Stevie Ray Vaughan – Tic Toc

Resolvi tirar a poeira de minha memória e escutar de boas novamente alguns materiais do incrível Stevie Ray Vaughan. Escutar algumas de seus álbuns me fez abrir a porta para uma viagem de volta no tempo e com isso de carona chamar inúmeras boas lembranças de histórias do passado. A primeira que me vem à cabeça é tipo da época em que fui baixista da banda de blues do Luiz Ruschel, um dos melhores guitarristas de blues da minha cidade ali pelos 80′ e 90’s. Ninguém tocava como ele e nem muito menos chegavam perto de sua técnica e conhecimento musical aqui pela região.

“Abrindo um parêntese – Me recordo de que tive de participar de um teste para entrar nessa, era um power trio de blues/rock bem famoso na cidade naquela época. O baixista anterior havia casado e estava indo de muda para uma outra cidade por causa de seu trabalho e portanto deixando a sua vaga em aberto na banda. Eu que já tocava numa outra banda com uns amigos, era divertida mas eu queria mesmo era o caminho do blues. Mesmo que eu fosse na época um gurizão de merda de cidade do interior, quando pintou essa oportunidade e me convidaram para o teste, nem acreditei. – Ôpa! – Claro que aproveitei a chance e me “puxei” para não fazer feio, tanto que ganhei a vaga numa disputa com outros baixistas veteranos. Cara, isso foi para mim quase como ter ganho na loteria….rsrsrs. Saca só, o Luis era professor de guitarra, tinha em sua casa uma coleção gigante de discos, livros de música, bios, pilhas de revistas importadas da Guitar Player, métodos, fitas k7 e de vídeo VHS (já falei – isso foi à trocentos anos atrás, no final da década de 80), enfim, um baita e interessantíssimo acervo de música, uma verdadeira Dysneilândia do rock. Resumindo, com isso aprendi muita coisa e também por tabela tive acesso a conhecer muitos artistas legais do universo blues, funk e soul music, não ficando portanto, preso naquela vibe hard rock e metal que vingava no meio adolescente rocker da época.”
Bons momentos. Gracias Luiz!

 

Voltando ao assunto do SRV. É claro que quando o assunto é SRV eu meio que num gatilho mental, automaticamente me recordo dessa fase com a banda do Luís (como já mencionei), bem como também de como ficamos intrigando na época do lançamento do álbum irmão Vaughan -“Family Style”. Não era um álbum assim tão impactante como os outros da carreira solo do SRV mas ao mesmo tempo era também cheio de timbres mágicos de guitarras e de uma apurada sutileza de gravação. Gosto desse álbum até hoje, mesmo não sendo o melhor ou então o meu preferido do Stevie Ray Vaughan.

Assim escolhi de propósito postar aqui a música “Tic Toc”, que é estranhamente pop mas eu curto bastante. Ela é exatamente o contrário de tudo que se pensa em termos de música do SRV, logo de cara. Gosto do solo ultra econômico de “meia dúzia de notinhas” mas que para mim – (não sei explicar) culpa da stratinho-clean-chorosa – acho muito bacana!

Imagino aqui que depois de Stevie  já ser um cara mundialmente famoso e ter se tornado uma referência nas seis cordas do blues, ele resolve grava um álbum de estúdio com o seu irmão Jimmie Vaughan, tipo pouco se lixando para o que os outros irão achar. Esse álbum em questão é bem bacana e passa realmente essa coisa de família como o nome sugere, uma forte ligação e respeito entre eles. Tipo os manos se divertindo num estúdio com as suas guitarras, amps e alguns amiguinhos, cada uma trazendo a sua mágia, o seu toque, para no final sair um prato especial. Tipo receita de família. Creio que os coras “Vaughan” devem ter ficado muito orgulhosos dessa reunião de seus garotos.

Aqui a música “Tic Toc” que comentei (baladinha) e + duas faixas bônus.
Aumente o volume e relaxe.