Dia: 19 de junho, 2021
Tamanho da pupila surpreendentemente ligado às diferenças na inteligência
O que você pode dizer olhando nos olhos de alguém? Você pode notar o humor, sinais de cansaço, ou talvez que eles não estejam curtindo algo ou alguém.
Mas além de avaliar um estado emocional, os olhos de uma pessoa também podem fornecer pistas sobre sua inteligência, sugere uma nova pesquisa. Um estudo realizado no Instituto de Tecnologia da Geórgia (EUA) mostra que o tamanho das pupilas está “intimamente relacionado” às diferenças de inteligência entre indivíduos.
Cientistas descobriram que pupilas maiores podem estar correlacionadas à inteligência superior, como demonstrado por testes que mediram habilidades de raciocínio, memória e atenção. Na verdade, os pesquisadores afirmam que a relação da inteligência com o tamanho da pupila é tão pronunciada, que pode ser observada a olhos nus, sem quaisquer instrumentos científicos adicionais. Você deve ser capaz de dizer quem obteve nota maior ou mais menor em testes cognitivos apenas olhando para seus olhos, dizem os pesquisadores.
A ligação entre pupila e QI
A conexão foi notada pela primeira vez em tarefas de memória, olhando para dilatações pupilas como sinais de esforço mental. Os estudos envolveram mais de 500 pessoas entre 18 e 35 anos da área de Atlanta, EUA. Os tamanhos da pupila dos voluntários foram medidos por rastreadores oculares, que usam uma câmera e um computador para capturar a luz refletindo a pupila e a córnea. Como os cientistas explicaram na Scientific American, os diâmetros das pupilas variam de dois a oito milímetros. Para determinar o tamanho médio da pupila, eles fizeram medições dos alunos em repouso quando os participantes estavam olhando para uma tela em branco por alguns minutos.
Outra parte do experimento envolveu colocar os voluntários para realizar uma série de testes cognitivos que avaliaram a “inteligência fluida” (a capacidade de raciocinar quando confrontados com novos problemas), “capacidade de memória de trabalho” (quão bem as pessoas poderiam lembrar informações ao longo do tempo) e “controle de atenção” (a capacidade de manter a atenção focada mesmo sendo distraída). Um exemplo deste último envolve um teste que tenta desviar o foco de uma pessoa em uma carta que vai desaparecendo, mostrando um asterisco piscante em outra parte da tela. Se uma pessoa prestar muita atenção no asterisco, pode perder a carta.
As conclusões da pesquisa foram de que ter um tamanho maior de pupila de linha de base estava relacionado a maior inteligência fluida, mais controle de atenção e ainda maior capacidade de memória de trabalho, embora em menor grau. Em uma troca de e-mails com o Big Think, o autor Jason Tsukahara apontou: “É importante considerar que o que encontramos é uma correlação — que não deve ser confundida com causalidade”.
Os pesquisadores também descobriram que o tamanho da pupila parecia diminuir com a idade. As pessoas mais velhas tinham pupilas mais restritas, mas quando os cientistas padronizavam a idade, a conexão entre tamanho da pupila e inteligência ainda permanecia.
Por que as pupilas estão ligadas à inteligência?
A conexão entre o tamanho da pupila e o QI provavelmente reside dentro do cérebro. O tamanho da pupila foi previamente conectado ao lócus coeruleus, uma parte do cérebro responsável por sintetizar o hormônio e neurotransmissor norepinefrina (noradrenalina), que mobiliza o cérebro e o corpo para a ação. A atividade no lócus coeruleus afeta nossa percepção, atenção, memória e processos de aprendizagem.
Como explicam os autores, essa região do cérebro “também ajuda a manter uma organização saudável da atividade cerebral para que regiões cerebrais distantes possam trabalhar juntas para realizar tarefas e objetivos desafiadores”. Por ser tão importante, a perda de função no lócus coeruleus tem sido associada a condições como doença de Alzheimer, Parkinson, depressão clínica e transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH).
Os pesquisadores afirmam que as pessoas que têm pupilas maiores em um estado de repouso, como olhar para uma tela de computador em branco, têm “maior regulação da atividade pelo lócus coeruleus“. Isso leva a um melhor desempenho cognitivo. Mais pesquisas são necessárias, no entanto, para realmente entender por que ter pupilas maiores está relacionado com maior inteligência.
Tsukahara disse: “Se eu tivesse que especular, eu diria que são pessoas com maior inteligência fluida que desenvolvem pupilas maiores, mas novamente neste momento só temos dados correlacionais.”
Outros cientistas acreditam nisso?
Como os cientistas apontam no início de seu artigo,suas conclusões são controversas e, até agora, outros pesquisadores não foram capazes de duplicar seus resultados. A equipe de pesquisa aborda essa crítica explicando que outros estudos tiveram questões metodológicas e examinaram apenas a capacidade de memória, mas não a inteligência fluida, que é o que eles mediram.
*Por Marcelo Ribeiro
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*Fonte: hypescience
O Verdadeiro Charme De Uma Pessoa: “Seus Traços De Loucura”
*Gilles Deleuze disse certa feita que “O verdadeiro charme das pessoas reside nos seus traços de loucura”. Algo parecido diz o suíço, Alain de Botton, o qual fala que “As pessoas só ficam realmente interessantes quando começam a sacudir as grades de suas gaiolas”. Essas ideias referem-se ao que há de belo no ser humano, não em sua superficialidade, e sim, nas suas entranhas, no seu interior.
A loucura citada pelos filósofos pode ser traduzida como as idiossincrasias que formam uma pessoa. Ou seja, tudo aquilo que ela possui de único e insubstituível. As características peculiares, as quais nos tomam o pensamento e nos fazem sentir saudade. Aquilo que quando vemos parecido em alguém, automaticamente nos faz lembrar a pessoa. Todavia, é bom que se diga parecido, porque as idiossincrasias são únicas e singulares, de modo que se torna impossível buscar em outros lugares, o que apenas o ser carrega dentro de si.
Por isso, Deleuze afirma que só amamos de verdade uma pessoa quando percebemos a sua loucura. A bem da verdade, é extremamente difícil encontrar pessoas que demonstrem a sua loucura e outras capazes de percebê-las. A maior parte de nós prefere viver de acordo com a normalidade, seguindo as regras, os padrões, se adequando e, portanto, sendo igual. Dessa forma, os traços de loucura, as idiossincrasias, são sufocados, quando não, mortos, pois acreditamos que a demonstração das nossas longitudes é um disparate sem tamanho, uma verdadeira “loucura”.
Sendo assim, acabamos nos tornando completamente iguais uns aos outros e, por conseguinte, desinteressantes, já que, como dito, o que nos faz enxergar alguém de um modo diferente e se sentir atraído está naquilo que percebemos de singularmente novo e que nos faz perceber que será inútil procurar em outros lugares aquilo que sabemos onde encontrar.
É por isso que existem pessoas insubstituíveis em nossas vidas, porque elas guardam dentro de si uma espécie de magia que se reverbera no encanto das suas peculiaridades. Entretanto, sentimos enorme dificuldade em perceber isso como a maior beleza que existe nas pessoas. Acreditamos que são defeitos, coisas que devem permanecer ocultas, mas as idiossincrasias significam intimidade, entrega, libertação, desejo e poesia. É o que permite que as lembranças sejam criadas, que a saudade se instaure, porque convenhamos, saudade do absolutamente igual não possui rosto.
Sabe, o que eu acho é que temos medo de descobrir que as nossas loucuras são maravilhosas, que não precisamos de tralhas para nos destacarmos, precisamos sacudir as grades e assumir o que somos, demonstrar sem medo as nossas “imperfeições” e enxergar no outro as suas coisas simples, bobas e unicamente maravilhosas, porque é sempre magnífico quando as águas saem do subterrâneo e explodem na superfície e, então, nos tornamos rios profundos de loucuras idiossincraticamente belas, como um quadro pintado na lucidez de um sonho.
PS – Gilles Deleuze nasceu na França e viveu de 1925 a 1995. Notável filósofo e professor de Filosofia em diversas Faculdades, publicou estudos sobre pensadores como Nietzsche, Kant e Spinoza, sendo apontado como um dos responsáveis pelo crescente interesse pela obra de Nietzsche. Habituado a ler e a espreitar de perto esses grandes pensadores, Deleuze tem como certo que “todos nós somos meio dementes” e que não se pode se apaixonar por uma pessoa quando não se percebe, nela, um essa “demência”, que é o seu “charme”.
*Por Erik Morais
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*Fonte: portalraizes