Dia: 26 de outubro, 2022
Controlar os pensamentos ou deixá-los passar: o que é mais apropriado?
Quando os pensamentos negativos nos afetam, podemos tentar controlá-los ou simplesmente aceitá-los sem julgamento. Qual é a estratégia mais eficaz? Nós lhe diremos a seguir.
Os pensamentos formam nosso diálogo interno, deles depende como interpretamos a realidade e, portanto, como sentimos e agimos. Quando eles se tornam intrusivos, quando são desagradáveis ou nos causam desconforto, queremos apenas nos livrar deles. No entanto, pode surgir a pergunta: é melhor controlar os pensamentos ou deixá-los passar?
É natural que você não saiba qual caminho escolher, pois mesmo as perspectivas da própria psicologia, as recomendações oferecidas às vezes parecem contraditórias. Devo assumir o controle do que penso e sinto ou devo simplesmente deixar fluir? A verdade é que ambas as opções podem ser úteis e eficazes, tudo depende das circunstâncias.
Controlar os pensamentos: as técnicas cognitivas
A história da psicologia é longa e suas abordagens ao sofrimento mental vêm mudando. Portanto, podemos encontrar propostas muito diferentes.
O cognitivismo faz parte das chamadas “terapias de segunda geração” que surgiram por volta de 1970. A partir dessa abordagem, considera-se que os pensamentos desempenham um papel fundamental no bem-estar da pessoa, pois condicionam a forma como interpreta sua realidade e como responde a isso.
Para dar um exemplo, alguém que sofre de fobia social tem um medo enorme de ser julgado. Em situações sociais, seus pensamentos giram em torno de “estou fazendo papel de bobo”, “eles vão rir de mim”, “estão pensando que sou estranho ou inútil”. Como resultado desse discurso interno, surgem a ansiedade e o desconforto, mas também comportamentos evitativos.
Portanto, a proposta do cognitivismo é identificar esses pensamentos “errados”, analisá-los e trabalhá-los, para substituí-los por outros mais funcionais. Seguindo essa linha, surgem diversas técnicas, como:
Detenção do pensamento
A detenção do pensamento é uma técnica simples e amplamente utilizada para controlar pensamentos ruminativos. Ou seja, para aqueles momentos em que repassamos um assunto, sem poder parar e sem chegar a nenhuma conclusão. Consiste simplesmente em dizer com firmeza a palavra “basta” ou outra semelhante quando esses pensamentos aparecem ou entramos nesse ciclo mental.
A pessoa também pode esbofetear ou beliscar a si mesma enquanto diz a palavra, para tornar a interrupção do pensamento mais eficaz. Então ela deve se dedicar a uma atividade diferente.
A detenção do pensamento é uma técnica muito útil para interromper a ruminação.
Reestruturação cognitiva
A reestruturação cognitiva é uma das ferramentas mais utilizadas nas consultas de psicologia devido a sua grande eficácia. Consiste em identificar pensamentos irracionais ou desadaptativos, que causam desconforto à pessoa, para posteriormente questioná-los e substituí-los por outros mais adequados.
Em outras palavras, busca moldar o pensamento, eliminando ideias e crenças prejudiciais que estão mantendo o problema e aprendendo a interpretar o que está acontecendo de maneira mais flexível e adequada.
Distração
Esta é outra técnica muito simples. É usada para reduzir a ansiedade em crianças antes de procedimentos médicos, mas suas aplicações são múltiplas.
Nesse caso, o objetivo é desviar a atenção de pensamentos prejudiciais ou emoções desagradáveis, concentrando-a em outros aspectos externos. Por exemplo, descrever em detalhes um objeto à nossa frente ou iniciar um exercício mental, como contar de 100 a 0 de trás para frente.
O descrito acima são apenas alguns exemplos das muitas técnicas em que o objetivo é controlar os pensamentos. Ou seja, procuramos detê-los ao nosso capricho, livrar-nos deles ou trocá-los por outros. A realidade é que as técnicas cognitivas têm se mostrado muito eficazes no tratamento de vários distúrbios, mas não são a única abordagem disponível.
Deixar passar os pensamentos: as terapias de terceira geração
Uma nova abordagem surgiu por volta de 1990 com propostas como mindfulness ou terapia de aceitação e compromisso. Essa terceira onda de terapias busca mudar a forma como a pessoa percebe o problema, mas não a partir do controle, mas da observação e aceitação.
Ou seja, nesse caso não há julgamentos, os pensamentos não são avaliados como corretos ou incorretos, como desejáveis ou indesejáveis. Pela mesma razão, não há tentativa de eliminá-los ativamente ou substituí-los por outros. A proposta é simplesmente deixá-los ser, deixá-los passar e observá-los sem se identificar com eles.
O desconforto é aceito como uma realidade presente e não combatida, não se gera resistência. Isso funciona por vários motivos:
Ajuda a pessoa a permanecer no momento presente, sem dedicar recursos para alimentar medos futuros que ainda não ocorreram.
Ao deixar de lutar contra os pensamentos, a pessoa não se desgasta. Ao não julgar o que pensa, não se sente culpada. Não há mais necessidade de controlar o conteúdo da mente (que é tão difícil de controlar) e isso traz descanso.
Ao deixar os pensamentos serem, também os deixamos passar. Muitos problemas de ansiedade surgem quando a pessoa dá credibilidade às suas ideias negativas, fica viciada nelas e, portanto, as perpetua e as mantém. Se os deixarmos em paz, veremos que assim que chegam eles partem, e que não temos que tomá-los como nossos nem fazer nada a respeito.
Tomar distância de nossos pensamentos nos ajuda a diferenciar nossos medos e preocupações da realidade.
Controlar os pensamentos ou deixá-los passar: qual é a coisa certa a fazer?
Como você pode ver, são duas abordagens muito diferentes e aparentemente contraditórias. No entanto, elas podem se complementar para alcançar os melhores resultados, dependendo da pessoa e das circunstâncias específicas. Há momentos em que é possível identificar, analisar e controlar os pensamentos; mas outros onde não é.
Quando a mente parece fora de controle e qualquer tentativa de combater os pensamentos negativos é inútil, aceitá-los pode ser a melhor estratégia. Existem aspectos de nossas vidas que não podemos mudar e parar de lutar contra eles pode restaurar o bem-estar que perdemos.
Portanto, na prática clínica, ambas as abordagens podem coexistir. Para algumas pessoas, uma abordagem pode ser mais apropriada e para outras, uma diferente. De qualquer forma, a prática e a perseverança são essenciais para que qualquer uma dessas técnicas nos ajude a lidar com nossos pensamentos. Um profissional qualificado pode acompanhá-lo e ajudá-lo a escolher as opções que melhor se ajustem ao seu caso.
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*Fonte: amenteemaravilhosa
Por que a natação é uma ‘fonte da juventude’ para o cérebro
Não é novidade que o exercício físico é benéfico para o nosso cérebro. Atende a um princípio básico: o que é bom para o nosso coração é bom para o nosso sistema nervoso. Mas será que existe alguma atividade física que ofereça mais vantagens do que outras?
Há muitas razões para ir à piscina, a um lago ou ao mar no verão: para tornar o calor mais suportável, para ter momentos agradáveis, para exercitar os músculos, etc.
Mas a melhor de todas é que a natação é um dos exercícios mais completos para melhorar nossa saúde física… e mental.
O exercício simples que você pode fazer em casa para turbinar seu cérebro
Como evitar que o cérebro envelheça rápido demais?
E para convencê-lo a continuar lendo este artigo, vamos revelar um segredo. A expressão “fonte da juventude” pode ser literal. E o segredo está na água.
Só para você ter uma prévia: a natação promove a liberação de substâncias no cérebro que melhoram a cognição e a memória, graças em parte ao fato de que ajuda a estabelecer novas conexões cerebrais.
Ajuda nosso corpo a combater o estresse oxidativo e os radicais livres, reduz os níveis de estresse e melhora nosso sistema imunológico. Como um todo, melhora o humor.
Comecemos a nadar.
Em primeiro lugar, os benefícios físicos da natação são inegáveis. É um exercício bastante completo que ativa os principais grupos musculares do corpo.
Além de estimular o sistema cardiovascular, o trabalho realizado acaba sendo muito maior do que em outras atividades, graças à resistência da água.
Outra vantagem é que o corpo, estando submerso, recebe menos impacto físico, e acaba sendo mais fácil de se movimentar.
Mas o condicionamento físico é tão importante quanto a saúde mental.
Descarga de endorfina
Como um bom exercício aeróbico — aquele que requer um esforço do coração e dos pulmões para fornecer oxigênio aos músculos —, a natação produz a liberação de endorfinas.
Estas substâncias são a droga natural do cérebro, pois reduzem a percepção da dor, nos proporcionam prazer e uma imensa sensação de bem-estar e felicidade.
Esta é a razão pela qual a natação é tão viciante, porque as endorfinas secretadas se ligam aos receptores opioides no cérebro, responsáveis por funções como sedação, redução da dor e euforia.
Não se assustem. As endorfinas não são nada negativas, muito pelo contrário.
Entre outras coisas, demonstraram ser efetivas no tratamento da depressão. Alguns estudos mostraram, inclusive, que são muito mais eficazes do que alguns medicamentos antidepressivos.
Neste sentido, a natação como terapia melhora o humor e reduz os sintomas de quem sofre deste transtorno. Isso permitiria reduzir ou até mesmo eliminar a medicação em alguns pacientes.
Parte do efeito antidepressivo pode ser devido à formação de novos neurônios no hipocampo, algo que ocorre após praticar natação.
O hipocampo também é a área do cérebro responsável pela memória e aprendizado.
Treinamento cerebral para todas as idades
Sabemos que a atividade física ajuda a manter nossa mente afiada à medida que envelhecemos, mas não apenas em pessoas idosas. Alguns estudos descobriram que a natação ajuda a desenvolver o cérebro infantil.
Em particular, um estudo recente mostrou que crianças entre 6 e 12 anos têm mais capacidade de lembrar vocabulário após nadar por vários minutos. Esta atividade, portanto, parece reforçar a memória em pessoas de todas as idades.
Outra de suas grandes virtudes é que estimula a função cerebral. Este foi o resultado alcançado após um estudo realizado com nadadores adultos, que, depois de 20 minutos de natação, melhoraram esta função.
Grande parte da responsabilidade por estes benefícios é do fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF, na sigla em inglês), um fator de crescimento cerebral que melhora a memória e a cognição. Porque o que diferencia a natação de outras atividades cardiovasculares é justamente que estimula a liberação de BDNF.
Relaxe e desconecte
O motivo poderia ser mais simples do que pensamos: a água. Por um lado, o meio líquido produz relaxamento, mas, além disso, o movimento rítmico da natação nos faz entrar em um estado meditativo.
Soma-se a isso o fato de que na água podemos nos desconectar dos sons que nos rodeiam e ouvir apenas nossa respiração.
Os benefícios não param por aqui. A natação reduz a tensão emocional, uma vez que diminui os níveis de cortisol, o hormônio do estresse.
Também aumenta a produção de serotonina, um dos hormônios da felicidade que nos ajudam a combater a ansiedade, a depressão e o estresse.
E como se não bastasse, as fibras nervosas do corpo caloso — a fiação cerebral que permite a comunicação entre os dois hemisférios — são mais desenvolvidas nos nadadores, graças à precisão das braçadas e à forma como os movimentos cruzados bilaterais são usados para nadar.
E a natação coloca em operação os dois hemisférios, que precisam de uma quantidade maior de oxigênio.
Este aumento da comunicação entre os dois lados do cérebro implica num aumento da cognição e em melhores habilidades de aprendizado.
Mas não vá embora… ainda tem mais!
Um freio para a deterioração cognitiva
Recentemente, um estudo mostrou que a natação suprime o declínio cognitivo em camundongos obesos.
O objetivo deste estudo foi reproduzir em animais o que acontece em humanos quando ganham peso como resultado de uma má alimentação.
Isso se traduz em uma deterioração da capacidade de aprendizado e memória, que está bastante relacionada à inflamação do tecido nervoso e à diminuição dos fatores neurotróficos e de crescimento no cérebro.
A natação reverte estas mudanças anormais. Consequentemente, salva camundongos obesos da deterioração da capacidade de aprendizado e memória, reduzindo a obesidade, diminuindo a inflamação do hipocampo e aumentando a produção de fatores neurotróficos como o BDNF.
Se você nada habitualmente, certamente não havia pensado em tudo o que esta atividade oferece. Então, de agora em diante, depois da onda após nadar ou do vício por piscina, pense em tudo o que está acontecendo no seu cérebro ao praticar natação.
Para aqueles que não nadam, se você precisa de uma desculpa para pular na piscina, considere este artigo como um sinal.
Quem sabe? O segredo da fonte da juventude também é encontrado na água.
*Por José A. Morales Garcia
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Fonte: bbc-brasil