Saiba quando uma pessoa com covid-19 deixa de ser contagiosa

Uma das grandes dúvidas que temos quanto à covid-19 é saber quando uma pessoa contaminada já não é capaz de contaminar outras pessoas com a doença.

A BBC publicou uma matéria esclarecedora na qual discorre com muita precisão a esse respeito.

Pesquisas atestam que o novo coronavírus, Sars-Cov-2, pode permanecer contagioso mesmo após o desaparecimento dos sintomas. Contudo, resta- nos saber: por quanto tempo ainda pode haver o contágio? Essa dúvida é ainda maior quando a pessoa infectada teve sintomas leves ou foi assintomática, e sequer percebeu que havia contraído o vírus.

Um ponto importante é saber qual é o tempo de incubação, ou seja, quando o vírus pode estar no corpo de uma pessoa sem manifestar qualquer sintoma. Cientistas da universidade Johns Hopkins, nos Estados unidos, e publicado no jornal científico Annals of Internal Medicine em maio, estimou que o período médio de incubação para o novo coronavírus é de 5,1 dias (BBC).

“A capacidade de infectar outras pessoas, de transmitir esse vírus a outras pessoas, dura de 7 a 10 dias mais a partir do aparecimento dos sintomas”, explica o infectologista Vicente Soriano, professor da Universidade Internacional de La Rioja, na Espanha, e ex-conselheiro da Organização Mundial de Saúde (OMS).

Já com relação às pessoas assintomáticas, o marco inicial torna-se de difícil definição. Contudo, estudos apontam que os assintomáticos possuem a mesma carga viral dos sintomáticos e assim permanecem pelo mesmo espaço de tempo, sendo que poderão infectar outras pessoas pelo mesmo intervalo de temporal que os sintomáticos (de 7 a 10 dias), sendo que, neste caso, fica quase impossível dizer quando essa pessoa passa a infectar.

Diante disso, especialistas recomendam, enfaticamente, o uso de máscaras e da observação do distanciamento social. Essas duas medidas podem ajudar a reduzir o risco de que uma pessoa com covid-19 e sem sintomas infecte outras pessoas.

Para lerem a matéria completa, cliquem AQUI.

*Por

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*Fonte: revistapazes

O Brasil finalmente encontrou a solução para a pandemia: ligar o foda-se

Bares lotados, praias abarrotadas e uma vida cotidiana tocada como se nada estivesse acontecendo. Excetuadas as poucas almas que insistem em permanecer em suas casas e em usar máscaras ao sair, seria impossível notar que o Brasil atravessa a maior crise de saúde de sua história. Ora, após quase cinco meses de um isolamento fictício, não há dúvida de que a fadiga e a necessidade de sair em busca do ganha-pão iriam forçar a população engaiolada a voltar às ruas e retomar ostensivamente sua liberdade.

Bastante conhecida no teatro e no cinema, a solução deus ex machina — que, em uma tradução livre, seria algo como “deus que surge da máquina” — é antiga e remete à falta de criatividade em um roteiro. Ao surgirem problemas cujas soluções seriam extremamente complexas, por haver “pontas soltas” no enredo, uma força externa aparece, do nada, e resolve as questões da maneira mais improvável. A expressão em latim vem do teatro clássico grego, que frequentemente usava esse recurso: quando as histórias pareciam não ter mais como serem resolvidas, um mecanismo no teto fazia descer ao palco, repentinamente, um deus que milagrosamente sanava todos os conflitos.

Um exemplo bastante evidente do recurso no cinema está em “Superman: o filme”, de 1978. Quando tudo parece perdido e Lois Lane é morta, o Homem de Aço começa a girar em volta da Terra, fazendo o tempo voltar e, assim, salvando o dia — e sua amada — de uma maneira fantástica e aleatória, nada convencional. O mesmo ocorre na franquia “Senhor dos Anéis”, na qual, em um dos momentos mais tensos da trilogia, Gandalf surge com águias gigantescas, nunca antes mencionadas no enredo, em uma cena bem conveniente e que aparenta não fazer muito sentido (se eles tinham essa alternativa, por que já não foram voando de águia desde o começo para a região de Mordor?). Poderíamos citar ainda as inúmeras histórias que terminam com o protagonista acordando e vendo que tudo não passava de um sonho.

Pois não foi outra a resposta tupiniquim para extirpar de vez o mal que assombra seus filhos. Mátria frátria, como um dia desejou Caetano, a nação acostumada a dar jeitinho em tudo não iria decepcionar no enfrentamento à pandemia. A solução homeopática, com ares de seriedade, é a flexibilização com base na ocupação dos leitos de UTI. Sensato, mas insuficiente. Andar sem máscara e promover aglomerações é mais emocionante do que a tediosa fórmula de se precaver e aguardar pelo socorro da ciência. No imaginário popular, incentivado por muitos blogueiros e gurus do caos, o fim do isolamento ocorre como se a doença tivesse simplesmente desaparecido. As festas clandestinas eclodem país afora e a espantosa maneira de o brasileiro lidar com o vírus é simplesmente tocar o foda-se para a sua existência. Deus ex machina: por ignorância popular, o vírus ficou no passado.

Não é preciso dizer que esse “novo normal” à brasileira contribui fortemente para a estabilização e o prolongamento da alta taxa de mortalidade do país. Mas quem se importa? Apesar do número estratosférico de infectados, as perdas são diminutas em comparação com as vidas salvas, e o povo precisa mesmo é tocar a vida. Viver no foda-se é a solução deus ex machina que o brasileiro encontrou para não ter que suportar o tédio de encarar de forma séria uma crise mundial. Segue o jogo.

Já dizia Mario Quintana: “ser lembrado é como evocar-se um fantasma”. O fantasma brasileiro, pois, é seu próprio senso de empatia com o próximo. Ou a falta disso.

*Por Matheus Conceição

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*Fonte: revistabula

Quando a mente fabrica a doença

Em livro, neurologista Suzanne O’Sullivan descreve pacientes com transtornos psicossomáticos

Quase todos nós aceitamos sem problemas que o coração bata com mais força quando nos aproximamos da pessoa por quem estamos apaixonados, ou que as nossas pernas tremam quando é preciso falar em público. São emoções que provocam sintomas físicos reais. Entretanto, custa aceitar que os mesmos pensamentos que causam um frio na barriga cheguem a desencadear doenças graves, como cegueira, convulsões ou paralisias. E, no entanto, é justamente isso que descreve a neurologista Suzanne O’Sullivan no livro It’s All in Your Head (está tudo na sua cabeça, na tradução literal, ainda inédito no Brasil), no qual revê alguns dos casos mais impactantes de doenças psicossomáticas com os quais se deparou ao longo da carreira.

Certa vez, O’Sullivan teve uma paciente, chamada Linda, que percebeu um pequeno inchaço no lado direito da cabeça. Era só um cisto sebáceo, mas ela não parava de fazer exames e consultas. Pouco depois, perdeu a sensibilidade do braço e da perna direitos; a paciente tinha certeza de que o inchaço havia atingido o cérebro. Quando O’Sullivan a examinou, todo o lado direito do corpo – o mesmo onde estava o caroço – já havia perdido o movimento e a sensibilidade. Só que Linda não sabia que o lado direito do cérebro na verdade controla os movimentos do lado esquerdo do corpo, e por isso sua mente se enganou ao criar os sintomas. Linda, na verdade, sofria de um transtorno psicossomático – seus pensamentos desencadeavam sintomas de uma doença inexistente.

Quando O’Sullivan estava se especializando em neurologia, foi ensinada a distinguir os doentes que tinham sintomas físicos causados por conflitos mentais. “Todos os meus pacientes tinham convulsões, mas em 70% dos casos não sofriam de epilepsia: por mais que fossem examinados, não encontrávamos nenhuma lesão ou causa neurológica que explicasse seus sintomas. Tinha de ser algo psicológico.” Mas mandar os pacientes para casa com o diagnóstico que não eram epiléticos não servia de consolo, de modo que a médica se sentiu obrigada a encontrar uma maneira de ajudá-los.

“As incapacidades que criamos com nossa mente são tão infinitas que já deixei de acreditar nos limites”

Em 2004 ela começou a agir, e desde então, quando encontra um paciente com sintomas, mas sem lesões neurológicas, tenta lhe explicar que a origem dos seus males é um problema psicológico mal resolvido. Geralmente, porém, os pacientes se negam a aceitar esse diagnóstico. “Eles têm um estresse mental do qual não estão conscientes, e alguém está obrigando-os a encará-lo”, diz a médica. “Esses sintomas são uma manifestação do organismo: seu organismo está lhe dizendo que algo não vai bem dentro de você, e que você não está percebendo.”

Ninguém está a salvo dessas doenças, e há centenas de causas que as originam. Segundo O’Sullivan, os casos muito extremos, como as convulsões ou paralisias, costumam nascer de traumas psicológicos severos; os menos graves podem surgir de um amontoado de pequenos esgotamentos que os pacientes não sabem administrar. “Depende da atenção que a pessoa presta às dores. Se ficarem obcecadas e buscarem repetidamente uma explicação médica que não existe, é possível que acabem desenvolvendo a doença psicossomática”, explica O’Sullivan.

Para se curar, o acompanhamento psicológico é indispensável. Segundo O’Sullivan, a primeira coisa a fazer é abandonar a ideia de que há uma enfermidade orgânica. A seguinte etapa é ver como a mente afeta o corpo: se você sente palpitações e nota que está ansioso, elas começarão a parecer muito menos graves, já que você conhece as causas. Mas, se associa essas palpitações a problemas cardíacos, e os exames médicos não comprovam isso, você provavelmente ficará obcecado, e as palpitações irão piorar.

“Seu organismo está lhe dizendo que algo não vai bem dentro de você, e que você não está percebendo”

“Às vezes, os pacientes desejam desesperadamente que você encontre um resultado ruim nos exames, que dê um nome para sua doença e receite alguns comprimidos que justifiquem suas dores”, conta a neurologista. Esse problema é muito mais comum do que se imagina. Cerca de 30% das pessoas sofrem disso, e a imensa maioria nem sequer fica sabendo.

Após mais de dez anos de dedicação às enfermidades psicossomáticas, Suzanne O’Sullivan continua sem saber apontar o caso mais grave que viu. “Os casos mais duros são os de pessoas que adoeceram quando tinham 16 anos e, aos 50, continuam indo a médicos. Estão cegos ou em cadeira de rodas e continuam se submetendo a operações. Conheço pessoas que comem por um tubo, mas não têm nenhuma doença orgânica. Todas as partes do seu organismo foram afetadas por sua mente”, relata. Nada mais surpreende essa neurologista. “As incapacidades que criamos com nossa mente são tão infinitas que já deixei de acreditar nos limites”, diz.

*Por M. Victoria S. Nadal

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*Fonte: elpais-brasil