Conferência de Pesos e Medidas decreta o fim do ‘segundo bissexto’: mas o que é isso?

Foi animada a última Conferência Geral de Pesos e Medidas (CGPM), ocorrida na França no último dia 18 de novembro: além de estabelecer novos prefixos para nomear medidas imensas ou minúsculas, a organização criada para gerir o Sistema Internacional de Unidades (SI) decretou o fim do segundo bissexto. A medida sugere que a suspensão comece a valer a partir do ano 2035: mas o que é e para o que serve o segundo bissexto? O que o seu fim pode representar?

Apesar de o tempo do relógio ser baseado na posição da Terra em sua rotação e relação com o Sol, tais movimentos são irregulares e não se dão de forma tão exata quanto o tempo contado nos relógios. Assim, a duração de um dia solar não é constante, e acaba criando uma diferença entre o chamado Tempo Astronômico e o Tempo Universal Coordenado (UTC), escala de tempo fixa que determina as Horas Legais em todo o mundo: é para compensar essa diferença que o segundo bissexto foi criado.

Basicamente, o segundo bissexto é utilizado para manter o Tempo Astronômico sincronizado com o Tempo Universal Coordenado: a adição desse segundo eventual acontece para impedir que a diferença entre esses dois relógios seja maior que 0,9 segundo. A dificuldade vinha se dando pelo fato de diferentes organizações e mesmo empresas incluírem o segundo bissexto de formas diferentes, criando possíveis ambiguidades entre fontes de tempo diversas.

Segundo Elizabeth Donley, líder da divisão de Tempo e Frequência do Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia, em Colorado, nos EUA, a diferença chega a meio segundo entre as fontes, um hiato que, segundo a especialista, “é enorme”. A proposta da Conferência é que o segundo bissexto deixe de ser aplicado por ao menos um século, mudança que poderá causar uma diferença de aproximadamente um minuto entre as duas medidas de tempo.

O decreto ainda será debatido com outras organizações internacionais, e sua aplicação efetiva deve ser decidida até 2026. A Conferência Geral de Pesos e Medidas (CGPM) se reúne a cada quatro ou seis anos, com delegados de 64 países, e funciona nos termos da Convenção do Metro, de 1875. Em encontros anteriores, protocolos determinaram padrões como a medida exata do quilograma, do litro, do quilate, bem como o valor de unidades elétricas, como ampère, newton, volt e watt, e de temperatura, como kelvin e celsius.

*Por Vitor Paiva
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*Fonte: hypeness

Inteligências Artificiais também precisam ‘dormir’ para funcionar melhor, conclui estudos

Conforme a Inteligência Artificial evolui, a tecnologia se aproxima cada vez mais das capacidades humanas – mas também das necessidades. Pesquisas recentes concluíram que cérebros artificias podem também precisar “dormir” para aprimorar seu funcionamento. A conclusão surgiu inicialmente a partir de um estudo realizado no Laboratório Nacional Los Alamos, no Novo México, nos EUA, que percebeu que sistemas treinados para aprender como cérebros humanos retomaram um funcionamento melhor após um período de descanso.

As duas pesquisas recentes concluíram que IAs funcionam melhor depois de “dormirem”

Segundo o cientista de computação Yijing Watkins, durante o trabalho as redes neurais demonstraram instabilidade em longos períodos contínuos de aprendizado, mas retomaram a estabilidade após um intervalo. “Era como se estivéssemos dando às redes neurais o equivalente a uma boa noite de sono”, afirmou o pesquisador. “A questão de como impedir que os sistemas de aprendizado se tornem instáveis realmente surge apenas quando se tenta utilizar processadores neuromórficos biologicamente realistas, ou ao tentar entender a própria biologia”, explicou.

Em uma das pesquisas, os cérebros eletrônicos chegaram a “alucinar” de cansaço

De acordo com artigo publicado na revista Scientific American, a falta de descanso causou reação semelhante nos cérebros artificiais ao que a ausência de sono pode causar em seres humanos. “Nossa decisão de expor nossas redes biologicamente realistas a algo artificialmente semelhante ao sono foi quase um último esforço para estabilizá-las: as redes estavam espontaneamente gerando imagens análogas a alucinações”, diz o texto, revelando que o “descanso” ocorreu melhor quando as IAs foram expostas a ruídos numéricos que lembram os estímulos recebidos por nossos neurônios em estados de sono profundo – como sonhos eletrônicos.

Conforme se assemelham ao cérebro humano, mais os sistemas carecem de descanso – como nós

Outra pesquisa mais recente se viu diante do mesmo fenômeno enquanto os pesquisadores tentavam resolver o dilema do “Lifelong learning”, ou a habilidade de aprender continuamente e sem ter de perder aprendizados anteriores, em Inteligências Artificiais. Para treinar novas tarefas com cérebros eletrônicos sem prejudicar conhecimentos prévios, pesquisadores da Universidade de San Diego, na Califórnia, perceberam que, ao inserir períodos de “sono” entre os aprendizados, a memória eletrônica melhorava consideravelmente – sem se “esquecer” de outros conhecimentos.

A ideia é que as pesquisas tragam descobertas tanto para melhorias dos sistemas quanto do sono humanos

Para os cientistas do Novo México, tais pesquisas podem trazer novidades importantes tanto para melhorias no funcionamento da Inteligência Artificial, quanto para um maior entendimento sobre o sono e os sonhos humanos, e suas funções em nossa saúde. “Conforme construímos redes que cada vez mais lembram sistemas nervosos vivos, parece natural que elas precisem dormir tanto quanto nós. Da mesma forma, esperamos que os sofisticados sistemas de IA nos ajudem a compreender mais e melhor o sono e outras características de nossos sistemas biológicos”, diz o texto.

*Por Victor Paiva
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*Fonte: hypeness