Uma dieta anti-inflamatória agora pode proteger seu cérebro da demência mais tarde

Todos os anos, você pode esperar uma série de novos livros de “dieta garantida” para perda de peso, saúde do cérebro, envelhecimento, bem-estar espiritual e estilo de vida geral. Há o vegano, o de carne crua, o de baixo teor de gordura, o de alto teor de gordura, o de suco de frutas colhidas durante a lua cheia, o de tipo sanguíneo e o baseado em sua última leitura de tarô. Torna-se bastante confuso. Os autores confundem um pouco de informação com conhecimento, depois tentam traduzir isso em vendas.

Há muitos fatores a serem levados em consideração para uma dieta adequada. Nutricionistas sérios reconhecem que uma boa saúde requer uma compreensão diferenciada da genética individual, do ambiente e do microbioma intestinal. Depois, há a velocidade com que você consome sua comida, os tipos de açúcar que você come – em sucos ou frutas inteiras, em que a fibra desempenha um papel crítico – depois os tipos de gordura que você digere e os níveis de estresse.

Vamos fazer uma pausa nesse último por um momento, pois o estresse é galopante. Um corpo sobrecarregado é um corpo inflamado. Vale a pena considerar um estudo recente que investiga o papel da inflamação no que diz respeito à saúde do cérebro e à demência . Não é o único fator em uma boa dieta, mas é crucial.

Uma equipe do Centro Médico da Universidade de Columbia, liderada pelo neuropsicólogo e epidemiologista Yian Gu, estudou o desempenho cognitivo de 330 idosos para ver se a dieta mediterrânea – uma das dietas mais duradouras e mais estudadas do mundo – poderia diminuir seu risco de doenças de demência, incluindo Alzheimer. Todos os adultos envolvidos não sofreram de demência durante o estudo.

Gu aponta que vários estudos mostraram que essa dieta, que é rica em peixes e aves, com ênfase em grãos integrais, frutas, azeite, vegetais e ingestão moderada de álcool, oferece proteção contra o desenvolvimento da doença de Alzheimer. Gu queria saber se isso se deve a uma diminuição nos biomarcadores inflamatórios no cérebro do sujeito.

O resultado foi sim, a diminuição dos marcadores inflamatórios foi prevalente naqueles que consumiram essa dieta. Eles também tiveram melhor cognição visuoespacial, graças a nutrientes como vitaminas B1, B2, B5, B6, D e E, além de maior ingestão de ácidos graxos ômega 3, cálcio e folato. Notas de Gu :

“Este estudo sugere que certos nutrientes podem contribuir para os benefícios de saúde observados anteriormente de alguns alimentos, e a anti-inflamação pode ser um dos mecanismos. Esperamos confirmar esses resultados em estudos maiores e com uma gama mais ampla de marcadores inflamatórios.”

Para entender por que a diminuição da inflamação ajuda na saúde geral e no envelhecimento, enviei um e-mail para Drew Ramsey, também da Universidade de Columbia. O psiquiatra, especialista em Big Think e autor de vários livros, incluindo Eat Complete , me disse:

“A inflamação é como nosso corpo lida com o estresse e as lesões. Hoje, a maioria das pessoas faz uma dieta e tem um estilo de vida que promove um estresse incrível por meio do excesso de açúcares, comendo as gorduras erradas e perdendo a sensação de alegria que a comida deveria nos dar. Atualmente, a inflamação é considerada um fator importante no desenvolvimento de depressão, demência e outros distúrbios cerebrais. As pessoas devem se preocupar com a inflamação porque está contribuindo para a degradação de sua saúde.!

Isso é especialmente importante à medida que envelhecemos. Como Gu e sua equipe escrevem no estudo, a doença de Alzheimer é a principal causa de demência em todo o mundo e é o distúrbio neurodegenerativo mais comum. Embora as intervenções médicas nos ajudem a viver mais, isso nem sempre se traduz em mais saúde. Podemos superar o câncer e a cirurgia cardíaca e sobreviver por mais tempo com AIDS e diabetes tipo 2, mas a qualidade de vida fica muito comprometida quando sofremos de demência. A pressão sobre a família e os amigos pode ser esmagadora.

É por isso que é importante iniciar as intervenções mais cedo na vida. A maior parte do que é vendido em embalagens não é comida, mas uma combinação de substâncias semelhantes a alimentos preservadas por uma química impronunciável. Açúcares e gorduras insalubres se escondem, disfarçados por inúmeros nomes, retardando a transformação do nosso microbioma de maneiras que degradam a saúde. E não é apenas a gordura visceral, índice de massa corporal e doenças cardíacas que precisamos nos preocupar. Sem cognição saudável, o próprio conceito de “eu” se desintegra. Os chamados anos dourados são efetivamente sem sentido se você não consegue se lembrar deles.

Enquanto estudos como o de Gu nos lembram do quadro geral, Ramsey sugere que você tome refeição por refeição. Quando pergunto a ele como as pessoas podem implementar mudanças em suas dietas agora, ele expressa ceticismo em considerar o jogo longo. A mudança começa na mesa de jantar esta noite, diz ele.

“As pessoas não são motivadas por “benefícios de longo prazo” ou “redução de riscos”. Temos mais sucesso em nossa clínica quando incentivamos os pacientes a fazer melhores escolhas alimentares na próxima refeição. Descobrimos que há efeitos muito rápidos quando as pessoas mudam de comida ocidental moderna para alimentos integrais densos em nutrientes (que também são alimentos para o cérebro). Claro, comer mais abacate pode diminuir o risco de demência, mas incentivar os pacientes a comer mais torradas de abacate e guacamole é mais atraente quando se trata de mudança comportamental.“

Gu sabe que um estudo não muda um discurso. Mas a combinação de uma melhor compreensão do microbioma e os efeitos da diminuição da inflamação é muito prevalente para negar. A dieta mediterrânea oferece uma lição simples aplicável globalmente, para comer alimentos frescos sazonais e desfrutar de quantidades moderadas de álcool. Tal abordagem funcionou para nossa espécie por milhões de anos até o advento da refrigeração e do processamento industrial. E sabemos que agora funciona. Nós apenas temos que implementá-lo, seja através do reconhecimento do envelhecimento cognitivamente forte ou, como Ramsey sugere, indo ao corredor de produtos para o jantar hoje à noite.

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*Fonte: sabersaude

Paul McCartney morreu? Como nasceu o boato e como a teoria é sustentada

Pistas e dicas estariam espalhadas pelos álbuns dos Beatles, que desde 1966 contariam com Billy Shears no lugar de Paul

Paul McCartney está morto desde o dia 9 de novembro de 1966, quando, as 5h da manhã, sofreu um acidente de carro. O então integrante dos Beatles foi substituído por um sósia chamado Billy Shears, que se passa por ele até hoje.

A história narrada no parágrafo anterior, obviamente, não é real. Porém, muita gente acreditou nesse boato e até encontrou pistas do “fato” nos discos dos Beatles.

Essa teoria bizarra surgiu através de um DJ da cidade americana de Detroit, Russ Gibb, que teria recebido ligações de fãs ao vivo contando sobre supostas pistas que encontravam a respeito da morte de Paul McCartney. As primeiras surgiram no clássico “White Album” (1968), quando ao tocar a introdução de “Revolution #9” ao contrário, era possível ouvir “turn me on, dead man” (“me excite, homem morto”).

O boato já existia desde 1967, mas graças a Gibb, começou a ganhar força. Com o tempo, os próprios Beatles passaram a entrar na brincadeira, que continuou forte ao longo dos anos 70 e, de vez em quando, é ressuscitada.

O próprio Paul McCartney (ou Billy Shears?) falou em 1974 para a Rolling Stone sobre como descobriu a teoria.

“Alguém do escritório me ligou e falou: ‘olha, Paul, você está morto’. E eu disse: ‘oh, eu não concordo com isso.’”


Paul McCartney morreu?

Segundo a teoria da conspiração, o acidente de carro supostamente sofrido por Paul McCartney teria ocorrido após o músico furar um sinal vermelho. Ele não teria visto o sinal vermelho, como mostra mais uma “dica” dos Beatles, deixada na letra da música “A Day in the Life”: “he blew his mind out in a car / he didn’t notice that the lights had changed” (“Ele estourou sua mente num carro / não percebeu que as luzes haviam mudado”).

Segundo o rumor, a colisão teria causado um esmagamento do crânio de McCartney, tornando quase impossível o reconhecimento do corpo.

A solução encontrada pelos Beatles, supostamente, foi substituir um dos principais membros por um sósia, chamado William Campbell e também conhecido como Billy Shears – o mesmo citado no álbum “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band” (1967). De origem escocesa, ele teria sido inclusive o dublê de Paul em algumas cenas dos filmes “A Hard Day’s Night” e “Help!” e teria passado por procedimentos estéticos para aumentar a semelhança.

A data da tal substituição casa com o momento em que os Beatles pararam de se apresentar ao vivo, o que corroboraria ainda mais a teoria. Shears teria apenas que aparecer como McCartney em fotos e vídeos, sem ter que necessariamente cantar e tocar. Mesmo assim havia um problema: ele seria cerca de 5 centímetros mais alto do que o verdadeiro e falecido artista.

As pistas para o boato
Além das já citadas, as pistas sobre a morte de Paul McCartney teriam sido deixada pelos Beatles em inúmeros lugares, tanto em músicas como em capas de discos. Tudo começaria em “Rubber Soul” (1966), cuja capa, distorcida para dificultar a identificação de Shears, traz os Beatles olhando para baixo, como se observassem uma sepultura.

Na música “Girl”, há o verso “Will she still believe it when he’s dead?” (“Ela ainda acreditará nisso quando ele estiver morto?”). Em “In My Life”, a situação da banda estaria explícita no trecho “Some are dead and some are living” (“Alguns estão mortos e alguns estão vivos”), em uma das pistas mais óbvias segundo os conspiracionistas.

Ainda no mesmo álbum, “I’m Looking Through You” falaria mais diretamente sobre o sósia de Paul: “You don’t look different, but you have changed” (“Você não parece diferente, mas você mudou”), ou ainda em “The only difference is you’re down there” (“A única diferença é você estar aí embaixo”) – ou seja, morto.

Referências a acidentes de carro estariam espalhadas por várias músicas, mas se destacam dois álbuns nesse grande quebra-cabeça. O primeiro é “Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band”, onde a capa mostraria a sepultura de Paul, com direito a um baixo Hofner canhoto feito com flores e com 3 cordas – uma para cada Beatle “sobrevivente”.

Ainda nesse disco, “Good Morning Good Morning” cita o horário do suposto acidente de carro, 5 da manhã. A faixa-título vai ainda mais longe: “So let me introduce to you the one and only Billy Shears” (“Então deixem-me apresentar a vocês o primeiro e único Billy Shears”), citando diretamente o tal sósia.

Outro disco importante na teoria é “Abbey Road” (1969), com sua famosa capa que, segundo os conspiracionistas, ilustraria um funeral. John Lennon, de branco, representaria a divindade. Ringo Starr seria o agente funerário, de preto. O último da fila, George Harrison, seria o coveiro.

Paul, terceiro da fila, é o único descalço e com os olhos fechados. Ele também está com o passo trocado em relação aos outros três e, canhoto, ainda segura um cigarro na mão direita. Para completar, a placa do Fusca ao fundo ainda traz LMW28IF, indicando Linda McCartney, Widow (“viúva”), e que Paul teria 28 anos se (“if”) estivesse vivo.

Há ainda detalhes menores, como o submarino amarelo de “Yellow Submarine” (1969), que mais parece um caixão enterrado em uma colina. Já na capa de “Let It Be” (1970), Paul é o único retratado em um fundo vermelho, enquanto os outros aparecem em um fundo branco.

A verdade
Paul McCartney realmente sofreu um acidente na época em que a teoria começou a circular. Ele caiu de moto e quebrou um dente, além de ganhar uma cicatriz na parte superior do lábio. Esse também teria sido o motivo de Paul ter usado um bigode na época de “Sgt. Peppers”. Obviamente, nunca passou disso.

No início, os Beatles se zangaram um pouco com a situação. Mal-humorado, Paul detalhou à Rolling Stone como reagiu ao rumor – que parece ter sido bem maior nos Estados Unidos do que no Reino Unido.

“Disseram: ‘Olha, o que você vai fazer sobre isso? É uma coisa grande estourando na América. Você está morto’. E então eu disse: ‘deixe que falem’. Será provavelmente a melhor publicidade que já tivemos e eu não vou ter que fazer nada exceto continuar vivo. Então, consegui sobreviver a isso.”

John Lennon foi ainda mais longe. O músico ligou para a estação de rádio de Detroit onde tudo começou e desmentiu várias das tais pistas.

Sobre o trecho de “Revolution #9” tocado ao contrário, ele chegou a dizer que não sabe como as músicas dos Beatles soam dessa forma, já que nunca as tocou assim.

“É o rumor mais estúpido que eu já ouvi. Soa como o mesmo cara que distorceu minha frase sobre Jesus Cristo.”

Paul McCartney está vivo!
Em 1993, já mais tranquilo, o próprio Paul McCartney resolveu trazer o mito de volta com um álbum ao vivo, intitulado “Paul is Live” – uma piada com “Paul is Dead”, título pelo qual a teoria ficou conhecida. A capa traz uma imagem de Macca com seu cachorro no mesmo lugar onde foi feita a foto de “Abbey Road”.

Desta vez, porém, há várias diferenças. O artista agora usa sapato, está com a perna esquerda na frente e segura a guia do cachorro com a mão esquerda, como bom canhoto. Na placa do fusca, agora se lê 51IS, mostrando que ele tem 51 anos naquele momento e está bem vivo.

Quando o trabalho foi relançado, em 2019, o Beatle divulgou declarações em seu site oficial a respeito das teorias citadas na capa. Ele brinca que chegou a ficar paranoico em relação a si mesmo.

“Conheço todos os rumores, pois as pessoas perguntavam para mim sobre eles! Literalmente as pessoas me ligavam e perguntavam: ‘você está morto?’. E eu dizia: ‘bem, não.. estou aqui atendendo sua ligação’. E a resposta era: ‘não posso ter certeza de que é você’. Então você começa a ficar paranoico em relação a você mesmo e pensa: ‘como irei provar para eles ou para qualquer pessoa que eu sou eu?’. Achei que com o tempo esse sósia iria compor algumas boas músicas – e se não era eu, como o treinei para compor?”

Bem pensado!

* Texto por André Luiz Fernandes, com pauta e edição de Igor Miranda.
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*Fonte: igormiranda