Dia: 20 de janeiro, 2022
Like não é afeto, seguir de volta não é amizade e rede social não é vida real!
Like não é afeto, seguir de volta não é amizade e rede social não é vida real!
Estamos carentes. No fundo, somos carentes. Embora a gente tente viver sem ter que contar muito com os outros, existem momentos que parecem pedir a presença de alguém.
É perfeitamente possível ir ao cinema, a bares, a shoppings e a baladas sozinho, bem como curtir a própria casa sem companhia alguma. Porém, em determinadas situações, poder contar com alguém faz diferença.
Com a pandemia, as redes sociais foram importantes para que pudéssemos manter o contato com as pessoas que amamos, muitos de nós precisamos nos conectar online, relegando os encontros da vida real ao quase esquecimento.
É possível bater papo em chats virtuais, inclusive escolhendo assuntos de interesse, entre outros, o que traz a ilusão de companhia verdadeira. Mas não: há uma tela separando os interlocutores, o que encoraja muitos a fingir, mentir, mascarar.
NÃO DÁ PARA CONFIAR APENAS NO QUE O OUTRO DIGITA, OU MESMO EXPÕE VIA WEBCAM.
Somos seres gregários, somos sentimentos e precisamos de troca de energia, de sentidos, de contato, de afeto. Precisamos de proximidade, de olho no olho, de abraços apertados.
Pode ser até bom conversar virtualmente com alguém que parece nos entender e nos conhecer bem, porém, o calor humano jamais será substituído por palavras ao longe.
Saber que tem alguém que virá até nós, quando assim for preciso, acalenta e acalma a nossa alma.
Sua conta no Instagram pode ter milhares de seguidores, sua lista de amigos no Facebook pode ser imensa, você pode participar de inúmeros grupos no WhatsApp, mas quem realmente se importa com você, a ponto de responder, ali ao lado, às suas chamadas doloridas, muito provavelmente é a pessoa que faz questão de se encontrar pessoalmente com você.
E, para essa pessoa, não importa a duração ou a frequência desses encontros e sim a intensidade da verdade que seu afeto carrega.
A GENTE ACHA QUE SE BASTA, QUE NÃO PRECISA DE NINGUÉM, MAS NEM SEMPRE É ASSIM, AMIZADE VERDADEIRA É FÔLEGO PARA A ALMA E FORTALECE O CORAÇÃO.
Quando o abismo abre sob nossos pés, a gente tenta procurar mãos que nos sustentem e abraços que nos confortem.
Um amigo, um irmão, um amor, não importa: nossa escuridão acaba procurando a luz no olhar de um outro além de nós.
A fé nos fortalece e é imprescindível, mas a luz de uma amizade que se importa com a gente nos empurra, faz a gente esperançar coisas melhores.
*Por Robson Hamuche
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*Fonte: resilienciamag
Elza Soares morre aos 91 anos
Ela morreu de causas naturais em casa no Rio de Janeiro nesta quinta (20). Uma das maiores cantoras do Brasil, ela lançou 34 discos com mistura de samba, jazz, eletrônica, hip hop e funk.
Elza Soares morreu aos 91 anos nesta quinta-feira (20), no Rio de Janeiro. “É com muita tristeza e pesar que informamos o falecimento da cantora e compositora Elza Soares, aos 91 anos, às 15 horas e 45 minutos em sua casa, no Rio de Janeiro, por causas naturais”, diz o comunicado enviado pela assessoria da cantora.
“Ícone da música brasileira, considerada uma das maiores artistas do mundo, a cantora eleita como a Voz do Milênio teve uma vida apoteótica, intensa, que emocionou o mundo com sua voz, sua força e sua determinação.”
“A amada e eterna Elza descansou, mas estará para sempre na história da música e em nossos corações e dos milhares fãs por todo mundo. Feita a vontade de Elza Soares, ela cantou até o fim.”
O corpo da cantora será sepultado no Jardim da Saudade Sulacap, na tarde de sexta-feira (21), depois do velório no Theatro Municipal do Rio.
Pedro Loureiro, empresário de Elza, disse ao g1 que a cantora estava bem e tinha gravado um DVD dois dias antes. Ela acordou e fez fisioterapia. Estava com a respiração ofegante, mas garantiu a todos que estava bem. Mas foi ficando mais ofegante e disse aos familiares: “Eu acho que eu vou morrer”.
A declaração acendeu o alerta: os familiares foram checar sua pressão e oxigenação, e notaram uma pequena alteração. Pedro e os familiares chamaram o médico de Elza, que enviou uma ambulância para o local por precaução, mas 40 minutos depois, Elza foi mudando o semblante, até que apagou.
“Foi uma morte tranquila, sem traumas, sem motivo. Morreu de causas naturais. Esse, aliás, era um grande medo dela: ter uma morte sofrida, por doença. Hoje, ela simplesmente desligou”, conta Pedro.
Do sambalanço à eletrônica
Elza Gomes da Conceição é considerada uma das maiores cantoras da música brasileira. Filha de uma lavadeira e de um operário, ela foi criada na favela de Água Santa, subúrbio de Engenho de Dentro. Elza cantava, desde criança, com a voz rouca e o ritmo sincopado dos sambistas de morro.
Casou-se obrigada aos 12 anos, virou mãe aos 13 e viúva aos 21. Foi lavadeira e operária numa fábrica de sabão. Por volta dos 20 anos fez seu primeiro teste como cantora, na academia do professor Joaquim Negli. Foi contratada para a Orquestra de Bailes Garan e seguiu no Teatro João Caetano.
Ela começou a se destacar na música como parte da cena do sambalanço com “Se Acaso Você Chegasse”, em 1959.
Nos 34 discos lançados, ela se aproximou do samba, do jazz, da música eletrônica, do hip hop, do funk e dizia que a mistura era proposital. O último disco lançado foi “Planeta Fome”, em 2019.
A expressão era uma alusão ao episódio em que foi constrangida por Ary Barroso no programa de calouros que participou nos anos 50. “De que planeta você vem, menina?”, ele disse. E ela respondeu: “Do mesmo planeta que você, seu Ary. Eu venho do Planeta Fome.”
“Eu sempre quis fazer coisa diferente, não suporto rótulo, não sou refrigerante”, comparava Elza. “Eu acompanho o tempo, eu não estou quadrada, não tem essa de ficar paradinha aqui não. O negócio é caminhar. Eu caminho sempre junto com o tempo.”
Desde que lançou o álbum “A mulher do fim do mundo”, em 2015, a cantora viveu mais uma fase de renascimento artístico. “Me deixem cantar até o fim”, pediu Elza em verso da música que batiza o álbum.
Começo no samba
Mais voltada para o samba, a primeira fase da cantora tem discos gravados nos anos 60 com o cantor Miltinho (1928–2014) e o baterista Wilson das Neves (1936–2017).
Fazem parte desta era lançamentos como “O samba é Elza Soares” (1961), “Sambossa” (1963), “Na roda do samba” (1964) e “Um show de Elza” (1965).
Outras fases vieram. Nos anos 70, escolheu cantar o samba de ritmo mais tradicional. A fase rendeu sucessos como “Salve a Mocidade” (Luiz Reis, 1974), “Bom dia, Portela” (David Correa e Bebeto Di São João, 1974), “Pranto livre” (Dida e Everaldo da Viola, 1974) e “Malandro” (Jorge Aragão e Jotabê, 1976).
A cantora amargou período de ostracismo na década de 1980. Em 1983, sofreu com a morte do jogador Garrincha, com quem teve um relacionamento por 17 anos.
Devido a essa fase de menos sucesso, ela pensou até em desistir da carreira, mas resolveu procurar Caetano Veloso, em hotel de São Paulo, para pedir ajuda.
O auxílio veio na forma de convite para participar da gravação do samba-rap “Língua”, faixa do álbum do cantor, “Velô” (1984).
Essa participação mostrou a bossa negra de Elza Soares a uma nova geração e abriu caminho para que a cantora lançasse, em 1985, um álbum menos voltado para o samba. “Somos todos iguais” tinha música de Cazuza (1958–1990).
Em 2002, com direção artística de José Miguel Wisnik, fez um dos álbuns mais modernos da discografia, “Do cóccix até o pescoço”. No ano seguinte, foi a vez de “Vivo feliz”, mais voltado para a eletrônica.
Elza seguia fazendo shows até antes da pandemia da Covid-19 e cantou em lives. Ela estava produzindo um novo álbum de estúdio que pode ter lançamento póstumo.
Nesta semana, ela também se apresentou em shows no Theatro Municipal de São Paulo que foram gravados para o lançamento de um DVD.
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Fonte: g1