Chegamos ao Dia da Sobrecarga da Terra

Uma conta que não fecha: no dia 28 de julho já consumimos os recursos naturais renováveis que deveríamos usar em 2022

“A natureza pode suprir todas as necessidades do homem, menos a sua ganância”. Esta afirmação de Mahatma Gandhi faz muito sentido, principalmente no dia de hoje. Hoje, 28 de julho de 2022, chegamos ao Dia da Sobrecarga da Terra – uma data criada para nos lembrar dos recursos naturais que temos no planeta e do uso que estamos fazendo deles.

Desde 1970, Global Footprint Network calcula o momento em que o nosso consumo anual de serviços e recursos naturais ultrapassa o que a Terra pode regenerar naquele mesmo ano. Em 2021, esta data chegou em 29 de julho. Em 2022, no dia 28 de julho, o que mostra que novamente entramos “no cheque especial” do planeta um pouco depois da metade do ano.

Como já consumimos todos os recursos naturais que deveríamos consumir até o último dia de 2022, a partir de hoje estamos usando aquilo que já não pode ser regenerado. Para piorar, além de consumir mais recursos e serviços naturais do que o planeta é capaz de suprir, devolvemos para o lugar onde vivemos poluição na forma de resíduos, gases de efeito estufa numa quantidade muito maior do que a que pode ser absorvida.

Como é feito o cálculo?
Para calcular o Dia da Sobrecarga da Terra a Global Footprint Network divide a biocapacidade do planeta (a quantidade de recursos que a Terra é capaz de regenerar por ano) pela pegada ecológica da humanidade (nossa demanda de recursos naturais por ano) e multiplica o valor por 365 (número de dias em um ano), chegando a um resultado que vem piorando desde 1971, quando começou a contagem — na época, a data caiu em 25 de dezembro.

A situação é ruim e vem piorando ano a ano, com o Dia da Sobrecarga da Terra chegando cada vez mais cedo. A única vez em que houve um retrocesso foi em 2020, quando a pandemia desacelerou a economia e a data recuou 3 semanas e chegou em 22 de agosto.

Existem pequenos “vitórias” em relação à 2022. A primeira é que a antecipação de apenas um dia em relação ao ano anterior pode ser considerada mais lenta do que em anos anteriores quando o Dia da Sobrecarga da Terra se antecipou em até 10 dias. Esta desaceleração tem a ver com um crescimento de 0,4% da biocapacidade do planeta e ao fato de que a economia mundial ainda não se recuperou.

Ou seja, não temos muito o que comemorar, mas sim pensar em como podemos reverter uma conta “simples”: para manter nosso padrão de vida, precisaríamos de 1,75 planeta. Como não temos mais de um planeta, é preciso repensar e mudar a maneira como vivemos na Terra.

Voltamos ao que disse Gandhi: a natureza é capaz de dar tudo o que precisamos ara viver, mas não pode mais alimentar uma ganância sem limites. E quando pensamos na quantidade de pessoas que sobrevivem sem acesso ao que deveria ser um direito universal, como alimentação e água potável, vemos que a ganância humana gera uma dívida ambiental que está sendo deixada para as próximas gerações e também uma desigualdade desumana.

O que podemos fazer?
“Ainda que a antecipação em ‘apenas’ um dia possa ser vista de forma positiva, precisamos entender que há muito a ser feito. É urgente a necessidade de novos modelos de produção e de consumo para reduzirmos as emissões de gases de efeito estufa e a demanda por recursos naturais para conseguirmos ‘jogar’ o Dia da Sobrecarga da Terra para mais adiante”, afirma Helio Mattar, diretor-presidente do Instituto Akatu, que trabalha com a sensibilização e a mobilização para o consumo consciente

A mudança precisa ser proporcional ao tamanho do impacto que a humanidade está provocando no planeta – ou seja, enorme! Além das ações individuais, é necessário cobrar de empresas e governos um rumo diferente. Se as ações individuais podem fazer a diferença, decisões de quem nos governa e de quem produz em grande quantidade têm um impacto fundamental.

Individualmente podemos votar em pessoas e partidos que nos representem e estejam comprometidos com um desenvolvimento sustentável, em que a preservação do meio ambiente seja prioridade. Podemos também escolher produtos e marcas responsáveis, que tenham compromisso com uma produção ambientalmente e socialmente correta, além de darem o destino adequado à poluição que gera, antes, durante e depois da geração de seus produtos.

Faça a sua parte!
A boa notícia é que também podemos contribuir para adiar o dia da Sobrecarga da Terra. Todos os anos o Instituto Akatu traz algumas dicas, com escolhas e atitudes que estão ao nosso alcance. Estas são as orientações

Proteja as florestas tropicais
Restaurar e proteger as florestas tropicais, como a Mata Atlântica e a Floresta Amazônica, pode atrasar o Dia da Sobrecarga da Terra em 7 dias. Denuncie queimadas e desmatamento, apoie instituições que protegem o meio ambiente e têm projetos de reflorestamento e priorize empresas comprometidas com a defesa da biodiversidade e com a preservação da natureza.

Combata o desperdício de alimentos
Cortar o desperdício de alimentos pela metade em todo o mundo traria um alívio de 13 dias na conta da Sobrecarga da Terra. Dê o exemplo em casa: prepare só a quantidade necessária de alimento, faça o uso integral de frutas, legumes e vegetais, congele o que sobrou para comer no dia seguinte ou reutilize as sobras criando novas receitas.

Diminua o consumo de carne
Uma redução de 50% no consumo global de carne, substituindo essas calorias por uma dieta vegetariana, é capaz de mudar o Dia da Sobrecarga da Terra em 17 dias. Comece reduzindo o consumo de carne aos poucos, encontrando alternativas como proteínas vegetais (soja, grão-de-bico, tofu, quinoa, lentilha e outras).

Economize e reutilize a água
As tecnologias comerciais já existentes para edifícios, processos industriais e produção de eletricidade podem atrasar o Dia da Sobrecarga da Terra em 21 dias. Verifique vazamentos, feche a torneira e evite o desperdício de água nas atividades do dia a dia, como ao lavar a louça, escovar os dentes e tomar banho. Se possível, reutilize a água da máquina de lavar para limpar o chão e a calçada.

Prefira casas inteligentes e sustentáveis
A popularização de casas inteligentes e sustentáveis, que utilizam tecnologias, processos industriais e produção de eletricidade já existentes, pode atrasar o Dia da Sobrecarga da Terra em 21 dias. Na hora de morar ou construir, por exemplo, evite o desperdício de materiais e prefira ambientes com boa iluminação natural, buscando sempre uma eficiência no consumo de água, energia e materiais.

Priorize fontes renováveis de energia
Estima-se que a geração de 75% da eletricidade a partir de fontes de baixo carbono, acima dos 39% atuais, atrasaria o Dia de Sobrecarga da Terra em 26 dias. Se possível, utilize a geração de energia solar ou dê preferência a empresas que usem ou estimulem o uso de fontes de energia renováveis.

Quer saber qual a sua pegada ecológica? No site Footprint Calculator é possível calcular quantos planetas seriam necessários se todos no mundo vivessem como você.

*Por Natasha Olsen
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*Fonte: ciclovivo

5 Maneiras como a vida seria estranha se a TERRA fosse PLANA

Se você esteve na internet durante os últimos anos, provavelmente viu a enxurrada de conspiradores que decidiram contrariar tudo o que a ciência sabe até hoje e passaram a dizer que a Terra é plana. Na visão deles, nós não vivemos em um globo, mas sim em um disco estranho com a Lua e o Sol girando em nossas cabeças.

Loucura? Para alguns parece algo possível. Porém, se essa realmente fosse uma realidade, você já parou para pensar em como as nossas vidas seriam diferentes? Devido a todos os conhecimentos científicos que temos até hoje, muito mudaria. Então, veja só essa lista com cinco maneiras como a visa seria estranha se vivêssemos na Terra plana!

1. Fim da gravidade
Lembra todo aquele conceito de gravidade que você aprendeu na escola? Esqueça-o por completo. Na Terra esférica, a gravidade é responsável por puxar os objetos e nos prender no chão. E se adotássemos os mesmos conceitos para um planeta plano, ele logo voltaria a adquirir um formato esférico de qualquer maneira.

Então, tudo que a gente sabe até agora seria apenas uma grande mentira. Ou então, a gravidade seria aplicada nas extremidades do disco, puxando tudo para o centro — ou o Polo Norte, nessa visão de mundo. Isso causaria estragos por todas as partes, mas pelo menos saltar de um lugar para outro seria ainda mais fácil!

2. Inundação central
Se a gravidade puxasse tudo para o centro do planeta, o mesmo aconteceria com a chuva. Como sabemos, as precipitações só caem do céu por causa da gravidade e nesse novo sistema ela seria atraída para o ponto de maior força. Logo, somente no Polo Norte o mundo se comportaria da forma que conhecemos hoje.

Nesse sentido, água em rios e mares também fluiria em direção ao centro, o que automaticamente faria com que vastos oceanos se concentrassem nessa região em uma imensidão aquática sem limites. As bordas da Terra, por sua vez, estariam completamente secas.

3. Sumiço do GPS
Se a Terra fosse plana, é bem provável que os satélites também não existiriam — visto que teriam muitos problemas para orbitar esse tipo de astro. Sem satélites, esqueça todos os sistemas de GPS que inventamos até hoje. A geolocalização sumiria de uma vez por todas e você teria muito mais dificuldade de viajar para qualquer lugar no mundo.

Com o fim desse sistema, diversas das práticas que temos no mundo moderno fatalmente sumiriam como consequência e a humanidade ficaria, literalmente, perdida. Pelo lado positivo, a direção da chuva por conta da gravidade sempre nos mostraria para onde o norte fica.

4. Viagens mais longas
Viajar de um lugar para outro no mundo não seria apenas mais difícil pela ausência do GPS, como o tempo de locomoção seria consideravelmente maior. E por quê? De acordo com a crença da Terra plana, o Ártico fica no centro do planeta e a Antártida forma uma parede de gelo gigante em torno da borda — o que nos impediria de cair do planeta.

Portanto, viajar de uma ponta a outra do mundo plano demoraria quase que uma infinitude, visto que o conceito de atravessar a Antártida para reduzir o tempo de viagem seria um conceito que simplesmente não existiria.

5. Adeus, furacões
Todos os anos, furacões causam danos sem precedentes. Em 2017, o furacão Harvey sozinho causou danos no valor de US$ 125 bilhões nos Estados Unidos. Essa natureza devastadora só acontece por conta da força inercial de Coriolis, que faz com que as tempestades no Hemisfério Norte girem no sentido anti-horário e aquelas no Hemisfério Sul girem no sentido horário.

No entanto, na Terra plana estacionária — o que significa que o mundo não gira — nenhum efeito Coriolis seria gerado. Sem Coriolis, sem furacões. Pelo menos um benefício, não é mesmo?

*Por Pedro Freitas
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*Fonte: megacurioso