Dez coisas sobre Charlie Watts que você não sabia

1- Watts era designer gráfico antes de entrar para os ROLLING STONES.
Watts trabalhou como designer gráfico na Dinamarca e, depois, na agência de publicidade britânica “Charles, Hobson and Grey” antes de se juntar aos ROLLING STONES. Ele usou essas habilidades para ajudar a projetar os cenários de várias excursões dos STONES, bem como algumas das capas dos primeiros álbuns.

2- Ele tocava no BLUES INCORPORATED, grupo que contava com um elenco de futuras lendas do rock.
Watts tocou no grupo chamado BLUES INCORPORATED, liderado pelo influente músico Alexis Korner. Ele tocou ao lado de Jack Bruce, futuro baixista do CREAM, e foi substituído pelo futuro baterista do CREAM – Ginger Baker – quando se juntou ao STONES.

3- Watts está casado com a mesma mulher desde 1964.
Watts casou-se com Shirley Ann Shepherd, em 1964, e eles têm uma filha, Serafina. Enquanto seus colegas mandavam ver na estrada, Watts manteve-se fiel a Shirley. No entanto, ele tinha problemas para dormir em quartos de hotel sem tê-la ao seu lado.

4- Ele sempre desenha sketches de cada quarto do hotel em que permanece quando está em turnê.
O baterista uma vez contou a um entrevistador que tem o hábito de desenhar cada quarto do hotel em que se hospeda. Watts não deu uma razão para o comportamento compulsivo, mas, aparentemente, ele já decidiu manter consigo todos os desenhos. Talvez, eles possam vir a se transformar num bom livro de arte.

5- Claro, ele faz parte da realeza do rock, mas a verdadeira paixão de Watts é o jazz e a música das big bands.
Watts sempre professou seu amor ao jazz, inclusive tendo escrito um tributo ilustrado a Charlie Parker. Ele formou vários conjuntos de jazz, boogie-woogie e big bands, incluindo Rocket 88, Charlie Watts Quintet e Charlie Watts Tentet.

6- A crise de meia idade levou Watts a problemas com drogas e álcool nos anos 80.
Apesar de viver uma vida relativamente “limpa”, Watts passou por um período na década de 80, quando teve um sério problema com drogas e álcool. Ele atribui a fase a uma crise da meia idade, resultante de uma sensação de pânico. Ele ficou “limpo” novamente depois de ter quebrado o tornozelo quando estava bêbado.

7- Ele escolheu o novo baixista dos ROLLING STONES quando Bill Wyman deixou o grupo.
Depois de Bill Wyman deixar o grupo em 1993, a banda realizou audições para um novo baixista. Mick Jagger e Keith Richards deixaram a decisão para Watts, que escolheu Darryl Jones para substituir Wyman. Jones já havia tocado com artistas como Miles Davis e Sting.

8- Ele e a esposa possuem uma fazenda de criação de cavalos.
Watts e a esposa, Shirley, são proprietários de uma fazenda em Devonshire, Inglaterra, onde criam cavalos árabes. Um dos motivos pelos quais Watts não está sempre empolgado com as turnês é que ele não gosta de deixar a fazenda por longos períodos de tempo. O casal também possui um grande número de cães greyhound adotados

9- Ele lutou contra um câncer na garganta em 2004.
No verão de 2004, foi revelado que Watts estava lutando contra um câncer de garganta. O baterista, que deixou de fumar quando abandonou as drogas e o álcool nos anos 80, foi submetido a um tratamento de radioterapia e, felizmente, o câncer, desde então, vem regredindo.

10- Certa vez, Watts socou Mick Jagger na cara, por tê-lo chamado de “meu baterista”.
Keith Richards disse à revista Esquire que Mick Jagger, uma vez, levou o bem educado Watts até o limite. Jagger, depois tomar alguns drinques no hotel, ligou pra Watts e perguntou: “O meu baterista está aí?”. Watts, vestido num terno completo, bateu à porta de Jagger e disse: “Jamais me chame de seu baterista” e bateu na cara dele.

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Simpathy for the drummer!

Hoje morre um pedacinho de mim. Pego de surpresa nessa tarde com o fato do falecimento de Charlie Watts, mais um dos GRANDES do rock que se vai. Esse tipo de notícia tem sido cada vez mais comum e constante, basta você fazer a contabilidade só dos últimos tempos. E nessa toada me sinto triste sim, perdi um amigo. Cada ídolo de nossas vidas que parte, leva junto um pouco do brilho e da magia aqui do planetinha azul. Claro, suas músicas, sua arte e todo o vasto legado permanecem para sempre aqui conosco, o que é o lado bom da coisa, mas tem ainda toda essa questão da perda. E será que agora os Rolling Stones irão continuar ou não! Uma questão difícil de resolver, visto que tem ali décadas de parceria, amizade, trabalho, sangue, suor e lágrimas.

Espero que sigam em frente, afinal nem se trata mais do fato de ganhar mais dinheiro, são todos milionários, mas de curtirem a vida e fazer a roda girar, uma vez adrenados pela energia do palco e do contato com os fans, esses caras provavelmente não vão conseguir parar de fato “nunca”, ou ao menos, até que algo assim como a morte ou a saúde debilitada os impeçam.

Lembro de ser fan dos Rolling Stones desde sempre. Outra banda que me foi apresentada pelo meu irmão (foram tantas – já contei aqui inúmeras vezes, ele era Dj numa época em que o rock era “a vibe”), o som dos Stones me cativaram de cara, de primeira. Não teve erro. Aliás, essa banda errou pouco em sua trajetória. Mas o fato aqui é o seu baterista, um cara que faz parte de uma das mais selvagens e icônicas bandas da história mas que se comporta como um gentleman, um verdadeiro lord inglês. E cara, isso SEMPRE me chamou muita atenção. Eu curtia essa vibe do Watts. Em meio ao caos e toda aquela função do furacão Rolling Stones e ele lá… de boas! Era um lobo, andava entre lobos mas mesmo assim tinha a sua personalidade e conduta diferenciada.

Me ocorreu agora aquela sua famosa história, que eu gosto muito:
“Onde está meu baterista?”, questionou o vocalista (numa ligação de telefone – a Watts), que, revoltado com o acontecimento, trocou de roupa, fez a barba e foi até Jagger para respondê-lo. Assim que Jagger abriu a porta do quarto do hotel, Watts deu um soco em seu rosto e pediu que nunca mais o chamasse de “seu baterista”.

Tive a oportunidade de viajar com alguns amigos para a Argentina num já bem distante ano de 1996 para assistir um show dos Rolling Stones, na tour do álbum “Voodoo Lounge”. Claro, foi fantástico, inesquecível. Pude curtir de perto meus ídolos e toda essa incrível sensação.

Outra coisa, nossos ídolos mesmo sem terem a menor noção disso, são nossos amigos! Nos dão conselhos, inúmeras dicas, nos apoiam, inspiram, emocionam, tudo através de sua arte, sua música, ou o que seja. Assim Watts, um Stones de carteirinha, também se tornou próximo de mim, de você, de nós! Eu vivo sempre com música em meu dia a dia, não tem como ser diferente e junto com os Beatles os Rolling Stones são “os-pica-da-galáxia”, quando se fala em rock’n roll. Só que não podemos nos esquecer de que o tempo e a idade vem cobrar os seus tributos. Assim então agora só nos resta o seu imenso legado na história do rock, especialmente pelas belas levadas de bateria – descanse em paz mestre Charlie Watts. Grato pela tantas horas e horas me fazendo companhia com sua música.

Morte de Charlie Watts: a história do fã de jazz que virou estrela mundial do rock com os Rolling Stones

O baterista dos Rolling Stones, Charlie Watts, morreu aos 80 anos, segundo a assessoria de imprensa do músico.

“É com imensa tristeza que anunciamos a morte de nosso amado Charlie Watts”, afirma a equipe do baterista, em um comunicado.

“Ele faleceu em paz em um hospital de Londres, hoje cedo, cercado por sua família.”

A nota afirma que Watts era “um querido marido, pai e avô” e “um dos maiores bateristas de sua geração”.

O comunicado acrescentou: “Pedimos gentilmente que a privacidade de sua família, membros da banda e amigos próximos seja respeitada neste momento difícil.”

A morte de Watts ocorre semanas depois de ter sido anunciado que ele não iria participar da turnê da banda nos Estados Unidos. Segundo a banda, ele estaria em recuperação de um procedimento médico não especificado. Watts já havia se recuperado de um câncer de garganta, em 2004.Ele era membro dos Stones desde janeiro de 1963, quando se juntou a Mick Jagger, Keith Richards e Brian Jones.

O trabalho de Watts era a base que escorava a música dos Rolling Stones. Ao mesmo tempo, para o baterista, tocar em uma banda que virou sinônimo de rock & roll não resultou na mesma “ego trip” vivenciada pelo vocalista Mick Jagger e o guitarrista Keith Richards.

Fã do jazz, Watts “disputava” com o ex-baixista Bill Wyman o título de membro menos carismático da banda; ele evitava os holofotes e raramente dava entrevistas.

Nascido em 2 de junho de 1941, em Londres, Watts vinha de uma família operária. Seu pai era motorista de caminhão, e ele cresceu em uma casa pré-fabricada para onde sua família se mudou depois de bombardeios alemães durante a Segunda Guerra terem destruído centenas de casas na região londrina onde moravam.

Um amigo de infância certa vez descreveu a paixão de Watts pelo jazz e lembra de escutar álbuns de artistas como Jelly Roll Morton e Charlie Parker no quarto do jovem.

Jazz era a paixão original de Watts

Na escola, Watts desenvolveu o gosto e o talento pela arte. Formou-se na Escola de Arte Harrow e trabalhou como designer gráfico em uma agência de publicidade.

Mas seu amor pela música era a força dominante em sua vida. Ele havia ganhado dos pais um conjunto de bateria aos 13 anos, no qual ele tocava ao som de seus discos de jazz.

Até que ele começou a se apresentar como baterista em casas noturnas e pubs e, em 1961, recebeu de Alexis Korner o convite para tocar em sua banda, Blues Incorporated. Ali também tocava o guitarrista Brian Jones, que levou Watts para a então iniciante banda The Rolling Stones – que havia perdido seu baterista original, Tony Chapman.

‘Traseiro de Mick Jagger’
O resultado daquele encontro inicial, segundo Watts descreveria mais tarde, foram “quatro décadas vendo o traseiro de Mick Jagger na minha frente”.

A habilidade e a experiência de Watts são consideradas inestimáveis. Junto com Wyman, ele fazia um contraponto às guitarras de Richards e Jones e à performance de Jagger.

Os primeiros shows dos Stones muitas vezes acabavam em caos, enquanto jovens fãs escalavam o palco para abraçar seus ídolos. Watts muitas vezes se via tentando manter o ritmo da bateria com garotas presas a seus braços.

Além de sua habilidade musical, ele encontrou utilidade também para sua experiência em design gráfico. Participou da confecção da capa do álbum de 1967, Behind the Buttons, e ajudou a criar os projetos de palco, que se tornariam cada vez mais importantes nas turnês.

Foi dele a ideia de promover a turnê de 1975 nos EUA com uma apresentação na traseira de um caminhão que se movia por Manhattan, em Nova York.

Ele lembrava-se de que bandas de jazz de Nova Orleans haviam usado dessa estratégia, que depois seria copiada também por bandas como AC/DC e U2.

Seu estilo de vida nas turnês contrastava com o dos demais integrantes dos Stones. Ele era conhecido por rejeitar as hordas de groupies que acompanhavam a banda nas viagens, mantendo-se fiel a sua esposa, Shirley, com quem havia se casado em 1964.

Ascensão e queda
No entanto, nos anos 1980, durante o que depois descreveria como uma crise de meia-idade. Watts viu sua vida descarrilar com bebidas e drogas, resultando em um vício em heroína.

“Fiquei tão mal que até o Keith Richards, abençoado seja, me pediu que me compusesse”, ele contou certa vez.

Ao mesmo tempo, sua esposa também enfrentava o alcoolismo, e sua filha, Seraphina, havia se tornado uma jovem “rebelde”, sendo expulsa de uma escola de prestígio por fumar maconha.

Nesse período, a relação de Watts com Jagger também chegou a seu ponto mais baixo.

Um episódio famoso se desenrolou em um hotel de Amsterdã, em 1984, quando Jagger, bêbado, teria acordado Watts berrando ao telefone: “onde está o meu baterista?”

Watts respondeu com uma visita ao quarto do vocalista, onde lhe desferiu um soco e disse “nunca mais me chame de ‘seu baterista’, seu maldito cantor”.

A crise durou dois anos e ele emergiu dela, sobretudo, com a ajuda de Shirley.

Vida
Dono de uma fortuna estimada em 80 milhões de libras (equivalente hoje a R$ 576 milhões) como resultado da duradoura popularidade dos Stones, Watts vivia com sua esposa em uma fazenda em Devon, na Inglaterra, onde criavam cavalos.

Ele também havia se tornado uma espécie de especialista em antiguidades, e coletava desde memorabilia da Guerra Civil Americana até carros antigos – o que é curioso, uma vez que Watts não dirigia.

Nos intervalos das turnês, Watts alimentava seu amor pelo jazz. Embora gostasse de toar rock e amasse seu trabalho nos Stones, ele diz que o jazz lhe dava “mais liberdade”.

Sempre elegante – Watts costumava figurar em listas de homens mais bem vestidos -, ele se manteve com os pés no chão durante sua carreira em uma das bandas mais longevas da história.

“Dizem que é para ser sexo, drogas e rock & roll”, ele disse uma vez. “Eu não sou bem assim.”

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*Fonte: bbc-brasil