Dia: 8 de maio, 2022
A morte devagar – Martha Medeiros
Morre lentamente quem não troca de idéias, não troca de discurso, evita as próprias contradições.
Morre lentamente quem vira escravo do hábito, repetindo todos os dias o mesmo trajeto e as mesmas compras no supermercado. Quem não troca de marca, não arrisca vestir uma cor nova, não dá papo para quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru e seu parceiro diário. Muitos não podem comprar um livro ou uma entrada de cinema, mas muitos podem, e ainda assim alienam-se diante de um tubo de imagens que traz informação e entretenimento, mas que não deveria, mesmo com apenas 14 polegadas, ocupar tanto espaço em uma vida.
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o preto no branco e os pingos nos is a um turbilhão de emoções indomáveis, justamente as que resgatam brilho nos olhos, sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho, quem não se permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não acha graça de si mesmo.
Morre lentamente quem destrói seu amor-próprio. Pode ser depressão, que é doença séria e requer ajuda profissional. Então fenece a cada dia quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente quem não trabalha e quem não estuda, e na maioria das vezes isso não é opção e, sim, destino: então um governo omisso pode matar lentamente uma boa parcela da população.
Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da chuva incessante, desistindo de um projeto antes de iniciá-lo, não perguntando sobre um assunto que desconhece e não respondendo quando lhe indagam o que sabe. Morre muita gente lentamente, e esta é a morte mais ingrata e traiçoeira, pois quando ela se aproxima de verdade, aí já estamos muito destreinados para percorrer o pouco tempo restante. Que amanhã, portanto, demore muito para ser o nosso dia. Já que não podemos evitar um final repentino, que ao menos evitemos a morte em suaves prestações, lembrando sempre que estar vivo exige um esforço bem maior do que simplesmente respirar.
*Martha Medeiros, crônica publicada originalmente no jornal ‘Zero Hora’, em 1 de novembro de 2000.
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*Fonte: revistaprosaeverso
Energias renováveis formarão a nova base da matriz elétrica mundial até 2050
Os investimentos em energia solar e eólica continuarão a impulsionar a participação das fontes renováveis, que devem representar 85% da matriz mundial.
Segundo um estudo da consultoria McKinsey, a transição sustentável da geração elétrica mundial que vem ocorrendo nos últimos anos é apenas o começo de uma jornada rumo a um futuro com mais energia limpa.
O estudo afirma que a queda de preços dos painéis fotovoltaicos e aerogeradores deve continuar atraindo a maior parte dos investimentos para estas tecnologias, elevando para 85% a participação das fontes de energia renováveis na matriz elétrica mundial até 2050.
O crescimento dessas fontes alternativas de energia servirá principalmente para atender ao aumento da demanda elétrica mundial, que deve triplicar até 2050, segundo a pesquisa.
Somente em energia solar, a McKinsey projeta um crescimento de cinco vezes da capacidade instalada atual de painéis fotovoltaicos e uma participação de 43% da tecnologia na geração de energia elétrica no mundo daqui 30 anos.
Hoje, a energia solar fotovoltaica já alimenta o autoconsumo de milhões de casas e empresas em todo o planeta, além das usinas solares que também se espalham em projetos de geração centralizada.
O Brasil, que ficou em quarto lugar no ranking mundial dos países com maior capacidade instalada em 2021, é um dos exemplos onde a tecnologia vem crescendo aceleradamente.
Somente no ano passado, o país aumentou em 5,7 Gigawatts (GW) a sua produção de energia solar fotovoltaica, que atingiu 13 GW. No mês passado, ela chegou a 15 GW, superando a capacidade de Itaipu, maior hidrelétrica do Brasil.
A maior parte da energia solar no Brasil é gerada pelos próprios consumidores no segmento de Geração Distribuída (GD), que se iniciou em 2012 com as regras da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e, hoje, engloba um público de mais de 1 milhão de consumidores.
As instalações são impulsionadas por uma soma de fatores, especialmente a alta inflação energética no país, a queda de preços da tecnologia e a disponibilidade de financiamentos de energia solar.
Segundo o último Plano Decenal de Energia (PDE) do governo, realizado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o Brasil deve atingir mais de 34 GW de capacidade em energia solar distribuída até 2031.
*Por Ruy Fontes
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*Fonte: thegreenestpost