Pensar é difícil, é por isso que as pessoas preferem julgar

“Pensar é difícil, é por isso que as pessoas preferem julgar “, escreveu Carl Gustav Jung. Na época da opinião, onde tudo é julgado e criticado, muitas vezes sem uma base sólida, sem uma análise prévia e sem um profundo conhecimento da situação, as palavras de Jung assumem maior destaque, tornando-se quase proféticas.

Julgar nos empobrece

Identificar o ato de pensar com o ato de julgar pode nos levar a viver em um mundo distópico mais típico dos cenários imaginados por George Orwell do que da realidade. Quando os julgamentos suplantam o pensamento, qualquer indício se torna evidência, a interpretação subjetiva torna-se uma explicação objetiva e a mera conjectura adquire uma categoria de evidência.

À medida que nos afastamos da realidade e entramos na subjetividade, corremos o risco de confundir nossas opiniões com os fatos, tornando-nos juízes incontestáveis – e bastante parciais – de outros. Essa atitude empobrece o que julgamos e empobrecemos como pessoas.

Quando estamos muito focados em nós mesmos, quando deixamos de acalmar o ego, e ele adquire proporções excessivas, ou simplesmente temos muita pressa para nos impedir de pensar, preferimos julgar. Adicionamos rótulos duplos para catalogar coisas, eventos e pessoas em um espectro limitado de “bom” ou “ruim”, tomando como medida de comparação nossos desejos e expectativas.

Agir como juízes não apenas nos afasta da realidade, mas também nos impede de conhecê-la – e desfrutá-la – em sua riqueza e complexidade, transformando-nos em pessoas hostis – e não muito empáticos. Toda vez que julgamos algo, simplificamos a expressão mínima e fechamos uma porta para o conhecimento. Nós nos tornamos mero animalis iudicantis.

Pensar é um ato enriquecedor

Na sociedade líquida em que vivemos, é muito mais fácil julgar, criticar rapidamente e passar para o próximo julgamento. O que não ressoa em nosso sistema de crenças nós julgamos como inútil ou estúpido e passamos para o seguinte. Na era da gratificação instantânea, o pensamento exige um esforço que muitos não estão dispostos – ou não querem – a assumir.

O problema é que os juízos são tarefas interpretativas que damos a eventos, coisas ou pessoas. Cada julgamento é um rótulo que usamos para atribuir um valor – profundamente tendencioso – já que é um ato subjetivo baseado em nossos preconceitos, crenças e paradigmas. Julgamos com base em nossas experiências pessoais, o que significa que muitas críticas são um ato mais emocional que racional, a expressão de um desejo ou uma decepção.

Pensar, pelo contrário, exija reflexão e análise. Mais uma dose de empatia com o que foi pensado. É necessário separar o emocional dos fatos, lançar luz sobre a subjetividade adotando uma distância psicológica essencial.

Para Platão, o homem sábio é aquele que é capaz de observar tanto o fenômeno quanto sua essência. Uma pessoa sábia é aquela que não apenas analisa as circunstâncias contingentes, que geralmente são mutáveis, mas é capaz de rasgar o véu da superficialidade para alcançar o mais universal e essencial.

Portanto, o ato de pensar tem um enorme potencial enriquecedor. Através do pensamento, tentamos chegar à essência dos fenômenos e das coisas. Vamos além do percebido, superamos essa primeira impressão para mergulhar nas causas, efeitos e relacionamentos mais profundos. Isso exige uma árdua atividade intelectual através da qual crescemos como pessoas e expandimos nossa visão de mundo.

Pensar significa parar. Fazer silêncio. Prestar atenção. Controle o impulso de julgar precipitadamente. Pesar as possibilidades. Aprofundar nas coisas, com racionalidade e da empatia.

O segredo está em “ser curioso, não crítico”, como disse Walt Whitman.

*Texto originalmente publicado no Rincon Psicología, livremente traduzido e adaptado pela equipe da Revista Saber Viver Mais

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*Fonte: sabervivermais

Pensar é difícil, é por isso que as pessoas preferem julgar

“Pensar é difícil, é por isso que as pessoas preferem julgar “, escreveu Carl Gustav Jung. Na época da opinião, onde tudo é julgado e criticado, muitas vezes sem uma base sólida, sem uma análise prévia e sem um profundo conhecimento da situação, as palavras de Jung assumem maior destaque, tornando-se quase proféticas.

Julgar nos empobrece

Identificar o ato de pensar com o ato de julgar pode nos levar a viver em um mundo distópico mais típico dos cenários imaginados por George Orwell do que da realidade. Quando os julgamentos suplantam o pensamento, qualquer indício se torna evidência, a interpretação subjetiva torna-se uma explicação objetiva e a mera conjectura adquire uma categoria de evidência.

À medida que nos afastamos da realidade e entramos na subjetividade, corremos o risco de confundir nossas opiniões com os fatos, tornando-nos juízes incontestáveis – e bastante parciais – de outros. Essa atitude empobrece o que julgamos e empobrecemos como pessoas.

Quando estamos muito focados em nós mesmos, quando deixamos de acalmar o ego, e ele adquire proporções excessivas, ou simplesmente temos muita pressa para nos impedir de pensar, preferimos julgar. Adicionamos rótulos duplos para catalogar coisas, eventos e pessoas em um espectro limitado de “bom” ou “ruim”, tomando como medida de comparação nossos desejos e expectativas.

Agir como juízes não apenas nos afasta da realidade, mas também nos impede de conhecê-la – e desfrutá-la – em sua riqueza e complexidade, transformando-nos em pessoas hostis – e não muito empáticos. Toda vez que julgamos algo, simplificamos a expressão mínima e fechamos uma porta para o conhecimento. Nós nos tornamos mero animalis iudicantis.

Pensar é um ato enriquecedor

Na sociedade líquida em que vivemos, é muito mais fácil julgar, criticar rapidamente e passar para o próximo julgamento. O que não ressoa em nosso sistema de crenças nós julgamos como inútil ou estúpido e passamos para o seguinte. Na era da gratificação instantânea, o pensamento exige um esforço que muitos não estão dispostos – ou não querem – a assumir.

O problema é que os juízos são tarefas interpretativas que damos a eventos, coisas ou pessoas. Cada julgamento é um rótulo que usamos para atribuir um valor – profundamente tendencioso – já que é um ato subjetivo baseado em nossos preconceitos, crenças e paradigmas. Julgamos com base em nossas experiências pessoais, o que significa que muitas críticas são um ato mais emocional que racional, a expressão de um desejo ou uma decepção.

Pensar, pelo contrário, exija reflexão e análise. Mais uma dose de empatia com o que foi pensado. É necessário separar o emocional dos fatos, lançar luz sobre a subjetividade adotando uma distância psicológica essencial.

Para Platão, o homem sábio é aquele que é capaz de observar tanto o fenômeno quanto sua essência. Uma pessoa sábia é aquela que não apenas analisa as circunstâncias contingentes, que geralmente são mutáveis, mas é capaz de rasgar o véu da superficialidade para alcançar o mais universal e essencial.

Portanto, o ato de pensar tem um enorme potencial enriquecedor. Através do pensamento, tentamos chegar à essência dos fenômenos e das coisas. Vamos além do percebido, superamos essa primeira impressão para mergulhar nas causas, efeitos e relacionamentos mais profundos. Isso exige uma árdua atividade intelectual através da qual crescemos como pessoas e expandimos nossa visão de mundo.

Pensar significa parar. Fazer silêncio. Prestar atenção. Controle o impulso de julgar precipitadamente. Pesar as possibilidades. Aprofundar nas coisas, com racionalidade e da empatia.

O segredo está em “ser curioso, não crítico”, como disse Walt Whitman.

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*Fonte: pensarcontemporaneo

Por uma educação que nos ensine a pensar e não a obedecer

Na escola, nós aprendemos que a filosofia é a mãe de todas as ciências. Aprendemos sobre a importância da filosofia na formação do pensar humano em todas as vertentes, desde das questões sobre o homem e o universo, até discussões acerca do amor e da política. Dada a sua importância, deveríamos ter uma educação com viés filosófico. Ou seja, uma educação que buscasse desenvolver em nós um olhar crítico para o mundo que nos cerca e o nosso mundo interior. Entretanto, o que recebemos de forma contrária, é uma educação acrítica e completamente tecnicista, que tem como função primordial criar soldados bem treinados para o famoso “mercado de trabalho” ou em uma tradução livre – “campo de batalha do capitalismo selvagem”.

A polêmica reforma no ensino médio promovida recentemente pelo Governo Temer, para muitos – professores, inclusive – é de se temer, com o perdão do trocadilho. Uma mudança tão significativa na sociedade (já que a educação é ou pelo menos deveria ser vista como o principal vetor de transformação social) deveria passar por uma discussão mais profunda, com ampla participação dos principais interessados, estudantes e professores. O que não ocorreu em momento algum, mesmo sob fortes protestos dos excluídos da sua própria pauta, levando-nos, até mesmo, a pensar na nossa fragilidade democrática.

Mas o fato é que ela foi aprovada e está apta para entrar em prática. E, é bom que se diga, a educação de fato precisava de mudanças, transformações. Digo mais, não só no ensino médio, mas na educação como um todo. No entanto, essa reforma vai tornar a educação melhor em que sentido? No sentido filosófico ou tecnicista?

Não há problema em preparar os jovens para o mercado de trabalho, mas uma educação transformadora, vai muito além disso. Dessa maneira, por mais que a reforma no ensino médio torne a educação mais eficaz na preparação técnica dos jovens, sobretudo, por haver uma divisão do trabalho, digo, estudo em áreas do conhecimento específicas; ela apagará totalmente a brasa da esperança de uma educação crítica. Isso ocorrerá porque não há como pensar filosoficamente sem que todas as áreas do conhecimento possuam a mesma importância e valorização, sem interdisciplinaridade (a base no Enem), sem a provocação para o aluno e que a partir disso o levará ao aprofundamento de certa área ou certo saber que mais lhe apraz e o faz se sentir vivo enquanto sujeito individual e coletivo.

Ao subjugar alguns saberes, como filosofia, sociologia e história, mas não apenas estes, a um patamar de inferioridade em relação à língua portuguesa e inglês, por exemplo, a mensagem que o governo passa é de que o importante é saber fazer alguma coisa, isto é, aprender os “comos”, deixando de lados os “porquês”. Isso me lembra o mundo distópico de Fahrenheit 451 de Ray Bradbury, em que os livros e todo o pensamento crítico e poético incutido neles são queimados, a fim de haja a manutenção da ordem em uma sociedade tecnicista em que fazer perguntas é coisa de gente “maluca”.

Sendo assim, perdemos mais uma oportunidade de promover modificações realmente significativas na educação brasileira. E não adianta dizer que perguntas não ajudam ninguém a arrumar um trabalho, já que isso é uma constatação óbvia, afinal, o que o mercado quer são profissionais excelentes na arte de obedecer, sem jamais questionar. Mas o que você, caro ser “pensante”, não consegue perceber é quão necessárias são as perguntas para que se questione todas as problemáticas existentes na sociedade e, assim, se consiga combater os males na origem, ao invés de ficar comprando verdades como mentiras, como dizia Orwell.

Certa feita foi dito no cinema por um professor que palavras e ideias podem mudar o mundo. Bom, eu acredito nisso e, portanto, acredito em uma educação filosófica, em que todos os saberes e todas as ciências sejam importantes e utilizados na formação de mais do que estudantes, de indivíduos capazes de se perceberem enquanto agentes sociais imprescindíveis para que o mundo continue em uma rota evolutiva. Apesar disso, muitos continuarão acreditando que o que precisamos mesmo é de mais soldados capazes de manter o campo de batalha intacto, protegido e sem ataques. Assim, só me restam as palavras de Símon Bolívar, duras e mais do que nunca, verdadeiras, já que:

“Um povo ignorante é o instrumento cego da sua própria destruição. ”

*Por Erick Morais Morais

 

 

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*Fonte: revistapazes

A triste geração que virou escrava da própria carreira

E a juventude vai escoando entre os dedos.

Era uma vez uma geração que se achava muito livre.

Tinha pena dos avós, que casaram cedo e nunca viajaram para a Europa.

Tinha pena dos pais, que tiveram que camelar em empreguinhos ingratos e suar muitas camisas para pagar o aluguel, a escola e as viagens em família para pousadas no interior.

Tinha pena de todos os que não falavam inglês fluentemente.

Era uma vez uma geração que crescia quase bilíngue. Depois vinham noções de francês, italiano, espanhol, alemão, mandarim.

Frequentou as melhores escolas.

Entrou nas melhores faculdades.

Passou no processo seletivo dos melhores estágios.

Foram efetivados. Ficaram orgulhosos, com razão.

E veio pós, especialização, mestrado, MBA. Os diplomas foram subindo pelas paredes.

Era uma vez uma geração que aos 20 ganhava o que não precisava. Aos 25 ganhava o que os pais ganharam aos 45. Aos 30 ganhava o que os pais ganharam na vida toda. Aos 35 ganhava o que os pais nunca sonharam ganhar.

Ninguém podia os deter. A experiência crescia diariamente, a carreira era meteórica, a conta bancária estava cada dia mais bonita.

O problema era que o auge estava cada vez mais longe. A meta estava cada vez mais distante. Algo como o burro que persegue a cenoura ou o cão que corre atrás do próprio rabo.

O problema era uma nebulosa na qual já não se podia distinguir o que era meta, o que era sonho, o que era gana, o que era ambição, o que era ganância, o que necessário e o que era vício.

O dinheiro que estava na conta dava para muitas viagens. Dava para visitar aquele amigo querido que estava em Barcelona. Dava para realizar o sonho de conhecer a Tailândia. Dava para voar bem alto.

Mas, sabe como é, né? Prioridades. Acabavam sempre ficando ao invés de sempre ir.

Essa geração tentava se convencer de que podia comprar saúde em caixinhas. Chegava a acreditar que uma hora de corrida podia mesmo compensar todo o dano que fazia diariamente ao próprio corpo.

Aos 20: ibuprofeno. Aos 25: omeprazol. Aos 30: rivotril. Aos 35: stent.

Uma estranha geração que tomava café para ficar acordada e comprimidos para dormir.

Oscilavam entre o sim e o não. Você dá conta? Sim. Cumpre o prazo? Sim. Chega mais cedo? Sim. Sai mais tarde? Sim. Quer se destacar na equipe? Sim.

Mas para a vida, costumava ser não:

Aos 20 eles não conseguiram estudar para as provas da faculdade porque o estágio demandava muito.

Aos 25 eles não foram morar fora porque havia uma perspectiva muito boa de promoção na empresa.

Aos 30 eles não foram no aniversário de um velho amigo porque ficaram até as 2 da manhã no escritório.

Aos 35 eles não viram o filho andar pela primeira vez. Quando chegavam, ele já tinha dormido, quando saíam ele não tinha acordado.

Às vezes, choravam no carro e, descuidadamente começavam a se perguntar se a vida dos pais e dos avós tinha sido mesmo tão ruim como parecia.

Por um instante, chegavam a pensar que talvez uma casinha pequena, um carro popular dividido entre o casal e férias em um hotel fazenda pudessem fazer algum sentido.

Mas não dava mais tempo. Já eram escravos do câmbio automático, do vinho francês, dos resorts, das imagens, das expectativas da empresa, dos olhares curiosos dos “amigos”.

Era uma vez uma geração que se achava muito livre. Afinal tinha conhecimento, tinha poder, tinha os melhores cargos, tinha dinheiro.

Só não tinha controle do próprio tempo.

Só não via que os dias estavam passando.

Só não percebia que a juventude estava escoando entre os dedos e que os bônus do final do ano não comprariam os anos de volta.

*Por Ruth Manus

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*Fonte: provocacoesfilosoficas

Porque é mesmo necessário sair da ilha para ver a ilha

Nunca compreendi tão bem esse conto do José Saramago como hoje. O livro chama-se “O conto da ilha desconhecida”. Ganhei esse livro há alguns anos, tinha lido na época, e recentemente o reli. A releitura mostrou-me aspectos que tinham passado quando o li da primeira vez, mas somente a vida real mesmo me fez compreender essa frase – “É necessário sair da ilha para ver a ilha” – que tantas vezes é compartilhada em redes sociais, displicentemente, sem que quem compartilha consiga compreender a profundidade dela. Até porque, a frase faz parte do conto e fica um tanto quanto desprovida de seu sentido quando pinçada e tirada de seu contexto.

O conto é sobre um homem que resolve pedir ao rei uma embarcação para sair em busca de uma ilha desconhecida. No entanto, conforme descrito no conto, todos sabem que não há mais ilhas desconhecidas. Todas as ilhas já foram devidamente descobertas e mapeadas, catalogadas, conforme se espera. O homem, no entanto, insiste e diz que não vai sair de frente do castelo se o rei não conceder a ele a embarcação para sair em busca da tal ilha. Como há muitas pessoas fazendo pedidos ao rei e aquele homem ameaçava a ordem e a paz do reino, o rei cede e fornece a embarcação. O homem, então, vai ao barco, acaba arrumando a companhia de uma mulher que trabalhava no castelo, mas que também anseia deixar essa ilha conhecida em busca da ilha desconhecida, e parte em sua busca. E eis que no final, eles dão ao barco o nome de Ilha Desconhecida.

Quando li a primeira vez achei estranho e sem graça esse final. Ora, eles queriam encontrar uma ilha ou um barco? O barco era a ilha? Essa releitura que fiz me mostrou o que não compreendi na primeira vez que li. O barco é a ilha desconhecida, porque a ilha desconhecida é a nossa vida, somos nós.

Ele ia partir dessa “ilha conhecida”, de scripts prontos, já pré-formatada que vivemos, em busca da vida que ele queria construir e viver, do caminho que ele queria traçar e seguir. Em busca da construção, por ele mesmo, por suas próprias mãos, de sua vida, de seu caminho, de seu percurso. Ele é a ilha desconhecida. Somos todos ilhas desconhecidas.

O que o conto nos diz de forma muito inteligente é que sim, há ilhas desconhecidas, muitas, diversas. Não estão todas mapeadas, o caminho a se seguir não está no mapa, não está pré-traçado. Mas, por que é preciso sair da ilha para ver a ilha? Ora, porque estando na ilha você não consegue, mesmo, ver que há opções. Só conseguimos ver que há uma ilha quando assistimos à história de fora, quando vemos todos os personagens e cenários, quando percebemos que temos participação ativa nessa história, que somos na verdade os protagonistas dela.

Que não somos personagens que vivem scripts. Que temos nosso papel e que podemos e devemos assumir o controle da nossa embarcação, da nossa vida, da nossa ilha desconhecida. Que só conhecendo a ilha, conhecendo nós mesmos, conseguimos esse protagonismo. Entendemos que podemos e devemos tomar o controle da embarcação e que se errarmos o rumo, não calcularmos direito os provimentos, se não conseguirmos manter o barco firme durante as incontáveis e imprevisíveis tempestades, somos nós que sofreremos as consequências e teremos que lidar com elas. Não é o rei. Não é o reino. Somos nós. Sou eu. É você.

Somos todos ilhas desconhecidas. O que aprendi recentemente a duras penas é que a saída da ilha para ver a ilha é um processo pessoal e intransferível. Não há como convencer alguém a ver a ilha de fora, porque a pessoa não vê a ilha. Na maioria das vezes, a tendência é ela achar que você está louco e que, como já disse o rei, não há ilhas desconhecidas, pois todas já foram mapeadas. Você acena feito louco, tenta mostrar, conta como viu a ilha, mas não adianta. Só vê a ilha quem quer ver a ilha e o impulso para que isso aconteça tem que ser muito grande, porque, por ser desconhecida, essa ilha que somos nós é bastante assustadora a princípio.

Poucos são os que sentem coragem em enfrentar o oceano sem o mapa, sem a diretriz, sem o capitão direcionando, sem um rumo certo, tendo que decidir metro a metro tudo o que vai acontecer e sem saber se está indo na direção certa, porque, não há mapa. É um processo difícil, mas necessário e sem volta. E depois se acostuma com essa liberdade de decisão do rumo, que vem sempre associada à “náusea” – emprestando o termo usado por Sartre – que é justamente a angústia de dirigir sozinho o barco da nossa própria vida. A nossa ilha desconhecida, que somos nós.

 

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*Fonte: pensarcontemporaneo

 

10 Coisas que você precisa eliminar de sua vida imediatamente

1.Pessoas negativas
É importante manter em sua vida pessoas que te incentivam a conseguir seus sonhos e ser a melhor pessoa que você pode ser.
Há uma diferença sólida entre esses tipos de pessoas e pessoas negativas. Pessoas negativas acham que você vai falhar porque não confiam em você. Pessoas negativas nem sequer querem que você tenha sucesso.

 

2.Supervalorizar  seus erros
Aprender com seus erros é crucial para crescer e evitar esses erros no futuro, mas não fique preso neles.

 

3.Preocupação com o passado
Também não fique preso ao passado. Aconteceu. Você não pode voltar no tempo.

 

4.Sua autoimagem
Eu costumava ter problemas de autoimagem, mas não os corrigi por forçar uma imagem mais positiva em mim mesma. Eu só parei de ter uma autoimagem. Tem sido incrível. Eu não me importo mais.

 

5.Desculpar-se a todo momento
Se você  se encontrar desculpando-se sobre coisas que não deve, basta parar. Você está fazendo seu cérebro acreditar em uma falsa realidade, onde você está sempre em falta. E isso não é verdade. Corte esse comportamento.

 

6.Dizer sim o todo tempo
Mesmo quando não quer. Seja firme, se você não quiser algo, diga não.

 

7.Tentar impressionar a todos
Você provavelmente está bem do jeito que é. Não há necessidade de mudar para impressionar.

 

8.Dizer o que as pessoas querem ouvir
Ei, seja honesto. Se você tem algo a dizer, diga. Não há necessidade de revestir seus pensamentos e sentimentos. Seja real com as pessoas. Elas vão respeitá-lo por isso.

 

9.Suas crenças limitantes
Agora é o melhor momento para começar qualquer coisa que você queira fazer. Não deixe crenças limitantes te colocarem para baixo. Elas servem para te levantar, não para te prender.

 

10.Preocupação com o futuro
O futuro virá de uma maneira ou outra. Esteja pronto para ele, mas não gaste seu tempo se preocupando. Não te ajudará em nada.

 

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*Fonte: osegredo/Luiza Fletcher

 

A ideia de uma vida boa foi substituída pela de uma vida a ser invejada

“Um dos mais influentes psicanalistas da Inglaterra, autor de dez livros e editor da nova tradução da obra de Sigmund Freud (1856-1939), Adam Phillips, mais parece um profeta do que um homem da ciência. Pelo menos essa é a ideia que se tem depois de ler a entrevista que ele concedeu à revista Veja em 12 de março de 2003, “Páginas amarelas”), mas que sete anos depois me parece atualizadíssima as questões erguidas por ele, da qual se extraíram as dez denúncias abaixo numeradas:

1. Hoje as pessoas têm mais medo de morrer do que no passado. Há uma preocupação desmedida com o envelhecimento, com acidentes e doenças. É como se o mundo pudesse existir sem essas coisas.

2. A ideia de uma vida boa foi substituída pela de uma vida a ser invejada.

3. Hoje todo mundo fala de sexo, mas ninguém diz nada interessante. É uma conversa estereotipada atrás da outra. Vemos exageros até com crianças, que aprendem danças sensuais e são expostas ao assunto muito cedo. Estamos cada vez mais infelizes e desesperados, com o estilo de vida que levamos.

4. Nos consultórios, qualquer tristeza é chamada de depressão.

5. As crianças entram na corrida pelo sucesso muito cedo e ficam sem tempo para sonhar.

6. No século 14, se as pessoas fossem perguntadas sobre o que queriam da vida, diriam que buscavam a salvação divina. Hoje a resposta é: “ser rico e famoso”. Existe uma espécie de culto que faz com que as pessoas não consigam enxergar o que realmente querem da vida.

7. Os pais criam limites que a cultura não sanciona. Por exemplo: alguns pais tentam controlar a dieta dos filhos, dizendo que é mais saudável comer verduras do que salgadinhos, enquanto as propagandas dão a mensagem diametralmente oposta. O mesmo pode ser dito em relação ao comportamento sexual dos adolescentes. Muitos pais procuram argumentar que é necessário ter um comportamento responsável enquanto a mídia diz que não há limites.

8. [Precisamos] instruir as crianças a interpretar a cultura em que vivemos, ensiná-las a ser críticas, mostrar que as propagandas não são ordens e devem ser analisadas.

9. Uma coisa precisa ficar clara de uma vez por todas: embora reclamem, as crianças dependem do controle dos adultos. Quando não têm esse controle, sentem-se completamente poderosas, mas ao mesmo tempo perdidas. Hoje há muitos pais com medo dos próprios filhos.

10. Ninguém deveria escolher a profissão de psicanalista para enriquecer. Os preços das sessões deveriam ser baixos e o serviço, acessível. Deve-se desconfiar de analistas caros. A psicanálise não pode ser medida pelo padrão consumista, do tipo “se um produto é caro, então é bom”. Todos precisam de um espaço para falar e refletir sobre sua vida.”

 

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*Fonte: pensadoranonimo

 

SÉRIE: Humano, Demasiado Humano – Martin Heidegger: Projeto Para Viver

Documentário
Humano, Demasiado Humano – Martin Heidegger: Projeto Para Viver

O projeto do tratado Ser e Tempo, foi publicado em 1927 no mesmo ano que Minha Luta (Adolf Hitler). Este programa examina a vida e a filosofia de Martin Heidegger, descreve a sua ascensão a proeminência intelectual, expondo os motivos do seu envolvimento no partido Nazi. Entrevistas com o seu filho, Hermann Heidegger, George Steiner autor de uma influente critica da sua filosofia, contado também com o seu biógrafo Hugo Ott; e ex-aluno de Hans-Georg Gadamer, fornecem novas ideias enquanto se faz uma reconstrução dos momentos chaves da vida de Heidegger. Vida e história de um homem cujos apologistas e os antagonistas ainda amargamente se dividem.

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*Fonte: revistaprosaversoearte

 

O vazio existencial do homem contemporâneo

Que sentido, que valor imprimimos a nossa ação? Somos seres incapazes de contemplar ou tomar conhecimento do que cotidianamente fazemos de nossas vidas. Por que fazemos o que fazemos? Por que levamos a vida que levamos? Ora queremos um novo emprego; ora queremos um novo amor; ora queremos um novo carro; ora queremos uma nova casa. Os homens sempre estão em busca de dinheiro, poder, notoriedade ou divertimentos. Logo que realizam um desejo, surge outro desejo. Nunca estão satisfeitos. Passam a vida buscando bens materiais ou bens simbólicos. São eternamente inquietos. São governados por um querer cego e irracional.

Numa primeira análise, somos levados a crer que o único objetivo da vida humana é destruir a própria solidão. Eles não conseguem ficar sozinhos, precisam sempre de agitação. Estão sempre em busca de algo. Envolvem-se em tarefas arriscadas e difíceis; envolvem-se em projetos, conflitos ou conquista que, muitas vezes, lhes trazem infelicidade. Não suportam o silêncio ou estar consigo mesmos. Precisam do barulho, do ruído e da agitação. São incapazes de desligar a televisão ou o rádio quando estão sozinhos em casa. Fogem da solidão como o Diabo foge da cruz. Pascal no século XVII já havia pensado sobre esse problema. Para ele, as pessoas são agitadas, pois não conseguem ficar consigo mesmas, são incapazes de refletirem sobre sua condição miserável e mortal. Não querem refletir sobre sua condição humana, permeada pela dor, dissolução e morte, nada os pode consolar.

Como sugeriu Platão, o nosso espírito é uma caverna, o que falta ao homem é eternidade. Os indivíduos são seres vazios. Vivem na busca de preencher seu mundo interior com algum entretenimento ou com algum objeto. Todo seu sentido interno se expressa pelo sensível e pelo concreto. Buscam preencher sua interioridade com todo tipo de banalidades. O sistema capitalista serviu muito bem a esse propósito. Esse sistema ofereceu ao homem um mundo de entretenimentos, prazeres e objetos para que ele possa preencher seu vazio interior. É por isso que o capitalismo sobreviveu, é por isso que ele se perpetuou. Ele impediu que o homem encarasse o vazio descomunal de sua interioridade.

Mas, por que o homem temeria tanto olhar para o seu vazio interior? Por que ele foge de si mesmo? O ser humano não é um átomo, um ser fixo, acabado, pronto e estável. Não existe uma natureza humana fixa, dado a priori. Ele vem ao mundo como uma tabula rasa, como uma folha em branco. Ele só se torna algo a partir daquilo que ele faz de si mesmo. Ele é um ser determinado pelas circunstâncias, pelas contingências da vida, condicionado no interior das práticas sociais por sua cultura. Significa dizer que ele não é nada. É um ser inacabado. É um ser vazio. O objetivo da vida, portanto, é exatamente preencher esse vazio, esse nada, que é a pura essência humana. Não há uma finalidade para vida, a não ser a morte, o Nada.

As pessoas não querem se dar conta que o Nada está inscrito em nossa própria carne e em nossa própria alma. O Nada surge diante do homem aniquilando todas as coisas que os rodeiam, aniquilando o próprio EU. É o Nada que retira todo o sentido da vida. Somos seres para a morte. A descoberta do “Nada” da vida humana levaria o homem a reconhecer que a existência é um acidente, é algo casual e efêmero, e que o amanhã não poderá mais existir. O homem recusa a encarar a verdade. Já dizia Sócrates, conheça-te a ti mesmo. O conhecimento de si mesmo implica em reconhecermos a nossa própria finitude. É o Nada, que está em nosso interior e que não somos capazes de encarar, que nos aniquilará. O que falta ao homem é consciência de sua facticidade. Estamos lançados no mundo como um barco sem rumo. A imanência nas coisas nos tira a consciência de nossa condição finita e nos condena a banalidade da vida cotidiana. É somente a consciência de nossa condição finita, é somente a consciência do Nada, que nos permite transcender e reavaliarmos nossa própria vida e comportamento, dando sentido e significados ela.

Vivemos numa época de incerteza, de insegurança e de superficialidade. Temos dificuldade em entender nossa própria experiência social e não conseguimos nos dar conta da relação que há entre nossas vidas e as forças que nos subjulgam. Não percebemos que nossos dramas, conflitos, medos, frustrações são em grande parte causados pelos valores de nossa sociedade ou pelas estruturas sociais que nos governam. Por causa disso, não temos uma experiência bem definida das nossas próprias necessidades, não sabemos o que sentimos ou o que verdadeiramente queremos.

Todos os dias os indivíduos acordam cedo, vão para o trabalho, almoçam com os mesmos colegas, compartilham as mesmas experiências. Quando voltam do trabalho para casa, conversam sobre os mesmos assuntos, fazem as mesmas atividades e assistem aos mesmos programas de televisão. Aos finais de semana, buscam as mesmas agitações e divertimentos. Eles são incapazes de perceber que possuem uma vida fragmentada, muitas vezes degradada pelo cotidiano da labuta, das transformações econômicas e do consumo. Estão sempre em movimento, em busca de um objetivo ou desejo insuflado pela sociedade. Apegam-se à verdades, valores ou regras externas que não escolheram conscientemente. Como se o mundo tivesse um sentido ou um significado dado a priori. São seres despersonalizados pela cultura. Seguem padrões. Vivem numa Matrix, incapazes de separar a consciência da realidade. São incapazes de contemplar seu mundo interior. São incapazes de reconhecer o Nada e darem sentido a suas próprias vidas. Como diz Montaigne, “meditar sobre a finitude é meditar sobre a liberdade”.

 

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*Fonte: pensadorcontemporaneo