Humanos são propícios a dormir mais no inverno, segundo estudo

Padrão de sono muda no decorrer das estações do ano.

Alguns animais, como as marmotas e os hamsters, hibernam durante o inverno. O urso não hiberna, ao contrário do que geralmente se pensa, mas passa boa parte do período do inverno dormindo. O ser humano não hiberna, nem pode se dar ao luxo de passar tanto tempo assim dormindo como os ursos, já que o mundo não para no inverno. No entanto, também temos alguns padrões de sono que variam conforme a estação, como um sono profundo levemente mais longo no inverno, segundo um novo estudo publicado no periódico Frontiers in Neuroscience.

Em grande parte dos animais não humanos, a sazonalidade do comportamento do sono é bastante clara. Nós que desafiamos a natureza e mudamos isso por diversas razões — seja para se divertir durante a madrugada, seja para trabalhar em turnos que comumente dormiríamos. Mas nós também estamos à mercê da natureza: variações na exposição à luz do Sol, uso em excesso de telas (como celular, TV ou computador) próximo à hora de dormir — tudo isso afeta a qualidade de nosso sono. E bom, a sazonalidade também afeta.

“Possivelmente, uma das conquistas mais preciosas na evolução humana é uma quase invisibilidade da sazonalidade no nível comportamental”, disse em um comunicado o Dr. Dieter Kunz, autor correspondente do estudo. “Em nosso estudo, mostramos que a arquitetura do sono humano varia substancialmente ao longo das estações em uma população adulta que vive em um ambiente urbano”, disse Kunz, que é pesquisador na Clínica de Sono e Cronomedicina do Hospital St Hedwig, em Berlim.

Estudando o sono
Para o estudo, inicialmente os pesquisadores recrutaram 292 pacientes, que foram submetidos a uma séries e exames e monitoramento do sono ao longo de diversos momentos por muitos meses. Excluindo pacientes que tomavam remédios que afetavam o sono, falhas técnicas durante a polissonografia (um exame com uma série de parâmetros que vão desde ondas cerebrais, oxigenação do sangue, frequência cardíaca e movimentos oculares) e latência do sono REM por mais de 2 horas, continuaram 188 pacientes no estudo (98 mulheres e 90 homens).

Basicamente, há duas fases do sono: REM (Movimentos Oculares Rápidos) e NREM (Sem Movimentos Oculares Rápidos). O REM é o sono onde nossos olhos se movimentam muito, os batimentos cardíacos e a respiração mudam e diversos músculos se paralisam. O NREM, por sua vez, é dividido em três estágios diferentes, que vão da vigília ao sono profundo.

Os cientistas perceberam, então, alguns padrões sazonais do sono.

Durante o inverno, os indivíduos possuem uma tendência de dormir até 1 hora a mais, muito embora seja um padrão não tão significante, quase caindo para a insignificância estatística.

Mas os outros padrões são mais marcantes. No outono, os voluntários levaram, em média, 25 minutos a menos para entrar na fase REM do sono, em comparação com a primavera. Além disso, eles experimentaram uma média de 30 minutos a mais de sono REM durante o inverno do que na primavera.

Além disso, durante o sono de ondas lentas, a fase mais profunda do sono NREM, fase na qual nós sonhamos e a consolidação das memórias ocorrem, houve uma queda rápida e repentina durante o período do outono.

Embora luzes artificiais afetem a qualidade do sono, mesmo aqueles indivíduos expostos a essas luzes apresentaram uma certa sazonalidade do sono.

“A sazonalidade é onipresente em qualquer ser vivo neste planeta”, disse Kunz. “Mesmo que ainda tenhamos um desempenho inalterado, durante o inverno a fisiologia humana é regulada para baixo, com uma sensação de ‘correr vazio’ em fevereiro ou março. Em geral, as sociedades precisam ajustar os hábitos de sono, incluindo a duração e o tempo para a estação, ou ajustar os horários escolares e de trabalho às necessidades sazonais de sono”.

Novas escalas
No entanto, um ponto que é reforçado pelos pesquisadores, é a necessidade de replicação do estudo em outras escalas e em outro grupo de voluntários. Os indivíduos voluntários do estudo apresentam condições ou distúrbios associados à insônia. Além disso, alguns efeitos, embora notados, não tiveram tanta relevância estatística. Os pesquisadores acreditam que em um grupo amostral saudável essas mudanças sazonais podem ser ainda mais marcantes. Além disso, 188 pessoas é pouca gente, então também é necessário que o estudo seja replicado em um grupo maior, para maior relevância estatística dos padrões encontrados.

“Este estudo precisa ser replicado em uma grande coorte de indivíduos saudáveis”, relata Kunz.

Isso, no entanto, não tira a validade do estudo. Ele mostra os pontos iniciais que podem seguir para novos estudos – que podem refutar os resultados do estudo presente, ou reforçá-los. A ciência se faz assim, com uma construção de diversas equipes diferentes, em diversos locais do mundo, com diversos resultados que se agregam em uma única missão, o conhecimento.

*por Felipe Miranda
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*Fonte: socientifica

Google desenvolve Inteligência Artificial que transforma texto em música

O Google desenvolveu uma nova ferramenta de inteligência artificial para criar música do nada, com comandos de texto e até mesmo assobios.

Se você já quis criar música do nada e desenvolver composições de algo que está na sua cabeça, o Google traz a solução ideal. A plataforma agora investiu em uma ferramenta revolucionária que permite transformar comandos de texto em elementos sonoros harmônicos.

Trata-se do sistema de inteligência artificial MusicLM, no qual o usuário poderá inserir frases e instruções escritas, transformando-as em músicas sem nenhuma base prévia. Essa ferramenta funciona como outras IAs parecidas, como o DALL-E, que transforma textos em imagens.

Segundo informações, o MusicLM será capaz de transformar, inclusive, uma melodia assobiada ou murmurada em sons de instrumentos. Não será necessário identificar a inspiração para criar música do nada.

Essa ferramenta recebeu treinamento a partir de um banco de 280 mil horas de música, capaz de produzir efeitos sonoros variáveis e com profundidade surpreendente.

Criar música do nada
Com essa nova ferramenta do Google, será possível criar música do nada, de fato. Não apenas unir sons, mas elaborar uma sequência lógica que faça o sentido e seja agradável de ouvir.

No entanto, esse recurso ainda não está disponível para uso público. Somente as fases de testes podem acessar o banco de dados e os códigos que desenvolvem os arquivos.

Além disso, a ferramenta também pode compor melodias a partir de pedidos abstratos. Por exemplo, o usuário pode solicitar a criação de uma música que “reproduza a experiência de estar perdido no espaço”, ou uma canção que combine com “um jogo de fliperama”.

Outras possibilidades para criar música do nada também incluem criar simulações de vozes humanas. Ou seja, canções realmente cantadas. Só que essa possibilidade ainda possui algumas falhas no entendimento das palavras, no sentido das letras e na qualidade do som.

Limitações
Por outro lado, o próprio Google admite que ainda existem algumas limitações para a ferramenta. Isso porque ela apresenta problemas de composições, que podem soar estranhas, além de vocais que se tornam incompreensíveis.

Na maioria dos testes, os desempenhos acabam se tornando repetitivos, de uma forma que as obras humanas acabam não sendo. Essas informações foram divulgadas pelo Google em seu blog, falando mais sobre a tecnologia.

Além disso, também esclareceu que o sistema pode trazer outro problema a longo prazo, de direitos autorais. Afinal, parte das canções do MusicLM surgiu a partir de cópias diretas do banco de dados, que permitiu o treinamento da inteligência artificial.

Por isso, as questões de licenciamento da música de inteligência artificial ainda precisam ser resolvidas. Não existem pautas ou bases para o desenvolvimento de canções que não são criações humanas. No entanto, os direitos autorais ainda podem exigir autorizações para samples, que são as bases de criação.

Até que esse ponto seja resolvido, os desenvolvedores informaram que o acesso será possível apenas por setores que trabalham com inteligências artificiais para o cenário musical.

O Google também disponibilizou um conjunto de dados com cerca de 5,5 mil exemplos para apresentar aos interessados. No momento, criar música do nada por meio de comandos de texto ainda é o forte do recurso, pois as criações se apresentam como mais lógicas.

Futuramente, acredita-se que a ferramenta se desenvolva e sirva de exemplo para novas inteligências artificiais que atuem para desenvolver produtos e conteúdos lógicos que sejam apreciados pelos usuários.

Não existem previsões de quando o MusicLM poderá ser utilizado por pessoas comuns. Enquanto isso, a novidade está disponível somente para pedido entre empresas e pesquisadores de tecnologia.

*Por Mayara Marques
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*Fonte: fatosdesconhecidos