Chegamos ao Dia de Sobrecarga da Terra de 2021

No dia 29 de Julho entramos no “cheque especial” do planeta, um alerta de que precisamos mudar nossos padrões – veja como!

Nesta quinta-feira, dia 29 de julho de 2021, chegamos mais uma vez ao Dia da Sobrecarga da Terra. Esta data marca o momento em que o nosso consumo anual de serviços e recursos naturais ultrapassa o que a Terra pode regenerar naquele mesmo ano. Ou seja, entramos no “cheque especial” do planeta, de acordo com a Global Footprint Network, entidade responsável pelos cálculos de sobrecarga da Terra desde 1970.

O Instituto Akatu, que promove o consumo consciente, emitiu um comunicado lembrando que O Dia da Sobrecarga da Terra em 2021 caiu na mesma data que em 2019, o que significa que voltamos aos padrões anteriores a 2020, quando a pandemia atrasou a data para 22 de agosto.

“APÓS UM CENÁRIO GLOBAL DE RECESSÃO ECONÔMICA, AINDA QUE MANTIDO UM ALTO NÍVEL DE DESEMPREGO, A PRODUÇÃO E O CONSUMO COMEÇARAM A DAR SINAIS DE RECUPERAÇÃO E O DIA VOLTOU A CAIR EXATAMENTE NA MESMA DATA DE 2019 — 29 DE JULHO —, ANO ANTERIOR AO CORONAVÍRUS.”

Os dados mostram que, em 2021 voltamos a consumir 74% mais recursos naturais do que o planeta tem condições de regenerar em 1 ano. Além disso é uma alerta para o fato de que na corrida para recuperar a economia global, voltamos aos os níveis anteriores de emissões de gases de efeito estufa e de uso de recursos naturais.

“FALTANDO AINDA (QUASE) MEIO ANO, JÁ ESGOTAMOS A NOSSA COTA DE RECURSOS NATURAIS DA TERRA PARA 2021.”

Susan Aitken, líder da Câmara Municipal de Glasgow e conselheira da Global Footprint Network
É fundamental que governos, empresas e que as pessoas repensem seus modelos econômicos e hábitos. De acordo com os dados usados para calcular o Dia da Sobrecarga da Terra, precisamos de 1,7 planeta para manter os padrões atuais de produção e consumo. E, por mais absurdo que pareça, é importante lembrar que só temos um planeta e que nossa sobrevivência depende do seu equilíbrio.

O diretor-presidente do Akatu, Helio Mattar, reforça a importância da reflexão que o Dia da Sobrecarga da Terra traz e a necessidade urgente de se adiar esta data. “O adiantamento do Dia da Sobrecarga da Terra de 2021 ilustra a importância das ações coletivas e a urgência na revisão dos nossos modelos de produção e consumo. A recuperação econômica global frente ao coronavírus precisa levar em conta aspectos socioambientais e oferecer respostas à Crise Climática”, afirma.

Mudanças possíveis e necessárias
Em 2020, com as mudanças impostas pela pandemia, o Dia de Sobrecarga da Terra regrediu pela primeira vez em 50 anos. Entre as mudanças podemos citar a diminuição da circulação de pessoas e da atividade industrial. Os níveis de poluição atmosférica despencaram em diversas partes do mundo.

Mas, as mudanças foram impulsionadas por uma circunstância extrema e, assim que as atividades começaram a ser retomadas, a pegada de carbono do mundo aumentou 6,6% em relação a 2020 – ano em que havia caído 14,5%.

As mudanças climáticas são uma ameaça ainda maior do que a pandemia para o meio ambiente e, consequentemente, para a humanidade. É preciso agir rápido e cobrar dos setores público e privado mudanças nas políticas ambientais e modelos econômicos.

Além disso podemos trazer para o nosso dia a dia algumas mudanças que podem contribuir para que em 2022 o Dia da Sobrecarga da Terra venha mais tarde.

O Instituto Akatu tem algumas dicas que podemos colocar em prática a partir de hoje!
O que você pode fazer?

Reduza o consumo de carne
Calorias animais, sobretudo carne bovina, são significativamente mais intensivas no uso de recursos na sua produção do que calorias vegetais. Para comprovar isso, basta ver que ao substituir a carne bovina por outra fonte proteica (frango ou leguminosas, como lentilhas, feijões, ervilhas e grão de bico) uma ou mais vezes por semana, você poupa as emissões de gases de efeito estufa relacionadas à produção da carne e, com isso, estará combatendo a Crise Climática.

Enquanto a produção de um 1kg de carne bovina emite 27 kgCO2e, a produção de 1kg de frango emite quase 4 vezes menos (6,9 kgCO2e) e a de 1kg de feijão, quase 14 vezes menos (2 kgCO2e).

Se toda a população mundial reduzir pela metade o consumo médio anual de carne, preferindo a ingestão de verduras e legumes, o Dia da Sobrecarga da Terra será adiado em 17 dias.

Evite o desperdício de alimentos
As perdas (na produção) e os desperdícios (no processamento e no consumo) de alimentos são responsáveis por cerca de 9% da pegada ecológica global.

Se uma família de 4 pessoas desperdiçar 100g de arroz semanalmente, em 1 ano descartará mais de 5 kg desse alimento. A produção dessa quantidade de arroz gera emissões similares à da produção de energia elétrica suficiente para manter 2 lâmpadas de LED acesas 4 horas por dia ao longo de 2,5 anos! Para poupar essas emissões, prepare somente o que você vai comer, faça o uso integral dos alimentos (incluindo cascas e sementes) e, se for o caso, congele o que sobrou para comer depois.

Se reduzirmos pela metade as perdas e desperdícios de alimentos no mundo, o Dia da Sobrecarga da Terra será adiado em 11 dias.

Prefira meios de transporte sem emissões
A redução no uso individual do carro em todo mundo contribuiu para o atraso do Dia da Sobrecarga da Terra em 2020, já que o transporte movido à combustíveis fósseis tem grande impacto ecológico. Se a distância é curta, use bicicleta e se desloque à pé. Para trajetos maiores, dê preferência ao transporte público, como metrô e ônibus.

Quer ver como essa troca faz a diferença? Se você deixar o carro de lado e se deslocar a pé ou de bicicleta em um trecho de ida e volta de 4 km, cinco dias por semana, em 1 ano evitará emissões similares às geradas na produção de energia elétrica que mantém 4 lâmpadas de LED acesas 6 horas por dia ao longo de 21 anos!

Se reduzirmos pela metade a pegada de carbono dos deslocamentos, assumindo que 1/3 das distâncias percorridas de carro são substituíveis por transporte público, bicicletas e caminhadas, o Dia de Sobrecarga da Terra será adiado em 13 dias.

Simplifique seu guarda-roupa
A pandemia trouxe a percepção a muitas pessoas de que é possível viver tendo menos roupas nos armários, focando só no que é necessário. Comprar e possuir menos roupas, adotando um estilo mais minimalista, também contribui para a preservação do meio ambiente, uma vez que as roupas representam 3% da pegada ecológica global, e a produção de todo e qualquer novo item emite gases de efeito estufa e consome recursos naturais.

Para se ter uma ideia, a produção de uma única calça jeans consome quase 11 mil litros de água, quantidade suficiente para suprir a demanda diária (beber, cozinhar, lavar louças, etc.) de uma pessoa por mais de 3 meses. Reflita antes de comprar uma nova peça e doe ou venda no mercado de segunda mão aquela que você não usa mais.

Calcule a sua Pegada Ecológica, por meio dessa ferramenta desenvolvida pelo WWF, e o Teste do Consumo Consciente do Instituto Akatu para identificar em quais áreas a sua consciência no consumo pode evoluir ainda mais, levando à adoção de práticas mais sustentáveis.

………………………………………………………………………………………..
*Fonte: ciclovivo

‘Mad God’, animação que demorou 30 anos para ser concluída, ganha trailer e data de estreia

Um filme que demorou 30 anos para ser concluído. Esse é o chamariz de ‘Mad God‘, animação stop motion (tal qual ‘O Estranho Mundo de Jack’ e ‘Shaun, o Carneiro’) de caráter experimental que ganhou seu primeiro trailer (veja abaixo). Para um trabalho grandioso, é necessário que haja um nome gigante da mesma forma por trás, e isso a produção tem: o projeto é liderado por Phil Tippett, responsável pelos desenhos de clássicos cinematográficos como ‘Star Wars’, ‘RoboCop’ e ‘Jurassic Park’.

Para quem não é familiarizado com o termo, saiba que há poucos trabalhos de amor na sétima arte como o da animação em stop motion. É um processo que exige uma quantidade meticulosa de tempo e esforço para posar e fotografar cada quadro individual. Assim, produções do tipo geralmente levam muito tempo para serem concluídas, mas 30 anos ainda é um tempo extremamente longo em relação ao padrão. Veja um pouco do resultado na prévia:

Deslumbrante e detalhado como se poderia esperar de um artista da estatura de Tippett, ‘Mad God’ foi concebido pelo animador após um hiato nas gravações de ‘Robocop 2’, lançado em 1990. Após certos conflitos de agenda, o projeto precisou ser pausado, porém só foi retomado pelo artista mais de 20 anos depois, quando encontrou as maquetes e bonecos guardados com a ajuda de voluntários e aprendizes.

De acordo com a sinopse oficial, ‘Mad God’ é uma produção “ambientada em um mundo miltoniano de monstros, cientistas loucos e porcos de guerra”. Todos os cenários, criaturas e ambientes são feitos à mão e filmados no palco de um estúdio em Berkeley, na Califórnia (EUA). O clipe evita enredo e diálogo em busca de imagens puras, mostrando um vórtice de crânios, feras mutantes e paisagens infernais de à la Hieronymus Bosch.

Conforme Tippett em seu site oficial, o maior fator de impacto não é o filme em si, “mas a memória depois de assisti-lo”. “Ele está trazendo você para aquele momento logo após acordar de um sonho, congelado, explorando fragmentos de sua mente selvagem antes que eles desapareçam no sombras. Esse é o momento. ‘Mad God’ é apenas uma maneira de levá-lo até lá”, destacou o vencedor de quatro prêmios Saturn, um Oscar – pelo trabalho em ‘Jurassic Park‘ e aclamado pela indústria como “um dos maiores animadores de todos os tempos”.

Mad God animação Phil Tippett
Assista ao trailer de ‘Mad God’, animação que demorou 30 anos para ser concluída. Imagem: Youtube/Reprodução
‘Mad God’ irá finalmente ser visto pelo público durante o Locarno Film Festiva, na Suíça, no dia 5 de agosto. A produção ainda não tem previsão de lançamento para o restante do mundo.

Caso tenha interesse em acompanhar com mais detalhes a delicadeza do trabalho stop motion, veja abaixo um vídeo gravado por Adam Savage, aficionado pelo método e ex-funcionário da Industrial Light & Magic, empresa responsável por efeitos especiais de diversas produções. Ele tem um canal no YouTube com vários conteúdos no qual mostra parte dos artigos de Phil Tippett, como modelos e maquetes originais.

……………………………………………………………………………………………………
*Por Arthur Henrique
Fonte: olhardigital