Por que podemos ter o mesmo pesadelo várias vezes?

Em algum momento de sua vida, é bem provável que você tenha tido algum pesadelo que se repetiu várias vezes por um espaço de tempo. Algumas pessoas, por exemplo, costumam sonhar que estão sendo perseguidas ou assassinadas sempre da mesma forma, ou então se deparam com os mesmos monstros seguidas vezes.

Mas há algumas explicações sobre por que isso acontece. E entender o funcionamento desses pesadelos pode ser a melhor modo para começar a se livrar deles.

Possíveis causas dos pesadelos recorrentes
Ainda há pouco conhecimento sobre os sonhos, e menos ainda sobre os significados dos pesadelos. Há pesquisadores que creem que eles podem surgir por conta de desequilíbrios químicos no cérebro, enquanto outros acreditam que eles resultam especialmente de experiências traumáticas. Por outro lado, há quem defenda que os pesadelos são simplesmente um sinal de uma imaginação muito fértil.

Mas quando eles começam a se repetir, pode haver outras explicações. Uma das razões é puramente psicológica: quando temos alguma necessidade emocional não entendida, e que fica “incomodando” a mente, os pesadelos recorrentes podem ser uma forma de tentar processar e integrar essas experiências.

Alguns medicamentos podem também interferir na química do cérebro e aumentar a probabilidade de pesadelos. Sedativos, betabloqueadores e anfetaminas costumam ter esse tipo de efeito, assim como a abstinência de algumas substâncias.

Além disso, por questões hormonais, as crianças são mais propensas a ter pesadelos recorrentes (também têm uma tendência maior ao sonambulismo). “O tema de pesadelo mais comum, e ainda mais para as crianças, é que algo ruim está perseguindo você”, afirma Deirdre Barrett, pesquisadora de sonhos da Harvard Medical School e autora do livro Trauma and Dreams.

Alguns transtornos são associados a uma ocorrência maior de pesadelos. Entre eles, estão o transtorno do estresse pós-traumático e o transtorno de personalidade borderline. Quem é acometido por estes distúrbios tem mais propensão a experimentar sonhos recorrentes.

Por fim, saiba que existe o transtorno de pesadelo, que envolve uma condição de saúde mental em que uma pessoa tem bem mais pesadelos que o normal, e eles costumam trazer prejuízos sua vida em vários sentidos.

Como se livrar de um pesadelo recorrente
Há algumas técnicas recomendadas pelos especialistas para quem está incomodado com esta questão. Os especialistas sugerem anotar ou desenhar o que aconteceu no sonho. Isso vai estimular que se possa “enfrentar” o pesadelo durante as horas de vigília.

Um bom terapeuta pode conduzir um tratamento em que a pessoa seja treinada a interferir no pesadelo – por exemplo, chamando um amigo para auxiliar no caso de um sonho em que se enfrenta um perigo ou achando uma solução pacífica para situações desconfortáveis. Uma estratégia que não costuma estimulada é a de fugir de um inimigo – o que vai condicionar a mente a um comportamento de evitar o problema, ao invés de resolvê-lo.

Estes treinamentos costumam ser feitos quando as pessoas estão acordadas, para que possam desenvolver novos padrões em seus pensamentos. A ideia é induzir a pessoa a aprender com a mente consciente a enfrentar a situação, para que a mente inconsciente possa fazer isso durante o sono.

por Maura Martins
……………………………………………………………………
*Fonte: megacurioso

O que é o ‘PARADOXO DO QUEIJO’, que colocaria vegetarianos em contradição?

Muitas decisões que tomamos em nossas vidas são resultantes de crenças profundas que mantemos, como nossa fé, ideologia política, tradições culturais etc. Contudo, nem sempre esses posicionamentos são totalmente coerentes.

Um exemplo disso é o “paradoxo do queijo” que avalia uma possível contradição na argumentação de vegetarianos que consomem queijo. A ideia faz parte de um artigo publicado na revista científica Apetite, que publica artigos relacionados aos estudos da alimentação e nutrição humanas.

Nesse estudo, os pesquisadores analisaram o comportamento de voluntários que se declaravam vegetarianos, mas continuavam consumindo produtos de origem animal que não fossem a carne, como ovos, leite e queijos.

A ideia era entender o seguinte: se os vegetarianos não consomem carnes por terem uma preocupação moral com os animais, como podem consumir ovos, leites e queijo, sendo que a produção desses alimentos também depende da exploração desses bichos? Haveria uma contradição nessa argumentação?

Para responder a essa e outras perguntas, os pesquisadores fizeram uma série de entrevistas com voluntários. O resultado mostrou que os vegetarianos consultados percebem a contradição, mas buscam minimizá-la com argumentos que justifiquem a decisão de comer os alimentos de origem animal.

Os argumentos usados para justificar o consumo de queijo
O artigo mostra que os participantes do estudo optaram por não comer carne devido a um posicionamento moral e ético. Eles reconheciam que o consumo de outros alimentos de origem animal poderia contradizer esse posicionamento, mas argumentavam que deixar de consumir carne era mais simples do que parar de comer ovos, leite e queijo.

O estudo ainda mostra que muitos participantes consideravam que não comer carne já era uma forma de contribuir com as causas que acreditavam e que comer ovos, leite e queijo reduzia o custo de ser vegetariano.

Os pesquisadores notaram que quanto mais industrializado era um produto, como é o caso do queijo, menor era a sua associação com os animais ou com o sofrimento que sua produção geraria a esses bichos.

Muitos voluntários do estudo demonstraram certa repulsa ao leite, mas a mesma rejeição não foi vista em relação ao queijo. Na prática, o consumo de queijo seria pior para a causa dos animais do que o consumo de leite, pois é necessário muito leite para se produzir o queijo. São cerca de 10 litros de leite integral para a produção de apenas um quilo de queijo.

Outro argumento usado para justificar o consumo desses alimentos seria a sua origem que atenderia a padrões de produção conscientes e que estavam de acordo com suas crenças, como a produção de produtos orgânicos e que, em teoria, respeitassem os animais.

Paradoxo do queijo é exemplo de dissonância cognitiva
A dissonância cognitiva acontece quando uma pessoa sente um mal-estar devido à contradição entre aquilo que pensa, aquilo que sente e aquilo que faz. Esse sentimento pode ocorrer em muitas esferas de nossas vidas.

No caso do paradoxo do queijo, muitos vegetarianos que participaram do estudo apresentaram esse desconforto, pois eles se tornaram vegetarianos por uma questão moral (defender os animais), mas ao continuar comendo queijo, criavam uma contradição que quando revelada gerava um desconforto.

Quando isso ocorre, é comum que as pessoas tentem criar argumentos para minimizar esse desconforto, mas também é comum que o aceitem e que deixem de fazer aquilo que contradiz a sua crença inicial — ou, elas também podem deixar de lado essa crença.

Aliás, pessoas que comem carne, mas dizem gostar de animais podem passar pela mesma experiência.

por Everton Lima
……………………………………………………………………..
*Fonte: megacurioso