Misturar bebidas alcoólicas faz alguma diferença para a ressaca?

Quando feriados ou festas como o Carnaval se aproximam, a gente já se prepara para encher a cara de álcool, né? Com exceção de algumas pessoas iluminadas que conseguem se divertir a base de suco e refrigerante, a maioria de nós gosta mesmo de cachaça — ou de cerveja, vinho, gin-tônica, vodka, whisky… Cada um com sua bebida favorita.

Em meio a tantas opções, é normal querer experimentar todas elas. Aí, depois de uma festança com tudo que tem direito, você diz: “ah, eu fiquei ruim porque misturei bebida!”. Será que a sua ressaca (física e moral…) tem mesmo a ver com isso?

A resposta simples e direta é: não. Misturar bebidas alcoólicas não deixa você mais bêbado e também não faz sua ressaca ser pior no dia seguinte. Mas se você quer saber mais sobre esse assunto, continue a leitura.

Tudo é álcool no organismo
Misturar tipos de bebidas, destilados e fermentados, ou marcas de uma mesma bebida não influenciam no quanto você ficará bêbado, nem na ressaca que você terá no dia seguinte.

Pesquisas dos anos 1970 indicavam que certos tipos de bebida tinham congêneres diferentes — derivados do etanol que surgem no processo de produção da bebida. Por isso, congêneres diferentes poderiam aumentar a chance de ter ressaca. Mas pesquisas posteriores mostraram que essa teoria não se sustenta, na prática.

Na verdade, não existem tantos estudos focados na metabolização de bebidas diferentes no organismo (aposto que não é por falta de cobaias…), mas a ciência já sabe que todos os tipos de bebida são metabolizados pelo organismo da mesma forma. Tudo é álcool.

A partir disso, o primeiro passo para processar a bebida é transformar o etanol em acetaldeído, um composto químico muito similar ao formaldeído — que é um veneno. Mas tudo passa pelos órgãos da mesma maneira, sem distinção entre destilado ou fermentado.

O que faz diferença, então?
O que realmente influencia na bebedeira (e na ressaca) é a quantidade de álcool em função do tempo que você vai demorar para consumi-la. Em resumo, um corpo humano adulto consegue processar 10 gramas de álcool (um drink comum), em média.

Se você consumir mais do que isso — e geralmente consome, né? — a chance de ter problema aumenta. Se o drink estiver mais forte ou você tomar shots, provavelmente vai passar longe de 10 gramas de álcool por hora.

É importante considerar que o álcool diminui a atividade no córtex pré-frontal, influenciando na capacidade de decisão. Então, enquanto você fica “feliz”, tende a beber mais e mais rápido. Misturando as bebidas, fica mais fácil perder o controle, bebendo uma quantidade maior do que se tivesse ficado só na cervejinha.

Mas como você não lembra da quantidade, acaba culpando a variedade.

Além disso, é importante se alimentar bem e tomar bastante água — antes, durante e após a festa. Isso evita que seu sistema digestivo fique irritado (o que piora a ressaca), além de fazer com que o álcool não seja metabolizado tão rápido.

*Por Evandro Voltolini
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Fonte: megacurioso

Yuval Noah Harari: “Uma nova classe de pessoas deve surgir até 2050: a dos inúteis”

Uma reflexão sobre como os empregos podem desaparecer completamente dentro de algumas décadas por conta da tecnologia.

O professor e escritor Yuval Noah Harari reflete sobre o futuro dos seres humanos em relação a tecnologia.

Desde que começamos a avançar com a ajuda da tecnologia, muitos estudiosos e especialistas começaram a estudar e refletir sobre o impacto desta na vida das pessoas. Yuval Noah Harari, o professor da Universidade Hebraica de Jerusalém e autor dos livros “Sapiens: Uma Breve História da Humanidade” e “Homo Deus: Uma Breve História do Amanhã”, refletiu sobre o assunto em um artigo ao The Guardian, em 2017, que nos faz pensar até hoje.

Assim como já discutido várias vezes anteriormente, a maioria dos empregos que existem podem desaparecer completamente dentro de algumas décadas, visto que a inteligência artificial tem superado cada vez mais as tarefas dos humanos. Sendo assim, muitas profissões, até mesmo as que usam criatividade, podem precisar se adaptar ao mundo virtual, além da possibilidade do surgimento de novos tipos de trabalhos.

Segundo Yuval Noah Harari, uma nova classe de pessoas deve surgir até 2050: a classe inútil. Esta classe seria apenas para pessoas que não estão apenas desempregadas, mas sem a possibilidade de serem admitidas por conta do avanço da tecnologia. Apesar disso, o escritor acredita que essa mesma tecnologia pode tornar viável o alimento e sustentação dos desempregados, por meio de algum esquema de renda básica universal, mas, ele questiona: será que as pessoas irão se envolver em atividades com propósitos ou enlouquecerão sem fazer algo produtivo?

A resposta que o professor da Universidade Hebraica de Jerusalém tem para este problema são os jogos de computador, que trariam mais emoção e envolvimento emocional se comparado ao “mundo real”. Segundo o artigo no The Guardian, Harari diz que, no passado, eram as religiões que davam sentido à vida, seguindo as convicções da religião pertencente, como se ganhasse algum ponto ao orar ou seguir os mandamentos, por exemplo.

Yuval Noah Harari correlaciona a tecnologia com a religião, no qual, hoje, por exemplo, é possível caçar Pokémon através do smartphone e até entrar em conflito com outros jogadores que querem encontrar o mesmo Pokémon na sua rua. Em Jerusalém, por outro lado, não há santidade em lugar algum, mas ao olhar o lugar com os olhos da Bíblia e do Alcorão, é possível ver os lugares sagrados em todos os cantos. De qualquer modo, o professor afirma que o significado que atribuímos a algo é gerado pela própria mente e o sentido da vida continua sendo uma história fictícia criada pelos humanos.

Ao The Guardian, o professor explica que, em Israel, por exemplo, parte dos homens judeus ultraortodoxos nunca trabalham, passando a vida inteira fazendo rituais religiosos e estudando as escrituras sagradas. A família desses homens, porém, não passam fome, em parte porque as mulheres costumam trabalhar e em parte porque o governo fornece apoio a eles, sem faltar nada para as necessidades básicas deles.

Apesar de eles serem pobres e não trabalharem, os homens judeus ultraortodoxos têm níveis altos de satisfação com a vida, se comparado com outro setor da sociedade israelense, pois o apoio que recebem do governo seria a renda básica universal em ação. O professor exemplifica que, se colocarmos um adolescente que gosta de jogos de computador com subsídio mínimo de pizza e coca-cola, sem nenhum tipo de exigência ou supervisão dos pais, nem mesmo um trabalho ou atividades domésticas, é provável que ele fique no quarto por vários dias. Apesar de, sem perceber, ele ficar sem tomar banho ou comer, isso não afetará sua vida ou dará uma sensação de falta de propósito.

Por conta disso, as realidades virtuais podem ser a chave para fornecer o significado de vida para a classe inútil. Além disso, o fim do trabalho não é necessariamente o fim do significado, pois o significado é sempre gerado pela imaginação e não pelo trabalho em si. Então, em 2050, é provável que as pessoas sejam capazes de jogar jogos profundos, construindo mundos virtuais ainda mais complexos.

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*Fonte: osegredo