Por que é tão difícil mudar de opinião?

Em pleno período eleitoral, uma verdade parece ainda mais evidente: é muito difícil mudar aquilo que já achamos. Estudos realizados pela psicologia cognitiva e pela neurociência demonstram que algo presente na política se estende para todos os ramos da nossa vida: nós costumamos formar nossa opinião muito mais por conta das emoções (como a raiva e o desprezo) do que por conta dos fatos.

É por isso mesmo que “saber a verdade” não é sempre suficiente para mudar uma opinião. Em outras palavras, mudar a própria mente não é nada fácil. Mas não é impossível. Neste texto, explicamos por que, para nós, é tão difícil mudar de ideia.

1. O confronto com as crenças

Idealmente, imaginamos que vivemos em um mundo regido pela racionalidade. Quando novas evidências desmentem as nossas crenças, nós avaliaríamos esses fatos e mudaríamos de ideia. Mas não é assim que costuma acontecer.

A neurociência explica que a culpa é um sentimento que costuma entrar em ação quando nos confrontamos com evidências que desmontam o que já achávamos. Este fenômeno tem até nome: é chamado de “perseverança da crença”.

Quando algo (como notícias ou mesmo conversas com os outros) sugerem que nossas crenças estão erradas, nós nos sentimos ameaçados. Quando isso envolve questões ligadas à nossa identidade pessoal ou político, sentimo-nos ainda mais atacados.

Curiosamente, o confronto com alguém com a visão de mundo diferente pode se tornar “um tiro que sai pela culatra”: as crenças originais se tornam ainda mais arraigadas que antes.

2. A busca pelo que confirma as crenças

Outra tendência cognitiva que temos é de buscar aquilo que a ciência define como “viés de confirmação”. Ou seja, naturalmente, nosso primeiro movimento é buscar novas informações que ajudem a confirmar aquilo que já pensávamos.

Fazemos isso de várias formas, como conversando com pessoas que pensam como nós ou procurando uma mídia tendenciosa. O problema do viés de confirmação é que ele nos impede de olhar para uma situação de forma objetiva, analisando vários ângulos — e, desta forma, descobrindo que estamos errados.

3. A questão dos hormônios

A verdade é que o funcionamento do nosso cérebro também não ajuda para que estejamos abertos às mudanças. O cérebro está preparado para nos proteger, o que envolve reforçar nossas opiniões mesmo quando elas estão equivocadas.

A explicação é científica: vencer uma discussão faz ocorrer no cérebro uma enxurrada de hormônios, como dopamina e adrenalina. Estas substâncias nos trazem as sensações de prazer presentes nos atos de comer, andar, fazer sexo — e sim, vencer um debate. É um sentimento tão bom que muita gente fica viciado nele.

Por outro lado, quando temos alto nível de estresse, o corpo libera cortisol, um hormônio que nos tira de nosso centro e desconstrói nossa racionalidade. É o cortisol, por exemplo, que nos dá o impulso para fugir quando sentimos que estamos correndo perigo.

Por isso, o desejo de estar certo é também um desejo de fugir do estresse, e o nosso cérebro nos protege a todo custo para evitar que isso aconteça.

4. Como treinar o cérebro para sair desta situação?

Embora seja muito difícil lidar com isso, a longo prazo, ter a mente aberta é mais vantajoso para a saúde. Mas, para isso, é preciso “religar” o cérebro e refazer nossos hábitos mentais.

O fato é que, para isso, precisamos de treinamento. Podemos, por exemplo, buscar aprender coisas novas, e tentar analisar um problema por meio de perspectivas diversas. Outra sugestão é fazer um exercício de tentar solucionar problemas apenas usando evidências objetivas, identificando o que é fato e o que é opinião.

Uma forma de fazer isso é analisar quais são as suas fontes de informação. São especialistas respeitados dentro do seu ramo? Como você sabe disso?

Outra dica é treinar a maneira pela qual você comunica suas certezas. Às vezes, o melhor jeito de convencer alguém de que está errado, tem a ver com sabermos apresentar isso de uma maneira não confrontativa, evitando passar a sensação de ataque. Ao invés isso, tente fazer perguntas que façam a pessoa questionar aquilo que acredita.

Por fim, fuja da arrogância: lembre-se que todos nós temos nossas convicções, não só aqueles que consideramos estar errados.

*Por Maura Martins
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*Fonte: megacurioso

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