Se você pensa que a banana é a mais extraordinária, saborosa e importante fruta que existe, saiba que, de modo geral, o resto do mundo concorda: trata-se da fruta mais popular e que mais movimenta economias e até mesmo a nutrição em todo o planeta. Enquanto uma população estadunidense consome uma média individual de 12 quilos de banana por ano, fazendo desta a fruta mais consumida no país, em Uganda, por exemplo, esse número se multiplica de forma assombrosa: são cerca de 240 quilos anuais de banana consumida em média pela população. Assim, naturalmente que uma fruta, espécie de símbolo também do Brasil, movimenta economias entre fazendeiros e mesmo nações por todo o planeta – mas o alarme sobre o banana já está soando há alguns anos, pois essa fruta tão incrível estáameaçada de extinção .
Já falamos da banana naturalmente azul e com gosto de sorvete de baunilha?
O problema que ameaça uma banana tão amada é essencialmente genético: uma das primeiras frutas a ser domesticada pelo ser humano, há mais de 7 mil anos, uma banana se reproduz de forma assexuada, e o desenvolvimento de novos tipos é complexo, demorado e não necessariamente irá agradar os consumidores. Uma banana que consumimos hoje, por exemplo, é muito diferente de sua versão original. Até os anos 1950 o tipo mais consumido de banana no mundo era chamado de Gros Michel – uma versão mais longa, delgada e doce do fruto, exportado essencialmente da América Central.Em descrição dos anos 1950, porém, um fungo provocou o chamado Mal do Panamá, dizimando boa parte dos bananais da região: a solução encontrada foi investir em outra variedade, a chamada banana Cavendish, então imune ao mal, que até então era cultivada em um palácio na Inglaterra, e que representa atualmente mais da metade da quantidade da fruta consumida no mundo.
Fungos: o apocalipse das Bananas
No Brasil a banana Cavendish é conhecida como nanica ou d’água – e o restante da produção global (que em 2018 passou das 115 milhões de toneladas globais) fica entre as outras mais de mil variedades da fruta, como a Maçã ou a Prata, plantadas no Brasil porém bastante suscetíveis a outras doenças similares ao Mal do Panamá – que seguem marchando pelo mundo, ameaçando o futuro da fruta. Pois é isso que os produtores vem chamando de ‘bananapocalipse”: a incapacidade de se diversificar, se misturar, torna a fruta especialmente frágil a males e fungos, que não costumam ser tratáveis nem desaparecem do solo, mesmo décadas após a infecção.
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É o caso do Sigatoka-Negra, mal provocado pelo fungo Mycosphaerella fijiensís Var. difformis, que atualmente é visto como a principal ameaça para o cultivo. Além disso, uma variação do Fusasrium, fungo que provoca o Mal do Panamá, também surgiu – e essa afetou as plantações de banana Cavendish. O novo fungo é chamado TR4, e provoca o mesmo mal, fazendo a história se repetir com um nada discreto agravante: não há atualmente alguma variante que seja imune e possa substituir a Cavendish ou os outros tipos também ameaçados. Se as populações mais ricas podem simplesmente substituir o fruto, para muitas pessoas ele é a principal fonte de nutrição e renda – e a ameaça é realmente apocalíptica.
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Existem, como já foi dito, muitos tipos de banana, mas nem todos são do agrado do público ou mesmo são mais resistentes contra os fungos. Uma solução a curto prazo são como bananas alteradas geneticamente, que já existem e foram testadas em algumas partes do mundo, mas que não costumam ser bem aceitas pelo público em geral. Enquanto isso, fazendeiros e cientistas obtêm tentando desenvolver novos tipos, mais resistentes e adequados para a produção e o consumo – mas o futuro segue incerto. O que se sabe é que depender somente da Cavendish ou de outro tipo de banana atualmente não é uma solução, mas sim uma passagem mais rápida e trágica para uma nova crise sem precedentes envolvendo o fruto mais amado do planeta.
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*Fonte: hypeness