Valeu Bebeto Alves! *(R.I.P – 68 anos)

Desde a minha adolescência tenho uma tríade sagrada da música gaúcha em minha cabeça que transcende barreiras e conceitos musicais, falo de Nei Lisboa, Vitor Ramil e Bebeto Alves. Também sei muito bem que essa lista pode facilmente ser aumentada com outros grandes nomes como Wander Wildner, Jupter Apple, Julio Reny, Frank Jorge, etc… que muito bem fazem seu papel. Acontece que aqueles três primeiros mencionados foram os que realmente acenderam essa coisa da chama da música em mim. Falo aqui em termos de que eles vão muito mais além do gênero do rock – até porque daí seriam outras as minhas referências básicas iniciais (rock gaúcho), eles  misturaram influências de caminhos diferentes em sua poesia, letras, músicas e arranjos.

Mas hoje um desses meus ícones locais nos deixou, Bebeto Alves foi brilhar por outros pagos. Vai deixar saudades, mas por outro lado também fica para sempre o seu legado, a sua arte!

Escuto suas músicas em arquivos mp3, um benefício e facilidade da tecnologia, mas confesso de que sou de uma geração mais antiga, portanto do tempo em escutar LPs era o caminho natural de se escutar a sua música predileta. Mas tenho uma lacuna muito grande em minha coleção de LPs, não possuo o clássico álbum “Pegadas” de Bebeto Alves. Putz! Uma verdadeira lástima ou falha em meu currículo. Em compensação posso dizer que escutei muitas e muitas vezes esse álbum lá nos 80′ na casa de um amigo (que tem esse álbum até hoje), quando as redes sociais eram os encontros em nossas casas para conversas entre amigos.

Aqui me lembro de uma vez em que ele veio tocar em um famoso bar de interior, aqui na minha cidade, no RS. Veio solito, só de guitarra em punho e alguns pedais, coisa fina para aquela época de muita tosquice e dificuldades para se conseguir alguns equipamentos/instrumentos de marca e boa qualidade. E lá estava o Bebeto tocando num palquinho improvisado com uma belíssima Les Paul Gold Top Gibson e um belo acervo de pedais Boss – já disse, coisa fina. Ele tocou várias músicas e então chegou aquela momento de bar em que o artista faz uma pausa, para ir no banheiro, dar um pito, comer ou beber algo e até mesmo xavecar alguém. Vejo que ele está meio de canto, parado, resolvo me aproximar e puxar conversa. Cara, pensa numa pessoa super acessível, muito de boas e receptiva. Tive uma conversa não muito demorada com ele até porque não queria lhe atrapalhar no seu ganha pão naquele momento, mas foi marcante. Conversamos sobre algumas de suas músicas, me declarei fan de seu trabalho e terminamos ainda falando sobre guitarra e óbvio, sobre aquela beleza de Les Paul. Ele de bate-pronto pega a guita e põe em minhas mãos e me diz, vai lá e toca alguma coisa. Como quem diz, beleza cara, vai lá e aproveita! Toca aí, experimenta. E ele já foi ligando os aparelhos… Calma! Isso era demais, não sou cantor e nem muito menos um guitarrista e tampouco estava preparado para um show relâmpago, assim ali na frente de todo aquele público…rsrsrsrssr. Óbvio que agradeci e declinei da grande oportunidade, não me arrependo, até porque seria um fiasco e tanto. Mas Bebeto, de quem eu já era fan naquela época ganhou para sempre comigo mais alguns milhões de pontos no quesito – “Êpa! que cara legal”. Isso é apenas uma historinha simples mas que para mim tem um grande significado sobre as boas qualidades do ser humano, principalmente em termos de humildade, já que se tratava de um grande artista.

Grato Bebeto pela sua arte, seu legado. Sua música e poesia vão ficar para sempre na memória. Você foi junto com outros artistas da nossa adolescência, uma espécie de guia, farol , iluminação e trilha sonora dos nossos sonhos e devaneios para mim e meus amigos. Descanse em PAZ. E muito obrigado!