Cientistas criaram um novo tipo de farinha que mantém a sensação de saciedade por mais tempo

A farinha de amido resistente é um novo tipo de farinha de trigo integral que tem ganhado destaque por promover a sensação de saciedade por mais tempo, auxiliar na perda de peso, regular os níveis de açúcar no sangue e melhorar a saúde intestinal.

A farinha é um ingrediente essencial em muitos alimentos básicos em todo o mundo. No entanto, algumas pessoas se sentem com fome apenas algumas horas depois de consumir uma refeição que contenha farinha, o que pode levar a comer demais e ganhar peso. Os cientistas recentemente criaram um novo tipo de farinha que pode ajudar a combater esse problema, mantendo a sensação de saciedade por mais tempo.

Farinha de amido resistente e a ciência por trás disso:
Este novo tipo de farinha é feito de trigo integral e é conhecido como “farinha de amido resistente”. O amido resistente é um tipo de carboidrato que resiste à digestão no intestino delgado, ou seja, passa para o intestino grosso sem ser quebrado em glicose. Uma vez no intestino grosso, o amido resistente é fermentado por bactérias intestinais e produz ácidos graxos de cadeia curta. Esses ácidos graxos são então absorvidos na corrente sanguínea e ajudam a promover a sensação de saciedade.

“Em um momento em que todos somos encorajados a aumentar nossa ingestão de fibras, este estudo destaca a importância da forma física da fibra, como paredes celulares intactas, retardando a digestão do amido, melhorando os níveis de glicose no sangue e simulando os hormônios da saciedade nos ajudam a nos sentirmos satisfeitos. ”, diz o bioquímico Peter Ellis , do King’s College London, no Reino Unido.


Os benefícios da farinha

Comer alimentos contendo farinha de amido resistente pode ter uma variedade de benefícios. Ele pode ajudar a regular os níveis de açúcar no sangue, reduzir os níveis de colesterol e auxiliar na perda de peso. Um estudo descobriu que pessoas que consumiam alimentos contendo farinha de amido resistente se sentiam mais saciadas por mais tempo e comiam menos calorias ao longo do dia. Outro estudo descobriu que consumir farinha de amido resistente ajudou a reduzir a resistência à insulina e melhorar a saúde intestinal.

Além desses benefícios, a farinha de amido resistente também é benéfica para o meio ambiente. O trigo integral é usado para fazer esse tipo de farinha, que é mais sustentável e ecologicamente correta do que outros tipos de farinha.

Para concluir
Em geral, a criação de farinha de amido resistente é um desenvolvimento empolgante na indústria de alimentos. Sua capacidade de manter as pessoas mais saciadas por mais tempo e promover uma série de benefícios à saúde é um passo significativo na luta contra a obesidade e outros problemas de saúde. À medida que mais pesquisas são realizadas, é provável que vejamos mais produtos no mercado contendo esse novo tipo de farinha.

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*Fonte: revistasabersaude

O que as pessoas mais pediram para comer em casa pelo Ifood em 2022?

Fim de ano é temporada de fazer retrospectivas dos mais variados tipos, e o iFood também embarcou nessa onda com o lançamento do Meus Foods 2022, recurso que faz lembrança de como foram os seus últimos meses no aplicativo.

Seguindo em formato de stories, a função #MeusFoods2022 está disponível para todos os consumidores cadastrados no aplicativo até o dia 6 de janeiro e pode ser compartilhada pelas redes sociais. Esta já é a quarta edição, e o levantamento é realizado com base nos dados gerados pelos pedidos dos clientes.

“O Meus Foods é uma celebração ao ano que passou e tem como objetivo trazer uma nova perspectiva para relembrá-los o lado gostoso de 2022 junto com o iFood. Não há nada mais divertido do que descobrir quais foram as suas aventuras gastronômicas, por isso a nossa retrospectiva é uma forma de homenagear todos que escolhem estar conosco”, afirma Ana Gabriela Lopes, diretora de Marketing do iFood.

Caso esteja curioso, para verificar o Meus Foods 2022 basta clicar na opção “Meus Foods 2022” que aparece na tela inicial para iniciar a retrospectiva. Ao entrar nessa área, será possível visualizar informações como tempo economizado na cozinha, número de pedidos, itens, quantos cupons foram utilizados e a economia gerada por eles, apenas para citar alguns exemplos.

Queridinhos dos brasileiros
Além da retrospectiva dos clientes, o iFood também separou quais foram os dez itens mais pedidos pelo brasileiros ao longo do ano.

Em 2022, a preferência de cardápio dos brasileiros foi bem diversificada e os pedidos variaram de lanches a comida brasileira. De janeiro a dezembro, 36% dos pedidos foram de lanches, sendo que a comida brasileira performou como o segundo colocado com 17% e a pizza ocupou o terceiro lugar com 14% pedidos.

Confira o top 10 dos itens mais pedidos no iFood a seguir:

Top 10 itens mais pedidos em 2022
Hambúrguer: + 115 milhões
Refrigerantes: + 67 milhões
Sanduíches Wraps: + 56 milhões
Pratos com Carne: + 51 milhões
Pratos com Frango: + 45 milhões
Marmitas: + 39 milhões
Açaís: + 34 milhões
Pizzas: + 31 milhões
Massas: + 30,6 milhões
Sobremesas: + 30 milhões


*Por Douglas Vieira

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*Fonte: megacurioso

Estudo sugere melhor período para comer e perder peso

Pesquisadores também identificaram potenciais outros benefícios do hábito

Restringir a alimentação do dia para o período entre as 7h e 15h pode ajudar a perder peso, além de melhorar a pressão arterial e o humor. Os resultados da pesquisa foram publicados na revista JAMA Internal Medicine.

Ao todo, 90 pessoas, com idades entre 25 e 75 anos e que sofrem de obesidade, foram recrutadas para este ensaio clínico randomizado com duração de quatorze semanas.

Estudo sugere melhor período para comer e perder peso
O objetivo era comparar se uma dieta com restrição de tempo, ou seja, durante um período que variasse das 7h às 15h, poderia ajudar a perder peso mais rapidamente do que comer por um período de doze horas ou mais.

A alimentação mais cedo com restrição de tempo teria permitido aos participantes perder 6,3 quilos em média, em comparação com 4 quilos para a dieta sem restrições. Por outro lado, para a perda de “gordura corporal ”, os resultados foram bem menos significativos.

Melhoria no humor
Para identificar os potenciais outros benefícios de uma restrição alimentar, como o jejum intermitente, eles também analisaram a pressão arterial, os níveis de glicose no sangue ou até a frequência cardíaca.

As pessoas que comiam apenas entre 7h e 15h viram sua pressão arterial diastólica e alguns de seus distúrbios de humor melhorarem acentuadamente.

Praticar o jejum intermitente, portanto, possibilitaria a perda de peso, mas também traria benefícios para nossa saúde geral. “ Estudos maiores são necessários sobre a perda de gordura ”, alertam os cientistas.

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*Fonte: catracalivre

O Guia Definitivo das FRUTAS de CADA ESTAÇÃO

As frutas, além de serem alimentos deliciosos, são ótimas para a nossa saúde e para uma dieta balanceada. No entanto, praticamente todas elas têm uma estação certa para o cultivo, quando se tornam mais resistentes ao clima e não precisam de tantos aditivos químicos para sobreviver ou amadurecer antes da hora.

Frutas de época também desenvolvem um sabor mais acentuado e tornam-se mais baratas do que o normal por conta da grande disponibilidade no mercado. Portanto, é sempre bom fazer algumas contas para estar por dentro das tendências do segmento e conseguir desfrutar dos melhores produtos. Ainda não sabe qual é a estação certeira de cada fruta? Então veja só esse guia de sazonalidade que nós separamos para você!

Verão

O verão é conhecido como a estação mais quente do ano, com temperaturas elevadas e dias mais longos. Nessa época, que dura entre dezembro e março, algumas frutas que apresentam melhores resultados são: abacaxi, ameixa, acerola, melão, melancia e entre outras.

O abacaxi é uma excelente fonte de vitamina C e diversos minerais, ajudando na digestão de proteínas e servindo como desintoxicante. Suas safras apresentam melhor resultado entre dezembro e fevereiro, com quedas significativas nos meses subsequentes.

O melão, por sua vez, possui ação diurética e laxante, com período de safra entre dezembro e março. Porém, essa também é uma fruta com bom rendimento de julho a setembro. Na hora de escolhê-los, é melhor optar por melões com casca firme, cor viva e sem rachaduras.

Outono

O outono é a estação que sucede o verão, caracterizado pela queda gradativa de temperatura e pelo amarelar e início da queda das flores das árvores. No Brasil, essa estação dura de março a junho, tendo abacate, kiwi, pêssego e romã como algumas das frutas características dessa época.

O kiwi é outro alimento bastante rico em vitamina C e com baixo índice glicêmico — sendo uma ótima opção para quem tem diabetes. Além de ser uma fruta muito prática de ser consumida, seu preço é muito mais acessível nos dias de hoje do que quando passou a ficar mais conhecida no Brasil.

A banana, uma das frutas mais populares para os brasileiros, é outra que cresce muito bem no outono. Ela é uma excelente fonte de carboidrato, sem contar que garante a saciedade e é ótima para a dieta de atletas. Porém, vale ressaltar que a banana também é uma fruta bastante versátil e pode ser facilmente usada na confecção de doces.

Inverno

Sendo a estação mais fria do ano, as maiores características do inverno são a queda de temperatura, noites mais longas e clima seco. Logo, também costuma ser a época do ano em que muitas frutas e vegetais possuem mais dificuldades para prosperar. Porém, existem exceções.

Morango, uva, caqui e caju são algumas das opções que desenvolvem melhor durante o inverno — que vai de junho a setembro. O morango é uma das frutas mais emblemáticas do clima frio, sendo extremamente saboroso e aparecendo em abundância nas feiras nessa época do ano. Além disso, é rico em vitamina A, vitamina C e flavonoides.

A uva, por sua vez, carrega uma grande quantidade de antioxidantes naturais e também é uma fruta muito versátil para a cozinha, podendo aparecer na receita de sucos, vitaminas, geleias, doces e por aí vai.

Primavera

Iniciando-se em setembro e terminando em dezembro, a primavera é a época do ano em que a flora da Terra renasce. Destacam-se as temperaturas amenas, o aumento da umidade do ar e o alongamento dos dias — que chega ao seu ápice com a chegada do verão nos meses seguintes.

Nessa estação, algumas das frutas que apresentam melhor desempenho são: amora, jabuticaba, manga, pitanga, maracujá, acerola e por aí vai. Um exemplo bem brasileiro que cresce bastante na primavera é o açaí, rico em carboidratos, lipídios, proteínas, fibras, vitaminas e minerais.

Outra opção ótima para se comprar na primavera é a jaca, uma fruta que carrega carboidratos, proteínas, vitaminas, minerais e ainda possui um efeito antioxidante que protege nosso organismo de doenças causadas por estresse.

*Por Pedro Freitas
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*Fonte: megacurioso

Dieta rica em gordura a longo prazo pode “encolher” o cérebro, diz estudo

Uma dieta baseada em alimentos gordurosos pode não apenas aumentar as medidas da cintura, mas também “encolher” o cérebro, segundo um estudo liderado pelos neurocientistas da Universidade da Austrália Meridional (UniSA) e publicado na Metabolic Brain Disease.

Os pesquisadores avaliaram as reações em ratos alimentados com uma dieta rica em gordura por 30 semanas, o que resultou em diabetes e uma deterioração subsequente em suas habilidades cognitivas, além do desenvolvimento de ansiedade, depressão e agravamento da doença de Alzheimer.

E, além da função cognitiva prejudicada, os camundongos também demonstraram maior propensão a ganhar peso de forma excessiva, devido à deficiência do metabolismo causada pelas alterações cerebrais.

Alimentos gordurosos podem não apenas aumentar as medidas da cintura, mas também “encolher” o cérebro, segundo pesquisa. 

Relação entre obesidade, diabetes e Alzheimer
No estudo, os camundongos foram alocados aleatoriamente para uma dieta padrão ou uma dieta rica em gordura a partir de oito semanas de vida. A ingestão alimentar, o peso corporal e os níveis de glicose foram monitorados em diferentes intervalos, juntamente com testes de tolerância à glicose e insulina e disfunção cognitiva.

Os ratos da dieta rica em gordura ganharam muito peso, desenvolveram resistência à insulina e começaram a se comportar de forma anormal em comparação com aqueles alimentados com uma dieta padrão.

Camundongos com doença de Alzheimer geneticamente modificados que receberam alimentos gordurosos também mostraram uma deterioração significativa da cognição e alterações patológicas.

Para os pesquisadores, as conclusões do estudo se somam às crescentes evidências que ligam a obesidade crônica e o diabetes à doença de Alzheimer, com previsão de atingir 100 milhões de casos até 2050.

*Por Jennifer Cardoso
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*Fonte: olhardigital

Uma dieta anti-inflamatória agora pode proteger seu cérebro da demência mais tarde

Todos os anos, você pode esperar uma série de novos livros de “dieta garantida” para perda de peso, saúde do cérebro, envelhecimento, bem-estar espiritual e estilo de vida geral. Há o vegano, o de carne crua, o de baixo teor de gordura, o de alto teor de gordura, o de suco de frutas colhidas durante a lua cheia, o de tipo sanguíneo e o baseado em sua última leitura de tarô. Torna-se bastante confuso. Os autores confundem um pouco de informação com conhecimento, depois tentam traduzir isso em vendas.

Há muitos fatores a serem levados em consideração para uma dieta adequada. Nutricionistas sérios reconhecem que uma boa saúde requer uma compreensão diferenciada da genética individual, do ambiente e do microbioma intestinal. Depois, há a velocidade com que você consome sua comida, os tipos de açúcar que você come – em sucos ou frutas inteiras, em que a fibra desempenha um papel crítico – depois os tipos de gordura que você digere e os níveis de estresse.

Vamos fazer uma pausa nesse último por um momento, pois o estresse é galopante. Um corpo sobrecarregado é um corpo inflamado. Vale a pena considerar um estudo recente que investiga o papel da inflamação no que diz respeito à saúde do cérebro e à demência . Não é o único fator em uma boa dieta, mas é crucial.

Uma equipe do Centro Médico da Universidade de Columbia, liderada pelo neuropsicólogo e epidemiologista Yian Gu, estudou o desempenho cognitivo de 330 idosos para ver se a dieta mediterrânea – uma das dietas mais duradouras e mais estudadas do mundo – poderia diminuir seu risco de doenças de demência, incluindo Alzheimer. Todos os adultos envolvidos não sofreram de demência durante o estudo.

Gu aponta que vários estudos mostraram que essa dieta, que é rica em peixes e aves, com ênfase em grãos integrais, frutas, azeite, vegetais e ingestão moderada de álcool, oferece proteção contra o desenvolvimento da doença de Alzheimer. Gu queria saber se isso se deve a uma diminuição nos biomarcadores inflamatórios no cérebro do sujeito.

O resultado foi sim, a diminuição dos marcadores inflamatórios foi prevalente naqueles que consumiram essa dieta. Eles também tiveram melhor cognição visuoespacial, graças a nutrientes como vitaminas B1, B2, B5, B6, D e E, além de maior ingestão de ácidos graxos ômega 3, cálcio e folato. Notas de Gu :

“Este estudo sugere que certos nutrientes podem contribuir para os benefícios de saúde observados anteriormente de alguns alimentos, e a anti-inflamação pode ser um dos mecanismos. Esperamos confirmar esses resultados em estudos maiores e com uma gama mais ampla de marcadores inflamatórios.”

Para entender por que a diminuição da inflamação ajuda na saúde geral e no envelhecimento, enviei um e-mail para Drew Ramsey, também da Universidade de Columbia. O psiquiatra, especialista em Big Think e autor de vários livros, incluindo Eat Complete , me disse:

“A inflamação é como nosso corpo lida com o estresse e as lesões. Hoje, a maioria das pessoas faz uma dieta e tem um estilo de vida que promove um estresse incrível por meio do excesso de açúcares, comendo as gorduras erradas e perdendo a sensação de alegria que a comida deveria nos dar. Atualmente, a inflamação é considerada um fator importante no desenvolvimento de depressão, demência e outros distúrbios cerebrais. As pessoas devem se preocupar com a inflamação porque está contribuindo para a degradação de sua saúde.!

Isso é especialmente importante à medida que envelhecemos. Como Gu e sua equipe escrevem no estudo, a doença de Alzheimer é a principal causa de demência em todo o mundo e é o distúrbio neurodegenerativo mais comum. Embora as intervenções médicas nos ajudem a viver mais, isso nem sempre se traduz em mais saúde. Podemos superar o câncer e a cirurgia cardíaca e sobreviver por mais tempo com AIDS e diabetes tipo 2, mas a qualidade de vida fica muito comprometida quando sofremos de demência. A pressão sobre a família e os amigos pode ser esmagadora.

É por isso que é importante iniciar as intervenções mais cedo na vida. A maior parte do que é vendido em embalagens não é comida, mas uma combinação de substâncias semelhantes a alimentos preservadas por uma química impronunciável. Açúcares e gorduras insalubres se escondem, disfarçados por inúmeros nomes, retardando a transformação do nosso microbioma de maneiras que degradam a saúde. E não é apenas a gordura visceral, índice de massa corporal e doenças cardíacas que precisamos nos preocupar. Sem cognição saudável, o próprio conceito de “eu” se desintegra. Os chamados anos dourados são efetivamente sem sentido se você não consegue se lembrar deles.

Enquanto estudos como o de Gu nos lembram do quadro geral, Ramsey sugere que você tome refeição por refeição. Quando pergunto a ele como as pessoas podem implementar mudanças em suas dietas agora, ele expressa ceticismo em considerar o jogo longo. A mudança começa na mesa de jantar esta noite, diz ele.

“As pessoas não são motivadas por “benefícios de longo prazo” ou “redução de riscos”. Temos mais sucesso em nossa clínica quando incentivamos os pacientes a fazer melhores escolhas alimentares na próxima refeição. Descobrimos que há efeitos muito rápidos quando as pessoas mudam de comida ocidental moderna para alimentos integrais densos em nutrientes (que também são alimentos para o cérebro). Claro, comer mais abacate pode diminuir o risco de demência, mas incentivar os pacientes a comer mais torradas de abacate e guacamole é mais atraente quando se trata de mudança comportamental.“

Gu sabe que um estudo não muda um discurso. Mas a combinação de uma melhor compreensão do microbioma e os efeitos da diminuição da inflamação é muito prevalente para negar. A dieta mediterrânea oferece uma lição simples aplicável globalmente, para comer alimentos frescos sazonais e desfrutar de quantidades moderadas de álcool. Tal abordagem funcionou para nossa espécie por milhões de anos até o advento da refrigeração e do processamento industrial. E sabemos que agora funciona. Nós apenas temos que implementá-lo, seja através do reconhecimento do envelhecimento cognitivamente forte ou, como Ramsey sugere, indo ao corredor de produtos para o jantar hoje à noite.

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*Fonte: sabersaude

O que você come tem o poder de reprogramar seus genes. Especialista explica como

As pessoas normalmente pensam em comida como calorias, energia e sustento. No entanto, as evidências mais recentes sugerem que os alimentos também “falam” com nosso genoma, que é o modelo genético que direciona a maneira como o corpo funciona até o nível celular.

Essa comunicação entre alimentos e genes pode afetar sua saúde, fisiologia e longevidade . A ideia de que os alimentos transmitem mensagens importantes ao genoma de um animal é o foco de um campo conhecido como nutrigenômica .

Esta é uma disciplina ainda em sua infância, e muitas questões permanecem envoltas em mistério. No entanto, nós pesquisadores já aprendemos muito sobre como os componentes dos alimentos afetam o genoma .

Sou um biólogo molecular que pesquisa as interações entre alimentos , genes e cérebros no esforço de entender melhor como as mensagens alimentares afetam nossa biologia. Os esforços dos cientistas para decifrar essa transmissão de informações podem um dia resultar em vidas mais saudáveis ​​e felizes para todos nós.

Mas até então, a nutrigenômica desmascarou pelo menos um fato importante: nossa relação com a comida é muito mais íntima do que imaginávamos.

A interação de alimentos e genes
Se a ideia de que os alimentos podem conduzir processos biológicos interagindo com o genoma parece surpreendente, não é preciso procurar mais do que uma colméia para encontrar um exemplo comprovado e perfeito de como isso acontece. As abelhas operárias trabalham sem parar, são estéreis e vivem apenas algumas semanas.

A abelha rainha, sentada no fundo da colmeia, tem uma vida útil que dura anos e uma fecundidade tão potente que dá à luz uma colônia inteira.

E, no entanto, abelhas operárias e rainhas são organismos geneticamente idênticos. Eles se tornam duas formas de vida diferentes por causa da comida que comem . A abelha rainha se banqueteia com geleia real ; abelhas operárias se alimentam de néctar e pólen.

Ambos os alimentos fornecem energia, mas a geleia real tem uma característica extra: seus nutrientes podem desbloquear as instruções genéticas para criar a anatomia e a fisiologia de uma abelha rainha.

Então, como a comida é traduzida em instruções biológicas? Lembre-se que os alimentos são compostos por macronutrientes . Estes incluem carboidratos – ou açúcares – proteínas e gorduras.

Os alimentos também contêm micronutrientes, como vitaminas e minerais. Esses compostos e seus produtos de degradação podem acionar interruptores genéticos que residem no genoma .

Como os interruptores que controlam a intensidade da luz em sua casa, os interruptores genéticos determinam quanto de um determinado produto genético é produzido. A geleia real, por exemplo, contém compostos que ativam controladores genéticos para formar os órgãos da rainha e sustentar sua capacidade reprodutiva.

Em humanos e camundongos, os subprodutos do aminoácido metionina, que são abundantes em carnes e peixes, são conhecidos por influenciar os seletores genéticos que são importantes para o crescimento e divisão celular .

E a vitamina C desempenha um papel em nos manter saudáveis, protegendo o genoma do dano oxidativo ; também promove a função de vias celulares que podem reparar o genoma se for danificado.

Dependendo do tipo de informação nutricional, dos controles genéticos ativados e da célula que os recebe, as mensagens nos alimentos podem influenciar no bem-estar, no risco de doenças e até na expectativa de vida . Mas é importante notar que, até o momento, a maioria desses estudos foi realizada em modelos animais, como as abelhas.

Curiosamente, a capacidade dos nutrientes de alterar o fluxo de informação genética pode se estender por gerações. Estudos mostram que em humanos e animais, a dieta dos avós influencia a atividade dos interruptores genéticos e o risco de doenças e mortalidade dos netos.

Causa e efeito
Um aspecto interessante de pensar a comida como um tipo de informação biológica é que ela dá um novo significado à ideia de uma cadeia alimentar. De fato, se nossos corpos são influenciados pelo que comemos – até um nível molecular – então o que a comida que consumimos “come” também pode afetar nosso genoma.

Por exemplo, comparado ao leite de vacas alimentadas com capim, o leite de gado alimentado com grãos tem diferentes quantidades e tipos de ácidos graxos e vitaminas C e A. Então, quando os humanos bebem esses diferentes tipos de leite, suas células também recebem mensagens nutricionais diferentes.

Da mesma forma, a dieta de uma mãe humana altera os níveis de ácidos graxos, bem como vitaminas como B-6, B-12 e folato que são encontrados no leite materno. Isso pode alterar o tipo de mensagens nutricionais que atingem os próprios interruptores genéticos do bebê, embora isso tenha ou não efeito no desenvolvimento da criança seja, no momento, desconhecido.

E, talvez sem que saibamos, também fazemos parte dessa cadeia alimentar. A comida que comemos não mexe apenas com os interruptores genéticos em nossas células, mas também com os dos microorganismos que vivem em nossos intestinos, pele e mucosa .

Um exemplo impressionante: em camundongos, a quebra de ácidos graxos de cadeia curta por bactérias intestinais altera os níveis de serotonina , um mensageiro químico cerebral que regula o humor, a ansiedade e a depressão , entre outros processos.

Aditivos alimentares e embalagens
Ingredientes adicionados nos alimentos também podem alterar o fluxo de informação genética dentro das células. Pães e cereais são enriquecidos com folato para prevenir defeitos congênitos causados ​​por deficiências desse nutriente.

Mas alguns cientistas levantam a hipótese de que altos níveis de folato na ausência de outros micronutrientes naturais , como a vitamina B-12, podem contribuir para a maior incidência de câncer de cólon nos países ocidentais, possivelmente afetando as vias genéticas que controlam o crescimento .

Isso também pode ser verdade com produtos químicos encontrados em embalagens de alimentos. O bisfenol A, ou BPA, um composto encontrado no plástico, aciona marcadores genéticos em mamíferos que são críticos para o desenvolvimento, crescimento e fertilidade .

Por exemplo, alguns pesquisadores suspeitam que, tanto em modelos humanos quanto em animais , o BPA influencia a idade de diferenciação sexual e diminui a fertilidade, tornando os interruptores genéticos mais propensos a serem ativados.

Todos esses exemplos apontam para a possibilidade de que a informação genética nos alimentos possa surgir não apenas de sua composição molecular – os aminoácidos, vitaminas e afins – mas também das políticas agrícolas, ambientais e econômicas de um país, ou da falta de deles.

Os cientistas só recentemente começaram a decodificar essas mensagens genéticas de alimentos e seu papel na saúde e na doença. Nós, pesquisadores, ainda não sabemos exatamente como os nutrientes agem nos interruptores genéticos, quais são suas regras de comunicação e como as dietas das gerações passadas influenciam sua progênie.

Muitos desses estudos até agora foram feitos apenas em modelos animais, e ainda há muito a ser trabalhado sobre o que as interações entre alimentos e genes significam para os seres humanos.

O que está claro, porém, é que desvendar os mistérios da nutrigenômica provavelmente fortalecerá as sociedades e gerações presentes e futuras.A conversa


Monica Dus , Professora Assistente de Biologia Molecular, Celular e do Desenvolvimento, Universidade de Michigan .
*Este artigo é republicado de The Conversation sob uma licença Creative Commons. Leia o artigo original ……………………………………………………………….
*Fonte: sabersaude

Os efeitos nocivos do açúcar no cérebro

A discussão científica sobre nutrição mudou muito nos últimos anos. Os últimos estudos revelam que o açúcar é uma das piores coisas para a saúde geral de uma pessoa, especialmente no caso da obesidade. Mas a maioria das pessoas não sabe que os efeitos nocivos do açúcar se espalham até o cérebro .

O uso de açúcar não está ligado apenas a problemas cardíacos e diabetes. Mas também causa todos os tipos de problemas em nossa mente. Neste artigo você pode aprender mais sobre os efeitos mais nocivos do açúcar. Mas antes de abordarmos essa questão, primeiro precisamos desfazer alguns dos mitos sobre o açúcar.

Há algum efeito prejudicial do açúcar?
Nós crescemos e estamos sobrecarregados com ideias idealistas sobre saúde e nutrição. Mas algumas dessas crenças são completamente incorretas. Por exemplo, aprendemos que comer gordura é o principal fator de risco para doenças cardíacas.

O açúcar tem sido promovido por muito tempo como uma substância completamente inofensiva sem nenhum efeito ruim na saúde. Mas uma pesquisa em 2016 revelou que a indústria do açúcar subornou pesquisadores ao longo da história. Com qual finalidade? Eles queriam manter os efeitos nocivos do açúcar escondidos. Porque agora sabemos que isso tem a ver com, por exemplo, câncer e doenças cardíacas.

É viciante
O vício em açúcar é um problema real. Todos os dias toca mais pessoas. As pessoas com esse distúrbio sentem que precisam usar mais e mais dessa substância para se sentir bem. De fato, quem quer que bane o açúcar de sua vida, experimenta sintomas desagradáveis ​​de inconsciência nos primeiros dias.

Depois que os viciados abandonam o uso de açúcar, por exemplo, eles podem sofrer de dores de cabeça, tontura, fraqueza muscular, ansiedade e estresse. Felizmente, esses sintomas não são permanentes. Eles duram apenas até o corpo funcionar sem essa substância.

Como esse vício funciona? Quando o corpo absorve açúcar, libera uma grande quantidade de endorfinas no cérebro. Então, quando não estamos tão satisfeitos com outros aspectos de nossas vidas, podemos pegar esse material para nos sentirmos bem.


Açúcar causa problemas de memória e insight

Um estudo da Universidade da Califórnia investigou os efeitos do consumo de frutose (um tipo de açúcar encontrado em frutas, vegetais e mel). Esta pesquisa revelou que a frutose tem um efeito prejudicial na formação das sinapses no cérebro. Quando você come muita frutose, a capacidade do cérebro de entender e formar novas conexões diminui.

A pesquisa também mostrou que as pessoas que comem muita frutose têm níveis mais baixos de BDNF. Esta substância ( fator neurotrófico derivado do cérebro ) tem um efeito fundamental na nossa capacidade de criar novas memórias e aprender novas informações.

Alguns estudos também sugerem que o consumo de açúcar pode estar diretamente relacionado à doença de Alzheimer. A comunidade médica está realmente pensando em classificar essa doença como diabetes tipo 3.


Afeta nosso humor

Mas não apenas nossas habilidades cognitivas estão em perigo. Nosso humor muda para um grau extremo devido à glicose. Porque a glicose tem um efeito sobre a insulina no corpo. Como resultado, os picos de açúcar podem causar depressão, ansiedade e mudanças bruscas de humor.

A longo prazo, esses efeitos nocivos do açúcar podem se tornar ainda piores.Quando ingerimos glicose, nossos cérebros liberam a serotonina. Esta substância é um dos neurotransmissores que nos dão uma sensação de prazer. Mas o suprimento dessa substância no corpo não é ilimitado. Porque toda vez que o cérebro libera a serotonina, a quantidade em seu cérebro diminui.

Uma pessoa que ingira quantidades excessivas de açúcar por longos períodos, depois de um tempo, achará difícil ter um sentimento positivo sustentado.

Impede de nos sentirmos saciados
Finalmente, estudos recentes descobriram que a glicose “seqüestra” nosso mecanismo de saciedade. Então, quando nós comemos muito dessa substância, isso levará a uma constante fome por esse motivo. Isso está diretamente relacionado à obesidade e ao excesso de peso.

Aqui estão os efeitos do açúcar na ocitocina e sua função no cérebro, o problema. Mas as consequências para o seu cérebro podem até ser mais preocupantes. Você quer evitar os efeitos nocivos do açúcar e manter uma boa saúde física e mental? Em seguida, tente reduzir o consumo de açúcar o máximo possível.

Artigo publicado no site Verken je Geest, para ler o texto original clique aqui

“Este conteúdo tem apenas o caráter informativo, portanto não deve jamais ser usado como ferramenta de diagnóstico. Para obter um diagnóstico confiável é recomendado que você consulte um profissional especializado antes de tomar ou abster-se de qualquer ação com base no conteúdo gratuito em nosso site.”

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*Fonte: pensarcontemporaneo

Uma dieta anti-inflamatória agora pode proteger seu cérebro da demência mais tarde

Todos os anos, você pode esperar uma série de novos livros de “dieta garantida” para perda de peso, saúde do cérebro, envelhecimento, bem-estar espiritual e estilo de vida geral. Há o vegano, o de carne crua, o de baixo teor de gordura, o de alto teor de gordura, o de suco de frutas colhidas durante a lua cheia, o de tipo sanguíneo e o baseado em sua última leitura de tarô. Torna-se bastante confuso. Os autores confundem um pouco de informação com conhecimento, depois tentam traduzir isso em vendas.

Há muitos fatores a serem levados em consideração para uma dieta adequada. Nutricionistas sérios reconhecem que uma boa saúde requer uma compreensão diferenciada da genética individual, do ambiente e do microbioma intestinal. Depois, há a velocidade com que você consome sua comida, os tipos de açúcar que você come – em sucos ou frutas inteiras, em que a fibra desempenha um papel crítico – depois os tipos de gordura que você digere e os níveis de estresse.

Vamos fazer uma pausa nesse último por um momento, pois o estresse é galopante. Um corpo sobrecarregado é um corpo inflamado. Vale a pena considerar um estudo recente que investiga o papel da inflamação no que diz respeito à saúde do cérebro e à demência . Não é o único fator em uma boa dieta, mas é crucial.

Uma equipe do Centro Médico da Universidade de Columbia, liderada pelo neuropsicólogo e epidemiologista Yian Gu, estudou o desempenho cognitivo de 330 idosos para ver se a dieta mediterrânea – uma das dietas mais duradouras e mais estudadas do mundo – poderia diminuir seu risco de doenças de demência, incluindo Alzheimer. Todos os adultos envolvidos não sofreram de demência durante o estudo.

Gu aponta que vários estudos mostraram que essa dieta, que é rica em peixes e aves, com ênfase em grãos integrais, frutas, azeite, vegetais e ingestão moderada de álcool, oferece proteção contra o desenvolvimento da doença de Alzheimer. Gu queria saber se isso se deve a uma diminuição nos biomarcadores inflamatórios no cérebro do sujeito.

O resultado foi sim, a diminuição dos marcadores inflamatórios foi prevalente naqueles que consumiram essa dieta. Eles também tiveram melhor cognição visuoespacial, graças a nutrientes como vitaminas B1, B2, B5, B6, D e E, além de maior ingestão de ácidos graxos ômega 3, cálcio e folato. Notas de Gu :

“Este estudo sugere que certos nutrientes podem contribuir para os benefícios de saúde observados anteriormente de alguns alimentos, e a anti-inflamação pode ser um dos mecanismos. Esperamos confirmar esses resultados em estudos maiores e com uma gama mais ampla de marcadores inflamatórios.”

Para entender por que a diminuição da inflamação ajuda na saúde geral e no envelhecimento, enviei um e-mail para Drew Ramsey, também da Universidade de Columbia. O psiquiatra, especialista em Big Think e autor de vários livros, incluindo Eat Complete , me disse:

“A inflamação é como nosso corpo lida com o estresse e as lesões. Hoje, a maioria das pessoas faz uma dieta e tem um estilo de vida que promove um estresse incrível por meio do excesso de açúcares, comendo as gorduras erradas e perdendo a sensação de alegria que a comida deveria nos dar. Atualmente, a inflamação é considerada um fator importante no desenvolvimento de depressão, demência e outros distúrbios cerebrais. As pessoas devem se preocupar com a inflamação porque está contribuindo para a degradação de sua saúde.!

Isso é especialmente importante à medida que envelhecemos. Como Gu e sua equipe escrevem no estudo, a doença de Alzheimer é a principal causa de demência em todo o mundo e é o distúrbio neurodegenerativo mais comum. Embora as intervenções médicas nos ajudem a viver mais, isso nem sempre se traduz em mais saúde. Podemos superar o câncer e a cirurgia cardíaca e sobreviver por mais tempo com AIDS e diabetes tipo 2, mas a qualidade de vida fica muito comprometida quando sofremos de demência. A pressão sobre a família e os amigos pode ser esmagadora.

É por isso que é importante iniciar as intervenções mais cedo na vida. A maior parte do que é vendido em embalagens não é comida, mas uma combinação de substâncias semelhantes a alimentos preservadas por uma química impronunciável. Açúcares e gorduras insalubres se escondem, disfarçados por inúmeros nomes, retardando a transformação do nosso microbioma de maneiras que degradam a saúde. E não é apenas a gordura visceral, índice de massa corporal e doenças cardíacas que precisamos nos preocupar. Sem cognição saudável, o próprio conceito de “eu” se desintegra. Os chamados anos dourados são efetivamente sem sentido se você não consegue se lembrar deles.

Enquanto estudos como o de Gu nos lembram do quadro geral, Ramsey sugere que você tome refeição por refeição. Quando pergunto a ele como as pessoas podem implementar mudanças em suas dietas agora, ele expressa ceticismo em considerar o jogo longo. A mudança começa na mesa de jantar esta noite, diz ele.

“As pessoas não são motivadas por “benefícios de longo prazo” ou “redução de riscos”. Temos mais sucesso em nossa clínica quando incentivamos os pacientes a fazer melhores escolhas alimentares na próxima refeição. Descobrimos que há efeitos muito rápidos quando as pessoas mudam de comida ocidental moderna para alimentos integrais densos em nutrientes (que também são alimentos para o cérebro). Claro, comer mais abacate pode diminuir o risco de demência, mas incentivar os pacientes a comer mais torradas de abacate e guacamole é mais atraente quando se trata de mudança comportamental.“

Gu sabe que um estudo não muda um discurso. Mas a combinação de uma melhor compreensão do microbioma e os efeitos da diminuição da inflamação é muito prevalente para negar. A dieta mediterrânea oferece uma lição simples aplicável globalmente, para comer alimentos frescos sazonais e desfrutar de quantidades moderadas de álcool. Tal abordagem funcionou para nossa espécie por milhões de anos até o advento da refrigeração e do processamento industrial. E sabemos que agora funciona. Nós apenas temos que implementá-lo, seja através do reconhecimento do envelhecimento cognitivamente forte ou, como Ramsey sugere, indo ao corredor de produtos para o jantar hoje à noite.

*Por bigthink
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*Fonte: saberesaude

Dieta mista pode ser caminho para sustentabilidade e segurança alimentar

Pesquisa da USP mostra que simples substituições na alimentação já poderiam contribuir para mitigação das mudanças climáticas.

Se o consumo de carne vermelha no Brasil fosse substituído por uma alimentação diversa, composta de proteínas animal e vegetal, 809 milhões de hectares (Mha) poderiam ser poupados, 1 bilhão de toneladas de carbono equivalente deixaria de ser emitido e 720 trilhões de litros de água poderiam ser economizados. Esses são alguns dos resultados do mestrado de Ana Chamma, realizado na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP.

Sob orientação de Gerd Sparovek, professor da Esalq e coordenador do Geolab, Ana, que é engenheira sanitarista e ambiental, desenvolveu seu trabalho com o objetivo de apresentar uma nova abordagem para garantir a segurança alimentar da população brasileira e, ao mesmo tempo, a sustentabilidade do País.

Outro dado interessante foi que a dieta da região Centro-Oeste, baseada em carne bovina, causa os maiores impactos, tanto no uso da terra como no uso da água. Além disso, emite mais gases de efeito estufa no ambiente.

Já a baseada em peixes e frutos do mar, consumida em regiões nordestinas, é a que gera os menores danos.

O consumo alimentar tende a crescer nas próximas décadas, especialmente os de origem animal, ao mesmo tempo em que as áreas disponíveis ficarão cada vez mais escassas. Ana disse ao Jornal da USP que as soluções existentes para enfrentar esse problema geralmente estão focadas na expansão de novas áreas para produção ou no aumento do rendimento de terras agricultáveis, sem considerar a real demanda por alimentos. “Quando se pensa em mudanças climáticas, geralmente se olha para o transporte, para a energia, mas a alimentação também é um ponto que merece a nossa atenção.”

“A inversão de lógica veio da Ana. Ela entendeu que, com a inversão, os resultados seriam mais facilmente comunicados e entendidos por não especialistas no assunto. E deu certo, foi uma grande ideia”, comemora Sparovek.

Pensando nisso, a pesquisadora propôs uma nova metodologia, denominada “da mesa ao campo”. Ao invés de se pensar na expansão de ofertas de alimentos, Ana focou em reduzir o impacto ambiental por meio da demanda alimentar.

Na primeira parte, testou-se a possibilidade de expandir as áreas para a produção agrícola a partir de uma dieta urbana brasileira, definida pelos dados contidos na Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 2008/2009.

O uso da terra, as pegadas de carbono (medida que calcula a emissão de carbono equivalente na atmosfera por uma pessoa, atividade, evento, empresa, organização ou governo) e hídrica (indicador do volume de água doce gasto na produção de bens e serviços) foram analisados em oito cenários, que consideram diferentes tipos de níveis de produtividade e de perda de alimento.

Para o cenário que representa o sistema atual, estimou-se que 292 Mha devem ser utilizados no Brasil somente para atender às necessidades da população. Dados do MapBiomas mostram que, atualmente, a agropecuária ocupa cerca de 30% do território nacional (algo em torno de 225 Mha), sendo 167 Mha compostos de áreas de pastagem, 64 Mha de áreas agrícolas e 24 Mha de áreas de uso não definido (uma espécie de mosaico de pastagem e agricultura).

Se considerarmos a projeção de crescimento do número de habitantes para o ano de 2050, e caso nada se altere, o uso requerido pela dieta urbana seria de 321 Mha.

Já em situações em que as medidas de redução de perda de alimentos e ganho de produtividade foram adotadas, 53 Mt de carbono equivalente e 43 trilhões de litros de água poderiam ser preservados no Brasil anualmente.

Em uma outra etapa, a engenheira investigou de que forma as diferentes dietas brasileiras provocam danos ao planeta e se uma mudança de hábitos alimentares trazem algum efeito positivo.

“Acreditamos que mudanças simples, como consumir diferentes tipos de proteínas em uma semana, poderiam minimizar esses danos”, afirma Ana. “Integrar medidas de intensificação na produtividade agropecuária e redução na perda de alimentos, aliados à modificação de hábitos alimentares, é uma alternativa para mitigação de mudanças climáticas”.

Confira a matéria na íntegra no Jornal da USP.

*Por Fabiana Mariz | Jornal da USP
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*Fonte: ciclovivo

Como a ciência explica por que é tão difícil resistir a comidas doces e gordurosas

Por que é tão mais fácil escolher comer um donut em vez de uma porção de brócolis cozido no vapor?

Não há dúvida de que algumas comidas despertam mais a nossa vontade do que outras — sobretudo aquelas ricas em açúcar e gordura.

Mas por que são tão irresistíveis?

Experimentos científicos nos oferecem algumas pistas sobre o que acontece em nossos cérebros quando optamos por certos alimentos.

Segundo o neurocientista Fabian Grabenhorst, se você entrasse em uma máquina de ressonância magnética e te oferecessem um milk-shake de chocolate, poderíamos ver o sistema de recompensas do seu cérebro se iluminar como um parque de diversões.

Logo acima dos olhos, está localizado o córtex orbitofrontal, uma parte do cérebro que é especialmente desenvolvida em humanos e primatas.

Nela, grupos de neurônios respondem a diferentes sensações e nutrientes — sabor, cheiro, quão cremoso e encorpado o milkshake é — e quanto mais seus neurônios se iluminam, mais apetitosa a comida em questão parece.

Duas coisas que alegram particularmente estes neurônios de recompensa são a gordura e o açúcar.

E combinações de gordura e açúcar podem ser ainda mais atraentes, como no caso do milkshake, de um donut ou de uma fatia de torta.

Mas nossos neurônios não respondem apenas a essas sensações, eles também são ativados quando você está planejando o que comer — em uma espécie de competição entre si para serem “escolhidos”.

E uma vez que você decide, os mesmos neurônios acompanham seu progresso — à medida que você come, eles vão ficando cada vez menos ativos, conforme você se aproxima da saciedade.

Mas não estamos totalmente à mercê das demandas de nosso córtex orbitofrontal. Ter informações sobre os alimentos pode fazer uma grande diferença.

Vamos voltar àquela máquina de ressonância magnética, e tomar agora um pouco de sopa. Tem dois tipos — uma sopa é identificada como de ‘sabor rico e delicioso’, e a outra como ‘água de legume cozido’.

Seus neurônios se iluminam mais ao tomar a sopa de ‘sabor rico e delicioso’, e menos com a ‘água de legume cozido’.

Mas tem uma pegadinha: é a mesma sopa. A única diferença é o nome, e isso é suficiente para mudar completamente sua experiência, conforme mostram estudos.

Este experimento também foi feito com vinho — dizer às pessoas que determinado vinho era mais caro aumentava a atividade dos neurônios e deixava o vinho com um sabor melhor.

Outra parte do cérebro envolvida na escolha dos alimentos é a amígdala — estrutura localizada no lobo temporal (lateral), que processa nossas emoções.

Ela também tem um papel quando você decide onde ir comer com outra pessoa.

Se você já viu no passado o que esta pessoa prefere, sua amígdala terá desenvolvido os chamados neurônios de simulação — que permitem a você prever as intenções do outro e incluir assim em suas próprias sugestões do que comer juntos.

As diferenças em nossos genes também são um fator que explica quão suscetíveis somos ao canto da sereia dos nossos neurônios de recompensa — algumas pessoas são naturalmente mais responsivas à recompensa que sentimos ao comer açúcar e gordura do que outras.

Aspecto social

Experimentos científicos nos oferecem pistas sobre como nossos cérebros computam nossas escolhas sobre o que comer, mas a maneira como lidamos com essas escolhas em nossas vidas e na sociedade também é complexa.

De acordo com Emily Contois, professora assistente de Estudos de Mídia da Universidade de Tulsa, nos EUA, vários fatores influenciam nossa escolha do que comer.

“O que está disponível no supermercado? O que é conveniente? O que é acessível financeiramente? O que traz boas lembranças? O que é gostoso para nós? O que achamos saudável? Qual é o nosso estado de saúde atual? O que define nossas ideias sobre quem somos?”, enumera ela para a BBC Ideas.

E as redes sociais, segundo ela, ganharam um papel importante neste processo.

“O Instagram, e o desejo de que as pessoas sejam capazes de tirar belas fotos de comida, transformaram a ideia de que ‘você é o que você come’, em ‘você é o que você posta'”, avalia.

Contois afirma que buscamos uma série de coisas diferentes a partir dos alimentos que consumimos — como conforto, conexão com nossa família ou nossa herança ancestral e até mesmo um senso de controle.

“Quando vivemos em momentos repletos de conflitos econômicos, políticos e sociais, às vezes buscamos na comida aquela sensação de segurança e proteção. Então, nesses momentos, às vezes vemos as pessoas se interessarem muito por ideias relacionadas à simplicidade, saúde e pureza, como uma maneira de nos protegermos de contextos fora do nosso controle”, explica.

Desta forma, a comida fala um pouco também sobre quem somos.

“(Sobre) Toda a complexidade da nossa identidade. O que comemos conta histórias sobre nosso gênero e nossa sexualidade, nossa raça e nossa etnia, nossa classe social ou nossas aspirações em relação à nossa classe social, a região onde vivemos, seja uma área urbana ou rural. O que comemos conta essas histórias contraditórias e complexas sobre quem somos”, diz ela.

No futuro, podemos usar nosso conhecimento sobre o que acontece em nossos cérebros para criar alimentos atraentes com poucas calorias e saudáveis.

E podemos nos ajudar entendendo como nossos neurônios de recompensa tramam para conseguir o que querem.

Podemos ficar atentos a momentos em que tendemos a fazer escolhas erradas, como quando optamos por determinado alimento por causa de um rótulo que consideramos atraente, e não pelo teor em si.

No fim das contas, pelo menos não estamos totalmente à mercê de nossos neurônios de recompensa. Podemos usar nossa compreensão para ajudar a pensar em alimentos saudáveis ​​e fazer escolhas saudáveis.

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*Fonte: bbc-brasil

Por que comer menos pode ser o segredo para uma vida mais longa e saudável

Em um restaurante em um futuro não tão distante, há um homem e uma mulher em seu primeiro encontro. Depois que os nervos iniciais se acalmaram, tudo vai bem.

O homem conta que tem 33 anos, passou a maior parte da vida solteiro e, embora ele não mencione, está tentando estabelecer-se e formar família. A mulher responde que tem 52 anos, foi casada, divorciou-se e tem filhos com pouco mais de 20 anos. Ele não fazia ideia disso – ela parecia ter a sua idade ou menos.

Este é o sonho de Julie Mattison, do Instituto Nacional do Envelhecimento (NIA, na sigla em inglês), nos Estados Unidos. Ela imagina um tempo em que o envelhecimento cronológico aumenta um ponto todos os anos, mas a idade biológica pode ser definida por um cronômetro diferente, segundo o qual a palavra “idoso” não tem o mesmo significado atual.

Parece algo distante, mas a nossa sociedade já fez grandes avanços rumo a esse objetivo, graças aos progressos da medicina e melhorias da vida saudável. Em 2014, por exemplo, a Pesquisa Nacional de Saúde dos Estados Unidos concluiu que 16% das pessoas com 50 a 64 anos de idade enfrentavam dificuldades diárias, causadas por doenças crônicas. Três décadas antes, esse número era de 23%.

Em outras palavras, além do aumento da expectativa de vida, também estamos vivendo “períodos saudáveis” mais longos – e cada vez mais flexíveis. Parafraseando – e atualizando – o discurso do então presidente norte-americano John F. Kennedy durante a primeira Conferência da Casa Branca sobre o Envelhecimento em 1961, pode-se realmente acrescentar vida aos anos, em vez de apenas anos à vida.

Alimentação pode ser a solução
Mas o que precisamos fazer para aumentar ainda mais a duração e a qualidade da nossa vida? Pesquisadores de todo o mundo estão examinando diversas ideias, mas, para Mattison e seus colegas, a resposta é uma simples alteração na alimentação.

Eles acreditam que a solução para uma velhice melhor pode ser reduzir a quantidade de alimento nos nossos pratos, em uma abordagem chamada de “restrição de calorias”. Essa dieta vai além de reduzir alimentos gordurosos de vez em quando; ela propõe a redução gradual e cuidadosa do tamanho das porções, de forma permanente.

Desde o início dos anos 1930, verificou-se que uma redução de 30% da quantidade de alimento consumido por dia proporcionou vida mais longa e ativa a minhocas, moscas, ratos, camundongos e macacos. Em outras palavras, a restrição de calorias é comprovadamente o melhor remédio para os estragos causados pelo tempo em todo o reino animal – e é possível que os seres humanos também só tenham a ganhar com isso.

Relatos históricos
A noção de que a alimentação de uma pessoa influencia sua saúde é, sem dúvida, anterior a qualquer relato histórico que tenha sobrevivido até hoje. Mas, como ocorre frequentemente com qualquer área da ciência, os primeiros relatos detalhados remontam à Grécia Antiga.

Hipócrates – um dos primeiros médicos a afirmar que as doenças têm causas naturais e não sobrenaturais – observou que muitas enfermidades são associadas à gula. Podia-se observar claramente que os gregos obesos normalmente morriam com menos idade que os gregos magros.

Fora desse epicentro da ciência da antiguidade, essas mesmas ideias foram adotadas e adaptadas ao longo dos séculos – até que, no final do século 15, Alvise Cornaro, um aristocrata com saúde frágil de uma pequena aldeia perto de Veneza, na Itália, mudou por completo o conhecimento aceito na época.

Se a alimentação excessiva é prejudicial, será que a moderação alimentar seria benéfica?

Para descobrir a resposta, Cornaro, então com 40 anos de idade, passou a comer apenas 350 g de alimentos por dia – ou cerca de mil calorias, segundo estimativas recentes. Ele comia pão, panetela (uma espécie de canja) ou caldo e ovos. As carnes escolhidas eram de vitela, cabra, boi, perdizes, pássaros, qualquer outra ave que estivesse disponível e Cornaro comprava peixe pescado nos rios da região.

Restringindo a quantidade, mas não a variedade, Cornaro afirmava ter atingido “saúde perfeita” até sua morte, mais de 40 anos depois. Ele alterava sua data de nascimento à medida que envelhecia, afirmando que havia chegado aos 98 anos, mas acredita-se que ele tenha morrido com cerca de 84 anos de idade – ainda assim, um feito impressionante no século 16, quando uma pessoa com 50 ou 60 anos já era considerada idosa.

Em 1591, seu neto publicou seu livro póstumo em três volumes intitulado “Tratado da Vida Sóbria”, que apresentou a restrição alimentar para o público e redefiniu o próprio envelhecimento.

Cornaro afirmava que, com um estímulo adicional de boa saúde no final da vida, os idosos, com total posse das suas capacidades mentais, poderiam fazer bom uso de suas décadas de conhecimento acumulado. Com sua dieta, a beleza estava na velhice, não na juventude.

Estudos sobre a longevidade
Cornaro foi uma pessoa fascinante, mas suas descobertas não devem ser consideradas irrefutáveis por nenhum ramo da ciência. Mesmo que seu relato seja verdadeiro e ele não tenha sofrido problemas de saúde por quase meio século, o que parece improvável, ele foi um estudo de caso de uma pessoa, que não representa os seres humanos como um todo.

Um estudo fundamental em 1935 com ratos brancos demonstrou que a restrição alimentar de 30 a 50% amplia o período de vida, retardando a morte por doenças e distúrbios relativos à idade – mas é claro que o que funciona para ratos ou outros animais de laboratório poderá não funcionar para seres humanos.

Testes de longo prazo, que acompanhem seres humanos do início da idade adulta até a morte, são raros. “Não considero estudos de longevidade em seres humanos como programas de pesquisa financeiramente viáveis”, afirma Mattison. “Mesmo se você começar com pessoas com 40 ou 50 anos de idade, ainda estará possivelmente considerando mais 40 ou 50 anos [de estudo].”

E ela também acrescenta que é quase impossível evitar que fatores externos – prática de exercícios, fumo, tratamentos médicos e bem-estar mental – influenciem os resultados finais do teste, em nossa espécie social e culturalmente complexa.

Por isso, no final dos anos 1980, dois testes de longo prazo independentes – um no NIA e outro na Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos – foram estabelecidos para estudar a restrição de calorias e o envelhecimento em macacos Rhesus, que não apenas compartilham 93% do nosso DNA, mas também envelhecem da mesma forma que nós.

Lentamente, após a meia-idade (cerca de 15 anos, nos macacos Rhesus), as costas começam a curvar-se, a pele e os músculos começam a cair e seus pelos, quando ainda crescem, mudam de coloração, de marrom para cinza.

As similaridades vão ainda mais longe. Nesses primatas, a ocorrência de câncer, diabete e doenças cardíacas aumenta com a idade, tanto em frequência quanto em severidade. “Eles são um excelente modelo para estudar o envelhecimento”, segundo Rozalyn Anderson, gerontologista da Universidade de Wisconsin.

E seu controle é mais fácil. As dietas dos 76 macacos da Universidade de Wisconsin e dos 121 animais do NIA, compostas de biscoitos especialmente preparados, são específicas para cada idade, peso e apetite natural. Todos os macacos receberam o complemento total de nutrientes e sais minerais de que seus corpos necessitam – mas a metade dos macacos (o grupo com restrição de calorias) comeu 30% menos.

Esse grupo sequer chegou perto de passar fome ou sofrer subnutrição. Um exemplo é Sherman, um macaco com 43 anos de idade do NIA. Mattison afirma que, desde que foi colocado em restrição de calorias em 1987, com 16 anos de idade, Sherman não manifestou nenhum sinal explícito de fome, tão característico na sua espécie.

Sherman é o macaco Rhesus mais idoso já registrado, cerca de 20 anos mais velho que a expectativa de vida média da sua espécie em cativeiro. Enquanto macacos mais jovens desenvolviam doenças e morriam, ele parecia ser imune ao envelhecimento. Mesmo na casa dos 30 anos de idade, quando teria sido considerado um macaco idoso, ele não se parecia nem agia como um animal de mais idade.

O mesmo ocorreu, ainda que com variações, com seus companheiros de experimento no NIA. “Temos menor incidência de diabete e câncer nos grupos com restrição de calorias”, afirma Mattison. Em 2009, o estudo da Universidade de Wisconsin publicou resultados similares – e excelentes.

Não apenas os macacos em restrição de calorias pareciam sensivelmente mais jovens – com menos queda da pele e pelos em maior quantidade, com coloração marrom em vez de cinza – que os macacos que receberam alimentação padrão, mas também seus organismos internos eram mais saudáveis e livres de patologias. As ocorrências de câncer, como o adenocarcinoma intestinal, que é comum entre eles, foram reduzidas em mais de 50%. O risco de doenças cardíacas também foi reduzido pela metade.

E, enquanto 11 dos macacos com alimentação ad libitum (“à vontade”, em latim) desenvolveram diabete e cinco exibiram sinais de pré-diabete, a regulação da glicose no sangue pareceu saudável em todos os macacos com restrição de calorias. Para eles, a diabete não era um problema.

Ao todo, apenas 13% dos macacos no grupo com restrição de calorias haviam morrido de causas relativas à idade em 20 anos. No grupo ad libitum, 37% haviam morrido, quase três vezes mais que no outro grupo. Em um estudo de atualização da Universidade de Wisconsin em 2014, esses percentuais permaneceram estáveis.

“Demonstramos que o envelhecimento pode ser manipulado em primatas”, afirma Anderson. “Parece pouco significativo porque é óbvio, mas conceitualmente a importância é enorme. Significa que o envelhecimento é um objetivo razoável para intervenções clínicas e tratamento médico.”

Em outras palavras, se o envelhecimento puder ser retardado, todas as doenças associadas à idade também serão. “Tratar de cada doença, uma de cada vez, não ampliará significativamente a expectativa de vida das pessoas, pois elas morrerão por outras causas”, afirma Anderson. “Se você curar todos os cânceres, não postergará a morte por doenças cardiovasculares, demência ou distúrbios associados à diabete. Mas, se combater o envelhecimento, você pode retardar todo o conjunto de doenças de uma vez só.”

A restrição de calorias entre os seres humanos
Comer menos certamente parece ajudar os macacos, mas a restrição de calorias é muito mais difícil para as pessoas no mundo real. Nosso acesso a refeições regulares com alto teor de calorias, por exemplo, nunca foi mais simples; com serviços como o iFood e o Uber Eats, não é mais necessário andar até o restaurante. Além disso, ganhar peso simplesmente é mais natural para algumas pessoas.

“Existe um enorme componente genético em tudo isso e permanecer magro é muito mais difícil para algumas pessoas que para outras”, ressalta Anderson. “Todos nós conhecemos alguém que pode comer um bolo inteiro e nada acontece – ele simplesmente não engorda – enquanto outra pessoa apenas caminha ao lado de uma mesa onde há um bolo e já precisa comprar uma calça maior.”

Idealmente, a quantidade e os tipos de alimentos que comemos devem ser especificamente definidos para quem nós somos – nossa predisposição genética para ganhar peso, a forma como metabolizamos os açúcares, como armazenamos gordura e outros fluxos fisiológicos que estão além do escopo das instruções científicas no momento e, talvez, para sempre.

Mas a predisposição à obesidade pode ser usada para orientar as escolhas da vida e não ser tomada como algo inevitável. “Eu mesma tenho histórico genético de obesidade em toda a minha família e pratico uma forma flexível de restrição calórica”, afirma Susan Roberts, cientista alimentar da Universidade Tufts em Boston, nos Estados Unidos.

“Mantenho meu Índice de Massa Corporal em 22 e [calculei] que preciso comer 80% do que comeria normalmente se meu IMC fosse de 30, como todos os outros membros da minha família”, afirma ela. Roberts salienta que não é difícil – ela segue seu próprio programa de controle de peso com uma ferramenta chamada iDiet para ajudá-la a comer menos, mas evitando sentir fome ou não ter prazer ao comer. Se isso não fosse possível, ela diz que não praticaria a restrição de calorias.

Roberts não apenas testemunhou os problemas de obesidade na família, mas também conhece os benefícios da restrição de calorias mais que a maioria das pessoas. Há mais de 10 anos, ela é uma das principais cientistas do estudo conhecido como Determinação Abrangente dos Efeitos a Longo Prazo da Redução da Ingestão de Energia (ou Calerie, na abreviação em inglês). Ao longo de dois anos, 218 homens e mulheres saudáveis, com idades de 21 a 50 anos, foram divididos em dois grupos. Em um deles, permitiu-se que as pessoas comessem como fariam normalmente (ad libitum), enquanto os demais comeram 25% menos que o normal (redução de calorias). Ambos os grupos examinaram sua saúde a cada seis meses.

Ao contrário dos estudos com macacos Rhesus, os testes ao longo de dois anos não conseguiram determinar se a redução de calorias diminui ou retarda as doenças relacionadas com a idade, pois simplesmente não há tempo suficiente para o seu desenvolvimento. Mas o estudo Calerie verificou os eventos mais próximos: os primeiros sinais de doenças cardíacas, câncer e diabete.

Publicados em 2015, os resultados após dois anos foram muito positivos. No sangue das pessoas com restrição de calorias, a relação entre colesterol “bom” e colesterol “ruim” havia aumentado, as moléculas associadas à formação de tumores – chamadas de fatores de necrose tumoral (TNFs, na sigla em inglês) – foram reduzidas em cerca de 25% e os níveis de resistência à insulina, que sinalizam a diabete, caíram em cerca de 40%, em comparação com pessoas com alimentação normal. De forma geral, a pressão sanguínea também era mais baixa.

É verdade que alguns dos benefícios podem advir da perda de peso. Os exames iniciais do estudo Calerie haviam incluído pessoas obesas e também com índice de massa corporal (IMC) saudável de 25 ou menos e o emagrecimento certamente teria aumentado o bem-estar dos participantes com peso mais alto.

“O que ficou bastante claro há muito tempo é que ser obeso ou mesmo estar apenas acima do peso é ruim para você”, segundo Roberts. Ela acrescenta que as doenças e os distúrbios que antigamente se acreditava serem associados à idade agora estão aparecendo na população obesa.

Mas os resultados mais recentes indicam que benefícios significativos para a saúde podem ser obtidos em corpos já saudáveis – pessoas que não são obesas, nem estão abaixo do peso. Ou seja, aquelas com IMC de 18,5 a 25.

Apesar desses resultados, evidências de testes adicionais serão necessárias antes de aconselhar a alguém que já tenha IMC saudável que reduza sua ingestão de calorias – e aconselha-se a qualquer pessoa que deseje mudar sua alimentação a consultar antes um profissional médico.

O que desencadeia o processo?
Os cientistas esperam que seus macacos Rhesus possam ajudar a compreender exatamente por que a restrição de calorias pode trazer esses efeitos.

Com cerca de 30 anos de dados sobre vivos e mortos e amostras de sangue e tecidos de cerca de 200 macacos, o trabalho do NIA e da Universidade de Wisconsin pretende aumentar o conhecimento sobre a restrição de calorias, esclarecendo como ela retarda o envelhecimento.

Com menos alimentos, o metabolismo é forçado a ser mais eficiente com o que recebeu? Existe uma chave molecular reguladora do envelhecimento que é ligada (ou desligada) com menos calorias? Ou existe um mecanismo ainda desconhecido que determina nossa vida e nossa morte?

As respostas a essas questões poderão demorar para chegar. “Se eu fizesse 10 clones de mim mesma e todos eles trabalhassem sem parar, [mesmo assim] acho que não resolveríamos a questão”, afirma Anderson. “A biologia é extraordinariamente complicada.”

Esta é uma tarefa compensadora – compreender como a redução de calorias e outros tratamentos poderão ser utilizados para abordar essa parte específica da nossa biologia. O envelhecimento poderia ser tratado diretamente, ou seja, sem necessidade de restrição de calorias. “E acho que este realmente é o bilhete dourado”, afirma Anderson.

Mesmo na falta de uma explicação clara, a restrição de calorias é um dos caminhos mais promissores para melhorar e prolongar a saúde na nossa vida. “Não há nada nas pesquisas que nos faça pensar que a restrição calórica não funcione nas pessoas”, segundo Roberts, do estudo Calerie. E, ao contrário dos tratamentos com remédios, ela não traz uma longa lista de possíveis efeitos colaterais. “As pessoas do nosso estudo não sentiam mais fome, seu humor era bom e suas funções sexuais, também. Tentamos de todas as formas descobrir efeitos ruins, mas não encontramos”, afirma Roberts.

Um problema esperado era uma leve redução da densidade óssea, frequentemente relacionada à perda gradual de peso, segundo Roberts. Mas, como precaução, os voluntários receberam pequenos suplementos de cálcio ao longo de todo o estudo.

Mesmo com essas descobertas promissoras, “isso [o estudo Calerie] é o primeiro estudo da sua espécie e acho que nenhum de nós teria confiança suficiente para dizer ‘está bem, vamos recomendar isso para todas as pessoas do mundo'”, afirma Roberts. “Mas é uma perspectiva realmente fascinante. Acho que retardar a progressão de doenças crônicas é algo que todos nós podemos apoiar e que pode nos deixar empolgados, pois ninguém quer passar a vida com uma dessas doenças.”

Alex Riley é escritor e vive em Berlim, na Alemanha. Sua conta no Twitter é @riley_alex.

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*Por Alex Riley
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*Fonte: bbc-brasil

Uma maneira simples de ganhar 10 anos na sua expectativa de vida: estudo

Todo mundo quer viver mais. E muitas vezes nos dizem que a chave para fazer isso é fazer escolhas de estilo de vida mais saudáveis, como fazer exercícios, evitar fumar e não beber muito álcool. Estudos também mostraram que a dieta pode aumentar a expectativa de vida .

Um novo estudo descobriu que uma alimentação mais saudável pode prolongar a vida útil em seis a sete anos em adultos de meia-idade e, em adultos jovens, pode aumentar a vida útil em cerca de dez anos.

Os pesquisadores reuniram dados de muitos estudos que analisaram dieta e longevidade, juntamente com dados do estudo Global Burden of Disease, que fornece um resumo da saúde da população de muitos países.

Combinando esses dados, os autores foram capazes de estimar como a expectativa de vida variou com mudanças contínuas na ingestão de frutas, vegetais, grãos integrais, grãos refinados, nozes, legumes, peixe, ovos, laticínios, carne vermelha, carne processada e bebidas açucaradas.

Os autores foram capazes de produzir uma dieta ideal para a longevidade, que eles compararam com a dieta ocidental típica – que contém principalmente grandes quantidades de alimentos processados, carne vermelha, laticínios com alto teor de gordura, alimentos ricos em açúcar, alimentos pré-embalados e baixa ingestão de frutas e vegetais.

De acordo com a pesquisa, uma dieta ideal incluía mais leguminosas (feijão, ervilha e lentilha), grãos integrais (aveia, cevada e arroz integral) e nozes, e menos carne vermelha e processada.

Os pesquisadores descobriram que comer uma dieta ideal a partir dos 20 anos aumentaria a expectativa de vida em mais de uma década para mulheres e homens dos EUA, China e Europa.

Eles também descobriram que mudar de uma dieta ocidental para a dieta ideal aos 60 anos aumentaria a expectativa de vida em oito anos. Para pessoas de 80 anos, a expectativa de vida pode aumentar em quase três anos e meio.

Mas, dado que nem sempre é possível que as pessoas mudem completamente sua dieta, os pesquisadores também calcularam o que aconteceria se as pessoas mudassem de uma dieta ocidental para uma dieta que estivesse a meio caminho entre a dieta ideal e a dieta ocidental típica.

Eles descobriram que mesmo esse tipo de dieta – que eles chamaram de “dieta de abordagem de viabilidade” – ainda poderia aumentar a expectativa de vida para jovens de 20 anos em pouco mais de seis anos para mulheres e pouco mais de sete anos para homens.

Imagem completa?
As estimativas de expectativa de vida que o estudo realizou vêm das metanálises mais completas e recentes (um estudo que combina os resultados de vários estudos científicos) sobre dieta e mortalidade.
Embora as metanálises sejam, em muitos casos, a melhor evidência devido à quantidade de dados analisados, elas ainda produzem suposições com os dados, o que pode fazer com que diferenças importantes entre os estudos sejam ignoradas.

Também vale a pena notar que a evidência para a redução do consumo de ovos e carne branca era de qualidade inferior à evidência para grãos integrais, peixes, carnes processadas e nozes.

Há também algumas coisas que o estudo não levou em consideração. Primeiro, para ver esses benefícios, as pessoas precisavam fazer mudanças em sua dieta dentro de um período de dez anos. Isso significa que é incerto se as pessoas ainda podem ver benefícios em sua vida se fizerem alterações em sua dieta por um longo período de tempo.

O estudo também não levou em conta problemas de saúde anteriores, o que pode afetar a expectativa de vida. Isso significa que os benefícios da dieta na expectativa de vida refletem apenas uma média e podem ser diferentes para cada pessoa, dependendo de uma variedade de outros fatores, como problemas de saúde crônicos, genética e estilo de vida, como tabagismo, consumo de álcool e exercícios.

Mas as evidências que os pesquisadores analisaram ainda eram robustas e extraídas de muitos estudos sobre esse assunto. Essas descobertas também se alinham com pesquisas anteriores que mostraram que melhorias modestas, mas de longo prazo, na dieta e no estilo de vida podem trazer benefícios significativos à saúde – incluindo a longevidade.

Claro, mudar sua dieta completamente pode ser difícil. Mas mesmo a introdução de alguns dos alimentos que aumentam a longevidade ainda pode trazer algum benefício. [Science Alert]

*Por Marcelo Ribeiro
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*Fonte: hypescience

O que são PFAS e como estas substâncias afetam a saúde e o meio ambiente

Substâncias per e polifluoroalquil. Assim são chamadas as PFAS, sigla que representa uma classe de produtos químicos presentes no nosso dia a dia de forma praticamente invisível, mas notada a longo prazo pelo organismo. Elas estão presentes em alimentos, embalagens ou até mesmo na água que você bebe e podem fazer muito mal à saúde.

De acordo com o portal “PFAS Exchange”, que procura alertar a população sobre os perigos do consumo silencioso de PFAS, há mais de 4,7 mil produtos com químicos PFAS à venda hoje em dia. Esta seria a substância sintética mais fácil de encontrar no mundo atualmente.

As substâncias PFAS costumam ser encontradas em produtos antiaderentes, impermeáveis ou resistentes a manchas, por exemplo. Produtos de uso cotidiano, como fio dental, estão cheios delas.

Ainda de acordo com o portal, um estudo de 2016 mostrava que mais de 16 milhões de americanos estariam expostos aos poluentes. O número agora já beira os 110 milhões.

“As pessoas são expostas a essas substâncias através de uma infinidade de produtos com os quais entram em contato, em alimentos e em situações ambientais ou de trabalho. Em particular, a ingestão através da água potável, a via humana predominante de exposição, desempenha um papel significativo“, alerta a química industrial Nausicaa Orlandi, em entrevista à Universidade de Pádua, na Itália.

Substâncias também costumam estar em embalagens e produtos antiaderentes.

“As PFAS foram encontradas em águas superficiais e subterrâneas, podendo ser absorvidas pela exposição e também através da ingestão, por inalação durante o banho e pela absorção da pele. Os recipientes para alimentos, roupas, móveis e outros itens são outras rotas de exposição possíveis para os seres humanos”, completa.

– O salmão consumido no Brasil está acabando com a costa chilena

O fato preocupa cientistas e pesquisadores do tema. Há evidências que mostram que a exposição e ingestão indireta das substâncias PFAS podem ajudar a desenvolver problemas de tireoide, câncer, colesterol alto e obesidade, por exemplo.

Um estudo recente publicado no “Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism” avaliou 1.286 mulheres grávidas sobre a presença de substâncias PFAS em seus corpos. A pesquisa mostrou que gestantes com níveis altos de per e polifluoroalquil tem até 20% mais chances de parar de amamentar antes do tempo indicado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

“Nossas descobertas são importantes porque quase todos os humanos no planeta estão expostos ao PFAS. Esses produtos químicos sintéticos se acumulam em nossos corpos e têm efeitos prejudiciais à saúde reprodutiva“, afirma a doutora Clara Amalie Timmermann, co-autora do estudo e professora da University of Southern Denmark.

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*Fonte: hypeness

6 comidas brasileiras que os gringos simplesmente amam

Você pode tentar achar inúmeros defeitos no Brasil, mas um fato é inegável: a nossa culinária é deliciosamente boa. Algumas receitas brasileiras são tão gostosas que chegam a despertar um pouquinho de inveja em quem vem visitar o país e não consegue encontrar esses pratos de forma alguma em sua terra natal.

Será que você consegue adivinhar algumas das receitas que farão parte desta lista? Confira seis comidas que só existem aqui no Brasil e que a maioria dos gringos adoram. Depois conta para a gente qual é a sua favorita!

1. Pão de queijo
Apesar de ser uma receita tradicional de Minas Gerais, o pão de queijo se tornou um prato típico de todas as regiões do Brasil e encanta qualquer pessoa que o experimenta. Seja para o café da manhã ou na hora do lanche da tarde, esse delicioso quitute é uma explosão de alegria no paladar.

Sua receita consiste em dois elementos simples: polvilho e queijo. Há quem goste de comê-lo acompanhado com uma bela xícara de café ou passando um pouquinho de requeijão. Só de pensar dá água na boca!

2. Coxinha
Massa frita e um recheio de frango desfiado. Isso é tudo que uma coxinha precisa para ficar extremamente deliciosa e fazer você ficar babando por horas. Principalmente em festas de crianças, faltar coxinha é sinônimo de caos e fracasso. Por isso, não há um gringo que a resista.

Mesmo para aqueles que não são tão chegados em frango assim, outras receitas não tão tradicionais atualmente incluem coxinhas de costela bovina ou até mesmo versões veganas para agradar a todos.

3. Farofa
A base da culinária brasileira está na simplicidade e a farofa é a rainha do simples. Além de servir de acompanhamento para diversos pratos locais, esse prato a base de farinha possui intermináveis variedades e sempre se mistura um pouco com a cultura do estado em que está sendo feito.

A farofa, além de ser um prato brasileiro muito tradicional, tem origem indígena e sempre está presente nos churrascos.

4. Feijoada
Falando em farofa, um prato em que ela não pode faltar de jeito algum é a feijoada. E nesse ponto, qual outro prato é tão brasileiro quanto a feijoada? É praticamente impossível chegar a um consenso. Um belo prato de arroz, couve, vinagrete, farofa e o querido guisado de feijão com pedaços de carne fazem o dia de qualquer pessoa.

Historicamente, a feijoada é um prato desenvolvido no Brasil pelos escravizados, que usavam o resto das comidas para criar uma nova receita. Desde então, esse virou um verdadeiro símbolo nacional.

5. Açaí
Comer uma bacia de açaí é a mesma coisa que saborear a terra brasileira. Também chamado de “jussara” em outras regiões do país, essa fruta simplesmente ganhou o mundo em formato de “sorvete”. A sua versão mais tradicional recebe adição de açúcar e costuma vir acompanhada de outras frutas, granola e até mesmo leite em pó.

Um açaí gelado é uma opção certeira para quem está tentando fugir do calor tropical e deseja experimentar uma das deliciosidades que o nosso país pode oferecer.

6. Brigadeiro
Para fechar a lista, não há como deixar de fora a nossa sobremesa mais tradicional: o brigadeiro. Você pode até não ser o maior fã de doce no mundo, mas precisa reconhecer que o brigadeiro é uma das nossas melhores criações e costuma agradar qualquer estrangeiro que visite o Brasil.

Basta um pouco de chocolate ou cacau em pó, leite condensado e uma colher de manteiga para que essa receita possa ir ao fogo. Em questão de minutos, você terá um prato saboroso e irresistível na sua frente.

*Por Pedro Freitas
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*Fonte: megacurioso

Dá para treinar o paladar e gostar de comidas que odiamos?

O ato de comer certamente é uma das necessidades mais versáteis que existe, especialmente quando aliado aos gostos e às preferências pessoais de cada um, sendo possível encontrar todo tipo de refeição, mistura de temperos e uma criatividade absurda para elaborar os pratos mais malucos já vistos.

Porém, em meio a toda essa mistura de opções, existem pessoas que são mais exigentes para comida e dizem gostar apenas do básico ou de combinações muito específicas, a fim de agradar um paladar que não é habituado a experimentar algo novo.

Ao longo de séculos de história, a Gastronomia evoluiu em relação a suas regras sobre o que realmente seria “comer bem” e “comer mal”, bem como adaptou culturas, tradições e o surgimento de novas especiarias em pratos cada vez mais únicos. A culinária, então, ganhou identidade, e o público teve que acompanhá-la nessa jornada, aprimorando seus sentidos sobre os cinco sabores básicos (doce, amargo, azedo, salgado e umami) e sobre os trilhões de cheiros detectados pelo nariz.

Assim, além de tornar-se uma experiência multissensorial, a gastronomia passou a ser vista como uma arte que muda com o tempo, região, estilo de vida do degustador, localização e, até mesmo, genética. Por exemplo, quanto mais velhas as pessoas ficam, menos agradáveis alguns sabores podem se tornar, já que os paladares vão perdendo potência à medida que a idade avança. Recentemente, um estudo da Universidade de Turku, na Finlândia, descobriu que idade, IMC e gênero impactaram no “reconhecimento da modalidade de sabor”, e que homens têm dentes mais sensíveis do que mulheres, reforçando ainda mais a dinâmica dos gostos.

“Para degustadores sensíveis, é possível que genes receptores de sabor e genótipos desempenhem um papel muito importante. Também é possível que crianças criadas na mesma família, sociedade e ambiente cultural possam ser degustadores diferentes, e pequenos detalhes, como genótipos receptores de sabor, podem afetar a percepção do paladar”, esclareceu Mari Sandell, professora de Percepção Sensorial do Fórum de Alimentos Funcionais. “Mas, por outro lado, o alimento disponível depende da cultura alimentar, então as pessoas não têm as mesmas opções para ativar seu senso de paladar”, ela explicou.

Como é possível fazer a comida ter um sabor mais agradável?
Para driblar todos esses obstáculos genéticos e culturais, é importante testar, ajustar e apurar o senso de sabor, criando métodos eficientes para auxiliar o cérebro nesse difícil enfrentamento. Assim, sentir o aroma de óleos essenciais e temperos, observar bem o que está no prato, saborear com calma, descrever as sensações e realizar misturas que se adequem mais ao agrado individual são algumas práticas que podem colaborar para a redução da exigência gustativa.

Vale lembrar que todos os testes devem ter como base não apenas a dieta considerada pelo experimentador, mas também os limites de seu corpo, já que não é esperado que as reações positivas aos novos alimentos venham de imediato. Então é importante ter em mente a necessidade de beber água constantemente, respeitar os rituais para algumas refeições e, principalmente, repetir e não desistir, pois a ideia é que a prática leve à perfeição, e não ao prejuízo da capacidade do paladar.

*Por André Luís Dias Custódio
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*Fonte: megacurioso

Qual é a diferença entre ‘diet’ e ‘light’?

Pois é: você vai ao mercado e frequentemente vê rótulos com os termos diet e light e fica com uma certa dúvida do que realmente significam. Por estes termos estarem em alta e serem direcionados pela mídia a um público que se preocupa com a saúde, o processo de influência é considerado eficiente e, assim, você realiza a compra desses produtos e tem como estratégia manter esses produtos na alimentação sem qualquer tipo de conhecimento e recomendação médica a nutricional.

Como o rótulo diz pouco sobre o alimento, muitas vezes há uma grande atração e expectativa sobre eles, e, principalmente pela falta de conhecimento, acontece a ingestão indiscriminada e sem recomendação. A grande questão é que eles podem não ser tão interessantes nutricionalmente, por isso, vamos entender as diferenças entre eles e quando devem ser consumidos.

Quando comer alimentos diet e light?

Por serem utilizadas palavras em inglês, há uma certa falta de compreensão e confusão sobre seus significados. Muitas pessoas acabam achando que produtos diet são para diabéticos, por não conter açúcar, e os produtos light são saudáveis, por não conter gordura. Mas não é bem esta a definição:

Diet

Corresponde a produtos que possuem a exclusão total de um ingrediente, como sal, açúcar, gordura etc., e são direcionados a pessoas que possuem restrição na alimentação por conta de comorbidades, como pressão alta (evitar a ingestão de sódio), diabetes (ter uma dieta pobre em diversos tipos de açúcares/carboidratos), colesterol alto (diminuir o consumo de gorduras saturadas e trans), triglicérides alto (evitar gordura e açúcar).

Por isso mesmo, este não é um produto que possui baixas calorias, como normalmente é pensado. Por conta da ausência de um ingrediente, é necessária a adição de outros componentes para que alguns produtos fiquem saborosos. No contexto final, ele pode acabar sendo mais calórico que alimentos normais ou convencionais e nutricionalmente não saudável.

Light

Caracteriza-se por produtos que têm redução de pelo menos 25% de um ingrediente que está em sua composição (sal, gordura, açúcar etc.) ou diminuição calórica. Assim como o produto diet, o light implica em algumas questões: por ter algum ingrediente, como a gordura, diminuído em 25%, esquecemos de verificar a quantidade dos outros elementos, como o sal e o açúcar, que podem ser mais altos. Por isso, sempre olhe o rótulo antes de comprar qualquer produto.

Esteja sempre atento ao rótulo. A composição do alimento encontra-se lá (quantidades de sódio, gordura, açúcar, por exemplo). Faça a comparação com produtos convencionais. Não se influencie por estes termos, pois eles não são sinônimos de saudável, já que são industrializados e também bem mais caros.

*Por Marcela Andrade Lopes

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*Fonte: megacurioso

Estes são os dez maiores mitos sobre nutrição

Nos dias de hoje, as notícias e informações chegam até nós de modo rápido. No entanto, nem sempre chegam de forma verídica, como é o caso de fake news. Dessa maneira, é preciso ficar atento, afinal, tomar algum remédio milagroso ou até mesmo começar dietas de famosos pode prejudicar a nossa saúde. Para isso, separamos os dez maiores mitos acerca de comida e sua importância nutricional.

Os dez maiores mitos já contados sobre alimentação:


Alimentos gordurosos não são saudáveis
Para ter o corpo perfeito, muitas pessoas eliminam completamente alimentos gordurosos de suas refeições. Porém, a gordura dietética é essencial para a manutenção do organismo. A baixa ingestão de gordura pode acarretar em problemas cardíacos, aumento na resistência à insulina e nos níveis de triglicerídeos, relata estudos.

A refeição mais importante do dia
Até então, muitos acreditavam que ingerir um café da manhã reforçado era algo saudável, entretanto, uma pesquisa realizada em 2014, revela que não é bem assim para os adultos. O estudo mostra que, ao renunciar o café da manhã, estará reduzindo a ingestão de calorias diárias.

Uso de adoçantes não nutritivos
Na busca pelo corpo perfeito, muitas pessoas se interessam por alimentos sem açúcar, com baixas calorias e carboidratos. Dentre eles, o uso de adoçantes não nutritivos (NNS) têm crescido de forma significativa. Porém, a ingestão de NNS pode aumentar o risco de diabetes tipo 2, acarretando em uma desregulação do açúcar no sangue, sugere estudo.

Batatas podem ser ingeridas normalmente
Dentre um dos dez maiores mitos sobre alimentação, está na eliminação da batata da dieta. Para muitos, trata-se de algo prejudicial a saúde, no entanto, ao ser inserida nas refeições corretamente, pode ser fonte de nutrientes, como potássio, fibras e vitamina C. Estudos comprovam sua eficácia quando cozida ou assada, mas fritas não é a melhor opção.

Ingerir produtos light
Apesar de tentadores, produtos cujo rótulo apresenta frases como: light, diet, zero gorduras, baixo teor de gordura podem não ser a melhor opção. Dentre um dos dez maiores mitos nutricionais, um estudo demonstrou como esses produtos são fabricados com muito mais açúcar e sal que os convencionais.

Dieta de baixas calorias e perda de peso
Um erro cometido por muitas pessoas é ingerir poucas calorias ao longo do dia. Isto é, a perca de peso ocorre a curto prazo, entretanto, uma pesquisa relata as consequências dessa dieta. Dentre elas, podemos citar: alteração nos hormônios de saciedade, redução na taxa metabólica e aumento na sensação de fome.

Ser magro nem sempre é sinal de ser saudável
A busca pela perca de peso nem sempre está relacionado com estética. Em alguns casos, onde o indivíduo se encontra acima do seu peso ideal, o excesso de gordura pode ser prejudicial. Podendo provocar diabetes tipo 2, doenças cardíacas, depressão, certos tipos de câncer e até morte prematura, segundo alguns estudos.

O risco por trás do suplemento de cálcio
Entre os dez maiores mitos associados a saúde alimentar, podemos citar a ingestão de suplemento de cálcio para o fortalecimento dos ossos. Porém, após uma pesquisa, cientistas descobriram que a ingestão desse suplemento oferece malefícios à saúde. Dentre eles, podemos citar as doenças cardíacas.

Comer muito carboidrato faz engordar mais rápido
Do mesmo modo que a gordura, muitas pessoas passaram a retirar os carboidratos de sua dieta, com medo que viesse causar doenças cardíacas, diabetes ou obesidade. Estudos demonstram que o ideal é comer na medida certa, e em conjunto com demais alimentos, possibilitando um equilíbrio entre as calorias.

Alimentos ricos em colesterol
Durante muitos anos, esses alimentos carregam uma má fama graças aos equívocos gerados de uma pessoa para outra, principalmente a respeito da saúde do coração. Portanto, um dos dez maiores mitos alimentícios é a retirada de comidas ricas em colesterol, de uma dieta. Uma vez que ingerir ovos ou iogurte, pode ser uma forma de saciar a fome, revela estudo.

*Por Ruth Rodrigues

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*Fonte: socientifica

Alimentos criados em laboratório serão o futuro das suas refeições?

Pense em um hambúrguer vermelhinho, suculento, saboroso. Mais: nenhum animal precisou morrer para saciar sua fome. A batata frita, macia por dentro e crocante por fora, pode ter vários tipos de design, porque é moldada em uma impressora 3D. O restaurante de comida japonesa deixou o rodízio para trás e dispensou o sushiman; no lugar, sushis que não são feitos de peixe, preparados sob medida para cada cliente. Cenas de um futuro distante? Se depender de cientistas e startups, será a realidade em breve.

E não é capricho. Se hoje somos 7,7 bilhões de pessoas no planeta, em 2050, seremos 10 bilhões, segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). A produção de comida terá de ser 70% maior e, de preferência, prejudicando o mínimo possível o meio ambiente. Para isso, precisamos rever como nos alimentamos. O último Relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) das Nações Unidas, divulgado em agosto, estabelece que precisamos reduzir o consumo de carnes para mitigar os efeitos das mudanças climáticas. O documento destaca que dietas baseadas em proteína animal contribuem com o desmatamento de importantes biomas do mundo, como a Amazônia, e defende uma alimentação rica principalmente em vegetais.

A grande aposta da indústria nesse sentido é desenvolver carnes à base de plantas ou de células de animais — com sabor, textura e qualidade nutricional iguais aos da carne de um bicho. “É um mercado ainda em desenvolvimento, mas não tem volta”, diz Jayme Nunes, biólogo da Merck, empresa alemã de ciência e tecnologia que investiu, no ano passado, 7,5 milhões de euros na startup Mosa Meat, fundada pelo cientista Mark Post.

Em 2013, Post apresentou o primeiro hambúrguer de laboratório do mundo, criado a partir de células de uma vaca. Para elaborar o disco de carne sem matar o animal, o professor da Universidade de Maastricht (Holanda) desenvolveu um método que usa células-tronco retiradas do músculo bovino. O resto do processo acontece no laboratório: em um biorreator, as células-tronco se transformam em células musculares. O resultado é uma pasta de carne que pode ser moldada.

A produção do primeiro hambúrguer de Post custou US$ 325 mil. Hoje, o valor fica entre US$ 9 mil e U$S 10 mil — e o preço promete cair ainda mais nas próximas décadas. “A tendência é de que custe US$ 50 em 2030, quando a carne deve estar disponível em restaurantes do guia Michelin”, estima Nunes. Ele acredita que, em 2050, a carne de células será vendida por US$ 20 o quilo, diretamente ao consumidor.

Enquanto as opções conhecidas como cell-based (baseado em células, em tradução livre) ainda engatinham, já é possível comprar hambúrgueres plant-based (à base de plantas) a preços acessíveis. Nos EUA, duas empresas se destacam: a Beyond Meat foi a primeira a ter seu hambúrguer de óleo de coco, romã e beterraba nos supermercados do país, em maio de 2016; já a Impossible Foods, que lançou um hambúrguer de plantas em julho do mesmo ano, inovou ao fazer a peça “sangrar”. Na lista de ingredientes estão proteína isolada de soja, proteína de batata e óleos de coco e de girassol. O sabor e o aspecto vermelho vêm da leghemoglobina de soja, uma proteína encontrada na raiz de leguminosas. Assim como a hemoglobina, presente no sangue de animais e humanos, ela é composta de glóbulos vermelhos — a responsável, portanto, pelo tom avermelhado.

O uso da leghemoglobina chamou a atenção da Food and Drug Administration (FDA), agência norte-americana que regula alimentos e remédios, pelo alto potencial alergênico. No dia 31 de julho, porém, a FDA concluiu que a proteína é segura para consumo e autorizou a venda do Impossible Burger em mercados a partir de 4 de setembro. O produto já era comercializado em restaurantes desde 2016, e tem se popularizado cada vez mais.

Em agosto, o Burger King anunciou nas lojas dos EUA uma versão do sanduíche Whopper feita com o Impossible Burger. No dia 10 de setembro, a novidade desembarca no Brasil. Aqui, no entanto, o hambúrguer vegetal da rede de fast-food será da Marfrig, gigante brasileira da indústria da carne que acaba de entrar para o time dos fabricantes de produtos plant-based.

*Por Nathalia Fabro

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*Fonte: revistagalileu

Carboidratos são cruciais ou desnecessários?

Carboidratos são um fonte crucial de fibra e energia ou um alimento que aumenta de forma prejudicial o nível de açúcar no nosso sangue?

Estas biomoléculas formadas por átomos de carbono, hidrogênio e oxigênio são um dos três principais grupos de nutrientes que são encontrados em alimentos, junto com gorduras e proteínas.

Os carboidratos também têm três subtipos: amido, açúcar e fibra. No Ocidente, comemos muito batatas, trigo e carboidratos à base de milho, e também grandes quantidades de carboidratos refinados, como massa, pão branco e biscoito.

Para responder a essa pergunta, a BBC convidou um grupo de especialistas em dieta para discutir os méritos de uma dieta com poucos carboidratos comparada a uma com muitos.

OS ARGUMENTOS A FAVOR

“Um terço do que comemos deve vir de carboidratos ricos em amido”, diz o professor de Ciência da Nutrição Louis Levy. Isso porque, apesar de sua má reputação, os carboidratos têm papel chave no funcionamento do nosso corpo.

1. Carboidratos nos dão energia e nos ajudam a fazer exercícios

Os carboidratos são nosso principal combustível. O corpo transforma o amido em açúcares e os absorve na corrente sanguínea, criando a glicose.

Isso se converte em energia de que precisamos para manter nossos corpos e cérebros ativos para fazer tudo, desde respirar até fazer exercícios.

Gorduras e proteínas também geram energia, mas, durante um treinamento cardiovascular, o corpo queima açúcares mais rápido. Então, o consumo de carboidratos, que processados mais rapidamente pelo organismo, é recomendável.

Uma dieta baixa em carboidratos pode te deixar com pouca energia e fazer com que você se sinta mais cansado quando estiver fazendo exercício.

2. Os carboidratos são uma fonte importante de fibra

Há evidências de que a fibra pode ajudar a reduzir o risco de doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e câncer de intestino.

Grande parte da fibra que obtemos vem de carboidratos com amido, por isso, ao reduzir o consumo desses carboidratos, corremos o risco de ingerir pouca fibra.

“Se incentivarmos as pessoas a deixarem de comer carboidratos, é difícil que elas obtenham fibra o bastante”, alerta Anthony Warner, também conhecido como “The Angry Chef” (o chef bravo, em inglês).

Podemos obter fibra também de frutas e verduras, mas, como diz Megan Rossi, do Kings College, de Londres, “há cerca de cem tipos diferentes de fibra”, e todas desempenham um papel importante para a nossa saúde.

Um estudo mostra que pessoas que comem fibras de cereais têm menos risco de desenvolver câncer colorretal. Ao cortar totalmente os grãos, estamos nos privando de “um tipo único de fibra”, diz Rossi.

3. Carboidratos podem curar a prisão de ventre

A fibra dos alimentos de origem vegetal é um material que o corpo não consegue digerir e é crucial para que os alimentos se movam dentro do nosso intestino.

4. Os carboidratos são uma fonte de nutrientes

As fontes saudáveis de carboidratos (verduras, frutas e legumes) também são uma fonte importante de vitaminas e minerais, como cálcio, zinco, ferro e vitamina B.

Eliminar os carboidratos significa reduzir também estes nutrientes essenciais.

5. A redução do consumo de carboidratos pode levar a uma dieta mais rica em gordura

Os carboidratos como massa e batata agregam volume aos pratos e nos fazem sentir satisfeitos depois de comer.

Reduzir a quantidade de carboidratos e substituí-los por mais proteínas gordurosas, como carne vermelha e queijo, nos faz ingerir mais gordura saturada, o que pode aumentar a quantidade de colesterol no sangue.

OS ARGUMENTOS CONTRA

Algumas pessoas, incluindo médicos e pacientes, estão optando por reduzir significativamente a quantidade de carboidratos que consomem. Em alguns casos, fazem isso para controlar obesidade ou diabetes, mas outros, apenas porque acham que se sentem melhor assim.

1. Os carboidratos causam picos e baixas de açúcar no sangue

Comer carboidratos refinados faz com que o nível de açúcar no sangue varie drasticamente. Ao ser quebrado rapidamente, os carboidratos causam um aumento do açúcar no sangue, seguido por uma baixa.

Uma dieta com poucos carboidratos torna mais estáveis os níveis de sangue no açúcar.

Muitos de nós sentiremos esse sobe e desce de ânimo se comermos massa no almoço. Essa variação pode ter implicações mais sérias do que simplesmente sentir-se sonolento. Um aumento de glicose faz seu corpo responder aumentando a produção de insulina.

O doutor Aseem Malhotra, um dos cardiologistas mais influentes do Reino Unido, explicou como o consumo de carboidratos refinados está “claramente ligado” à obesidade e à diabetes tipo 2.

Uma espectadora do debate, Margery, concordou com esse ponto de vista. Ela tratou sua diabetes reduzindo carboidratos. “Pude reverter minha condição com a ajuda de uma dieta baixa em carboidratos. Agora, nem tomo mais remédios.”

Estes carboidratos incluem açúcares e grãos refinados, que não têm fibras e nutrientes.

2. Proteínas e as gorduras nos mantêm satisfeitos por mais tempo

Os carboidratos fazem seu corpo reter água. Quanto mais massa e arroz você come, mais inchado poderá se sentir. Os carboidratos podem te deixar satisfeito no curto prazo, mas essa sensação logo desaparecerá.

Em contraste, os alimentos com baixo índice glicêmico, como proteínas e gorduras, ajudam a fazer os níveis de açúcar no sangue aumentarem ou diminuírem lentamente, o que pode fazer a sensação de saciedade durar mais.

3. Nem todos os carboidratos têm fibra

Já falamos que carboidratos são boa fonte de fibra. Mas vale a pena ressaltar que os carboidratos que comemos contêm pouca fibra. Quando são refinados, o farelo de trigo e a fibra são eliminados.

Podemos encontrar mais fibras em frutas, verduras e legumes do que em massas ou bolos.
Afinal, os carboidratos são nossos amigos ou inimigos?

Há argumentos bons a favor e contra o consumo de carboidratos, então, qual é a resposta? Na verdade, é preciso achar um equilíbrio.

Fiona Godlee, do periódico British Medical Journal, destaca que um estudo do Instituto Nacional de Saúde do Reino Unido publicado no início de 2018 demonstrou que tanto as dietas com muito pouco ou com muito carboidrato são prejudiciais.

E está claro que a ideia de que um só modelo funciona para todos “simplesmente não é adequada”. diz. “Para algumas pessoas, é melhor comer pouco (carboidrato), mas, para outras, é bom comer mais.”

A chave é saber o que é bom para você. O mais importante é comer o tipo certo de carboidratos, concordam os especialistas. Devemos optar por uma ampla gama de carboidratos ricos em fibra como trigo integral, aveia e quinoa, dizem.

Ah, e é bom também evitar os carboidratos simples, como bolo e pão, que têm com frequência muita gordura e açúcar.

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*Fonte: bbc-brasil

Brasileiros criam ingredientes para produzir comida por impressão 3D

Em um futuro próximo, imagina-se que será possível produzir alimentos com formatos, texturas, sabores e cores personalizadas, mais atraentes e saudáveis para crianças e idosos, por exemplo, por meio de impressão 3D.

Um grupo de pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP), em parceria com colegas da Ecole Nationale Vétérinaire Agroalimentaire et de l’Alimentation Nantes Atlantique (Oniris) e do Institut National de la Recherche pour l’agriculture, l’alimentation et l’environnement (INRAE), da França, está avançando na viabilização dessa ideia. Eles desenvolveram géis à base de amidos modificados que podem ser usados como “tintas” para a produção de alimentos por impressão 3D.

“Desenvolvemos ao longo dos últimos anos diferentes tecnologias para modificação de amidos e obter géis com as características ideais para serem usados como ‘tintas’ para produzir alimentos por impressão 3D”, diz ao Pesquisa para Inovação Pedro Esteves Duarte Augusto, professor da Esalq-USP e coordenador do projeto.

Os primeiros géis produzidos pelos pesquisadores durante um projeto anterior, também apoiado pela Fapesp, foram à base de amido de mandioca. Para obtê-los, desenvolveram e empregaram, inicialmente, um método de modificação da estrutura e de propriedades de amidos da planta com ozônio.

O método consiste na aplicação de uma descarga elétrica no oxigênio para produzir ozônio. O gás é então borbulhado em um recipiente com uma mistura de água e amido de mandioca em suspensão. A mistura é seca para retirada da água e obtenção do amido modificado.

Ao variar as condições do processo, com a concentração de ozônio, temperatura e o tempo, foi possível obter géis com propriedades distintas de consistência, apropriadas para a impressão.

“Ao controlar as condições do processo, conseguimos obter tanto géis mais fracos, que são mais interessantes para outras aplicações, como géis mais firmes, ideais para impressão 3D por manterem a forma da estrutura impressa, sem escorrer ou perder água”, afirma Augusto.

Nos últimos dois anos, os pesquisadores desenvolveram outro método de modificação de propriedades de amidos por aquecimento a seco em que amidos de mandioca e de trigo são aquecidos em um forno, sob temperatura e tempo controlados.

Por meio do novo método também foi possível obter géis à base de amidos modificados de mandioca e de trigo com bom desempenho de impressão – medido pela capacidade de formar um objeto 3D por deposição de camada por camada e de manter a estrutura uma vez impresso. A nova técnica também permitiu ampliar as possibilidades de textura das amostras impressas com gel de amido de trigo.

“Obtivemos bons resultados com ambos os métodos, que têm as vantagens de serem simples, baratos e fáceis de serem implementados em escala industrial”, ressalta Augusto.

As amostras de gel de amido de mandioca e de trigo foram impressas na Oniris e no INRAE, na França, por meio de um projeto voltado a desenvolver géis para impressão 3D com base em amidos funcionais, financiado pela região francesa de Pays de la Loire por meio de um programa chamado “Food 4 tomorrow”.

Por meio da parceira com os franceses, a pesquisadora da Esalq Bianca Chieregato Maniglia fez pós-doutorado na Oniris e no INRAE, onde pôde aplicar as técnicas de modificação de amido de mandioca e de trigo por ozônio e por tratamento térmico a seco para obter géis para impressão 3D de alimentos.

As técnicas foram desenvolvidas em parceria com outros pesquisadores vinculados ao Grupo de Estudos em Engenharia de Processos (Ge²P) da Esalq-USP.

“Juntando a experiência de todos os pesquisadores envolvidos no projeto, conseguimos obter géis com melhor qualidade de impressão, resultando em alimentos com melhor forma, definição e textura, que são parâmetros essenciais para a aceitabilidade do produto”, afirma Maniglia.

Novos ingredientes

Os pesquisadores da Esalq-USP pretendem estudar, agora, outros métodos de modificação e fontes para produção de géis para impressão 3D de alimentos.

Com a recente aquisição de uma impressora 3D pela Esalq-USP, será possível imprimir as estruturas desenvolvidas com os novos géis também na instituição.

“Em razão da pandemia da COVID-19, não conseguimos nem tirar a impressora da embalagem. Mas a ideia é que, com o retorno das atividades e a volta da Bianca à Esalq, em novembro, comecemos a fazer as impressões com os géis também aqui”, diz Augusto.

Os géis com amidos modificados de mandioca e de trigo podem ser usados como base para impressão de alimentos, como uma sobremesa. O objetivo dos pesquisadores, porém, é estender para aplicações em áreas como a biomédica, para produzir cápsulas de remédios ou alimentos com ingredientes com a função não só de nutrir, mas também de conferir benefícios à saúde – os chamados nutracêuticos.

“Conseguimos demonstrar a viabilidade da ideia de produzir alimentos por impressão 3D e obter ingredientes tailor made [feitos sob medida]. A ideia, agora, é expandir as aplicações e testar outras matérias-primas”, afirma Augusto.

O artigo “Dry heating treatment: A potential tool to improve the wheat starch properties for 3D food printing application” (DOI: doi.org/10.1016/j.foodres.2020.109731), de Bianca C. Maniglia, Dâmaris C. Lima, Manoel da Matta Júnior, Anthony Oge, Patricia Le-Bail, Pedro E.D. Augusto e Alain Le-Bail, pode ser lido na revista Food Research International em https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0963996920307560.

*Por Elton Alisson

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*Fonte: revistagalileu

Como o trigo ‘domesticou’ a humanidade – e vice-versa

Do pãozinho de cada dia ao macarrão de domingo, o trigo é um dos alimentos mais consumidos no mundo atual. Mas o que não paramos para pensar entre um bocado e outro é que esse cereal, em suas variedades contemporâneas, é praticamente artificial.

Não fosse a ação do Homo sapiens, o trigo não seria assim.

Não fosse a evolução provocada pelo ser humano, esses tipos de trigo simplesmente não existiriam.

Mas, para muitos pesquisadores, o inverso também é verdade: não fosse o trigo ter conquistado nossos ancestrais, o homem não teria se tornado sedentário, não teria feito a chamada Revolução Agrícola, não teria se aglomerado em cidades.

O trigo domesticou a humanidade de tal forma que não é exagero dizer que ele acabou sendo o combustível – até mesmo literalmente, em forma de calorias ingeridas – para que as civilizações fossem criadas.
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Era só mato

Por volta de 18 mil anos atrás, com o fim da última Era Glacial, o aquecimento global provocou um período de fortes e intensas chuvas. Essa mudança climática favoreceu uma gramínea na região do Oriente Médio.

Era trigo, mas não como o conhecemos hoje. As sementinhas eram ralas e pequenas. O vento conseguia espalhá-las – e, assim, a planta se multiplicava. Os ancestrais humanos daquela época viviam em bandos nômades. Eram caçadores-coletores – alimentavam-se basicamente de carne e frutas.
homem colhe trigo

Em algum momento dessa história – ou em vários momentos, já que uma descoberta assim não ocorre de forma tão linear -, os Homo sapiens perceberam que havia animais que se alimentavam de gramíneas. E decidiram experimentar.

Conforme relata o historiador Heinrich Eduard Jacob (1889-1967) em seu livro Seis Mil Anos de Pão – A Civilização Humana Através de Seu Principal Alimento, começaram colocando sementes na carne. E viram que suavizava o sabor. Caía bem.

“As pessoas começaram a comer mais trigo e, sem querer, favoreceram seu crescimento e difusão”, afirma o historiador Yuval Noah Harari, no best-seller Sapiens: Uma Breve História da Humanidade. “Como era impossível comer grãos silvestres sem antes escolhê-los, moê-los e cozinhá-los, as pessoas que coletavam esses grãos os carregavam a seus acampamentos temporários para processá-los.”

Mas os grãos de trigo eram pequenos e numerosos. “Alguns deles inevitavelmente caíam a caminho do acampamento e se perdiam”, pontua Harari. “Com o tempo, cada vez mais trigo cresceu perto dos acampamentos e dos caminhos preferidos pelos humanos.”

Jacob frisa que, naquele tempo, trigo era só mato. Ou gramíneas. “Todos os cereais eram primitivamente plantas herbáceas selvagens”, escreve. “Todos os cereais foram originariamente herbáceas cujas sementes tinham um sabor de que o homem primitivo gostava. Mas o homem tinha, para além dos insetos, um rival bem mais temível que lhe estragava a colheita dessas plantas. Era o grande criador do tapete verde de ervas. O vento.”

Se o vento espalhava as sementes – e isto garantia a perpetuação do trigo -, ele atrapalhava o homem: afinal, não era possível colher o cereal maduro, este “voava” embora antes.

Seleção artificial: a domesticação do trigo

Sem entender nada de genética, nossos ancestrais acabaram interferindo na evolução do trigo. “O primeiro objetivo do homem teve de ser portanto o de conseguir fazer com que as espécies que eram mais do seu agrado não perdessem os grãos com tanta facilidade. E foi o que efetivamente sucedeu, já que o homem ao longo de milhares de anos foi cultivando apenas aqueles exemplares que guardavam os grãos durante mais tempo na espiga”, diz Jacob.

“Nasceram assim, a partir das herbáceas selvagens, devidamente protegidos pelos seus elmos, os heróis da nossa epopeia da alimentação”, completa o historiador, referindo-se às versões do cereal que, evoluídas, “têm frutos que se fixam tão bem ao eixo da espiga que só se desprendem com golpes ou sob pressão, ou seja, por intermédio de uma ação voluntária, aquilo a que chamamos a debulha.”

Como efeito disso, o trigo contemporâneo não sobrevive sem a mão humana. “A questão é precisamente o campo de batalha entre a robustez da espiga e o desejo que o homem tem de obter a farinha”, sintetiza Jacob. “Os ‘cereais domésticos’ morreriam amanhã se o homem desaparecesse.”

Harari conta que os acampamentos daqueles nômades começaram a se fixar ao redor de locais onde havia mais trigo. Para facilitar, eles “limpavam” o entorno, derrubando árvores e promovendo queimadas. Sem conhecer nem os rudimentos da agricultura, acabavam favorecendo justamente as gramíneas: que podiam crescer sem concorrência, livres das sombras das grandes árvores.

Foi o início do sedentarismo. O princípio da chamada Revolução Agrícola. “No começo, talvez eles acampassem por quatro semanas durante a colheita. Na geração seguinte, com a multiplicação e o alastramento do trigo, o acampamento da colheita talvez durasse cinco semanas, depois seis, até que se tornou um assentamento permanente”, conta Harari. “Evidências de tais acampamentos foram encontradas em todo o Oriente Médio, sobretudo no Levante, onde a cultura natufiana floresceu de 12,5 mil a.C. a 9,5 mil a.C.”

Os natufianos ainda eram caçadores-coletores, mas viviam em assentamentos permanentes. Inventaram ferramentas – como pilões de pedra para moer trigo -e armazenavam os cereais para épocas de necessidade.

Seus descendentes descobriram que podiam semear. Além disso, se enterrassem os grãos sob o solo, tinham resultados mais interessantes do que se simplesmente os espalhassem pela superfície.

Descobertas recentes apontam para a provável localização geográfica em que primeiro aconteceu esse fenômeno. Por meio de análises genéticas, cientistas descobriram que pelo menos a variedade Triticum monococcum começou a ser domesticada na região de Karaca Dag, no leste da atual Turquia, há cerca de 9 mil anos.

“À medida que dedicavam mais esforços ao cultivo de cereais, havia menos tempo para coletar e caçar espécies silvestres”, relata Harari. “Os caçadores-coletores se tornavam agricultores.”

No ano de 8,5 mil a.C., o Oriente Médio estava cheio de povoados fixos. O excedente de alimentos fez com que a população crescesse.

E o homem também acabou domesticado

No livro Sapiens, Harari apresenta uma visão interessante sobre essa evolução concomitante homem-trigo. Para ele, se a Revolução Agrícola aumentou o total de alimentos à disposição da humanidade, isso não se refletiu em uma dieta melhor – tampouco em uma vida melhor. “Em média, um agricultor trabalhava mais que um caçador-coletor e obtinha em troca uma dieta pior. A Revolução Agrícola foi a maior fraude da história”, diz ele.

“Quem foi o responsável? Nem reis, nem padres, nem mercadores”, completa. “Os culpados foram um punhado de espécies vegetais, entre as quais o trigo, o arroz e a batata. As plantas domesticaram o Homo sapiens, e não o contrário.”

Antes da descoberta do trigo, o ser humano se alimentava de carne e frutas

O historiador afirma que, para passar de gramíneas insignificantes a cereais onipresentes, o trigo “manipulou” o ser humano “a seu bel-prazer”. “Esse primata vivia uma vida confortável como caçador-coletor até por volta de 10 mil anos atrás, quando começou a dedicar cada vez mais esforços ao cultivo do trigo. Em poucos milênios”, ressalta, “os humanos em muitas partes do mundo estavam fazendo não muito mais do que cuidar de plantas de trigo do amanhecer ao entardecer.”

“Nós não domesticamos o trigo; o trigo nos domesticou”, enfatiza. “A palavra domesticar vem do latim ‘domus’, que significa casa. Quem é que estava vivendo em uma casa? Não o trigo. Os sapiens.”

Pesquisador do Departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o bioquímico Juliano Lindner corrobora a tese: para ele o trigo foi o principal motivo que levou a humanidade a se tornar sedentária.

“Quando o Homo sapiens deixou de ser coletor e passou a domesticar plantas e animais, o trigo foi um dos primeiros cultivos a serem controlados e se tornou uma das plantas mais prósperas na história do planeta”, diz ele, em entrevista à BBC News Brasil. “Esse momento da evolução, pelo simples efeito que a domesticação de animais e plantas gerou na possibilidade da sociedade se organizar sem a necessidade vital do nomadismo, ocasionou o grande salto da civilização humana.”

Tal tipo de relação entre homem e trigo, em que ambas as espécies sofrem um processo de transformação resultante da relação entre elas, é abordado pela médica e escritora Alice Roberts no livro Tamed – Ten Species That Changed Our World (Domesticadas – Dez Espécies que Mudaram O Nosso Mundo, em tradução livre). Além do trigo, a pesquisadora aponta que fenômenos semelhantes ocorreram com a vaca, o cachorro, o milho e a maçã, entre outras espécies.

Onipresença x pouca variedade

Saltemos para o século 20. A civilização humana, alimentada com derivados de trigo, chegou a um estágio de desenvolvimento industrial e científico intenso. O cultivo do estimado cereal, aliás, desde então cobre 2,25 milhões de quilômetros quadrados do globo – nove vezes o tamanho do Estado de São Paulo.

Harari conclui que o trigo “não ofereceu nada para as pessoas enquanto indivíduos, mas concedeu algo ao Homo sapiens enquanto espécie”. “O cultivo de trigo proporcionou muito mais alimento por unidade de território e, com isso, permitiu que o Homo sapiens se multiplicasse exponencialmente”, afirma o historiador.

A população da humanidade, atualmente na casa dos 7,7 bilhões de habitantes, confirma isso. E, sozinho, o trigo fornece 15% do consumo calórico global. De acordo com informações relatadas pelo pesquisador Juliano Lindner, da UFSC, mais de 75% das calorias ingeridas pela humanidade hoje são resultantes de plantas domesticadas milhares de anos atrás – além do trigo, o milho, o arroz, a batata, entre outros.
diferentes tipos de trigo

Mas ao mesmo tempo em que é onipresente, o trigo representa pouca variedade. Estudo publicado na quarta-feira (29) pelo periódico Science Advances analisou geneticamente 4506 amostras de trigo de todo o mundo – incluindo cepas regionais -, recolhidas em 105 países diferentes.

Os cientistas constataram que, se por um lado o trigo ajuda a traçar os antigos caminhos migratórios humanos, da Ásia para a Europa e, mais tarde, para a América, por outro lado a transformação do cereal em commodity dizimou sua variedade.

Sobretudo no período seguinte à Segunda Guerra Mundial, quando a chamada Revolução Verde passou a empregar tecnologia para incrementar a produção agrícola mundial, o chamado pool genético do trigo acabou modificado: atualmente, praticamente toda a produção em escala de trigo remonta a variedades que se desenvolveram na Europa – nas regiões sudeste, mediterrânea e ibérica.

“Nossa pesquisa traz novos olhares sobre a difusão e a diversidade genética mundial do trigo”, afirma à BBC News Brasil um dos autores do estudo, o geneticista François Balfourier, cientista do Instituto Nacional de Pesquisas Agronômicas da França. “Recentes seleções e disseminações levaram a um germoplasma moderno que é altamente desequilibrado em comparação com os ancestrais.”

Do ponto de vista da produção de trigo, seria estratégico entender e caracterizar as pouco exploradas comercialmente versões asiáticas do trigo, afirma o cientista. “Caracterizar melhor esses recursos genéticos podem resultar em exploração eficiente dos mesmos em programas de melhoramento, obtendo benefícios de sua resistência natural a estresses bióticos e abióticos”, comenta Balfourier.

*Por Edison Veiga

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*Fonte: bbc-brasil

Alimentos ultraprocessados ligados ao aumento do envelhecimento celular

Com a correria no dia a dia, manter uma alimentação equilibrada torna-se bastante complicado. No entanto, uma pesquisa recente revelou que a ingestão de uma grande quantidade de junk food, conhecido popularmente como “porcarias”, eleva as chances de que ocorra uma mudança em seus cromossomos. Dessa forma, alimentos ultraprocessados causam efeitos negativos à nível celular.

Envelhecimento celular pode estar ligado a alimentação

O estudo foi apresentado online, durante a European and International Conference on Obesity. Segundo os dados que foram divulgados, quando um indivíduo passa a ingerir mais de 3 porções diárias de alimentos ultraprocessados, os telômeros encontrados nas extremidades dos cromossomos seriam encurtados.

Além dos telômeros, as fitas de DNA que também compõem a estrutura cromossômica seriam reduzidas em questão de tamanho. Vale ressaltar que ambas as reduções ocorrem ao passar dos anos, mas pode ser acelerada em indivíduos que consomem uma grande quantidade de junk food no decorrer do dia.

A função do telômero é tida como uma espécie de biomarcador, que visa informar o envelhecimento de um indivíduo à nível celular. Essa pequena estrutura proteica é formada por uma porção não codificante do DNA. Devido a localização, os telômeros servem como um protetor da fita de DNA.

No entanto, os autores da pesquisa revelam que ainda não há nada comprovado acerca dos alimentos ultraprocessados com a diminuição dos telômeros. Esse primeiro estudo foi realizado somente como o início, para levantar informações acerca da temática.

A forma natural do encurtamento de um telômero é causada pelo envelhecimento. Portanto, a cada dia e a cada nova divisão celular, os telômeros tendem a se tornarem menores. Uma vez que, quando a célula tem seu material dividido, uma porção do telômero é perdida.

Um alerta científico sobre os alimentos ultraprocessados

De maneira geral, esse tipo de comida é caracterizada por serem altamente industrializadas. Portanto, sua composição consiste, basicamente, em alto teor de gorduras, óleos, amido e açúcares. Devido as altas concentrações, se tornam prejudiciais ao ser humano.

Já foram realizados alguns estudos dentro dessa temática. No entanto, a busca por uma ligação entre bebidas açucaradas, carnes processadas e alimentos gordurosos foram inconclusivas. As únicas características compartilhadas por eles são: aromatizantes artificiais, corantes, emulsificantes, conservantes.

Todos esses aditivos são utilizados para prolongar a vida dos alimentos industrializados. Para os especialistas, quanto maior for a concentração de aditivo, menor será a sua quantidade de nutrientes em relação as comidas menos processadas.

Uma pesquisa publicada na Oxford Academic revelou a ligação entre o consumo de comida ultraprocessada com a obesidade, hipertensão, diabetes tipo 2 e depressão. No total, foram colhidas 886 amostras de DNA, no qual 645 pertenciam a homens e 241 a mulheres com mais de 55 anos.

O estudo começou a ser produzido em 2008, e quando o indivíduo fazia a sua doação, ele precisava relatar como era o seu dia a dia. Se era uma pessoa sedentária, atlética, se tinha alguma doença e como se dava a sua alimentação diariamente. Essa ‘entrevista’ acontecia a cada 2 anos, para que todos esses novos hábitos fossem captados, fornecendo uma maior veracidade para o projeto.

Os indivíduos que consumiam mais de 3 porções de alimentos ultraprocessados por dia tinham maior chances de desenvolver doenças cardíacas, diabetes, taxa de gordura no sangue e telômeros encurtados. Enquanto as pessoas que evitavam comidas industrializadas tinham uma maior longevidade quanto ao tamanho de seus telômeros.

O artigo científico foi publicado no periódico do American Journal of Clinical Nutrition. Com informações de ScienceAlert.

*Por Ruth Rodrigues

 

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*Fonte: socientifica

Pipoca faz bem à saúde e combate o envelhecimento

Popular no mundo inteiro, a pipoca esconde muitos benefícios para a saúde. Além de ser um potente cereal integral, o grão estourado tem altas concentrações de polifenóis, propriedades eficientes no combate ao envelhecimento. Porém, para não prejudicar a boa forma, é preciso ficar longe dos vilões, como a manteiga, o óleo e os corantes.

A quantidade de antioxidantes presentes na pipoca supera até mesmo o milho verde, que apresenta 114mg de polifenóis por porção. Enquanto isso, o grão estourado tem até 300mg da propriedade antioxidante, responsável por aliviar o envelhecimento do corpo. De acordo com nutricionistas estadunidenses, uma porção de pipoca fornece 13% da taxa diária de polifenóis recomendada para um adulto.

E não para por aí: um estudo elaborado nos EUA afirma que uma porção de pipoca oferece mais de 70% da recomendação diária de cereais integrais. Fácil de encontrar, o grão é um dos poucos cereais totalmente integrais e sem nenhum tipo de processamento industrial disponível no mercado, mais nutritivo que os cereais de caixa, barrinhas e até mesmo a granola.

A pipoca pode até ser um lanche sustentável, mas é preciso tomar cuidado. Para manter o corpo sempre saudável e em boa forma, é melhor não comprar o grão estourado nos cinemas e nas ruas, e evitar a pipoca cheia de manteiga, caramelo, corantes e temperos.

Em casa, é preciso abrir mão dos saquinhos para micro-ondas, que têm mais de 40% de gordura. O grão estourado na pipoqueira é um dos modos mais saudáveis, e, agora, vamos ensinar como preparar o cereal sem utilizar óleo de cozinha:

Ingredientes
½ xícara (chá) de milho para pipoca
¼ xícara (chá) de água
Sal a gosto

Modo de fazer
Em um refratário próprio para micro-ondas, coloque o milho para pipoca, água, sal e mexa com uma colher. Cubra o refratário com papel filme e coloque no micro-ondas.

Ligue o aparelho em alta potência por dez minutos, e depois retire o refratário do micro-ondas. Jogue fora o papel filme e sirva a pipoca salgada. Com informações do Treehugger e do Blog da Ana Maria Braga.

*Por Mayra Rosa

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*Fonte: ciclovivo

9 alimentos que ajudam a substituir a proteína animal

Uma das principais preocupações de quem opta por uma dieta vegetariana ou vegana está no equilíbrio para que o organismo não sinta a falta de nenhum nutriente importante. Os questionamentos sobre a obtenção de proteína são alguns dos mais comuns.

Os alimentos de origem animal são, em sua maioria, ricos em proteína. Mas, isso não significa que eles sejam as únicas opções. Alguns vegetais podem ser até mais eficientes e, quando consumidos em variedade, são melhores ainda.

O livro “Nutrição Moderna na Saúde e na Doença”, de Maurice E. Shils, apresenta os cuidados e soluções para que uma dieta vegetariana seja bem sucedida em pessoas de qualquer idade. Sobre as proteínas, a publicação confirma que é possível substituir a proteína animal pela vegetal sem problemas: “Um único alimento vegetal, se usado como a única fonte de proteína, pode provar-se inadequado; entretanto, isto é provável ocorrer somente em um teste de pesquisa. Misturas apropriadas de alimentos vegetais são equivalentes à proteína animal em qualidade”.

Diante disso, o CicloVivo preparou uma lista com nove alimentos ricos em proteína, que podem ajudar a substituir as carnes:

1. Amêndoa
Por ser prática, a amêndoa é uma ótima opção para completar os lanches nos intervalos das refeições. Além de oferecer saciedade e gordura boa ao corpo, a cada cem gramas deste alimento é possível ingerir 21,1 gramas de proteínas.

2. Amendoim
Além de ser mais barato que a amêndoa, o amendoim também é mais rico em proteína. São 26 gramas de proteína a cada cem gramas do alimento. Mesmo assim, não é permitido exagerar em seu consumo, devido à quantidade de gordura que ele possui.

3. Soja
A soja é outra excelente alternativa para quem quer substituir o consumo de carnes. Além de poder ser consumida em grãos, ela também é a fonte para diversos alimentos, como o tofu, leite, carne, entre outras coisas. Cada cem gramas de soja possui 34 gramas de proteínas.

4. Quinoa
A quinoa é um excelente acompanhamento para diversos pratos, inclusive para lanches simples intercalados com as refeições. Além de ser prática, ela é rica em nutrientes e ajuda a manter o organismo funcionando sempre bem. A cada cem gramas de quinoa, são encontrados 14 gramas de proteína.

5. Feijão
Um dos alimentos preferidos dos brasileiros também é rico em nutrientes e um ótimo aliado de quem opta por uma dieta vegana ou vegetariana. São 6,6 gramas de proteína a cada cem gramas de feijão.

6. Lentilha
Com diversas propriedades semelhantes às do feijão, as lentilha também é uma boa opção, principalmente para quem quer variar o acompanhamento do arroz. Cada cem gramas de lentilha possui 9,1 gramas de proteínas.

7. Arroz
Quando o arroz é combinado com o feijão ou outras leguminosas, como a lentilha ou ervilha, ele potencializa a síntese de proteínas. Mesmo que este não seja o seu principal nutriente (são dois gramas de proteína a cada cem gramas de arroz) é importante incluí-lo na dieta para garantir que os outros alimentos serão ainda mais eficientes.

8. Abacate
Entre as frutas, o destaque vai para o abacate. Além de ser uma ótima fonte de potássio e de vitaminas A e C, esta é a fruta com maior teor de proteína. Cada cem gramas de abacate tem, em média, dois gramas de proteína.

9. Espinafre
O espinafre é rico em cálcio, magnésio, potássio vitaminas A e C e também em proteína. A cada cem gramas de espinafre, é possível obter 2,9 gramas de proteína.

*Por Mayra Rosa

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*Fonte: ciclovivo

Moradores do Sul são os que mais consomem orgânicos

Cerca de 19% dos brasileiros consumiram algum item orgânico entre maio e junho deste ano. Por região, a maior parte (23%) habita o Sul do país. Os dados são do Conselho Brasileiro da Produção Orgânica e Sustentável (Organis).

O Organis divulgou, na última quarta-feira (4), os dados da 2ª Pesquisa do Perfil do Consumidor de Orgânicos. As informações são comparadas à primeira pesquisa realizada em 2017.

A região Sul é seguida pelo Nordeste com 20% dos consumidores de produtos orgânicos. Em terceiro lugar está o Sudeste (19%) e em quarto o Centro-oeste com 17%. O último lugar foi para a região Norte com 14%. A pesquisa entrevistou 1.027 pessoas.

“Podemos dizer que a compra de produtos orgânicos está bastante relacionada a compra de produtos frescos, pois a maioria dos produtos mencionados espontaneamente são produtos ‘FLV’, frutas, legumes e verduras”, afirma a Organis. Essa questão corrobora com o fato de que o público (87%) apontou a feira como local preferido para comprar seus produtos orgânicos.

Para 84% das pessoas, a saúde é a principal motivação dos compradores de produtos orgânicos. O meio ambiente surgiu em somente 9% dos casos.

Dentre as razões para não consumirem mais orgânicos, o preço continua sendo o maior empecilho – apontado por 65% dos entrevistados.

Questionados sobre os itens orgânicos não alimentícios, os produtos de higiene pessoal foram os mais citados.

*Por Marcia Sousa

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*Fonte: ciclovivo

4 alimentos que ajudam a combater o estresse

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), o estresse atinge 90% da população mundial. No Brasil, 70% das pessoas sofrem com esse mal. Apesar de muito comum, é necessário cuidado, pois a condição pode levar a uma série de doenças como câncer, depressão, diabetes, transtornos alimentares e hipertensão.

De acordo com Ione Leandro, nutricionista da ONodera Estética, um grande aliado no combate ao estresse é a alimentação. “Dentre os aminoácidos mais importantes para o bom funcionamento do organismo está o triptofano. Quando alimentos ricos nessa substância entram na corrente sanguínea, são transportados para o cérebro e o trato gastrointestinal se encarrega de produzir a serotonina, hormônio responsável pela sensação de bem-estar”.

Alimentos para incluir na dieta

Abaixo, a nutricionista separou outros alimentos que, além do triptofano, contêm vitaminas e minerais importantes para combater o estresse.

Banana – A fruta é rica em triptofano, Vitamina B6, Magnésio e Potássio, nutrientes que estimulam a produção de serotonina e ajudam a diminuir ansiedade e irritação.

Folhas verde-escuras – A deficiência de ácido fólico, presente na couve, brócolis e espinafre, pode provocar depressão. Procure consumir de duas a três porções por semana.

Frutas cítricas – A vitamina C presente nas frutas cítricas reduz a secreção de cortisol, hormônio liberado pela em resposta ao estresse e à ansiedade. Seu consumo promove o bom funcionamento do sistema nervoso e aumentam a sensação de bem-estar.

Chocolate – O cacau presente no chocolate é rico em antioxidante e aminoácidos percussores de serotonina. “Quanto mais cacau compor a fórmula do alimento, mais saudável ele é. Portanto, opte pelo amargo ou meio amargo e evite os chocolates brancos e ao leite, que são repletos de açúcar, aditivos e gordura hidrogenada. É recomendado de 25 a 30 gr dessa delícia diariamente”, finaliza Ione.

 

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*Fonte: ciclovivo

O lança-chamas na agricultura são a nova técnica que evita pesticidas

Nossa comida é uma parte fundamental da vida e do estilo que decidimos levar. Se comermos de forma saudável, seremos mais fortes e com menos problemas de saúde. É algo que parece lógico, no entanto, eles também influenciam de uma maneira ou de outra a maneira como obtemos nossa comida.
Nesse processo, os agricultores orgânicos implementaram uma nova tecnologia, baseada em lança-chamas, exatamente como parece. É um novo sistema que evita os pesticidas questionados, tem muitas boas propriedades e funciona muito bem.
A operação é bastante simples e simples, como mostra o vídeo aqui.

E na agricultura, ervas daninhas e entidades indesejadas são combatidas com pesticidas e herbicidas. Não existe uma fórmula mágica que possa evitá-los; portanto, das poucas soluções, essa é viável. Agora este novo método apareceu.

Parece tirado de um filme, mas não. Por mais fantasioso que possa parecer, é real e muito eficaz.

Este trator, equipado com gás e lança-chamas, aparece depois de colhido e é hora de plantar novamente. Queime o chão inteiro, matando ervas daninhas e pragas indesejadas. Destrua a estrutura celular da planta, queimando sua raiz e impedindo que ela cresça novamente.

Este novo sistema tem muitas vantagens, por exemplo, o fato de remover grande parte da erva daninha, sua velocidade, impede o crescimento de raízes danificadas e não precisa de pesticidas ou herbicidas.

Obviamente, eles são úteis para eliminar insetos e ervas daninhas que afetam nossas culturas, mas também podem ser prejudiciais à nossa saúde. Os benefícios que essa maneira de “limpar” as culturas pode trazer é bastante benéfica e de vanguarda.

Os mais felizes são os consumidores, felizes em comer vegetais sem pesticidas e ainda mais saudáveis.

 

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*Fonte: sabervivermais

Comer queijo pode ajudar a compensar os danos dos vasos sanguíneos causados pelo sal

Comer queijo e aumentar o consumo de outros produtos lácteos ajuda a melhorar a saúde vascular, reduzindo os efeitos de uma dieta rica em sódio, de acordo com um novo estudo.

Em um estudo randomizado, cruzado, os pesquisadores descobriram que quando os adultos consumiam uma dieta rica em sódio, eles também experimentavam disfunção dos vasos sanguíneos. Mas, quando os mesmos adultos consumiram quatro porções de queijo por dia, juntamente com a mesma dieta rica em sódio, não experimentaram esse efeito.

Billie Alba, que liderou o estudo enquanto terminava o doutorado em Penn State, disse que as descobertas podem ajudar as pessoas a equilibrar alimentos com bom gosto e minimizar os riscos decorrentes da ingestão de muito sal.

“Embora haja um grande esforço para reduzir o sódio na dieta, para muitas pessoas é difícil”, disse Alba. “Possivelmente ser capaz de incorporar mais produtos lácteos, como queijo, pode ser uma estratégia alternativa para reduzir o risco cardiovascular e melhorar a saúde dos vasos sem necessariamente reduzir o sódio total”.

Embora o sódio seja um mineral vital para o corpo humano em pequenas doses, os pesquisadores disseram que excesso de sódio na dieta está associado a fatores de risco cardiovascular, como pressão alta. A American Heart Association recomenda não mais que 2.300 miligramas (mg) de sódio por dia, com a quantidade ideal próxima de 1.500 mg para a maioria dos adultos.

De acordo com Lacy Alexander, professora de cinesiologia da Penn State e outra pesquisadora do estudo, pesquisas anteriores mostraram uma conexão entre produtos lácteos – mesmo queijos ricos em sódio – e melhores medidas de saúde cardíaca.

Estudos mostraram que pessoas que consomem o número recomendado de porções diárias de leite geralmente têm pressão arterial mais baixa e melhor saúde cardiovascular em geral”, disse Alexander. “Queríamos examinar essas conexões mais de perto, além de explorar alguns dos mecanismos precisos pelos quais o queijo, um produto lácteo, pode afetar a saúde do coração”.

Os pesquisadores recrutaram 11 adultos sem pressão arterial sensível ao sal para o estudo. Cada um seguiu quatro dietas separadas por oito dias de cada vez: uma dieta pobre em sódio e sem leite; uma dieta com pouco sódio e alta em queijo; uma dieta rica em sódio e sem leite; e uma dieta rica em sódio e queijo.

As dietas com baixo teor de sódio tiveram participantes consumindo 1.500 mg de sal por dia, enquanto as dietas com alto teor de sódio incluíram 5.500 mg de sal por dia. As dietas para queijo incluíam 170 gramas, ou cerca de quatro porções, de vários tipos diferentes de queijo por dia.

No final de cada dieta de uma semana, os participantes retornavam ao laboratório para testes. Os pesquisadores inseriram pequenas fibras sob a pele dos participantes e aplicaram uma pequena quantidade da droga acetilcolina, um composto que sinaliza os vasos sanguíneos para relaxar. Ao examinar como os vasos sanguíneos de cada participante reagiram à droga, os pesquisadores foram capazes de medir a função dos vasos sanguíneos.

Os participantes também foram submetidos a monitoramento da pressão arterial e forneceram uma amostra de urina para garantir que consumiam a quantidade correta de sal durante a semana.

Os pesquisadores descobriram que, após uma semana com dieta rica em sódio e sem queijo, os vasos sanguíneos dos participantes não responderam tão bem à acetilcolina – que é específica para células especializadas no vaso sanguíneo – e tiveram mais dificuldade para relaxar. Mas isso não foi observado após a dieta rica em sódio e queijo.

Enquanto os participantes estavam em dieta rica em sódio sem queijo, vimos a função dos vasos sanguíneos mergulhar no que você normalmente vê em alguém com fatores de risco cardiovascular bastante avançados”, disse Alexander. “Mas quando eles consumiram a mesma quantidade de sal e comeram queijo como fonte desse sal, esses efeitos foram completamente evitados.”

Alba disse que, embora os pesquisadores não tenham certeza de que os efeitos são causados ​​por qualquer nutriente específico no queijo, os dados sugerem que os antioxidantes no queijo podem ser um fator contribuinte.

Consumir grandes quantidades de sódio causa um aumento de moléculas que são prejudiciais à saúde dos vasos sanguíneos e à saúde geral do coração”, disse Alba. Há evidências científicas de que os nutrientes à base de laticínios, especificamente peptídeos gerados durante a digestão de proteínas lácteas, têm propriedades antioxidantes benéficas, o que significa que eles têm a capacidade de eliminar essas moléculas oxidantes e, assim, proteger contra seus efeitos fisiológicos prejudiciais”.

Alba disse que, no futuro, será importante estudar esses efeitos em estudos mais amplos, bem como pesquisar possíveis mecanismos pelos quais os laticínios possam preservar a saúde vascular.

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*Fonte: revistasaberesaude

As melhores frutas quando você tem diabetes

Embora a fruta contenha açúcares que ocorrem naturalmente, ela também é embalada com vitaminas, minerais e fibras valiosas que contêm tantos benefícios à saúde do corpo. Além disso, nem todas as frutas têm o mesmo teor de açúcar: algumas têm mais açúcar do que outras e algumas têm mais fibras que outras, o que ajuda a reduzir o impacto do açúcar nos níveis de glicose no sangue.

Isso torna as frutas muito melhores do que os alimentos processados ​​ou adoçantes artificiais para refrear um dente doce. Portanto, se você está vivendo com diabetes ou quer reduzir a ingestão total de açúcar, aqui está um guia para escolher as melhores frutas para sua dieta:

Frutas para comer frequentemente:

• Frutas vermelhas – Quase todas as bagas têm pontuação baixa na escala do índice glicêmico, o que significa que elas têm um impacto menor nos açúcares do sangue do que em outras opções de frutas. Bagas também são carregadas com vitaminas e antioxidantes. Adicione frutas ao iogurte, farinha de aveia ou misture com um smoothie repleto de proteínas. (Arandos, amora, framboesa, morango, cereja, etc)

• Frutas cítricas – Frutas como toranja e laranjas são ricas em fibras, o que ajuda a manter os níveis constantes de açúcar no sangue. Eles também são embalados com vitamina C, o que ajuda a impulsionar seu sistema imunológico.

• Peras – Uma pera de tamanho médio fornece 6 gramas de fibra – cerca de 24% da quantidade diária recomendada para mulheres com menos de 50 anos. Elas também são um ótimo lanche portátil quando você está em trânsito.

• Maçãs – Essa é outra ótima opção rica em fibras que combina bem com alimentos ricos em proteínas, como nozes, manteiga de amendoim e queijo. Maçãs também são conhecidas por ajudar a alimentar bactérias intestinais saudáveis também.

• Frutas com caroço – Frutas como nectarinas, ameixas e pêssegos geralmente apresentam baixo índice glicêmico quando consumidas frescas. Limite as variedades secas, o que aumenta substancialmente sua carga glicêmica.

• Uvas – Muitas pessoas pensam que precisam evitar as uvas porque são muito doces. No entanto, as uvas também são uma ótima fonte de fibras e vitamina B-6, o que ajuda a apoiar o humor das funções cerebrais. Uma porção de cerca de 15 uvas é tudo o que você precisa para obter esses benefícios à saúde sem exagerar nos carboidratos.

Frutas para comer conscientemente:

Como você pode ver na lista acima, há muitas frutas para escolher que podem ser incorporadas às refeições diariamente. No entanto, ainda existem muitas outras frutas para incluir em sua dieta que podem ter uma carga glicêmica mais alta (ou seja, maior impacto na glicose no sangue), mas ainda hospedam uma abundância de ótimos nutrientes. Algumas dessas frutas incluem:

• Bananas

• Abacaxi

• Manga

• Frutas secas

Você não precisa eliminar completamente esses alimentos da sua dieta para manter níveis saudáveis de glicose no sangue. De fato, a inclusão de uma variedade de frutas em sua dieta permitirá que você obtenha uma gama maior de nutrientes, em vez de apenas comer alguns tipos de frutas.

Como com qualquer fruta, o tamanho das porções e a combinação de alimentos podem ser muito importantes. Sempre mantenha uma porção de frutas por refeição para evitar o consumo excessivo de carboidratos. Isso significa também estar atento a outras fontes de carboidratos em sua refeição. Por exemplo, comer um café da manhã com torradas simples, banana e um copo de suco de frutas é uma maneira infalível de aumentar a glicose no sangue devido às quantidades cumulativas de carboidratos em cada um desses alimentos.

Em vez disso, você pode optar por um iogurte grego simples e de alta proteína com uma porção de abacaxi fatiado ou um smoothie de proteína com manga fresca. Embora o abacaxi e a manga sejam mais altos no índice glicêmico e contenham mais carboidratos por porção do que outras variedades de frutas, a proteína do iogurte grego ou do pó de proteína pode ajudar a equilibrar o impacto do açúcar na corrente sanguínea.

Uma tendência alimentar a ser extremamente cauteloso é o suco. Embora os sucos de frutas geralmente contenham grandes quantidades de vitaminas, minerais e antioxidantes, o processo de sumo elimina completamente a valiosa fibra alimentar desses alimentos, tornando-o mais vulnerável a picos de açúcar no sangue. Também é preciso bastante frutas para produzir uma xícara de suco.

Portanto, enquanto comer uma laranja inteira pode ter um impacto mínimo no açúcar no sangue, beber um copo de suco de laranja feito de várias laranjas pode ter um efeito muito diferente. Se você gosta de suco, tente uma combinação de suco de frutas e vegetais com coisas como maçã, couve, espinafre, pepino, salsa e / ou beterraba. Lembre-se do tamanho da porção – apenas meia xícara de suco é considerada uma porção. Você também pode tentar emparelhar seu suco com uma fonte de proteína ou gordura saudável, como um ovo cozido ou um punhado de nozes, para ajudar a diminuir o impacto no açúcar no sangue.

Obviamente, a melhor maneira de medir o impacto de qualquer fruta na glicose no sangue é verificar seu próprio açúcar no sangue com um glicosímetro após lanches e refeições. Essa ainda é a maneira mais individualizada de garantir que os alimentos que você come sejam os melhores para sua saúde e seu corpo.

*Por Anna Panzarella / Nutricionista dietista

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*Fonte: revistasaberesaude

Por que uso de antibióticos na agropecuária preocupa médicos e cientistas

Há quatro anos, em uma fazenda de criação intensiva em Xangai, na China, um exame feito em um porco prestes a ser abatido encontrou uma bactéria resistente ao antibiótico colistina. O achado acendeu um alerta que ecoou pelo mundo — cada vez mais temeroso com a capacidade que microrganismos têm demonstrado em driblar tratamentos à base de antibióticos.

A bactéria resistente encontrada no suíno, uma Escherichia coli, levou os cientistas da China a aprofundar os exames — agora, também em frangos de fazendas de quatro províncias chinesas, nas carnes cruas desses animais à venda em mercados de Guangzhou, e em amostras de pessoas hospitalizadas com infecções nas províncias de Guangdong e Zhejiang.

Eles encontraram uma “alta prevalência” do Escherichia coli com o gene MCR-1, que dá às bactérias uma alta resistência à colistina e tem potencial de se alastrar para outras bactérias, como a Klebsiella pneumoniae e Pseudomonas aeruginosa. O MCR-1 foi encontrado em 166 de 804 animais analisados, e em 78 de 523 amostras de carne crua.

Já nos humanos, a incidência foi menor, mas se mostrou presente — em 16 amostras de 1.322 pacientes hospitalizados.

“Por causa da proporção relativamente baixa de amostras positivas coletadas em humanos na comparação com animais, é provável que a resistência à colistina mediada pelo MCR-1 tenha se originado em animais e posteriormente se alastrado para os humanos”, explicou em 2015 Jianzhong Shen, da Universidade de Agricultura em Pequim, um dos autores do estudo, cujos resultados foram publicados no periódico The Lancet Infectious Diseases.

Mas como esse material genético resistente pode ter passado dos animais para os humanos? O caminho de “transmissão” de microrganismos (bactérias, parasitas, fungos e etc) resistentes é uma incógnita não só para o caso dos porcos, frangos e pacientes na China, mas para o uso veterinário e médico de antibióticos como um todo.

Pode ser que esses microrganismos ou resquícios de antibióticos (restos dos medicamentos que, em contato com os micróbios, podem estimular sua resistência) possam estar se alastrando pelos alimentos, ou ainda através do lixo hospitalar, lençóis freáticos, rios e canais de esgoto — e a investigação para desvendar as rotas de bactérias tem motivado inúmeras pesquisas no Brasil e no mundo (veja detalhes sobre esses estudos abaixo).

“As bactérias não têm fronteiras: a resistência pode passar de um lugar a outro sem passaporte e de várias formas”, explica Flávia Rossi, doutora em patologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e integrante do Grupo Consultivo da OMS para a Vigilância Integrada da Resistência Antimicrobiana (WHO-Agisar). “Com a globalização, não só o transporte de pessoas é rápido, como os alimentos da China chegam ao Brasil e vice-versa. Essa cadeia mimetiza o que acontece com o clima: estamos todos interligados. Por isso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) vem trabalhando com o enfoque de ‘One Health’ (‘Saúde única’ em português, a perspectiva de que a saúde das pessoas, dos animais e o ambiente estão conectados).”

Agora, a dimensão global do problema ganhou um mapeamento inédito juntando pesquisas já feitas medindo a presença de microrganismos resistentes em alimentos de origem animal em países de baixa e média renda — e o Brasil aparece no grupo de lugares com situação preocupante. Não quer dizer que o estudo considere o país como um todo, mas pontos que já foram submetidos a pesquisas, como abatedouros de bois em cidades gaúchas ou em uma fazenda produtora de leite e queijo em Goiás.

Sul brasileiro: foco de resistência microbiana

China e Índia foram, segundo os autores do estudo, publicado na revista Science, “claramente” os lugares em que os maiores níveis de resistência foram encontrados.

Mas o Sul do Brasil, leste da Turquia, os arredores da Cidade do México e Johanesburgo (África do Sul), entre outros, se destacaram também como hotspots, ou focos de resistência microbiana em animais destinados à alimentação, principalmente bovinos, porcos e frangos (com níveis elevados de P50, percentual acima de 50% de amostras de microrganismos resistentes a determinados antibióticos).

As maiores resistências observadas foram relacionadas a alguns dos antibióticos mais usados na produção animal, como as tetraciclinas, sulfonamidas e penicilinas. Entre aqueles importantes para tratamento também em humanos, destacaram-se a resistência à ciprofloxacina e eritromicina.

Os autores reuniram ainda dados que apontam para focos de resistência emergentes, ou seja, em que a resistência dos microrganismos a antibióticos está crescendo. Aí, o Brasil também aparece, tanto o Sul quanto o Centro-Oeste.

Após ler o estudo, a pesquisadora brasileira Silvana Lima Gorniak, professora titular da Faculdade de Medicina Veterinária da USP, liga o destaque ao Sul justamente a uma maior criação de aves e suínos na região, animais para os quais há maior uso de antimicrobianos com a finalidade de promover o crescimento (entenda os diferentes usos de antibióticos veterinários e seus impactos abaixo).

A situação da América do Sul é particularmente preocupante por causa da carência de dados, diz o estudo: “Considerando que Uruguai, Paraguai, Argentina e Brasil são exportadores de carne, é preocupante que haja pouca vigilância epidemiológica da resistência microbiana disponível publicamente para esses países. Muitos países africanos de baixa renda têm mais pesquisas desse tipo do que os países de renda média na América do Sul. Globalmente, o número de pesquisas per capita não se correlacionou com o PIB per capita, sugerindo que a capacidade de vigilância não é impulsionada apenas por recursos financeiros.”

Buscando ampliar, em partes, o acesso a esse tipo de informação, os autores do estudo lançaram um banco de dados colaborativo para cadastro de pesquisas sobre o tema em todo o mundo, o “Resistance Bank”.

“O Brasil precisa urgentemente de dados de vigilância disponíveis publicamente sobre a resistência microbiana. É um grande exportador de carne, todos comemos frango brasileiro, seria bom saber o que há nele”, escreveu por e-mail à BBC News Brasil Thomas Van Boeckel, um dos autores do estudo e pesquisador do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique (ETH Zurich), na Suíça.

Em nota enviada à BBC News Brasil, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) afirmou que, “em relação ao estudo da revista Science”, está “ciente sobre a importância da resistência aos antimicrobianos”. “Trata-se de um dos maiores desafios globais de saúde pública e que deve ser abordado pelos países atendendo ao conceito de Saúde Única, exigindo ações imediatas de todos os envolvidos”.

A pasta garante que o país está correndo atrás para ter um sistema de vigilância, por meio do Plano de Ação Nacional de Prevenção e Controle da Resistência aos Antimicrobianos no âmbito da Agropecuária (PAN-BR AGRO), cujo prazo previsto para implementação vai de 2018 a 2022.

Segundo fontes consultadas pela reportagem, o cronograma do plano tem sido cumprido.

Um de seus pontos-chave, e já o colocado em prática, é a realização de testes oficiais de rotina para detecção de micróbios resistentes em animais e alimentos com essa origem.

São amostragens aleatórias de ovos, leite, mel e de animais encaminhados para abate sob inspeção federal, mas o que se busca são resquícios de antibióticos, e não microrganismos resistentes.

Em 2018, o relatório apresentado pelo ministério mostra que o percentual de amostras com resquícios de antibióticos em conformidade ficou na casa dos 99%.

“Para ser seguro para consumo alimentar, a presença de determinadas bactérias tem que estar dentro de limites estabelecidos pelas agências de saúde de cada país, o que já é feito. Mas mais do que saber, por exemplo, a presença de Salmonella (gênero de bactérias) em galinhas ou porcos, é possível testar sistematicamente a suscetibilidade dela aos antibióticos — que é realmente o que nos permite saber se as bactérias são ou não resistentes”, aponta João Pedro do Couto Pires, também coautor do estudo e pesquisador do ETH Zurich.

Frangos com Salmonella resistente em Estados brasileiros

Ainda que não tenha hoje um levantamento sistematizado, o Brasil já teve experiências pontuais na medição da resistência microbiana em alimentos de origem animal.

Uma análise feita entre 2004 e 2006 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em amostras de frangos congelados vendidos em 14 Estados brasileiros, detectou bactérias Salmonella e Enterococcus resistentes a vários antimicrobianos. Das 250 cepas de Salmonella analisadas, por exemplo, 77% foram consideradas multirresistentes (resistentes a duas ou mais classes de antibióticos).

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento destacou ainda que vem progressivamente proibindo medicamentos veterinários usados com o objetivo principal de fazer os animais engordarem, os chamados melhoradores de desempenho. Já foram proibidas substâncias do tipo como os anfenicóis, as tetraciclinas e as quinolonas.

“Na criação animal, há basicamente três tipos de uso de antimicrobianos. O primeiro é o terapêutico, como ocorre com o ser humano. A segunda maneira é a preventiva, como no desmame dos suínos — esse animal provavelmente vai passar por estresse, vai ter uma imunossupressão (redução da atividade do sistema imunológico), e ela pode levar à infecção por várias bactérias, então se faz preventivamente o tratamento”, explica Silvana Lima Gorniak, da USP.

“A terceira maneira é a mais polêmica, a mais discutida na ciência, que é a administração (de antimicrobianos) como melhorador de desempenho. Nesse caso, o animal não tem nenhuma doença, provavelmente não vai ficar doente, e o antimicrobiano é empregado com a finalidade de promover o crescimento. Não se sabe exatamente como, mas o animal de fato cresce.”

A colistina, aquela a que bactérias em porcos na China mostraram resistência no estudo publicado no The Lancet Infectious Diseases em 2015, foi uma das substâncias proibidas para uso como melhorador de desempenho em rações no Brasil, em 2016. Seu uso para o tratamento de doenças, como diarreias, continua, no entanto, permitido por aqui. Proibições foram impostas também em outros países, como a própria China, Índia e Argentina.

Ao mesmo tempo, esta substância é colocada pela OMS no grupo mais crítico entre os antibióticos que precisam urgentemente de substitutos — já que são o último recurso para o tratamento de algumas doenças para as quais outros antibióticos não funcionam mais, são amplamente usados na medicina humana e já se mostraram altamente vulneráveis à resistência microbiana.

Antimicrobianos passaram a ser mais significativamente usados na criação de animais para consumo nos anos 1950 em países de alta renda, algo que foi se estendendo para países de baixa e média renda — onde hoje, inclusive, projeções mostram que o uso desses medicamentos aumentará, já que a produção e consumo de carne nesses países tem crescido.

O elo entre precariedade e uso de antibióticos

Thomas Van Boeckel destaca que, no mundo, o uso excessivo de antibióticos está associado à criação intensiva de animais, a produção industrial, “mas não em todos os países, algumas exceções existem, como a Holanda e a Dinamarca”, aponta.

Sandra Lopes, diretora da organização Mercy for Animals no Brasil, vê o uso de antibióticos como uma das práticas degradantes impostas aos animais.

“O uso de antibióticos força esses animais a seguirem produzindo em um sistema completamente cruel, onde os animais não podem exercer nenhum de seus comportamentos naturais”, aponta a representante da ONG, dedicada ao bem estar de animais ditos de produção, aqueles destinados ao consumo alimentício.

Como exemplos, ela menciona criações com confinamento intensivo em gaiolas.

As galinhas poedeiras, confinadas em uma área análoga ao que seria passar a vida inteira dividindo um elevador com outras 12 pessoas, segundo a ONG, não têm espaço para exercer comportamentos naturais como abrir as asas ou ciscar. Sem forças nas pernas por não movimentá-las, essas galinhas podem sofrer fraturas com o peso do próprio corpo. Isso leva a um ciclo em que o uso de antibióticos se faz necessário.

Há ainda a debicagem, quando os bicos dessas aves são retirados para evitar, entre outros, o canibalismo — intensificado pelo estresse vivido pelos animais. É algo que leva também ao corte dos rabos dos porcos, procedimentos esses que muitas vezes exigem também o emprego de antibióticos.

Lopes menciona ainda a falta de ventilação, a lotação de animais ou ainda o contato com excrementos como características da realidade da produção em escala que podem debilitar a saúde dos animais. Por isso, a ONG defende, entre outras medidas, a melhor regulamentação de várias etapas da criação de animais, a certificação de produtos gerados em práticas consideradas satisfatórias (como existe no caso das galinhas poedeiras criadas fora de gaiolas) e, como recomendação aos clientes, a redução do consumo de produtos de origem animal.

Silvana Lima Gorniak destaca que a ligação entre precariedade na produção e uso excessivo de antibióticos fica mais evidente, uma vez mais, no caso dos melhoradores de desempenho.

“As condições sanitárias impactam diretamente no uso de antimicrobianos. Os melhoradores de desempenho têm um efeito muito benéfico naqueles lugares onde as condições sanitárias não são tão adequadas. Em locais com higiene adequada, é claro que há benefícios, mas ele é diluído”, explica a pesquisadora.

Já os autores do artigo publicado na Science destacam que o cenário de precariedade e consequente uso de antibióticos pode ser uma faca de dois gumes para os produtores: “Uma consequência fundamental desta tendência é um esgotamento do portfólio de tratamento para animais doentes. Essa perda tem consequências econômicas para os agricultores, porque os antimicrobianos acessíveis são usados como tratamento de primeira linha, e isso pode eventualmente se refletir em alimentos com preços mais altos.”
Entidade veterinária pede maior controle de vendas de medicamentos no setor

“É como para a gente, humanos: os antibióticos resolveram muitas questões, mas se a gente abusa, vai chegar uma hora que eles não serão mais eficazes”, resume Fernando Zacchi, assessor técnico da presidência do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV).

Zacchi diz que a entidade está empenhada em educar a categoria para um uso mais racional de antibióticos e tornar mais rigoroso o acesso a antimicrobianos veterinários — hoje, ele explica ser necessária a apresentação, mas não retenção, da receita.

“Aí está uma fragilidade: estamos trabalhando com outros órgãos para a obrigatoriedade da retenção e escrituração”, aponta, lembrando que entra na questão ainda o uso de antimicrobianos em animais domésticos.

Outro ponto é o cumprimento da exigência de um responsável técnico nos pontos de venda destes medicamentos, algo que é fiscalizado pelo próprio CFMV — a BBC News Brasil pediu dados sobre multas e autuações relacionadas a essas regras, mas não teve a solicitação atendida.

“Embora o conselho e o Mapa entendam que deve haver um responsável técnico nesses estabelecimentos, o Judiciário está eventualmente dispensando este profissional, cuja presença garante mais controle e rastreabilidade.”

Segundo dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan), nos últimos cinco anos, os antimicrobianos abocanharam cerca de 16% das vendas de tratamentos veterinários (que incluem ainda as categorias antiparasitários; biológicos; suplementos e aditivos; terapêuticos). A reportagem pediu valores — e não apenas percentuais — por categoria, mas não teve a demanda atendida.

Em nota enviada à BBC News Brasil, a Aliança para Uso Responsável de Antimicrobianos, que representa várias entidades do setor produtivo, afirmou também que no ramo a questão “é tratada com responsabilidade por todos os elos da cadeia produtiva”. “Contra achismos, a Aliança busca construir um debate pautado pelo pensamento científico e pela transparência. É formada por organizações nacionais da bovinocultura de corte e leite, avicultura, suinocultura, aquicultura e pescado.”

A Aliança defende que há controle interno, com análises diárias feitas pelas próprias empresas sobre a questão e que o “Brasil cumpre rigorosamente as determinações técnicas de todas as nações importadoras”.

Em relação à produção em escala, a entidade aponta que o país “segue as diretrizes estabelecidas pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) para o alojamento dos animais”.

“Na produção industrial, o sistema produtivo é isolado em controles restritivos de acesso, o que evita a circulação de doenças. Em situações de produção precária, sem as devidas salvaguardas técnico-veterinárias, os riscos de enfermidades e o uso inadequado de antibióticos são maiores”, acrescentou.

E agora, o que fazemos em casa?

“Sou um cavaleiro do apocalipse”, brinca Victor Augustus Marin, professor da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio).

À frente do Laboratório de Controle Microbiológico de Alimentos da Escola de Nutrição (Lacomen), ele e seus alunos e orientandos têm desenvolvido uma metodologia própria para encontrar bactérias resistentes em alimentos minimamente processados, aqueles prontos para consumo, como frutas e queijos. Um resumo do que eles têm encontrado até aqui: muitas bactérias resistentes.

Em sua dissertação de mestrado orientada por Marin, Cristiane Rodrigues Silva, por exemplo, buscou bactérias resistentes em amostras de queijo minas frescal. Todos exemplares estudados apresentaram algum conjunto de bactérias resistentes — em 13%, a resistência foi constatada para todos os antibióticos testados e em 80%, para 8 a 10 diferentes antibióticos. Foi constatada ainda resistência em 87% dos queijos aos carbapanêmicos, tipo de antibiótico potente que é considerado uma das últimas alternativas na luta contra microrganismos muito resistentes.

Agora, Silva, Marin e o resto da equipe estão estudando outros tipos de queijo, como minas padrão, parmesão, ricota e cottage; além de frutas compradas no comércio comum, como manga, laranja e caju. Eles também querem verificar se outras formas de produção, como a orgânica, podem alterar a presença de microrganismos resistentes.

“Comprovamos não só que as bactérias nos alimentos estudados até agora têm alguma resistência, como genes de resistência”, aponta Marin, acrescentando que, embora em escala muito menor do que na pecuária ou entre humanos, antibióticos são usados também na agricultura.

“Como essa bactéria chegou ao queijo? Tem que voltar ao campo: a vaca come capim, que tem dentro dela bactérias endofíticas, que vivem dentro das plantas. A vaca ingere a planta, produz leite e o leite vai para o queijo. Mas é difícil falar quem originou a bactéria primeiro — elas evoluem junto com os humanos e animais. Também são promíscuas: trocam material genético.”

As diversas variáveis que influenciam a resistência dos micróbios são justamente o que representa um desafio para as pesquisas: para traçar o caminho dos microrganismos através dos animais, humanos e do ambiente, seriam necessários grandes volumes de amostras desses elementos.

E em tempo real, lembra João Pedro do Couto Pires, já que muitas vezes é diagnosticada alguma infecção em uma ponta, mas sua origem muitas vezes já se perdeu no tempo.

Por isso, o alarme tocado pelo artigo na Science traz um porém: “Está além do escopo deste estudo tirar conclusões sobre a intensidade e a direcionalidade da transferência de resistência microbiana entre animais e humanos — aspectos que devem ser investigados com métodos genômicos robustos”.

Enquanto a ciência busca decifrar o caminho percorrido pelas bactérias, o que nós, humanos e consumidores de alimentos podemos fazer?

Flávia Rossi, patologista da USP, lembra de procedimentos básicos de saneamento e higiene que cortam a circulação de microrganismos, como lavar as mãos; o uso de água potável na cozinha; e o armazenamento adequado de alimentos.

O cuidado deve ser redobrado com pessoas mais vulneráveis, como hospitalizados, imunossuprimidos ou transplantados. “As bactérias também nos protegem, estão no nosso intestino, na nossa pele… Mas elas nos atacam quando há um desequilíbrio”, diz.

João Pedro do Couto Pires brinca que, hoje, nossas casas são mais perigosas do que restaurantes por haver menos cuidado com questões sanitárias. Ele destaca ações a serem evitadas: misturar alimentos crus e cozidos; ou carnes e vegetais, como, por exemplo, no refrigerador ou no uso de uma mesma faca ou tábua para esses dois tipos de alimentos. Essas misturas levam a fluxos de microrganismos que, no caso de alimentos crus, como vegetais em uma salada, acabam sendo ingeridos pela pessoa que está comendo.

Marin garante que não se trata de parar de comer alimentos como os estudados por sua equipe, como queijos e frutas, mas de aprofundar investigações sobre como a resistência microbiana se expressa neles — para, aí sim, fazer-se uma escolha entre custos e benefícios. Por exemplo, algo a ser levado em conta, segundo descobriu sua equipe, é que queijos mais úmidos exigem maior cuidado no assunto.

“O queijo, além de ter bactérias com resistência, também tem outra microbiota — outras bactérias — que combatem as que têm resistência. Ninguém é demônio e ninguém é anjo, inclusive entre as bactérias. Por isso a visão holística (multifatorial) é tão importante”, diz.

*Por Mariana Alvim

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*Fonte: bbc-brasil

Alimentos criados em laboratório serão o futuro das suas refeições?

Pense em um hambúrguer vermelhinho, suculento, saboroso. Mais: nenhum animal precisou morrer para saciar sua fome. A batata frita, macia por dentro e crocante por fora, pode ter vários tipos de design, porque é moldada em uma impressora 3D. O restaurante de comida japonesa deixou o rodízio para trás e dispensou o sushiman; no lugar, sushis que não são feitos de peixe, preparados sob medida para cada cliente. Cenas de um futuro distante? Se depender de cientistas e startups, será a realidade em breve.

E não é capricho. Se hoje somos 7,7 bilhões de pessoas no planeta, em 2050, seremos 10 bilhões, segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). A produção de comida terá de ser 70% maior e, de preferência, prejudicando o mínimo possível o meio ambiente. Para isso, precisamos rever como nos alimentamos. O último Relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) das Nações Unidas, divulgado em agosto, estabelece que precisamos reduzir o consumo de carnes para mitigar os efeitos das mudanças climáticas. O documento destaca que dietas baseadas em proteína animal contribuem com o desmatamento de importantes biomas do mundo, como a Amazônia, e defende uma alimentação rica principalmente em vegetais.

A grande aposta da indústria nesse sentido é desenvolver carnes à base de plantas ou de células de animais — com sabor, textura e qualidade nutricional iguais aos da carne de um bicho. “É um mercado ainda em desenvolvimento, mas não tem volta”, diz Jayme Nunes, biólogo da Merck, empresa alemã de ciência e tecnologia que investiu, no ano passado, 7,5 milhões de euros na startup Mosa Meat, fundada pelo cientista Mark Post.

Em 2013, Post apresentou o primeiro hambúrguer de laboratório do mundo, criado a partir de células de uma vaca. Para elaborar o disco de carne sem matar o animal, o professor da Universidade de Maastricht (Holanda) desenvolveu um método que usa células-tronco retiradas do músculo bovino. O resto do processo acontece no laboratório: em um biorreator, as células-tronco se transformam em células musculares. O resultado é uma pasta de carne que pode ser moldada.

A produção do primeiro hambúrguer de Post custou US$ 325 mil. Hoje, o valor fica entre US$ 9 mil e U$S 10 mil — e o preço promete cair ainda mais nas próximas décadas. “A tendência é de que custe US$ 50 em 2030, quando a carne deve estar disponível em restaurantes do guia Michelin”, estima Nunes. Ele acredita que, em 2050, a carne de células será vendida por US$ 20 o quilo, diretamente ao consumidor.

Enquanto as opções conhecidas como cell-based (baseado em células, em tradução livre) ainda engatinham, já é possível comprar hambúrgueres plant-based (à base de plantas) a preços acessíveis. Nos EUA, duas empresas se destacam: a Beyond Meat foi a primeira a ter seu hambúrguer de óleo de coco, romã e beterraba nos supermercados do país, em maio de 2016; já a Impossible Foods, que lançou um hambúrguer de plantas em julho do mesmo ano, inovou ao fazer a peça “sangrar”. Na lista de ingredientes estão proteína isolada de soja, proteína de batata e óleos de coco e de girassol. O sabor e o aspecto vermelho vêm da leghemoglobina de soja, uma proteína encontrada na raiz de leguminosas. Assim como a hemoglobina, presente no sangue de animais e humanos, ela é composta de glóbulos vermelhos — a responsável, portanto, pelo tom avermelhado.

O uso da leghemoglobina chamou a atenção da Food and Drug Administration (FDA), agência norte-americana que regula alimentos e remédios, pelo alto potencial alergênico. No dia 31 de julho, porém, a FDA concluiu que a proteína é segura para consumo e autorizou a venda do Impossible Burger em mercados a partir de 4 de setembro. O produto já era comercializado em restaurantes desde 2016, e tem se popularizado cada vez mais.

Em agosto, o Burger King anunciou nas lojas dos EUA uma versão do sanduíche Whopper feita com o Impossible Burger. No dia 10 de setembro, a novidade desembarca no Brasil. Aqui, no entanto, o hambúrguer vegetal da rede de fast-food será da Marfrig, gigante brasileira da indústria da carne que acaba de entrar para o time dos fabricantes de produtos plant-based.

 

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*Fonte: revistagalileu

Como o trigo ‘domesticou’ a humanidade – e vice-versa

Do pãozinho de cada dia ao macarrão de domingo, o trigo é um dos alimentos mais consumidos no mundo atual. Mas o que não paramos para pensar entre um bocado e outro é que esse cereal, em suas variedades contemporâneas, é praticamente artificial.

Não fosse a ação do Homo sapiens, o trigo não seria assim.

Não fosse a evolução provocada pelo ser humano, esses tipos de trigo simplesmente não existiriam.

Mas, para muitos pesquisadores, o inverso também é verdade: não fosse o trigo ter conquistado nossos ancestrais, o homem não teria se tornado sedentário, não teria feito a chamada Revolução Agrícola, não teria se aglomerado em cidades.

O trigo domesticou a humanidade de tal forma que não é exagero dizer que ele acabou sendo o combustível – até mesmo literalmente, em forma de calorias ingeridas – para que as civilizações fossem criadas.

Era só mato

Por volta de 18 mil anos atrás, com o fim da última Era Glacial, o aquecimento global provocou um período de fortes e intensas chuvas. Essa mudança climática favoreceu uma gramínea na região do Oriente Médio.

Era trigo, mas não como o conhecemos hoje. As sementinhas eram ralas e pequenas. O vento conseguia espalhá-las – e, assim, a planta se multiplicava. Os ancestrais humanos daquela época viviam em bandos nômades. Eram caçadores-coletores – alimentavam-se basicamente de carne e frutas.

Em algum momento dessa história – ou em vários momentos, já que uma descoberta assim não ocorre de forma tão linear -, os Homo sapiens perceberam que havia animais que se alimentavam de gramíneas. E decidiram experimentar.

Conforme relata o historiador Heinrich Eduard Jacob (1889-1967) em seu livro Seis Mil Anos de Pão – A Civilização Humana Através de Seu Principal Alimento, começaram colocando sementes na carne. E viram que suavizava o sabor. Caía bem.

“As pessoas começaram a comer mais trigo e, sem querer, favoreceram seu crescimento e difusão”, afirma o historiador Yuval Noah Harari, no best-seller Sapiens: Uma Breve História da Humanidade. “Como era impossível comer grãos silvestres sem antes escolhê-los, moê-los e cozinhá-los, as pessoas que coletavam esses grãos os carregavam a seus acampamentos temporários para processá-los.”

Mas os grãos de trigo eram pequenos e numerosos. “Alguns deles inevitavelmente caíam a caminho do acampamento e se perdiam”, pontua Harari. “Com o tempo, cada vez mais trigo cresceu perto dos acampamentos e dos caminhos preferidos pelos humanos.”

Jacob frisa que, naquele tempo, trigo era só mato. Ou gramíneas. “Todos os cereais eram primitivamente plantas herbáceas selvagens”, escreve. “Todos os cereais foram originariamente herbáceas cujas sementes tinham um sabor de que o homem primitivo gostava. Mas o homem tinha, para além dos insetos, um rival bem mais temível que lhe estragava a colheita dessas plantas. Era o grande criador do tapete verde de ervas. O vento.”

Se o vento espalhava as sementes – e isto garantia a perpetuação do trigo -, ele atrapalhava o homem: afinal, não era possível colher o cereal maduro, este “voava” embora antes.

Seleção artificial: a domesticação do trigo

Sem entender nada de genética, nossos ancestrais acabaram interferindo na evolução do trigo. “O primeiro objetivo do homem teve de ser portanto o de conseguir fazer com que as espécies que eram mais do seu agrado não perdessem os grãos com tanta facilidade. E foi o que efetivamente sucedeu, já que o homem ao longo de milhares de anos foi cultivando apenas aqueles exemplares que guardavam os grãos durante mais tempo na espiga”, diz Jacob.

“Nasceram assim, a partir das herbáceas selvagens, devidamente protegidos pelos seus elmos, os heróis da nossa epopeia da alimentação”, completa o historiador, referindo-se às versões do cereal que, evoluídas, “têm frutos que se fixam tão bem ao eixo da espiga que só se desprendem com golpes ou sob pressão, ou seja, por intermédio de uma ação voluntária, aquilo a que chamamos a debulha.”

Como efeito disso, o trigo contemporâneo não sobrevive sem a mão humana. “A questão é precisamente o campo de batalha entre a robustez da espiga e o desejo que o homem tem de obter a farinha”, sintetiza Jacob. “Os ‘cereais domésticos’ morreriam amanhã se o homem desaparecesse.”

Harari conta que os acampamentos daqueles nômades começaram a se fixar ao redor de locais onde havia mais trigo. Para facilitar, eles “limpavam” o entorno, derrubando árvores e promovendo queimadas. Sem conhecer nem os rudimentos da agricultura, acabavam favorecendo justamente as gramíneas: que podiam crescer sem concorrência, livres das sombras das grandes árvores.

Foi o início do sedentarismo. O princípio da chamada Revolução Agrícola. “No começo, talvez eles acampassem por quatro semanas durante a colheita. Na geração seguinte, com a multiplicação e o alastramento do trigo, o acampamento da colheita talvez durasse cinco semanas, depois seis, até que se tornou um assentamento permanente”, conta Harari. “Evidências de tais acampamentos foram encontradas em todo o Oriente Médio, sobretudo no Levante, onde a cultura natufiana floresceu de 12,5 mil a.C. a 9,5 mil a.C.”

Os natufianos ainda eram caçadores-coletores, mas viviam em assentamentos permanentes. Inventaram ferramentas – como pilões de pedra para moer trigo -e armazenavam os cereais para épocas de necessidade.

Seus descendentes descobriram que podiam semear. Além disso, se enterrassem os grãos sob o solo, tinham resultados mais interessantes do que se simplesmente os espalhassem pela superfície.

Descobertas recentes apontam para a provável localização geográfica em que primeiro aconteceu esse fenômeno. Por meio de análises genéticas, cientistas descobriram que pelo menos a variedade Triticum monococcum começou a ser domesticada na região de Karaca Dag, no leste da atual Turquia, há cerca de 9 mil anos.

“À medida que dedicavam mais esforços ao cultivo de cereais, havia menos tempo para coletar e caçar espécies silvestres”, relata Harari. “Os caçadores-coletores se tornavam agricultores.”

No ano de 8,5 mil a.C., o Oriente Médio estava cheio de povoados fixos. O excedente de alimentos fez com que a população crescesse.

E o homem também acabou domesticado

No livro Sapiens, Harari apresenta uma visão interessante sobre essa evolução concomitante homem-trigo. Para ele, se a Revolução Agrícola aumentou o total de alimentos à disposição da humanidade, isso não se refletiu em uma dieta melhor – tampouco em uma vida melhor. “Em média, um agricultor trabalhava mais que um caçador-coletor e obtinha em troca uma dieta pior. A Revolução Agrícola foi a maior fraude da história”, diz ele.

“Quem foi o responsável? Nem reis, nem padres, nem mercadores”, completa. “Os culpados foram um punhado de espécies vegetais, entre as quais o trigo, o arroz e a batata. As plantas domesticaram o Homo sapiens, e não o contrário.”

O historiador afirma que, para passar de gramíneas insignificantes a cereais onipresentes, o trigo “manipulou” o ser humano “a seu bel-prazer”. “Esse primata vivia uma vida confortável como caçador-coletor até por volta de 10 mil anos atrás, quando começou a dedicar cada vez mais esforços ao cultivo do trigo. Em poucos milênios”, ressalta, “os humanos em muitas partes do mundo estavam fazendo não muito mais do que cuidar de plantas de trigo do amanhecer ao entardecer.”

“Nós não domesticamos o trigo; o trigo nos domesticou”, enfatiza. “A palavra domesticar vem do latim ‘domus’, que significa casa. Quem é que estava vivendo em uma casa? Não o trigo. Os sapiens.”

Pesquisador do Departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o bioquímico Juliano Lindner corrobora a tese: para ele o trigo foi o principal motivo que levou a humanidade a se tornar sedentária.

“Quando o Homo sapiens deixou de ser coletor e passou a domesticar plantas e animais, o trigo foi um dos primeiros cultivos a serem controlados e se tornou uma das plantas mais prósperas na história do planeta”, diz ele, em entrevista à BBC News Brasil. “Esse momento da evolução, pelo simples efeito que a domesticação de animais e plantas gerou na possibilidade da sociedade se organizar sem a necessidade vital do nomadismo, ocasionou o grande salto da civilização humana.”

Tal tipo de relação entre homem e trigo, em que ambas as espécies sofrem um processo de transformação resultante da relação entre elas, é abordado pela médica e escritora Alice Roberts no livro Tamed – Ten Species That Changed Our World (Domesticadas – Dez Espécies que Mudaram O Nosso Mundo, em tradução livre). Além do trigo, a pesquisadora aponta que fenômenos semelhantes ocorreram com a vaca, o cachorro, o milho e a maçã, entre outras espécies.

Onipresença x pouca variedade

Saltemos para o século 20. A civilização humana, alimentada com derivados de trigo, chegou a um estágio de desenvolvimento industrial e científico intenso. O cultivo do estimado cereal, aliás, desde então cobre 2,25 milhões de quilômetros quadrados do globo – nove vezes o tamanho do Estado de São Paulo.

Harari conclui que o trigo “não ofereceu nada para as pessoas enquanto indivíduos, mas concedeu algo ao Homo sapiens enquanto espécie”. “O cultivo de trigo proporcionou muito mais alimento por unidade de território e, com isso, permitiu que o Homo sapiens se multiplicasse exponencialmente”, afirma o historiador.

A população da humanidade, atualmente na casa dos 7,7 bilhões de habitantes, confirma isso. E, sozinho, o trigo fornece 15% do consumo calórico global. De acordo com informações relatadas pelo pesquisador Juliano Lindner, da UFSC, mais de 75% das calorias ingeridas pela humanidade hoje são resultantes de plantas domesticadas milhares de anos atrás – além do trigo, o milho, o arroz, a batata, entre outros.

Mas ao mesmo tempo em que é onipresente, o trigo representa pouca variedade. Estudo publicado na quarta-feira (29) pelo periódico Science Advances analisou geneticamente 4506 amostras de trigo de todo o mundo – incluindo cepas regionais -, recolhidas em 105 países diferentes.

Os cientistas constataram que, se por um lado o trigo ajuda a traçar os antigos caminhos migratórios humanos, da Ásia para a Europa e, mais tarde, para a América, por outro lado a transformação do cereal em commodity dizimou sua variedade.

Sobretudo no período seguinte à Segunda Guerra Mundial, quando a chamada Revolução Verde passou a empregar tecnologia para incrementar a produção agrícola mundial, o chamado pool genético do trigo acabou modificado: atualmente, praticamente toda a produção em escala de trigo remonta a variedades que se desenvolveram na Europa – nas regiões sudeste, mediterrânea e ibérica.

“Nossa pesquisa traz novos olhares sobre a difusão e a diversidade genética mundial do trigo”, afirma à BBC News Brasil um dos autores do estudo, o geneticista François Balfourier, cientista do Instituto Nacional de Pesquisas Agronômicas da França. “Recentes seleções e disseminações levaram a um germoplasma moderno que é altamente desequilibrado em comparação com os ancestrais.”

Do ponto de vista da produção de trigo, seria estratégico entender e caracterizar as pouco exploradas comercialmente versões asiáticas do trigo, afirma o cientista. “Caracterizar melhor esses recursos genéticos podem resultar em exploração eficiente dos mesmos em programas de melhoramento, obtendo benefícios de sua resistência natural a estresses bióticos e abióticos”, comenta Balfourier.

*Por Edison Veiga

 

 

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*Fonte: bbc-brasil

Chocolate e vinho tinto ajudam a combater rugas e manter a pele jovem, dizem cientistas

O chocolate e o vinho são duas paixões mundiais. Seja para comemorar bons momentos, relaxar depois de um longo dia ou curtir ao lado das pessoas importantes em nossas vidas, esses dois estão quase sempre presentes nas vidas de muitas pessoas ao redor do mundo.

No entanto, além de serem nossos companheiros, um estudo realizado pela Universidade de Exeter, na Inglaterra provou que seus benefícios vão muito além, mostrando que os chocolates e vinhos podem ajudar a combater rugas e manter a pele jovem, uma boa notícia para homens e mulheres que se dedicam para manter uma aparência saudável.

A pesquisa também mostrou que vinho e chocolate podem combater o envelhecimento.

De acordo com o que comprovam os resultados alcançados, tanto o vinho tinto quanto o chocolate podem contribuir para o rejuvenescimento de células antigas, o que causa uma alteração em seu comportamento, tornando-as mais semelhantes às células jovens.

Os pesquisadores acreditam que o que propicia esse resultado são os compostos flavonoides, que estão presentes no vinho e no chocolate, e são conhecidos por seus efeitos antioxidantes e anti-inflamatórios.

A pesquisa foi realizada com células tratadas em laboratório com produtos químicos encontrados naturalmente no vinho tinto, chocolate amargo, uvas vermelhas e mirtilos. Eles descobriram que depois desse tratamento, as células apresentavam mudanças e ficavam mais jovens.

Essa experiência foi realizada diversas vezes pelos pesquisadores e,de acordo com a líder do estudo Eva Latorre, as células rejuvenesceram em todas as experiências.

Eva acredita que os dados obtidos pelo estudo podem levar a avanços em terapias antienvelhecimento.

Essa é uma ótima notícia para os apreciadores de chocolates e vinho, mas é sempre bom lembrar que o consumo deve ser feito com moderação!

*Por Luiza Fletcher

 

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*Fonte: osegredo

Por que depois de comer muito doce sentimos mal-estar?

Já aconteceu de você passar mal após se empanturrar com pudins, bolos — daqueles bem doces — e chocolates? Pois uma internauta resolveu perguntar ao pessoal da Superinteressante por que é que depois de comer muito doce sentimos enjoo, e o motivo de isso não acontecer após comermos muito salgado. Alerta de spoiler: o mal-estar não tem nada a ver com o peso na consciência pós-gordice!

Para responder a essa curiosa questão, a turminha da Super foi conversar com o gastroenterologista Ricardo Barbuti, da Federação Brasileira de Gastroenterologia. Segundo explicou, o que acontece com os doces é que frequentemente eles são preparados com uma bela dose de gorduras — como a manteiga e o creme de leite, por exemplo —, e elas retardam o esvaziamento do estômago, provocando a sensação de mal-estar que associamos ao enjoo.

Por outro lado, os salgados costumam ter uma concentração de gorduras bem mais baixa, sem falar que normalmente eles são ingeridos em menores quantidades do que os doces, o que explica a razão de os salgados serem menos enjoativos.

Barbuti também explicou que uma boa parcela da população, ao ser intolerante à lactose — um tipo de açúcar presente no leite —, também acaba sentindo mal-estar depois de comer doces ricos em leite e seus derivados. Além disso, o consumo exagerado de carboidratos pode ser mais um fator responsável pela indisposição, já que eles estão associados ao aumento de gases e podem provocar diarreia.

 

 

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*Fonte: megacurioso

Brasileiros passam a consumir menos açúcar refinado, refrigerante e carne vermelha – aponta pesquisa

Pesquisa realizada pela Kantar Wordpanel, aponta que os brasileiros têm seguido uma tendência mundial de adotar rotina e hábitos alimentares mais saudáveis.

Pela pesquisa, 27% das famílias pesquisadas declararam ter feito mudanças alimentares, diminuindo o consumo de carne vermelha, açúcar refinado e refrigerantes, e aumentando o consumo de frutas e sucos naturais, por exemplo.

Com relação às carnes, 50 por cento dos lares pesquisados afirmam ter diminuído o consumo.

Conforme publicado pelo site Ciclovivo, “em linha com essa tendência o estudo revela que 389 mil domicílios deixaram de comprar açúcar refinado no ano passado. Presente em 51,8% dos lares, o produto teve queda de 0,4% em volume e 19% em valor na comparação com 2017. Por outro lado, a versão demerara, menos refinada e sem aditivo químico, saltou de 6,9% para 10,6% de penetração no mesmo período, ou seja, ganhou mais de 2 milhões de domicílios compradores em 2018. Volume e valor também se destacaram positivamente, com alta de, respectivamente, 50,4% e 44,8%.”

“Já faz algum tempo que a saudabilidade tem sido um fator importante na hora das compras não só no Brasil, mas em todo o mundo. Agora, o movimento ganha mais força. A entrada de produtos como o açúcar demerara e zero lactose na lista de compras revela um consumidor mais atento e alinhado às preocupações globais com a saúde”, afirma Giovanna Fischer, Diretora de Marketing e Consumer Insights da Kantar Worldpanel.

 

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*Fonte: revistapazes

Beber suco de fruta é realmente saudável?

É difícil resistir a um suco natural, seja no café da manhã, no lanche da tarde ou após exercícios físicos.

Muita gente também acredita que ele ajuda a perder peso ou “desintoxicar” o organismo.

Todas essas suposições movimentam um negócio altamente lucrativo. O mercado global de sucos feitos a partir de frutas, legumes e verduras foi estimado em US$ 154 bilhões em 2016 e deve continuar crescendo.

Mas o suco é realmente tão saudável quanto pensamos?

A princípio, a maioria dos alimentos que contêm frutose – um açúcar natural encontrado em todas as frutas e sucos de frutas – não nos prejudica, desde que, ao consumi-lo, não estejamos excedendo nosso limite de calorias diário. Isso acontece porque a fibra encontrada em frutas inteiras está intacta e esse açúcar pode ser encontrado nas células dela. Nosso sistema digestivo leva um tempo para quebrar essas células e para a frutose entrar na corrente sanguínea.

Para que serve a fibra

“O suco de frutas remove a maior parte da fibra”, diz Emma Elvin, da Diabetes UK. É por isso que, ao contrário da fruta inteira, a frutose nos sucos de frutas conta como ‘açúcares livres’ – que também incluem o mel e os açúcares adicionados aos alimentos. A OMS, a Organização Mundial de Saúde, recomenda que os adultos não consumam mais do que 30g de açúcar adicionado, o equivalente a 150ml de suco de fruta por dia.

O problema é que, após a fibra ser removida, a frutose do suco acaba absorvida mais rapidamente. Picos súbitos de açúcar no sangue fazem com que o pâncreas libere insulina para que ele volte a um nível normal. Com o tempo, esse mecanismo pode se desgastar, aumentando o risco de diabetes tipo 2. Em 2013, pesquisadores analisaram dados de 100 mil pessoas coletados entre 1986 e 2009 e descobriram que o consumo de suco de frutas estava ligado ao aumento do risco de diabetes tipo 2. Eles concluíram que – como os líquidos passam pelo estômago até o intestino mais rápido do que os sólidos – mesmo quando o conteúdo nutricional é semelhante ao das frutas inteiras, o suco de frutas leva a mudanças mais rápidas e maiores nos níveis de glicose e insulina.

Outra pesquisa revelou uma associação direta entre o suco de frutas e o diabetes tipo 2 após acompanhar as dietas e o status de diabetes de mais de 70 mil enfermeiras ao longo de 18 anos. Os pesquisadores explicam que a possível razão para isso pode ter sido, em parte, a falta dos outros componentes encontrados em frutas inteiras, como a fibra.

Sucos contendo legumes e verduras podem fornecer mais nutrientes e menos açúcar do que aqueles feitos apenas de frutas – mas, ainda assim, não têm fibras valiosas. Dietas ricas em fibras têm sido associadas a um menor risco de desenvolvimento de doenças cardíacas, derrame, pressão alta e diabetes. Recomenda-se que adultos consumam 30g de fibras por dia.

Excesso de calorias

Além da ligação com a diabetes tipo 2, muitos estudos mostram que o suco de frutas é prejudicial se contribui para o excesso de ingestão de calorias diárias.

A partir de uma análise de 155 estudos, John Sievenpiper, professor associado do Departamento de Ciências Nutricionais da Universidade de Toronto, no Canadá, investigou se as associações entre refrigerantes com adição de açúcar e saúde – incluindo o risco de diabetes e doenças cardiovasculares – eram aplicáveis aos alimentos e bebidas que consumimos como parte de uma dieta saudável. Ele comparou pesquisas que examinaram os efeitos dos açúcares contendo frutose (incluindo sacarose, xarope de milho com alto teor de frutose, mel e xaropes) com dietas controladas livres ou com redução desses açúcares. Seu objetivo? Isolar os efeitos do consumo de muitas calorias dos efeitos de alimentos contendo diferentes açúcares.

A descoberta de Sievenpiper foi surpreendente. Ele encontrou efeitos negativos nos níveis de açúcar no sangue e insulina em jejum quando os alimentos forneceram calorias em excesso a partir de açúcares, incluindo suco de frutas. No entanto, quando não implicava em exceder o limite diário de calorias, consumir frutas inteiras – e até mesmo suco de frutas – era vantajoso. Sievenpiper chegou à conclusão de que a ingestão recomendada é de um copo de suco de fruta por dia (ou 150 ml).

Segundo a pesquisa realizada por Sievenpiper, os alimentos que contêm frutose podem ter alguns pequenos benefícios para o controle de açúcar no sangue a longo prazo, quando não levam ao consumo excessivo de calorias. Mas quando sua ingestão excede nosso nível de calorias diário, costumam aumentar os níveis de açúcar no sangue e insulina. Isso pode ocorrer porque a frutose tem um IG relativamente baixo, diz Sievenpiper, enquanto as dietas de alto IG estão associadas à resistência à insulina.

“Comer uma fruta inteira é melhor do que tomar um suco de fruta, mas se você usar o suco como um complemento, tudo bem. Não se você estiver tomando o suco para hidratar-se ou bebendo em grandes quantidades”, explica Sievenpiper.

Portanto, embora saibamos que o suco de frutas pode causar diabetes, se ele fizer parte de uma dieta com maior ingestão de calorias, fica menos claro como esse alimento afeta a saúde a longo prazo daqueles que não estão acima do peso.

“Ainda há muita coisa que não entendemos sobre como aumentar o açúcar na dieta sem aumentar o risco de mudança de peso”, diz Heather Ferris, professora-assistente de medicina na Universidade da Virgínia, nos Estados Unidos. “Por quanto tempo e quão bem o pâncreas pode lidar com o açúcar se deve parte à genética.”

No entanto, temos um risco maior de consumir mais do que o número diário recomendado de calorias (cerca de 2 mil para mulheres e 2,5 mil para homens) nos dias em que tomamos suco, de acordo com a mesma pesquisa. Vários estudos mostraram que beber suco de frutas não nos faz consumir menos alimentos durante o dia.

“Também é fácil consumir grandes quantidades de suco de fruta rapidamente, o que significa calorias extras. E quando as calorias aumentam, isso pode contribuir para o ganho de peso”, diz Elvin.

Otimismo

Mas um estudo publicado no ano passado deu uma espécie de “salvo-conduto” ao suco de fruta. Os pesquisadores usaram um liquidificador ‘extrator de nutrientes’ que, diferente dos tradicionais, extrai toda a fruta, incluindo sementes e pele. Eles mediram os efeitos de um mix de frutas e da manga descascada – ambas com alto índice glicêmico e, portanto, causadoras de um pico de açúcar no sangue – espremido em um extrator de nutrientes, comparado com outro grupo que ingeriu a mesma fruta inteira.

Aqueles que beberam o mix de frutas extraídas com nutrientes tiveram um aumento menor de açúcar no sangue em comparação com o grupo de frutas mistas. Por outro lado, não houve diferenças entre aqueles que beberam o suco de manga e o mix de manga inteira, com casca.

No entanto, esse foi um estudo pequeno, e os pesquisadores não compararam suas descobertas com o suco feito por qualquer outro método, como espremer o suco descartando a pele e as sementes.
Pode ser melhor misturar

Gail Rees, palestrante sênior em nutrição humana na Universidade de Plymouth, no Reino Unido, e uma das responsáveis pelo estudo, diz que os resultados foram provavelmente influenciados pelas sementes de frutas contidas nos sucos. Segundo ela, é difícil chegar a uma recomendação clara a partir das conclusões do estudo.

“Certamente concordaria com a recomendação atual de 150 ml de suco de frutas por dia, mas se você usar um extrator de nutrientes em casa, pode manter os níveis de açúcar no sangue relativamente estáveis”, explica Rees.

Mas, enquanto manter as sementes no suco pode fazer alguma diferença durante a digestão, Ferris argumenta que isso não muda necessariamente o quão incompleto o suco é.

“Quando o suco contém alguma fibra, ele vai diminuir a absorção, mas você ainda tem uma ingestão excessiva de calorias porque é fácil consumi-lo. No entanto, é melhor do que o suco de fruta tradicional”, diz ela.

Outras maneiras de melhorar os efeitos do suco em nossa saúde incluem optar por frutas maduras para reter o máximo de benefícios possíveis, de acordo com Roger Clemens, professor de Ciências Farmacêuticas da Universidade do Sul da Califórnia, no Reino Unido.

Também é importante reconhecer que, dependendo da fruta, métodos diferentes devem ser usados para extrair o suco, acrescenta o especialista. Isso se dá por causa da composição física da fruta. Por exemplo, a maioria dos fitonutrientes das uvas é encontrada na semente, com muito pouco encontrado na polpa. E a maioria dos compostos fenólicos e flavonóides benéficos encontrados nas laranjas estão localizados na casca, que é perdida com o suco tradicional.

Desintoxicação desmascarada

Outra razão para a recente popularidade do suco de frutas é o argumento de que ele pode ajudar a desintoxicar o corpo.

No entanto, o único uso médico reconhecido da palavra ‘desintoxicação’ refere-se à remoção de substâncias nocivas do corpo, incluindo drogas, álcool e veneno.

“Todo o conceito de uma dieta de suco sendo desintoxicante é uma falácia”, diz Clemens. “Consumimos compostos todos os dias que podem ser tóxicos e nossos corpos fazem um trabalho maravilhoso de desintoxicação e eliminação de tudo o que comemos.”

E engana-se quem tome suco apenas com a intenção de absorver mais nutrientes.

“Há muitos nutrientes contidos nas partes das frutas, como nas cascas de maçã, que são descartadas quando você faz o suco de fruta”, diz Ferris. “Você termina com água com açúcar e algumas vitaminas.”

Além do mais, acrescenta ela, beber suco de frutas não é a maneira ideal de ingerir as cinco porções de frutas recomendadas por dia. “As pessoas tentam ingerir cinco porções de frutas, legumes e verduras por dia e não percebem que não se trata apenas de obter vitaminas”, diz ela.

“Trata-se também de reduzir a quantidade de carboidratos, de grãos, proteínas e gorduras em nossa dieta e aumentar a de fibras”, acrescenta.

Dessa forma, ainda que beber suco de fruta seja melhor do que não comer nenhuma fruta, o risco é maior quando consumimos mais de 150ml de açúcares por dia, ou quando acaba contribuindo para uma ingestão de calorias acima da recomendada.

Conclusão: o suco nos proporciona vitaminas – mas tem que ser consumido com bastante moderação.

*Por Jessica Brown

 

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*Fonte: bbc-brasil