Por que costumamos imitar o sotaque dos lugares que visitamos

Talvez você já tenha conhecido um lugar e percebeu que, de repente, começou a falar como as pessoas dali. Saiba que isso é um fenômeno comum e pode ir além de imitar o sotaque, podendo fazer com que você acrescente novas palavras ao seu vocabulário também.

Conhecido como convergência linguística, isso tem uma explicação social bastante simples. Como nós somos seres sociais, tendemos a fazer o que é necessário para nos sentirmos confortável e acolhidos por outras pessoas. Tentar reproduzir um sotaque é uma maneira que o cérebro encontrou para que não nos sintamos distantes das pessoas de uma determinada região.

Socializando através do sotaque

Não existe uma regra para a convergência linguística. Enquanto algumas pessoas passam a utilizar esse mimetismo assim que têm contato com um sotaque diferente — às vezes sem nem precisar viajar —, outras podem levar mais tempo ou nem mudar o jeito de falar.

Geralmente, esse é um fenômeno que acontece de maneira natural. Nosso cérebro adota a entonação, a velocidade ou as pausas típicas da fala em questão. Já nos casos que nós passamos a adotar palavras específicas, isso é feito de maneira intencional. Assim, a escolha das palavras, ou da incorporação da estrutura gramatical (a maneira como conjugamos os verbos, por exemplo) pode ter vários motivos. Mas a aceitação social tende a ser o mais comum.

Adotar um jeito de falar é uma demonstração de que queremos nos integrar ou pertencer à comunidade em que estamos, mesmo que temporariamente. Pessoas que evitam esse tipo de mudança — conhecido como divergência linguística — estão demonstrando que querem manter uma distância social das pessoas com as quais estão falando.

Para a professora de linguística da Universidade da Pensilvânia, Lacy Wade, essas mudanças na fala, sejam elas consciente ou inconscientemente, são uma tentativa de dizer “Ei, eu sou como você!” Mesmo que possam parecer sutis, as variações na fala expressam uma vontade de aproximação e podem até indicar demonstração de afeto.

Segundo Wade, é comum que as pessoas percebam que seu sotaque está mudando. Conforme elas percebem que isso está trazendo algum benefício social, elas tendem a continuar falando dessa maneira.

Ela também explica que a mudança pode acontecer para facilitar uma conversa. “Nós nos comunicamos melhor quando estamos em sincronia, quando usamos as mesmas palavras, porque entendemos melhor alguém que soa como nós”.

Essa mudança na fala também pode estar relacionada com a intimidade que cada pessoa tem com diferentes sotaques. Uma pessoa que nasceu e passou a vida inteira no Rio de Janeiro, por exemplo, pode ter mais dificuldade para conseguir reproduzir o sotaque gaúcho.

Já pessoas que entendem e falam bem outros idiomas, podem sair de uma sala de cinema reproduzindo um sotaque específico. Assistir a um filme em inglês britânico, pode fazer com que alguém nascido nos Estados Unidos fale daquela maneira por algum tempo.

*Por Robinson Samulak Alves
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*Fonte: megacurioso

Por que insistimos em escolher parceiros errados para nos relacionar?

Teoricamente, somos livres pra escolher o tipo de pessoas que amamos. Nós podemos escolher qualquer um pois não estamos sendo forçados a entrar em um relacionamento por convenções sociais, casamentos arranjados ou imperativos de dinastia. Mas na realidade, nossa escolha é menos livre do que imaginamos.

Algumas restrições muito reais sobre sobre quem podemos amar e nos atrair vem de um lugar no qual nós podemos não pensar em olhar: nossas infâncias. Nosso histórico psicológico nos predispõe fortemente a nos apaixonar apenas por certos tipos de pessoas.

Nós amamos segundo os caminhos formados na infância. Procuramos por pessoas que recriem os sentimentos de amor que conhecemos quando éramos pequenos. O problema é que o amor que recebemos na infância dificilmente é composto de generosidade, carinho e bondade.

Dada a forma como o mundo é, o amor tende a vir entranhado com certos aspectos dolorosos: um sentimento de não ser bom o suficiente; um amor por pais que eram frágeis ou deprimidos; a sensação de que não se pode ser totalmente vulnerável perto de um cuidador.

Isso nos predispõe a procurar na idade adulta por parceiros que não necessariamente serão gentis conosco mas que vão – mais importante – nos parecer familiares; o que pode ser sutil, mas é importantemente diferente.

Podemos ser levados a desviar o olhar de potenciais candidatos por que eles não satisfazem um anseio pelas complexidades que associamos ao amor. Podemos descrever alguém como “não sexy” ou “chato” quando na verdade, queremos dizer: “dificilmente vai me fazer sofrer do jeito que eu preciso para sentir que o amor é real”.

É comum aconselharmos pessoas que estão atraídas por candidatos complicados a simplesmente deixá-los e tentar encontrar alguém mais saudável. Isso é atraente na teoria mas impossível na prática.

Não podemos magicamente redirecionar o que nos atrai. Ao invés de buscar por uma transformação nos tipos de pessoas aos quais nos atraímos, pode ser mais sensato simplesmente ajustar como reagimos e nos comportamos ao redor das ocasionais características difíceis de quem nosso passado ordena que vamos achar atraentes.

Nossos problemas são frequentemente gerados por que continuamos a responder a pessoas atraentes da forma como aprendemos a nos comportar quando crianças ao redor desses modelos. Por exemplo, talvez nós tivemos pais raivosos que costumavam levantar a voz. Nós os amávamos e reagíamos sentindo que quando eles estavam com raiva, nós deveríamos nos sentir culpados. Ficamos tímidos e retraídos.

Agora, se um parceiro (alguém que estamos atraídos) fica irritado, respondemos como crianças intimidadas: nos entristecemos, sentimos que é nossa culpa, nos sentimos merecedores do criticismo, acumulamos um monte de ressentimento. Talvez, tenhamos nos atraído por alguém com pavio curto – o que nos faz estourar também. Ou, se tivemos um pai ou mãe vulnerável, que se machucava fácil, nós prontamente terminamos com um parceiro que também é um tanto fraco e exige tomemos conta dele; mas então, ficamos frustrados com a sua fraqueza – nós tentamos encorajá-lo e tranquilizá-lo (como fazíamos quando éramos pequenos) mas também condenamos essa pessoa por não ser merecedora.

Nós provavelmente não podemos mudar nossos modelos de atração. Mas ao invés de procurar reformular nossos instintos, o que podemos fazer é tentar aprender a reagir a candidatos atraentes não como fazíamos quando crianças, mas de formas mais maduras e construtivas como um adulto racional reagiria. Existe uma oportunidade enorme de mudarmos nossa resposta em relação às dificuldades às quais nos atraímos de um padrão infantil para um mais adulto.

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*Fonte: provocacoesfilosoficas