Redes Sociais Não São Laços Sociais: Rede É Desconectável, Mas Os Laços São Eternos – Zygmunt Bauman

O sociólogo polonês Zygmunt Bauman (1925/2017), autor de mais de trinta obras publicadas no Brasil, dentre elas, “Amor Líquido”, “Globalização: as consequências Humanas” e “Vidas Desperdiçadas“, conhecido por suas análises do consumismo pós-moderno e das ligações entre modernidade e holocausto, comenta em 3 minuto, em uma de suas conferências concedida ao canal Fronteiras do Pensamento, porque nossas relações de amizade no Facebook são tão atrativas, fáceis e superficiais. Você pode assistir o vídeo abaixo. Nós fizemos a transcrição para os que preferem texto. Confira:

Redes sociais não são laços sociais: rede é desconectável, mas os laços são eternos – Por Zygmunt Bauman
“Um viciado em Facebook me confessou – não confessou, mas de fato gabou-se – que havia feito 500 amigos em um dia. Minha resposta foi: eu tenho 86 anos, mas não tenho 500 amigos. Eu não consegui isso!

Então, provavelmente, quando ele diz ‘amigo’, e eu digo ‘amigo’, não queremos dizer a mesma coisa, são coisas diferentes. Quando eu era jovem, eu não tinha o conceito de redes, eu tinha o conceito de laços humanos, comunidades… esse tipo de coisa, mas não de redes.

Qual a diferença entre comunidade e rede? A comunidade precede você. Você nasce em uma comunidade. De outro lado temos a rede, o que é uma rede? Ao contrário da comunidade, a rede é feita e mantida viva por duas atividades diferentes: conectar e desconectar.

Eu penso que a atratividade desse novo tipo de amizade, o tipo de amizade de Facebook, como eu a chamo, está exatamente aí: que é tão fácil de desconectar. É fácil conectar e fazer amigos, mas o maior atrativo é a facilidade de se desconectar.

Imagine que o que você tem não são amigos on-line, conexões on-line, compartilhamento online, mas conexões off-line, conexões reais, frente a frente, corpo a corpo, olho no olho. Assim, romper relações é sempre um evento muito traumático, você tem que encontrar desculpas, tem que se explicar, tem que mentir com frequência, e, mesmo assim, você não se sente seguro, porque seu parceiro diz que você não têm direitos, que você é sujo etc., é difícil.

Na internet é tão fácil, você só pressiona ‘desfazer amizade’ e pronto, em vez de 500 amigos, você terá 499, mas isso será apenas temporário, porque amanhã você terá outros 500, e isso mina os laços humanos”.

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*Fonte: portaraizes

Almas antigas sofrem para se adaptarem a esse novo mundo!

Almas antigas e a estranheza em se adaptarem a este mundo!

Esse texto é para você, que assim como eu, anda se sentindo cansado, sem forças, desconfortável na própria pele e deslocado no planeta. São tempos estranhos. E nem digo isso somente pela pandemia.

Para mim, o mundo já andava esquisito antes da pandemia de Covid, pois já enfrentávamos outras pandemias, mais silenciosas, porém igualmente mortais, penso eu.

Uma dessas pandemias veladas chega disfarçada de “empoderamento” ou como já ouvi algumas dezenas de vezes: “são os novos tempos” e confesso que essa afirmação me arrepia tanto quando ouvir de algumas pessoas que “ah, todo mundo vai morrer mesmo um dia”.

Por mais que seja uma verdade incontestável, já pensou se todos adotarmos essa frase como lema absoluto de vida?

Poucos de nós passaríamos dos 16 anos, porque já que vamos todos morrer um dia, independente do que façamos, então para que vou me esforçar e sofrer todos os martírios da vida adulta?

Não faz sentido. Assim como não faz sentido arriscar a vida pegando um vírus perigoso só porque um dia vamos morrer mesmo, também não faz sentido usar o empoderamento e o amor próprio para mascarar os sintomas da pandemia do “desapega”, que traz sintomas gravíssimos como falta de empatia, insegurança, autoestima defasada, confusão mental e agressividade.

É uma pandemia do desamor, onde as pessoas lutam para não se apegarem a nada nem ninguém e quanto mais solitário e autossuficiente você aparentar ser, mais status e “seguidores” você ganha.

São tempos estranhos; líquidos. Amores que poderiam ser grandes histórias e histórias que poderiam virar grandes amores, que simplesmente, nem começam. Porque para se começar algo é preciso em primeiro lugar, permitir e em segundo lugar querer e os contaminados pelo vírus do desapego não querem sequer se permitir querer.

Ah…eu ando tão absolutamente nostálgica, especialmente nesse último ano.

Saudade da simplicidade do amor, de quando conhecíamos uma pessoa em um lugar público e nos encantávamos pelo sorriso dela ou pelo jeito tímido com que ela mexia no cabelo. Só isso.

Sem analisarmos seu “feed”, sem sabermos dos seus 180k seguidores, sem tirarmos pré-conclusões baseadas em fotografias, sem escolhermos a mais bonita dentre tantas opções perfeitamente expostas na vitrine da vida, ops, das redes sociais.

Saudade de quando a minha rede social era com meus amigos do colégio, embaixo da escada entre uma aula e outra, combinando na casa de quem seria a baladinha do fim de semana.

Se esses são os novos seres-humanos (multitarefas, multifacetas, multi-relacionamentos e multi-sozinhos), se esses são os “novos tempos”, eu só tenho uma certeza: De que minha alma é velha.

Eu tenho uma alma antiga e sofro por não conseguir me adaptar a este novo formato de mundo. Procuro almas antigas que me compreendam.

Eu tento responder minhas multi-mensagens no whatsapp o mais breve que consigo, mas não gosto, não tenho o menor saco para whatsapp, para lindas fotos pausadas (e posadas) em feeds minuciosamente organizados.

Eu gosto do play! De dar play em uma conversa ao vivo e só parar quando o dia está amanhecendo.

Dar play nas risadas dos amigos, no “mood” fim de semana em plena quarta-feira. Eu gosto de me desconectar das redes para cair no sono em uma rede na sombra, depois do almoço…

EU TENHO UMA GRANDE DIFICULDADE EM ENGATAR
PAPOS CHEIOS DE EMOJIS E SEM EMOÇÃO ALGUMA.

Nesse distanciamento social e afetivo que já acontecia bem antes do Corona chegar.

Minha alma vem de um tempo que não se tinha tanta perversidade explícita e gratuita, onde o egocentrismo não imperava soberbamente, usado como “status” de uma sociedade que emprega o amor-próprio como punição e a liberdade tão batalhada e adquirida ao longo das décadas, como instrumento de tortura.

Onde exigem condutas impecáveis de participantes de um reality show, mas não se para 2 minutos para ajudar um vizinho com as sacolas do supermercado.

Onde perde-se metade de um dia acompanhando a vida de estranhos, mas não se tem 5 minutos para ouvir um parente que está mal…onde a competitividade se tornou desleal e nos matamos para mostrar a mais uma leva de desconhecidos, que provavelmente nunca veremos na vida, que somos invencíveis, incansáveis, imbatíveis.

Ao meu ver, estamos nos tornando impenetráveis; inamoráveis, intolerantes e “invivíveis”. Quase inaptos, para continuar a sermos chamados de “humanidade”.

ALMAS ANTIGAS NÃO COMPACTUAM COM TUDO ISSO
E SE SENTEM FORA DO MUNDO NA MAIORIA DAS VEZES.

Saudade. Ai que saudade de me sentir em casa. De repente, parece que não tem mais lugar pra mim nesse mundo.

Almas antigas sofrem para se adaptarem a esse novo mundo!

*Por Bruna Stamato

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*Fonte: seuamigoguru