasil: a Hurst Capital, do empresário Arthur Farache. As músicas incluem hits do RPM e um tesouro dos direitos autorais: “Vida real”, música de abertura do BBB.

A Hurst também fechou com Toquinho, incluindo em sua carteira clássicos como “Tarde em Itapuã” e “Aquarela”, e com o pianista Luiz Avellar – que, além de compositor, tem direitos de arranjador e músico em discos de Djavan, Gal Costa, Milton Nascimento, Simone e mais, por valores não divulgados.

Sucessos mais recentes que foram vendidos incluem o catálogo de Philipe Pancadinha, autor de hits sertanejos como “Largado às Traças”, de Zé Neto e Cristiano, e da produtora de funk CP9, dona de “Parado no bailão”, de MC Gury e L da Vinte.

Mas será que no Brasil a onda vai engolir um catálogo gigante como Dylan lá fora? “Vai acontecer, com certeza. Mas o que tem que acontecer é acoplar uma boa gestão do repertório”, diz Daniel Campello, dono da Orb Music. Ele liderou o estudo de valor e dos contratos de algumas dessas compras no país.

O Brasil tem uma característica que deve ser notada nesse novo mercado, aponta Daniel: regras complexas de direito autoral e sistema de arrecadação que a maioria dos artistas não domina. Ou seja: colher todo o rendimento em potencial destes catálogos não é fácil.

“Só o Ecad tem R$ 1 bilhão retido (arrecadado e não distribuído ao autor por algum problema)”, diz Daniel. A Orb Music já atua na gestão de direitos autorais e agora está entrando neste mercado de compra de catálogos – “não só comprar como cuidar, potencializar o valor”, ele acrescenta.

E o empresário brasileiro faz um alerta que faz coro com o alerta de David Crosby: “Com a pandemia, tem muita gente tentando subestimar o valor do catálogo e oferecer dinheiro para o artista que está sem show, em um momento de fraqueza”. Até para vender é melhor estar bem afinado.

*Por Rodrigo Ortega

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*Fonte: g1

Japoneses estão desenvolvendo tecnologia de transmissão de energia sem fio proveniente de painéis solares espaciais

Já imaginou não ter que se preocupar em ter que recarregar o seu celular todo dia? É provável que no futuro isso seja possível. Engenheiros no Japão têm concentrado esforços no desenvolvimento de um sofisticado sistema que consegue enviar grandes quantidade de energia elétrica a distâncias consideráveis.

O objetivo da pesquisa, eventualmente, é criar um enorme painel solar baseado no espaço que não é afetado pelos sistemas meteorológicos e que, constantemente, possa coletar grandes quantidades de energia e enviá-las aos receptores na Terra via microondas.

Durante a feira de eletrônicos Ceatec, que acontece no Japão nesta semana, a J Space Systems apresentou algumas das antenas que usa para receber as transmissões de microondas de alta potência. Batizadas de “Rectenna”, elas são antenas planas sintonizadas na frequência de 5.8GHz.

A empresa conseguiu com sucesso transmitir energia a uma distância de cerca de 50 metros usando o sistema, apesar de apresentar perdas consideráveis. A antena envia 1.8 kilowatts, mede 1,2 metros quadrados e consegue colher 340 watts de uma antena receptora que tinha 2,6 metros por 2,3 metros.

A Mitsubishi Heavy Industries também está a frente de uma pesquisa similar e no ano passado conseguiu enviar 10kW de energia a uma distância de cerca de 500 metros, um recorde para pesquisadores japoneses. Para fazer isso, ela usou amplas matrizes de transmissão e recepção.

Se a tecnologia continuar a progredir, haverá uma série de usos para ela. Um deles é usar a curta distância para enviar energia em torno das fábricas, permitindo que máquinas, sensores e estações de trabalho facilmente sejam configurados sem ter que executar novos cabos de alimentação.

Outra uso bem útil dessa tecnologia é enviar energia para áreas atingidas por desastres naturais através de balões. Mas tudo isso soa pequeno quando comparado a ideia futurística de painéis solares orbitantes capazes de coletar grandes quantidades da energia do sol e enviá-las a Terra.

A grande tarefa para que essa tecnologia chegue no estágio desejado é reduzir perdas de transmissão.

A agência espacial japonesa, que está atrás da ideia, admite que a ideia de colheita de energia solar no espaço não é nova. Projetos anteriores em outros países chegaram perto, mas devido a falta de suporte para um sistema como esse não evoluíram.

Mesmo assim, a agência espacial está continuando a direcionar pesquisadores para a tecnologia. Mas se mantém realista: “levará tempo significativo e esforços para superar os muitos obstáculos no caminho para a concretização de um sistema de energia solar espacial”, disse.

*Por Ademilson Ramos

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*Fonte: engenhariae