Crise climática pode causar pior extinção em massa nos oceanos desde o fim dos dinossauros

A vida nos oceanos enfrenta o maior risco desde que um asteroide atingiu a Terra há cerca de 66 milhões de anos e provocou a extinção dos dinossauros, segundo estudo publicado na última quinta-feira (28) pela revista Science.

O artigo, feito pelos pesquisadores Justin L. Penn e Curtis Deutsch, ambos das universidades Princeton e Washington (EUA), afirmam que, se os níveis atuais de emissões de carbono não forem controlados, as zonas tropicais sofrerão perda de biodiversidade e as polares passarão por uma extinção em massa. Isso se dará à medida que a vida nos oceanos fica sem oxigênio e nutrientes, sendo restrita a uma água muito quente.

“À medida que as emissões de gases-estufa continuam a aquecer os oceanos do mundo, a biodiversidade marinha pode despencar nos próximos séculos para níveis não vistos desde a extinção dos dinossauros”, afirma a dupla de cientistas, em comunicado à imprensa.

Para sedimentar a análise, os pesquisadores estudaram períodos de grandes extinções da história terrestre como a “Great Dying” (a grande morte, em português), ocorrida há 252 milhões de anos. Neste evento, também conhecido como a extinção do Permiano-Triássico, 95% das espécies marinhas e 70% das espécies terrestres desapareceram.

Se as emissões não cessarem, é possível, na análise dos cientistas, que a Terra alcance níveis parecidos até 2300. Isso porque, à medida que as temperaturas aumentam, a riqueza das espécies irá diminuir próxima dos trópicos, com alguns animais migrando para latitudes mais altas. As espécies polares são as que mais estão em risco diante de um “nicho climático em extinção”, explica a pesquisa.

Ainda há, porém, tempo para mudanças
Por outro lado, há notícias levemente boas: segundo os pesquisadores, ainda há tempo para evitar os piores cenários de extinção.

“O lado bom é que o futuro não está escrito em pedra”, diz Penn. “Ainda há tempo suficiente para mudar a trajetória das emissões de CO2 e evitar a magnitude do aquecimento [dos oceanos] que causaria essa extinção em massa.”

Trabalhos anteriores da equipe por trás da pesquisa revelaram que o aquecimento global descontrolado e a perda de oxigênio nos oceanos teriam sido a causa da extinção do Permiano-Triássico. Os resultados do modelo foram combinados com padrões obtidos por paleontólogos nos registros fósseis do período, dando-lhe credibilidade.

Anteriormente, cientistas sabiam, a partir de dentes fossilizados de antigos animais, que as temperaturas da superfície na Grande Morte subiram cerca de 10 ºC nos trópicos, levando muitos animais marinhos à extinção. Eles acreditam que erupções vulcânicas desencadearam as mudanças climáticas nesta época.

*Por Lucas Berredo
…………………………………………………………
*Fonte: olhardigital

A receita de 50 cientistas para resolver a crise climática e a perda de biodiversidade

Mudanças sem precedentes no clima e na biodiversidade, impulsionadas pelas atividades humanas, ameaçam cada vez mais a natureza, as vidas humanas, os meios de subsistência e o bem-estar em todo o mundo. A perda de biodiversidade e as mudanças climáticas são impulsionadas pelas atividades econômicas humanas e se reforçam mutuamente. Nenhum dos dois será resolvido com sucesso, a menos que ambos sejam enfrentados conjuntamente. A crise climática e a perda de biodiversidade são duas faces da mesma moeda. Um desafio não pode ser solucionado sem atacar ao mesmo tempo as causas do outro.

Esta é a principal mensagem de um relatório produzido por 50 dos maiores especialistas mundiais em biodiversidade e clima, reunidos em um workshop virtual de quatro dias ocorrido em dezembro, cujo objetivo era examinar as sinergias entre a proteção da biodiversidade e a mitigação e adaptação às mudanças climáticas.

O workshop e o relatório, divulgado em 10 de junho, foram promovido em conjunto pela IPBES (Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos) e pelo IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) das Nações Unidas. O relatório IPBES-IPCC Co-Sponsored Workshop Report on Biodiversity and Climate Change pode ser baixado, em inglês, do site da IPBES.

“As mudanças climáticas causadas pelo homem estão ameaçando cada vez mais a natureza e sua contribuição para as pessoas, incluindo sua capacidade de ajudar a mitigar as mudanças climáticas”, observa Hans-Otto Pörtner, co-presidente do comitê científico que coordenou o trabalho do seminário. “As mudanças na biodiversidade afetam o clima, principalmente por meio dos impactos nos ciclos do nitrogênio, carbono e água. Quanto mais quente o mundo fica, há cada vez menos comida e água potável em muitas regiões do planeta”.

Esta mensagem se assemelha bastante àquela repetida com frequência pelo secretário-geral da ONU, António Guterres: a crise climática e a crise da biodiversidade estão intimamente ligadas, aspectos distintos da mesma “guerra à natureza” declarada pela humanidade.

De acordo com Pörtner: “A evidência é clara: um futuro global sustentável para as pessoas e a natureza ainda é alcançável, mas isso requer uma mudança transformadora, com ações rápidas e amplas nunca antes tentadas, com base em reduções de emissões de CO2 ambiciosas”.

Para os especialistas, é necessário reverter a degradação de ecossistemas ricos em carbono (florestas, turfeiras, pântanos, manguezais, …), focar fortemente em práticas sustentáveis ​​de agricultura e manejo de recursos florestais, multiplicar iniciativas de conservação e cancelar subsídios para atividades prejudicial aos ecossistemas.

Entre os autores da publicação estão os brasileiros Maria de Los Angeles Gasalla, professora do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (IO-USP); Aliny Patrícia Flausino Pires, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Bernardo Strassburg, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), e Adalberto Luís Val, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).

“O relatório aponta que o clima e a biodiversidade se reforçam e, portanto, devem ser vistos como um todo. Para que qualquer uma dessas questões seja resolvida de forma satisfatória deve-se levar em conta a outra”, diz Gasalla, em entrevista à Agência Fapesp.

A cientista brasileira Thelma Krug, pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e vice-presidente do IPCC, participou como observadora do encontro.

“O relatório incluiu, além dos aspectos procedimentais, uma síntese das discussões científicas que ocorreram durante os quatro dias de duração do workshop. É a primeira iniciativa conjunta entre o IPCC e a IPBES e buscou identificar as sinergias e os potenciais pontos negativos entre a proteção da biodiversidade e a mitigação e adaptação à mudança do clima”, diz Krug.

Já de acordo com Carlos Joly, professor do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que participou como revisor do relatório, “A comunidade científica vem fazendo pressão, há bastante tempo, para que a biodiversidade e o clima sejam discutidos conjuntamente, mas, infelizmente, há países, como o Brasil, que são muito reticentes em reunir essas duas agendas sob o pretexto de que as discussões e resoluções que envolvam essas duas áreas críticas acabem sendo utilizadas para criação de barreiras para a exportação de produtos agropecuários pelo país”, explica.

A mudança delineada pelos 50 cientistas é profunda e deve acontecer rapidamente. Envolverá “uma profunda mudança coletiva de valores individuais e compartilhados em relação à natureza, como o afastamento da concepção de progresso econômico baseado exclusivamente no crescimento do PIB”, conclui Pörtner.

 

*por Peter Moon
………………………………………………………………………..
*Fonte: oeco

Consumo Consciente: 5 escolhas cotidianas que combatem a Crise Climática

Que calor insuportável” ou “Inverno fora de época”. Cada vez mais essas e outras expressões ligadas às sensações térmicas têm se tornado comum no nosso cotidiano. Quem nunca parou para conversar com alguém sobre o clima? O que poucos notam é que algo tão costumeiro gira em torno de um assunto principal e muito importante em nossas vidas: as Mudanças Climáticas.

Por isso, no Dia do Consumo Consciente, neste 15 de outubro, o Instituto Akatu propõe uma reflexão sobre a Crise Climática, mostra como ela já é percebida em vários lugares do planeta e como cada pessoa pode ajudar a combatê-la a partir de suas escolhas de consumo.

A Crise Climática é causada pela forma como vivemos – nosso modo de produzir e consumir – e nos relacionamos com o meio ambiente. Se as ações humanas são responsáveis por 90% do aumento da temperatura observado entre 1951 e 2010, as escolhas individuais de cada um têm impacto nessa situação.

Cada vez mais o consumo consciente se torna ferramenta muito importante na discussão. Veja abaixo algumas escolhas que podem fazer a diferença:

1. Evite o desperdício de alimentos

Atente-se a estes dados: 8% das emissões de gases de efeito estufa do mundo hoje originam-se da perda ou do desperdício de alimentos. Se o desperdício de alimentos fosse um país, ele seria o 3º maior emissor de GEE do mundo, atrás somente dos Estados Unidos e da China.

Faça a sua parte planejando o cardápio e indo às compras com uma lista para levar para casa só o necessário. Adote o hábito de armazenar os ingredientes considerando a data de validade, para não correr o risco de perdê-los, e adote receitas que façam o uso integral de alimentos.

2. Compre um item novo só se for realmente necessário

Antes de decidir pela compra de um novo produto, reflita se você realmente precisa dele. Você também pode optar pelo conserto do item que possui ou, se for possível, pela compra de um de segunda mão, que não vai exigir novas emissões relacionadas à sua produção.

Para você ter uma ideia do impacto da produção de um item, veja este exemplo: a produção de um único par de calçados emite o equivalente às emissões para gerar energia suficiente para o funcionamento de 50 máquinas de lavar ao longo de um ano inteiro (considerando 8 ciclos por mês).

3. Apague as luzes ao deixar um ambiente

Adote o hábito de privilegiar a iluminação natural, de apagar as luzes ao sair de um local e de substituir lâmpadas fluorescentes comuns por LED, cujo consumo é cerca de 30% menor. Para facilitar a comparação, o consumo de energia de 2 lâmpadas fluorescentes comuns (de 10W cada) equivale ao consumo de 3 lâmpadas LED.


4. Reduza o consumo de carne bovina

Ao substituir a carne bovina por outra fonte proteica (frango ou leguminosas, como lentilhas, feijões, ervilhas e grão de bico) uma ou mais vezes por semana, você poupa as emissões de gases de efeito estufa relacionadas à produção da carne, combatendo a Crise Climática. Enquanto a produção de um 1kg de carne bovina emite 27 kgCO2e, a de 1kg de frango emite quase 4 vezes menos (6,9 kgCO2e) e a de 1kg de feijão, quase 14 vezes menos (2 kgCO2e).


5. Escolha meios de transporte com melhor impacto

No caso de percursos curtos, prefira caminhar: faz bem à saúde e é livre de emissões de GEE. Em percursos médios, tente usar meios de transporte que não dependam da queima de combustíveis, como as bicicletas e os patinetes. E quando o carro for necessário, prefira os movidos a combustíveis renováveis, se isso for uma opção.

Para você entender a diferença dessa escolha, saiba que modais movidos a combustível fóssil, como a gasolina, emitem cerca de 25% mais CO2 na atmosfera do que os que utilizam etanol produzido a partir da cana de açúcar.

A hora é agora!

O aumento das temperaturas máximas e mínimas são apenas alguns reflexos da Crise Climática. O encolhimento das geleiras, a elevação do nível dos oceanos e mares e o crescimento da temperatura dos oceanos com a maior concentração de CO2 também estão nessa lista. Então, é hora de refletir sobre como o aquecimento global se relaciona com o nosso modo de viver e responder: o que você tem feito para cuidar do clima?

………………………………………………………………………….
*Fonte: ciclovivo

A crise climática está tornando a neve antártica verde

A Antártica é um continente polar, mas não é apenas uma vasta terra de gelo e neve. Ao longo das áreas costeiras, crescem musgo, líquenes e algas.

No entanto, o continente, como o resto do planeta, está experimentando temperaturas mais altas devido à crise climática e isso permitiu que as algas se espalhassem mais do que nunca.

Agora, os cientistas criaram o primeiro mapa em larga escala de proliferação de algas microscópicas na Península Antártica. Os pesquisadores dizem que é provável que essa “neve verde” se espalhe à medida que as temperaturas globais aumentam.

A equipe britânica da Universidade de Cambridge e o British Antarctic Survey usaram o satélite Sentinel 2 da Agência Espacial Européia para mapear a proliferação de algas.

As algas microscópicas podem florescer na superfície da neve, tingindo-a de verde, laranja ou até vermelho.

Você pode estar se perguntando por que isso é uma coisa ruim:

as algas que ficam na superfície da neve bloqueiam sua capacidade de refletir os raios do Sol, fazendo com que ele seja absorvido e aumentando sua chance de derreter. A neve branca reflete cerca de 80% da radiação solar, enquanto a neve verde reflete apenas 45%.

Na Comunicação da Natureza , a equipe relatou 1.679 flores distintas cobrindo um total de 1,9 quilômetros quadrados em toda a península, dois terços dos quais em pequenas ilhas de baixa altitude.

As algas florescem apenas dentro de uma certa faixa de temperatura, em torno do ponto de congelamento da água, que ocorre entre novembro e fevereiro. Não pode sobreviver se estiver muito quente ou muito frio.

As regiões polares estão esquentando mais rápido do que em qualquer outro lugar do planeta, portanto algumas dessas ilhas podem perder a cobertura de neve do verão, enquanto as regiões costeiras do continente experimentarão um aumento significativo no crescimento de algas nas próximas décadas.

À medida que a Antártica se aquece, prevemos que a massa total de algas da neve aumentará, pois a propagação para terrenos mais altos superará significativamente a perda de pequenos fragmentos de algas nas ilhas.

*Por Davson Filipe

……………………………………………………………………..
*Fonte: realidadesimulada