Dia: 23 de maio, 2021
Os quatro C’s para encontrar a felicidade em vez do prazer
Que alegria. Meses economizando dinheiro e finalmente ele é seu. Exceto massagem nos pés, faz de tudo. E pudera, com o dinheiro que custou. Mas ali está, tão elegante, tão novo. O smartphone de último modelo. Ou o carro. Ou o casaco. O capricho. A sensação de felicidade é inenarrável. Entorpece, preenche. Mas é felicidade? Os especialistas afirmam que não. Que isso que você sente é prazer, e que o prazer é efêmero. Porque, rapidamente, lançarão uma versão melhor do seu celular, um modelo mais completo do seu carro ou você encontrará um casaco mais bonito em qualquer loja, devolvendo-o ao ponto de partida. E, como se não fosse o bastante, começará a não saber o que é a verdadeira felicidade.
Contra a ditadura do bem-estar
Um assunto desagradável. “O prazer está relacionado com as sensações cruas, pontuais, à flor da pele, e por isso, tem uma duração muito curta”, explica Rosana Pereira, psicóloga do escritório Haztúa e especialista em psicologia positiva e gestão dos sentimentos, que completa: “Ao contrário, a felicidade é uma forma de vida em médio e longo prazo”.
Os dois estados são determinados pelos hormônios; a dopamina, neurotransmissor que desencadeia no cérebro as sensações de euforia e recompensa, é o motor do prazer, enquanto a serotonina, relacionada com a calma e a satisfação, é responsável pela sensação de felicidade. Mas — e agora vem o problema — a dopamina suprime a serotonina, ou, colocando de outra maneira, a busca do prazer pelo prazer nos afasta da felicidade autêntica.
Logo, tantas horas felizes em bares e tantos emoticons sorridentes revelam-se como manchas na procura do bem-estar momentâneo, que acostumam mal o indivíduo e colocam pedras no caminho da felicidade real. “A sociedade atual está focada unicamente no prazer, na satisfação em curto prazo, em não ter que dar nada em troca”, afirma Pereira, que aponta para a raiz do problema de muitas pessoas frustradas e deprimidas.
Pereira explica também o conceito de roda hedônica, a capacidade do ser humano de se adaptar ao prazer pelo prazer: “Como se fosse uma droga, cada vez mais precisamos de mais para experimentar o mesmo nível de bem estar”, afirma, e exemplifica com as primeiras saídas com os amigos na adolescência. Naquele momento, qualquer plano era uma caravana de novas sensações agradáveis; ir ao cinema, tomar um refrigerante… tudo valia. Prazer em estado puro. Mas, conforme o tempo passa, os planos precisam ser mais elaborados para conseguirmos desfrutar.
Frente ao hedonismo vazio, os quatro C’s
O americano especialista em saúde e bem estar Robert Lustig tem uma proposta para redirecionar e ordenar a dicotomia prazer-felicidade. Em seu livro, The Hacking Of The American Mind — algo como O saque da mentalidade americana —, o cientista investigou a dependência da dopamina e o hedonismo e propõe um caminho alternativo para abandonar a busca pela felicidade por meio de ações que, na verdade, sabotam as possibilidades de alcançá-la. E estabelece um plano em torno de quatro C’s: conectar, contribuir, cuidar-se e cozinhar.
Em primeiro lugar, encoraja a conexão com o mundo, mas de verdade. Nada de consultar o Facebook compulsivamente para estar em dia com as vidas das pessoas que não nos importam, nem de inundar o Whatsapp com simpáticas bolinhas amarelas de aspecto exultante. Para nos conectarmos de verdade, Lustig advoga relações pessoais, cara a cara, e, como reforça Rosana Pereira, do Haztúa, “a encontrar momentos de qualidade com os outros que nos levem a gerar empatia, um motor básico para a produção de serotonina e, portanto, de felicidade duradoura”.
Lustig também aconselha a contribuir, colaborar, dar algo aos demais sem pedir nada em troca. “Dar ao outro e comprovar como sua contribuição faz as outras pessoas felizes permitem se concentrar internamente, pensar no que se tem e não no que falta”, afirma Pereira. Porque a felicidade, afirma, é dar, enquanto que o prazer é baseado unicamente em receber.
O próximo C: cuidar-se. “É o básico. Se a máquina que o move não tem uma boa manutenção, é difícil que o resto funcione bem”, confirma Pereira, que também encoraja, agora sim, a não demonizar completamente o hedonismo: “A vida não tem que ser sempre sacrifício; por isso, a combinação da felicidade com o prazer encontra aqui o seu melhor ponto”. Por sua vez, Lustig sublinha como a falta de sono e descanso, o estresse ou a sobrecarga de tarefas aumentam o cortisol, motor da depressão. Por isso, convida ao cuidado e a não negligenciar a única pessoa que nos acompanhará, incondicionalmente, a vida inteira: nós mesmos.
Por último, talvez o C mais surpreendente: cozinhar. Novamente, para trabalhar na geração de serotonina. Afirma o especialista que o triptofano presente nos ovos ou nos peixes, os ácidos de gordura omega 3 e a frutose são geradores deste hormônio e, por isso, a cozinha — saudável, equilibrada — é uma prática precursora da felicidade. Ao contrário, a má alimentação é o motor do prazer. “Um hambúrguer industrial, com seus aditivos e potencializadores de sabor, nos dará um forte bem-estar pontual, mas, em longo prazo, levantará uma barreira entre nós e a felicidade”, afirma a psicóloga Pereira.
Mas também não nos tornemos cartuxos
O prazer é visceral; a felicidade, etérea. O prazer é receber; a felicidade, dar. O prazer é individual; a felicidade se compartilha. E o ânimo por se dar prazer é insaciável porque o corpo e a mente sempre querem mais. Um celular melhor, um carro com mais extras, um casaco mais caro. Embora tudo cumpra sua função, novamente, o equilíbrio é a chave: “O prazer não é ruim. Como seria? Fazer um capricho a si mesmo, comer, praticar sexo…o ruim é quando a vida se concentra unicamente neste sentido”, conclui Rosana Pereira.
Por isso, os quatro C’s e alguma permissividade não são um problema. Mas tem que ser pontual, se não quisermos terminar profundamente miseráveis. Como provavelmente terminou morrendo Arístipo de Cirene, discípulo de Sócrates e fundador da corrente filosófica do hedonismo. Sim, certamente desfrutou de maravilhosos banquetes, incríveis orgias e consagrou sua vida com os mais altos [ou baixos] prazeres terrenos. Mas talvez tenha morrido, na opinião dos especialistas, sentindo-se um autêntico miserável.
*Por Alejandro Tovar
…………………………………………………………………………………….
*Fonte: elpais
Superlua e eclipse total acontecerão ao mesmo tempo dia 26 de maio
O primeiro e único eclipse total da lua deve acontecer no dia 26 de maio, juntamente a uma superlua vermelha. Infelizmente, habitantes do Brasil poderão observar apenas a superlua e uma forma parcial do eclipse, que vai aparecer totalmente apenas para certas regiões da Oceania, oeste dos Estados Unidos e leste da Ásia.
Ainda outro eclipse deve acontecer em novembro deste ano. Contudo esse segundo evento será parcial. O desaparecimento total da Lua pela sobra da Terra, assim, deve acontecer completamente apenas na próxima quarta-feira. Nesse estágio a Lua estará 157 quilômetros mais próxima da Terra do que a última lua cheia, que ocorreu em abril.
Faixas em que é possível observar o eclipse totalmente ou parcialmente. Imagem: NASA
Apesar de não podermos ver esse evento no Brasil, a lua por aqui passará por algumas mudanças também no dia 26. A coloração avermelhada também ocorreu na superlua rosa do dia 26 de abril. Contudo, a lua cheia de maio aparecerá mais nítida no céu, além de parecer levemente maior – uma vez que estará realmente mais perto da Terra.
A partir das 5:47 da tarde (horário baseado no Rio de Janeiro) será possível ver uma parte da Lua encoberta pela sobra da Terra, além da coloração avermelhada durante o nascimento do astro no horizonte.
Eclipse lunar e a cor avermelhada da Lua
Como dito anteriormente, a lua-cheia de maio é aquela que está mais próxima da Terra, no perigeu da órbita. Isso acontece porque os astros celestes traçam órbitas elípticas, com dois focos – um ocupado pela Terra, no caso. Assim, a superlua deste mês irá atingir o ponto mais próximo do nosso planeta na quarta-feira, mas ainda nos outros dias será possível vê-la significativamente maior que o normal.
Já o eclipse acontece devido à propagação da luz no espaço. Ou seja, com o Sol ao nosso lado, há a formação de sombras dos planetas e astros que o orbitam. Assim, quando ocorre o eclipse total da lua, a sombra da Terra encobre o satélite. Nesse sentido, os astros ficam organizados na sequência: Lua, Terra e Sol, respectivamente.
A coloração avermelhada, por conseguinte, acontece devido à própria atmosfera do nosso planeta. Isso porque quando a luz passa no limiar da atmosfera, como uma tangente, parte dos raios solares são “filtrados” – aqueles com menores comprimentos de onda, como azul ou verde. Os que passam por esse filtro são justamente da cor vermelha, laranja e amarela, dando a coloração da superlua durante o nascer do satélite.
Diferentemente do que ocorre com o Sol, não há risco em olhar diretamente para os fenômenos lunares. Ademais, não há necessidade da utilização de binóculos ou telescópios para ver os fenômenos, apesar deles serem bem-vindos para mais detalhes.
*Por Matheus Marchetto
……………………………………………………………………………………………
*Fonte: socientifica