Estudo alerta que as corrente oceânicas entrarão em colapso até 2025

As correntes oceânicas são fluxos contínuos e direcionados de água, responsáveis não só por movimentar em grande escala a água, mas também por transportar calor, sal, nutrientes e até mesmo organismos ao longo de extensas regiões marítimas.

A Circulação Meridional do Atlântico (AMOC) é uma parte essencial desse sistema de circulação global. Trata-se de um complexo processo de movimentação vertical e horizontal da água ao longo das latitudes, com trocas de água quente e fria entre regiões equatoriais e polares. Essa circulação tem um papel crucial na regulação do clima e das condições climáticas de várias regiões do mundo.

Uma pesquisa publicada em julho desse ano na revista Nature indicou que esse delicado sistema climático da Terra está em perigo extremo. Os pesquisadores estimam que a água derretida, oriunda de mudanças climáticas, possa interromper tanto as correntes oceânicas que elas deixem de funcionar corretamente até 2025.

Estima-se que há 95% de chance de a humanidade passar por esse perigoso período de transição em algum momento entre 2025 e 2095.

O que acontecerá com o planeta se houver o colapso das correntes oceânicas?


O que acontece

Primeiro, vale pontuar que a AMOC envolve um sistema de afundamento de água fria nas regiões polares, conhecido como “formação de água profunda”. Essa água fria e densa, originada em sua maioria no Oceano Ártico e na região da Islândia, afunda em direção às profundezas do oceano e flui de volta para as regiões tropicais, assim completando o ciclo da circulação meridional.

A AMOC é uma parte importante do Sistema de Circulação Termohalina, considerada uma espécie de “esteira rolante” que percorre os oceanos, transportando água quente e fria; desempenhando um papel fundamental na distribuição de calor e nutrientes pelo globo. Sendo assim, ela tem um impacto significativo no clima e nas condições climáticas em várias regiões do globo.

Se esse sistema entra em colapso devido a um influxo repentino de água doce da Groenlândia, impedindo que a água salgada afunde como costuma fazer, as pessoas da Europa, por exemplo, experimentariam mudanças extremas no clima. A interrupção repentina no fluxo da Corrente do Golfo pode causar um retorno às condições semelhantes à era do gelo no lado norte da Terra.

Nada ironicamente, a última vez que a AMOC enfraqueceu foi durante o último período glacial, cerca de 12 mil anos atrás. O episódio ficou conhecido como Evento Heinrich, quando milhares de icebergs e sedimentos foram liberados no Oceano Atlântico Norte.

Congelando a Europa
A princípio, os pesquisadores acreditam que a Europa seja a mais afetada porque o continente deveria ser muito mais frio do que é, devido a sua latitude. Afinal, são apenas as correntes oceânicas que impedem o continente de ser envolvido por condições glaciais. O Reino Unido, por exemplo, é paralelo ao norte do Canadá, mas não fica tão frio quanto.

Segundo o cientista climático Peter Ditlevsen, em entrevista à Vice, é possível que tenhamos um clima na Europa Ocidental mais parecido com o clima do Alasca. Nos trópicos, no entanto, as temperaturas continuariam a subir.

A alteração no ciclo AMOC significa também que todos os sistemas meteorológicos do mundo serão drasticamente afetados. Qualquer interrupção alterará os padrões de chuva em todo o planeta, mudando a maneira como as monções tropicais se comportam. Os pesquisadores que compuseram o estudo da Nature estimaram que uma queda potencial das chuvas pode levar à fome em massa em toda a África e Ásia, à medida que as colheitas começarem a falhar.

A América também seria atingida pelo desequilíbrio do AMOC, sobretudo os EUA. No oeste e na região central do país, é provável uma queda nas chuvas sazonais e uma alta probabilidade de seca. Já na Costa Leste, furacões violentos deverão se tornar mais comuns, interrompendo vidas e causando danos financeiros incalculáveis.

por Julio Cezar de Araujo
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*Fonte: megacurioso

Tecnologia que coleta água diretamente do AR já é usada por EUA, Israel e Brasil

Pesquisadores da Universidade da Califórnia, Berkeley (UC Berkeley) desenvolveram um pequeno dispositivo que consegue captar água do ar mesmo em ambientes extremamente secos.

Cientistas testaram o equipamento no local mais seco da América do Norte, o Parque Nacional do Vale da Morte, localizado entre os estados americanos da Califórnia e de Nevada e mesmo nesse ambiente desértico, que lida com altas temperaturas e pouquíssima umidade, o equipamento desenvolvido pela UC Berkeley conseguiu captar água do ar, equivalente a um copo de água por cada quilo de estrutura metalorgânica que utilizou.

Uma estrutura metalorgânica (MOF na sigla em inglês) são estruturas altamente complexas que vêm sendo estudadas há muitos anos. Uma de suas características é uma elevada porosidade. Essa porosidade foi essencial para capturar as moléculas de água presentes no ar, convertendo-as em água potável em estado líquido.

Se esse teste bem-sucedido não fosse bom o suficiente, há outra boa notícia nesse estudo. O equipamento é movido a energia solar com uma eficiência energética que torna sua operação limpa de emissão de gases poluentes, que contribuem para as mudanças climáticas.

Os cientistas envolvidos acreditam que a tecnologia será utilizada em grande escala, desde o uso doméstico, gerando água para atividades cotidianas, até o seu uso na agricultura.

Além de gerar água em cidades localizadas em áreas áridas, esse sistema pode ser usado para criar água potável em regiões que, apesar de serem ricas em água, lidam com alto grau de poluição em suas nascentes. Os detalhes sobre esse estudo foram publicados pela revista Nature.

Empresa brasileira também faz coleta de água do ar
A eficiência que os pesquisadores da UC Berkeley alcançaram em seu estudo é notável. Contudo, o uso de tecnologia para a coleta de água do ar já é um tema conhecido pelos cientistas há muitos anos.

Coletar água do ar é um desafio que tem atraído a atenção de muitas empresas em todo o mundo, inclusive no Brasil. A brasileira Wateair vende, desde o ano de 2010, máquinas que geram água a partir do ar. Seu foco são empresas farmacêuticas e hospitalares.

As máquinas brasileiras não só fazem a coleta da água, mas o seu tratamento, correção de pH e adição de sais minerais. Apesar da empresa ter criado modelos para uso doméstico, o fato de as peças serem importadas faz com que o seu custo para o consumidor ainda seja alto.

Além da brasileira Wateair, a israelense Watergen oferece tecnologia semelhante. Em 2019, essa empresa doou 11 máquinas de água ao governo brasileiro, com o objetivo de divulgar a sua tecnologia no país.

Outros países, como México e Peru, também recorrem ao ar em busca de água. No Peru, as pessoas usam redes para coletar a névoa. Em contato com a estrutura, as moléculas de água se condensam e são coletadas pelos moradores. Acontece que nesses casos, é preciso ter um grande volume de umidade no ar.

Um dos pontos que torna a tecnologia dos EUA interessante ao ponto de virar notícia é o fato dela conseguir produzir água com autossuficiência energética, devido às suas baterias solares.

No caso da empresa brasileira e israelense, seus equipamentos ainda dependem de fonte externa de eletricidade. No entanto, a solução brasileira já consegue produzir cerca de 2000 litros de água potável por dia e a matriz energética brasileira é considerada limpa.

por Everton Lima
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*Fonte: megacurioso