“Já vivi isso antes”: misterioso fenômeno Déjà Vu pode estar perto de ser desvendado

Você já teve aquela sensação estranha de que já passou pela mesma situação antes, mesmo sem nunca ter, de fato, vivido aquele momento? Este fenômeno, conhecido como Déjà Vu, tem intrigado filósofos, neurologistas e pesquisadores há muito tempo.

A partir do fim do século 19, muitas teorias começaram a surgir sobre o que poderia causar o Déjà Vu, que significa “já visto”, em francês.

Algumas delas sugeriam que, talvez, o fenômeno seja decorrente de alguma disfunção mental ou algum tipo de problema cerebral. Algumas correntes defendem que se trata de um “soluço temporário” na operação normal da memória humana.

No entanto, nenhuma dessas linhas teria algum embasamento científico, permanecendo tudo no campo da paranormalidade

Do sobrenatural para o científico
Em um artigo publicado no site The Conversation, Anne Cleary, professora de Psicologia Cognitiva da Universidade Estadual do Colorado, nos EUA, conta que, no início deste milênio, um cientista chamado Alan Brown decidiu fazer uma revisão de tudo o que os pesquisadores haviam escrito sobre Déjà Vu até aquele ponto.

“Muito do que ele poderia encontrar tinha um sabor paranormal, tendo a ver com o sobrenatural – coisas como vidas passadas ou habilidades psíquicas”, relatou Anne. “Mas ele também encontrou estudos que entrevistaram pessoas comuns sobre suas experiências com Déjà Vu”.

A partir desse material, Brown foi capaz de obter algumas descobertas básicas sobre o fenômeno. “Por exemplo, ele descobriu que cerca de dois terços das pessoas experimentam Déjà Vu em algum momento de suas vidas. Ele determinou que o gatilho mais comum é uma cena ou lugar, e o próximo gatilho mais comum é uma conversa”.

Segundo Anne, Brown também relatou dicas ao longo de um século ou mais da literatura médica de uma possível associação entre o Déjà Vu e alguns tipos de atividade convulsiva no cérebro.

“A revisão de Brown trouxe o tema do Déjà Vu para o reino da ciência mais mainstream, porque apareceu tanto em uma revista científica que cientistas que estudam cognição tendem a ler, como também em um livro voltado para cientistas”, disse Anne. “Seu trabalho serviu como um catalisador para os cientistas projetarem experimentos para investigar o Déjà Vu”.

Motivada pelo trabalho de Brown, Anne reuniu sua equipe de pesquisa para realizar experimentos com o objetivo de testar hipóteses sobre possíveis mecanismos de Déjà Vu. Os resultados foram publicados na revista científica Routledge.

“Investigamos uma hipótese quase centenária que sugeria que o fenômeno pode acontecer quando há uma semelhança espacial entre uma cena atual e uma cena não chamada em sua memória”, explicou a pesquisadora.

Psicólogos da linha Gestalt chamam isso de hipótese de familiaridade. Anne exemplifica: “Imagine que você está passando no posto de enfermagem em uma unidade hospitalar a caminho para visitar um amigo doente. Embora você nunca tenha ido a este hospital antes, você está impressionado com um sentimento que você tem”.

A causa básica para essa experiência de Déjà Vu, segundo o estudo de Anne, pode ser que o layout da cena, incluindo a disposição dos móveis e objetos particulares dentro do espaço, seja igual ao de uma cena diferente, que você experimentou no passado. “Talvez a forma como a estação de enfermagem está situada – os móveis, os itens no balcão, a forma como se conecta aos cantos do corredor – seja o mesmo que uma série de mesas de recepção e móveis em um corredor na entrada de um evento escolar que você participou um ano antes”.

De acordo com a hipótese de familiaridade na Gestalt, se essa situação anterior com um layout semelhante ao atual não vier à mente, você pode ficar apenas com um forte sentimento de familiaridade para o atual.

Como os cientistas investigaram o Déjà Vu
Para investigar essa ideia em laboratório, a equipe liderada por Anne usou realidade virtual para colocar pessoas dentro de cenas. “Dessa forma, poderíamos manipular os ambientes em que as pessoas se encontravam – algumas cenas compartilhavam o mesmo layout espacial enquanto eram distintas”, disse Anne.

Como previsto pela equipe, o Déjà Vu foi mais provável de acontecer quando as pessoas estavam em uma cena que continha o mesmo arranjo espacial de elementos como uma cena anterior que eles viam, mas não se lembravam.

Esta pesquisa sugere que um fator contribuinte para o Déjà Vu pode ser a semelhança espacial de uma nova cena com uma na memória que não consegue ser conscientemente chamada à mente no momento.

“No entanto, isso não significa que a semelhança espacial é a única causa de Déjà Vu”, ressalta a pesquisadora. “Muito provavelmente, muitos fatores podem contribuir para o que faz uma cena ou uma situação parecer familiar”.

Segundo Anne, mais pesquisas estão em andamento para investigar outros possíveis fatores em jogo neste misterioso fenômeno.

*Por Flavia Correia
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*Fonte: olhardigital

A história do fim do Oasis, que acabou após briga com guitarra quebrada

Anos de desentendimento levaram até situação em 2009, minutos antes de show em Paris, onde banda anunciou encerramento de suas atividades

O Oasis foi um dos grupos mais importantes dos anos 1990 e impulsionou popularidade do chamado britpop em todo o planeta. Porém, os problemas de relacionamento dos irmãos Noel Gallagher (guitarra) e Liam Gallagher (voz) acabaram por colocar um ponto final na banda em 2009, para a lamentação dos fãs.

Os Gallaghers já tinham um histórico complicado, que alimentou diversos rumores sobre um término das atividades do Oasis ao longo dos anos. A gota d’água se deu em agosto de 2009 e Noel deixou o grupo definitivamente após uma discussão em torno de uma guitarra quebrada.

As tretas de Noel e Liam Gallagher
Desde que o Oasis estourou nas paradas, em 1994, o público pôde presenciar a conturbada relação que Noel e Liam Gallagher tinham, mesmo sendo irmãos. Foram diversos episódios de brigas e desentendimentos entre os dois ao longo dos 15 anos seguintes.

O primeiro caso ocorreu em 29 de setembro de 1994, pouco após o lançamento do álbum de estreia “Definitely Maybe”. Neste dia, o grupo se apresentou em Los Angeles e Liam mudou alguns versos das músicas, com o intuito de ofender tanto Noel quanto o público americano, além de agredir o irmão com seu tamborim.

O incidente deixou Noel tão revoltado que o guitarrista deixou a banda temporariamente e passou alguns dias em San Francisco, sem dar qualquer notícia. Porém, ele acabou convencido a retornar.

Não demorou um ano para outra complicação ocorrer, mais especificamente durante as gravações de “(What’s the Story) Morning Glory?”, o segundo álbum do Oasis, em 1995. Liam levou para o estúdio um grupo de pessoas que estavam com ele em um pub enquanto Noel trabalhava. O Gallagher mais velho ficou tão irritado com isso que acertou o caçula com um taco de críquete na cabeça. O próprio guitarrista revelou, no documentário “Oasis: Supersonic”, que essa foi “possivelmente a maior briga” que eles já tiveram.

E não parou por aí. Em 23 de agosto de 1996, a banda tinha agendada uma apresentação da série acústica “MTV Unplugged”. De última hora, Liam desistiu de se apresentar, alegando que estava com dor de garganta e que não gostava de shows desplugados.

Coube a Noel também assumir o posto de vocalista na apresentação. Enquanto isso, Liam ficou apenas assistindo da plateia, enquanto debochava do irmão e vez ou outra dava um gole em uma cerveja.

Quatro dias mais tarde, era hora de uma turnê pelos Estados Unidos, mas Liam se ausentou mais uma vez, alegando que precisava de tempo para comprar uma casa nova para a esposa. Noel teve de assumir os vocais no primeiro show até o irmão se reapresentar.

Já em 2000, em Barcelona, o Oasis teve de cancelar um show na cidade após o baterista Alan White sofrer uma lesão e os integrantes optaram por passar a noite bebendo. Os irmãos se desentenderam novamente após Liam questionar a legitimidade da filha recém-nascida de Noel, Anais. O guitarrista, mais uma vez, abandonou o grupo, que teve de se apresentar sem ele por alguns dias.

Meses antes do encerramento das atividades da banda, em 2009, Noel revelou, em entrevista à Q Magazine, que as brigas com o irmão eram resultado do temperamento explosivo de Liam.

“Ele é rude, arrogante, intimidador e preguiçoso. Ele é o homem mais irritado que você irá conhecer. É como se ele só tivesse um garfo em um mundo de sopa.”

Por fim, em 2015, Noel admitiu, agora para o Mirror, que teve uma grande briga com Liam antes do início da última turnê do grupo, o que dificultou seus últimos meses com o Oasis.

“Os seis últimos meses foram terríveis e excruciantes. Eu e o Liam tivemos uma briga muito, muito, muito grande com socos três semanas antes da turnê começar. No passado, essas brigas sempre foram fáceis de remediar, mas por algum motivo, não quis deixar barato nesta ocasião. Pensei: ‘f#da-se esse idiota’. Essa foi a atmosfera enquanto viajávamos pelo mundo.”


O Oasis antes do término

Apesar dos episódios mencionados por Noel Gallagher, o Oasis passava por um bom momento meses antes de encerrar as atividades. A banda estava em turnê para promover o álbum “Dig Out Your Soul” (2008) e vinha de elogios pelo disco anterior, “Don’t Believe the Truth” (2005).

Durante as gravações do álbum derradeiro, ocorridas entre 2007 e 2008, foi necessário substituir o baterista Zak Starkey, filho de Ringo Starr, que optou por sair. Em seu lugar, entrou Chris Sharrock, que foi integrante de grupos como Icicle Works e The La’s.

A turnê mundial do álbum começou em 26 de agosto de 2008, nos Estados Unidos, e tinha previsão de ser concluída um ano mais tarde. “Dig Out Your Soul” foi lançado oficialmente em 6 de outubro de 2008.

O fim do Oasis

Conforme a turnê se desenrolou, o Oasis se viu novamente em problemas. Em 23 de agosto de 2009, foi preciso cancelar uma apresentação no V Festival após Liam Gallagher ter contraído laringite.

Algo curioso relacionado a isso gerou problemas posteriores: em julho de 2011, com o grupo já encerrado, Noel afirmou durante uma coletiva de imprensa que o show não ocorreu porque seu irmão estava de ressaca. Liam chegou a processá-lo exigindo um pedido de desculpas do guitarrista. Ele se retratou e a ação foi arquivada.

De volta a 2009, eis que chegamos a 28 de agosto, dia em que Oasis deixou de existir. A banda tinha apresentação marcada no festival Rock em Seine, em Paris, e faltavam apenas mais dois shows para concluir a turnê de “Dig Out Your Soul”.

No entanto, quando o Bloc Party ainda se apresentava, o vocalista Kele Okereke anunciou ao público presente que o Oasis não subiria mais ao palco naquela noite.

Duas horas mais tarde, Noel Gallagher divulgou uma nota no site oficial do grupo em que confirmava sua saída. Ele pediu desculpas aos fãs que haviam comprado ingressos para as datas finais da turnê.

“É com alguma tristeza e grande alívio que digo para vocês que eu deixo o Oasis esta noite. As pessoas vão escrever e dizer o que quiserem, mas eu simplesmente não consigo mais trabalhar com o Liam por mais um dia. Minhas desculpas para as pessoas que compraram ingressos para os shows em Paris, Konstanz e Milão.”

As razões para o fim
Surgiram, então, vários rumores sobre o que aconteceu naquela noite. Outras bandas que estavam no festival e fontes anônimas afirmaram que houve uma intensa briga nos bastidores, ao ponto de ambulâncias terem sido acionadas.

Dois anos mais tarde, Noel quebrou o silêncio e revelou, à revista DIY, que houve uma discussão acalorada com Liam. A situação terminou com o irmão mais novo quebrando uma guitarra do mais velho.

“Ele (Liam) estava um tanto quanto violento. Naquele ponto, não houve violência física, mas foi como um evento da WWE (o famoso evento americano de telecatch), entende?

Liam começou a dizer ‘vai se f#der, vai se f#der, vai se f#der’ e saiu do camarim. Não sei o porquê, mas ele pegou uma ameixa e saiu a jogando pelo local e a amassando na parede. Depois, foi para o camarim dele e voltou com uma guitarra, a segurando como se fosse um machado. Era algo que até eu fazia, mas foi desnecessariamente violento como ele girava aquela guitarra. Quase arrancou meu rosto com ela. E ele a jogou no chão, colocando um fim em sua miséria.

Pensei: ‘quer saber, eu vou embora dessa p#rra’. Naquele momento, o gerente da turnê nos avisou: ‘cinco minutos’. E eu fui embora.”

Apesar de garantir que foi um alívio ter deixado o Oasis naquela noite, Noel também confessou que se arrepende de não ter concluído a turnê.

“Me arrependo porque só tínhamos mais dois shows. Se pudesse, voltava no tempo e teria feito esses shows. Esse show (o de Paris) teria sido terrível, mas teria tocado, tocado nos seguintes e, provavelmente, discutido o que íamos fazer.”

Até Liam Gallagher admitiu, em entrevista para o The Times, que o Oasis não deveria ter se separado – e que também queria ter feito as coisas de outra maneira.

“Nunca deveríamos ter nos separado. Adoraria poder mudar a história e nos reunir, mas não depende só de mim. Se acontecer, aconteceu.”

Uma curiosidade que podemos citar sobre o término do Oasis tem relação com esta guitarra quebrada, uma Gibson ES-355. Ela foi leiloada recentemente por 325 mil libras esterlinas – pouco mais de R$ 1,9 milhão na cotação atual.

Para o jornal The Guardian, Arthur Perault, um dos donos da galeria em que o leilão ocorreu, afirmou que Noel consertou a guitarra, mas decidiu se livrar dela por “fazê-lo lembrar demais do Oasis”.

Vida após o Oasis
Com o término das atividades do Oasis, Noel e Liam Gallagher seguiram caminhos diferentes em suas carreiras. O guitarrista se afastou de todos com quem trabalhava até então e deu início ao projeto Noel Gallagher’s High Flying Birds, que já conta com três álbuns e uma série de EPs lançados.

O vocalista, por sua vez, continuou com Gem Archer (guitarra), Andy Bell (baixo) e Chris Sharrock (bateria), seus colegas de grupo na época, formando o Beady Eye. A banda lançou dois álbuns até encerrar atividades em 2014.

A partir daí, Liam também decidiu seguir carreira solo como seu irmão e já lançou três álbuns, sendo o mais recente, “C’mon You Know”, de 2022. Nesta etapa de sua trajetória, ele passou a apostar em uma sonoridade que remete ainda mais à antiga banda.

Um lado irônico nesta história toda é que Gem Archer e Chris Sharrock, que formaram o Beady Eye com Liam, hoje fazem parte da banda do projeto solo de Noel.

*Por Augusto Ikeda
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*Fonte: igormiranda